Poderia dizer que foi animador estar em meu quarto em meio a tranquilidade de comer um chocolate.

Sim, poderia.

Mas não foi um momento tão agradável quanto desejava.

A pancada provocada há alguns momentos atrás por aquele jumento ainda insistia em doer e para o meu desespero Alice Brandon acabou contanto sobre toda a sua vida: que o sonho dela era cursar direito para que um dia pudesse ser uma juíza que iria “colocar os bandidos no chinelo” (seus próprios termos). Ela também disse que gostaria muito que nós duas fizéssemos todos os trabalhos juntas e sua desculpa foi “você sabe né Isabella, nunca se pode confiar em todos os alunos de uma universidade”.

Além disso, a branquela começou a falar sobre toda a sua família, que sentia falta deles e de seus amigos.

Ok, embora essa pessoainha fosse um chiclete no meu sapato ela era legal ao mesmo tempo. Depois que fui grossa com ela me dei por conta que talvez (somente talvez) nós pudéssemos nos dar bem, afinal de contas ela era uma das únicas garotas que tinham um cérebro nesta fraternidade.

—Sabe Bella, até que você é uma boa companheira de quarto.

—E eu deveria agradecer?

Um barulho alto e estranho ecoou pelo quarto e no mesmo instante percebi que Alice tentou me distrair falando sobre o tempo. Alguns segundos depois uma voz aguda se sobressaiu entre o que aquela maluca dizia.

—O que é isso?

—Hã... Isso o que? –ela perguntou.

—Esse barulho.

—Que barulho?

—Nossa Bella, eu acho que vai chover amanhã –desconversou.

—O que? O céu está estrelado sua maluca -falei

Novamente o agudo não deixou de aparecer por ali.

—Escuta Alice. Parece até um...

A garota bufou alto e em um movimento brusco foi até a porta e a trancou, depois girou até a sua cômoda e tirou de lá uma caixa azul tampada, onde as laterais apresentavam dois furos e no centro estava escrito com letras rosas Alice Brandon. Ela foi abrindo lentamente com um cuidado excessivo ao mesmo tempo em que piscava freneticamente.

—Escuta aqui, quando eu abrir essa caixa e te mostrar o que tem dentro não pode mostrar e nem falar nada para ninguém.

—Nossa você está me assustando –exclamei.

—É sério Bella. Você tem que jurar. Jurar juradinho.

—Ok, eu juro juradinho –disse, já que a curiosidade falou mais alto.

Quando finalmente destampou o objeto azul foi revelado um felino Siamês marrom com cinza. Oh meu Deus! Um gatinho? Minha expressão de espanto antecipada fez com que a garota arregalasse os olhos.

—Ficar mantendo animais presos é crime sabia?

Ela pensou por um momento antes de responