Sonho inverso escrita por Greenurse


Capítulo 6
05


Notas iniciais do capítulo

Nos vemos lá embaixo.
Enjoy o capítulo (:



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A calmaria poderia aplicar-se a todos os outros dormitórios, exceto para o nosso. Com a curiosidade aguçada, eu e Alice esperávamos pacientemente nossa monitora ruiva e baixinha sair de dentro daquele banheiro há mais de uma hora.

Quem em sã consciência gasta tanta água do planeta demorando todo esse tempo no banho? Hei, acordem... O aquecimento global está ai e tem pessoas no mundo (me pergunto o porque) como Renesmee que ainda não pensam sobre isto.

—Ai, será que ela vai demorar? –questionou Alice com cara de assustada.

—Acho que não, porque?

Mas ela nem ao menos precisou responder a minha pergunta. Foi em direção ao seu guarda-roupas e retirou dali a caixinha azul tampada usualmente com alguns buraquinhos na lateral.

—Alice você ficou maluca? A Renesmee daqui a pouco vai sair daquele banheiro e pegar você com esse gato.

Ela revirou os olhos.

—Ah Bella. Mas o Jackie Chan está morrendo de fome. Coitadinho né filho –dizia fazendo carinho no rabo daquele gato pulguento.

E ela continuou com o felino em cima de sua cama. Confesso que fiquei com dó do bichinho... Pelo visto estava sem comer nem beber por muitas horas.

—Alice isto que você está fazendo com ele é uma judiaria. Se ele ficar preso desse jeito vai se desidratar.

—Eu vou dar um jeito... É que se não o trouxesse iria literalmente morrer de saudade.

Convencida? Hum, quase nada.

—Tudo bem. E qual é o seu plano para quando as aulas começarem? –questionei interessada. Eu poderia ser um pouquinho má, mas ver aquele bicho sem saber se comia ou bebia primeiro me deu pena.

—Como assim?

—Provavelmente sua aula não é por um período apenas né? Ouvi dizer que direito é manhã e tarde.

—Hum... Sim.

—Então criatura! Em meio a carga horária extensa das aulas e outras atividades que a Zoey vai exigir de nós... O Jackie Chan vai morrer de fome.

Ela adquiriu um semblante concentrado com os olhos virado para cima e a testa enrugada. Estava pensando em algo... E quando Alice Brandon pensava... Algo de estranho vinha ao mundo.

—Você vai me ajudar!

—Oi?

—Sim. Você vai me ajudar a cuidar do Jackie Chan.

—Isto foi uma pergunta ou uma afirmação? –perguntei incrédula.

—Uma afirmação né Bella. Qual é! Eu sei que ai dentro de você –ela apontou para o meu peito –bate um coração.

Uau. Essa garota sabia como ser melodramática.

—Alice. De quem é o gato?

—Hum... Supostamente meu?!

—Então é supostamente sua a responsabilidade de cuidar desse animal.

—Ei, não chama ele de animal –protestou ofendida.

Ai. Meu. Deus...  Acho que o que joguei na cruz foi muito mais do que pedra. Deve ter sido um chiclete que ficou colado até hoje.

—E ele é o que? Um humano? Não! Ele é um animal.

—Mas você falando dessa maneira soa mais agressivo –disse descontente.

—Voltando ao assunto... Eu não vou cuidar do seu gato. A responsabilidade é sua e não minha.

—Vai sim. Eu sei que vai... Você no fundo é uma boa pessoa.

—Não vou não.

—Vai sim.

—Não –protestei.

E bem no momento de nossa discussão um barulho soou alto vindo do banheiro.

—Vai Alice, esconde esse gato de uma vez –falei apavorada.

—Ai meu Deus... Ai meu Deus...

—Não surte. Apenas guarda esse gato nesta caixa e esconde ela antes que a Renesmee abra aquela porta –falei apontando para o lugar onde a nossa monitora estava.

—BEEEELLA. ALICEEEEEE. ME ALCANÇA A MINHA TOALHA DE BANHO? ESQUECI EM CIMA DA CAMA.

Revirei os olhos e apontei para a cama dela. Alice entendeu o recado, escondeu o gato e entregou a bendita toalha (acredite se quiser) dos 101 Dálmatas.

Quem na idade daquela garota ainda usava estampas de personagens da Disney? Sim, Renesmee. A maluca tinha um gosto aguçado a ursinhos. Notava-se ao observar sua cama: ela decorada por bichos de pelúcia, ursos, Nemo, Minnie, Pato Donald e por ai vai.

Assim que a doida saiu vestida com um pijama de bolinhas fui para cima de sua cama esperar que contasse tudo a respeito da vaca loira líder da Zeta.

—Desembucha logo Renesmee. Você tinha dito que não era apenas contra mim que a Zoey estava.

—É mesmo. O que houve pra ela ser tão idiota assim?

—Suas fofoqueirinhas –acusou rindo.

—Diz logo –falei rude. Afinal, minha curiosidade era mais forte.

—Ah tudo bem. A história é longa. O problema é que a Zoey sempre gostou de ser o centro das atenções...

—Nossa, que novidade!

—Dá pra me deixar terminar? Ou melhor, começar a falar!

—Tá. Não precisa ser grossa também –interveio Alice em uma tentativa frustrada de me defender.

—Ok. Então... A Zoey está em Stanford há dois anos. Ela chegou aqui na mesma época em que eu vim. Éramos duas calouras que foram escolhidas para a Zeta: nós duas entramos para o curso de moda. Foi um bom verão em 2015. A nossa fraternidade era liderada pela prima dela, a Poliana Miller. A Polly era uma pessoa muito diferente da Zoey: engraçada, sensitiva e ajudava a todos sempre que precisava. O único problema era que ela não tinha um espirito muito competitivo, o que fazia com que a Zeta ficasse nos piores lugares das atividades realizadas contra as outras fraternidades.

—Vocês eram amigas? –perguntou a intrometidinha do meu lado.

—As melhores que você pode imaginar –respondeu com um ar nostálgico.

—E o que houve?

—Então. A Zoey ficou durante alguns meses apenas observando tudo o que a prima fazia. E ao mesmo tempo em que cursava Moda, adquiriu bastante influência se relacionando com as pessoas certas. Ela ficou amiga desde os diretores da universidade até os coordenadores do seu próprio curso e de outros cursos. Foi assim que ela recebeu prestigio. E quando a Polly se formou no ano seguinte sua prima se elegeu para uma das chapas responsáveis pela presidência da Zeta Beta Zeta. Ela ganhou em disparada contra a Victoria.

—Ué... Mas a Victoria não é a vice-presidente?

—Sim, mas ela passou o ano seguinte sendo apenas uma garota Zeta. Somente no final do ano passado elas se uniram e como não havia chapa alguma para concorrer com a Zoey... Ela virou a vice.

—Que história meio... Triste!

Senhor! Me de paciência para aturar os comentários desnecessários de Alice. Ao mesmo tempo em que eu revirei meus olhos Renesmee fez uma cara como de quem dizia “também penso a mesma coisa Isabella”.

—Ta... Até ai eu entendi. Mas onde está a parte em que ela odeia tudo e todos?

—O ódio está praticamente na essência dela Alice! Ela ficou no lugar da prima, humilha quase todo mundo que passa pela sua frente e de quebra ficou ainda mais popular ao namorar um membro do time de futebol.

—A Zoey é bem espertinha hein. Não perde tempo.

—Sim. Ela e Jacob Black eram o casal mais famoso do campus.

Jacob Black... Esse nome não me era estranho! Ah, claro.

—Eles se merecem –comentei lembrando-me do garoto que estava ao lado de um certo idiota chamado Edward Cullen.

—O Jake não é tão mal assim... Garanto a vocês que é uma pessoa melhor do que a ex-namorada.

—Qual é Renesmee. Aquele troglodita foi super grosseiro com você –acusei.

—E como eles terminaram? –perguntou Alice.

—A Zoey tem um ciúme doentio dele. Sendo um nato jogador, a fama do time de Stanford ultrapassa outras faculdades e por isto outras garotas davam em cima de Jacob. E como Zoey era a líder de torcida e não podia fazer muito a respeito, praticamente gritava e esperneava quando estavam fora dos jogos ou dos treinos.

—A cada dia que passa eu odeio mais ainda essa loira aguada –falei.

—É Bella... Você sabe que não é a única.

—A gente tem que fazer algo a respeito –sugeri.

—Fazer o que? O castelo dela já está construído em bases tão sólidas que para desmanchá-lo seria quase impossível.

—Renesmee nem vem. É impossível que uma pessoa tão egocêntrica como Zoey Miller continue em cima do topo. Poxa, olha o que ela fez com nós hoje! Ela sabotou a atividade colocando o quebra-cabeças na puta que o...

Alice fez um gesto rápido e calou a minha boca com a mão.

—Menos Belinha... Menos. Sem ofensas.

—Acreditem em mim: quando eu digo que não tem como destruir a Zoey é porque não tem!

Refleti sobre a frase que saiu da boca da monitora. Não existe nada neste mundo que não se possa ser feito. E com toda a certeza da minha pura e curta existência neste universo... Eu iria destruir Zoey Miller. Nem que isto levasse algum tempo, mas eu iria.

Ela iria pagar por casa coisa que havia feito a quem não tinha culpa de sua falta de educação...

Zoey vadia, você me paga!

 

 

 

 

 

 

Uma semana havia passado desde a última conversa em trio que tivemos no dormitório. As meninas até que conseguiram proporcionar um momento legal e cheguei a conclusão de que Renesmee não era tão chata assim (só um pouquinho).

Hoje era segunda-feira, ou seja, meu primeiro dia de aula.

Ontem a noite saiu o resultado das turmas na qual estávamos esperando há alguns dias. Era o seguinte: adentravam para a turma de Direito cerca de 90 pessoas, mas a grande turma era subdividida em pequenas turmas (A, B, C, D, E e F). Sendo assim, cerca de quinze pessoa compunham uma turma. E adivinhem só quem ficou na minha? Isto mesmo... Alice Brandon. Eu e aquela doida de pedra conseguimos vaga na turma A.

Bem, iniciei um mantra sagrado internamente pedindo que o meu dia fosse sem nenhum estresse. É claro que aquilo não dependia somente de mim, mas também das pessoas que me cercavam.

Acordei sete e meia, sem nenhum problema visto que tive mais insônia do que sonhos propriamente ditos.

Vesti o uniforme da fraternidade e calcei um all star branco. Prendi meus cabelos em um rabo de cavalo alto e peguei minha mochila colorida com vários desenhos da Torre Eiffel.

Alice também começou uma rotina de arrumações e cerca de trinta minutos depois estávamos comendo panquecas e suco no andar de baixo.

—Que estranho a Renesmee ainda estar dormindo.

—Acho que o curso dela tem aulas só a tarde.

—Hum. Pode ser. Ai Bella... Estou morrendo de ansiedade.

—Segura essa sua ansiedade porque hoje é apenas o primeiro dia –eu era ridícula por estar dizendo aquilo, pois por dentro meu coração quase pulava do peito de puro nervosismo.

—Nossa, você é tão segura de si! –elogiou minha colega de quarto.

Apontei para ela com o dedo indicador e pedi que se aproximasse.

—Vou te contar um segredo: eu sei esconder bem meu nervosismo.

Nós duas rimos ao mesmo tempo em que comíamos. Alice era uma pessoa legal... Parecia ser tão verdadeira e algo dentro de mim dizia que era uma boa amiga a pesar de suas maluquices. Mas a amizade não é feita de uma hora para a outra... Ela leva tempo! A gente tem que ir construindo aos poucos e ir confiando gradativamente.

Foi assim com a Rosalie. Aconteceu de uma forma tão natural que quando percebi não conseguíamos viver uma sem a outra.

Eu não esperava levar grandes amizades da Zeta... Não queria me envolver amigavelmente com ninguém... Por isto ás vezes mantinha distância de algumas pessoas, especialmente das patricinhas que moravam na Zeta Beta Zeta.

—Ixi. Acho que estamos atrasadas –dizia Alice ao pé do meu ouvido já enfiando um pedaço enorme de panqueca na boca e sujando-a de mel.

—Eca sua porca. Vai limpar essa boca –disse Casey Mcguire, uma asquerosa e aspirante a ajudante da Zoey.

Sério... Neste pouco tempo em que estive morando por aqui consegui distinguir as pessoas bajuladoras e as pessoas que tinham algum tipo de caráter a zelar. E Casey era a típica puxa saco da presidente.

—Cala a boca sua Gnoma. É tão baixinha que só falta o cabelo branco e aquela toca triangular ridícula pra parecer uma.

—Não me manda calar a boca sua enxerida. E não me chama disso.

—Então não enche o meu saco e nem o da Alice –resmunguei levantando da cadeira e trazendo minha colega junto a mim.

Durante todo o caminho ela ficou me agradecendo por ter a defendido da Casey Gnoma e eu apenas dei de ombros. Não me importava com essas coisas, desde que as pessoas não debochassem ou fizessem mal a quem estava do meu lado. E Alice merecia ser defendida. Aquela gnoma ficou zoando a coitada com um ar de debochado se achando a última bolachinha do pacote. Óbvio! Era uma discípula da Zoey oxigenada.

Alice e eu seguimos para fora da Zeta e caminhamos apressadamente em direção ao prédio da faculdade de direito. Disse ela que sabia onde ficava então eu apenas a segui.

Porém, na metade do caminho uma voz conhecida chamou a minha atenção.

—Oi Isabella.

Eu conhecia... Eu conhecia aquela voz... Claro! O menino simpático que gostava de Star Wars.

—Oi Eric! Quanto tempo.

Mentira... Era só pra ter um papo legal, pois não o via há apenas duas semanas.

—Como você está? Se adaptando?

—Estou bem. É... A gente tem que engolir alguns sapos. Mas não posso reclamar do conforto que a fraternidade Zeta proporciona. E você?

—Estou bem. Indo para a aula.

—Desculpe... Esqueci o que você cursa.

—Engenharia Civil.

—Legal. A gente se vê por ai... Nós estamos atrasadas –falei apontando para Alice.

—Foi bom te ver.

—Igualmente –respondi educada.

E continuamos seguindo sem pausas no meio de tantos jovens segurando suas mochilas, bolsas e fichários.

—Huuuuuum. Foi bom te ver! Hummm

Era só o que me faltava.

—Dá para calar a boca e andar em linha reta?

—Huuuum foi bom te ver! –repetiu Alice.

—Alice Brandon: eu juro que se você disser mais uma vez a porra da palavra “hum” em qualquer outra frase eu te mato.

—Senti até um arrepio –debochou rindo.

E eu revirei os olhos por todo o resto do caminho. Sério, se havia algo que eu odiava era que as pessoas fizessem suposições. E a queridinha estava insinuando alguma coisa entre mim e o Eric.

Puff... Nada a ver. Aliás, relacionamentos não eram para mim. Era capaz de o condenado morrer antes mesmo de completar uma semana de namoro.

Enfim, havíamos chegado ao nosso destino: um belo e grandioso prédio colorido pelas cores do Direito que eram vermelho e preto.

Senti um arrepio percorrer minha espinha só de subir o primeiro degrau. O meu sonho foi estar diante daquela construção onde milhares de pessoas já se formaram com tanta honra.A emoção não cabia dentro de mim.

Nos direcionamos para a aula que ficava na sala D302 na qual já haviam algumas pessoas sentadas e conversando.

Os assentos eram individuais... Nada de duplas como usualmente as pessoas se sentavam no High School.

Nós duas caminhamos até os assentos que ficavam ao lado da parede. Eu fiquei na segunda classe, já que havia um garoto na primeira. Já Alice sentou-se atrás de mim.

—Bella me belisca –cochichou a maluca.

—Eu hein. Se fizer isto vou estar te dando liberdade para me beliscar também... Então nada feito.

—Isso só pode ser um sonho.

—É melhor sonhar mesmo antes que a gente acorde e volte para convenção das bruxas!

—Hã? Convenção das bruxas.

—Nossa, você é lerda. Meu Deus! A convenção das bruxas, ou seja, convecção da Zoey e companhia.

—Ah ta.

Se eu calculasse a quantidade de vezes em que eu revirava os olhos para as coisas sem noção da minha colega de quarto seriam milhares... Por isto poupei meus olhos e apenas acenei com a cabeça concordando com qualquer coisa que ela dissesse.

Com louco a gente apenas concorda... Já dizia a sábia da minha mãe.

—Bom dia turma. Sejam bem vindos a mais um ano letivo e a disciplina de História do Direito. O meu nome é Michael Clark, formado com honra na Universidade de Harvard. Trabalho há cinco anos aqui em Stanford e coordeno o curso no qual vocês escolheram cursar. Além disto, leciono nas disciplinas de Direitos Humanos e Direito Penal.

Nosso mentor era... Uau... Bonito demais.

Não era nenhum baixinho de cabelos grisalhos esperando sua aposentadoria. Pelos meus cálculos o cara deveria ter no máximo trinta anos.

Tinha cabelos escuros e a pele morena. Vestia impecavelmente uma camisa social cor de vinho apertada deixando a mostra que naquele corpo tinham músculos. Além disto, a calça de brim solta deixava-o com um estilo mais jovem. O sapato social preto completava aquele look incrível.

Eu nunca fui muito de olhar para os homens, mas aquele professor era gato demais para ser um professor...

—Para de babar –cochichou Alice.

—Hã?

—Você está babando pelo professor. Pelo menos disfarça Bella.

—Não vou nem responder você –impliquei envergonhada por ter sido pega no flagra.

O professor Michael continuou falando da sua vida profissional: ele já teve um escritório, depois trabalhou na França, fez seu mestrado, doutorado e por último conseguiu uma vaga para dar aulas em Stanford. Um crânio lindo.

Ele comentou sobre tantas coisas que quando chegou à pergunta: “Por que vocês escolheram direito” eu iniciei uma divagação sobre os reais motivos que me trouxeram até aqui. Talvez seja a minha vontade de mudar as coisas de errado no mundo... E a minha mania de sempre fazer a coisa certa e defender as pessoas. Acho que deve ser uma vocação, por que nem eu mesma sabia responder aquela pergunta com convicção.

Algumas pessoas se atreveram a responder (Alice foi uma delas). A turma era muito grande, então não havia como todos falarem.

Eu fiquei em minha bolha de divagações até que a frase pronunciada pelo professor Michael chamou a minha atenção!

“Turma, quero que conheçam uma pessoa que fará parte do cotidiano acadêmico de vocês: Edward Cullen é o nosso mais novo monitor das disciplinas de História do Direito e Operações Especiais.”

Opaaaa... Aquele nome... NÃO! Não pode ser. Aquele King Kong de novo?

Minha boca formou um “o” com a surpresa instantânea que senti. Estreitei meus olhos repreendendo mentalmente qualquer palavra que ele pudesse pronunciar.

No mesmo momento em que seu olhar vagou por entre os alunos e encontrou o meu também reagiu surpreso. Mas diferentemente de mim, sua expressão antecipou um sorriso forçado. Mas o pior não foi isto... Ele simplesmente acenou com a mão como se já nos conhecêssemos.

Ok. A gente até poderia se conhecer, mas quem disse que ele podia ter essa intimidade de acenar para mim?

Argh... Nem te conheço direito, mas já te odeio Edward Cullen.

—Bom dia gente. Espero que tenham um ótimo inicio de semestre –ele disse solícito.

—Edward acompanhará as nossas aulas de segunda e quinta feira. Ou seja: não terão desculpas para não estudar. Além disto, amanhã estarão abertas as inscrições para a disciplina complementar de Operações Especiais. Os interessados devem procurar a secretaria do curso, preencher um formulário e aguardar sua possibilidade de aprovação.

Não precisei virar para trás e saber que a cínica da Alice estava rindo de mim. Af... Primeiros dez minutos de aula concluídos sem sucesso.

Ignorei a sensação de indiferença em relação àquele garoto, mas por pouco tempo. As recordações da última semana adentraram em meus pensamentos e expulsá-las era quase impossível. Visualizei novamente todo o meu desespero pela tentativa frustrada de fugir daquele maldito cachorro. E figurar a imagem de Edward Cullen com desdém e ainda dizendo Tudo bem madame. Pode passar que o meu cachorro não vai atrapalhar as senhoritas. Sem mais discussões por hoje”.

Argh... Aquela miniatura de King Kong era muito sem noção mesmo. Até mais sem noção que o King King máster (diga-se de passagem: Jacob).

Eu te odeio.

Eu te odeio.

Eu te odeio.

—Bella? O que deu em você?

—Hein?

—Estou te chamando há quase um minuto e você não responde.

—O que foi Alice? –perguntei ríspida. A paciência hoje não estava ao meu lado.

—Eu hein. Deixa de ser grossa... A presença dele te irrita tanto assim?

—Ele, o cachorro dele e a porra toda que se refira a ele.

—Pois é, mas será o nosso monitor – rebateu cochichando.

Afinal, ela estava ou não ao meu lado?

—Eu não preciso de monitor.

—Vai precisar sim. Por que vai fazer aquela disciplina complementar de Operações Especiais comigo.

—Opa. Espera ai... Não vou não!

—Ah você vai. Por favor. Faz comigo... Parece ser legal.

—Mas você ainda nem sabe do que ela se trata direito.

—Não importa. É algo a mais para se acrescentar no currículo. Você não vai negar isto, né?

Ela me olhou com uma cara de gato do Shrek. Alice Brandon sabia como fazer alguém mudar sua opinião.

—Vou pensar.

—Ahhh Bella. É por isso que eu amo você.

Falsa. —pensei carinhosamente, embora soubesse que ela não era falsa. Só um pouquinho quando queria algo em troca.

—Eu disse que iria pensar. Não que vou me inscrever.

—Eu sei que ai dentro bate um coração.

Meu Deus. Ela tinha um cisma com corações. A todo momento se referia ao meu para barganhar algo.

Garota difícil.

De repente senti a presença de alguém muito próximo a mim. Virei para o lado, assim como Alice, e percebemos que ele estava a nossa frente.

—Madames... O professor Michael não curte muito que seus alunos dispersem suas aulas.

Argh... Mil vezes morra Edward Cullen.

—E o que você está fazendo aqui falando com nós duas? Vai, corre pro canto da sala, senta em uma cadeira e vai fazendo observações sobre a aula! Não é isto o que monitores fazem?

Tudo bem. Eu tinha me superado nesta resposta. Até Alice me fitou de uma maneira peculiar e quase pude visualizar pontos de interrogações em sua testa. Mas eu era assim mesmo: audaciosa quando não gostava de algo. E definitivamente a disciplina de História do Direito não havia iniciado da melhor forma possível. Mentira, a única parte boa era que tínhamos um professor gostoso. Mas fora isto...

—O que você disse? –ele rebateu visivelmente irritado.

—É surdo agora?

Não havia quase ninguém escutando nossa pequena discussão, afinal o professor Michael havia pedido para seu ajudante distribuir algumas folhas do cronograma da matéria e deveria achar que seu monitor estava apenas instrumentalizando as novas alunas para a respeito das atividades.

—Você é bem atrevidinha –soou mais como uma afirmação para si mesmo do que a mim –mas eu gosto de garotas presunçosas –e dizendo isto entregou uma folha para mim e Alice, dirigindo-se ao lado oposto.

What?

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Meus amoooores :D Estou muito feliz... Gente eu praticamente reencontrei o meu espírito engraçado para voltar a escrever Sonho Inverso. É sério... eu taquei uma quarta e não paro mais de escrever e ter ideias. Quero que me contem tudo sobre o que acharam desse capítulo. Eu to adorando essa leve interação entre Bella e Edward. Nos próximos eles estarão mais presentes e eu to até ficando com pena do Edward... hahaha
Quero agradecer aos meus comentaristas de sempre que nunca me abandonam :D Thanks... eu tento sempre responder vcs.
Outra coisinha chamada divulgação... Vou deixar aqui alguns links de outras histórias que eu escrevo:
Cartas para Isabella: https://fanfiction.com.br/historia/728261/Cartas_para_Isabella/
Connect Love:
https://fanfiction.com.br/historia/719985/Connect_Love/
Friendship:
https://fanfiction.com.br/historia/570257/Friendship/
Não beije a noiva:
https://fanfiction.com.br/historia/732848/Nao_beije_a_noiva/


É isto... Um beijão ♥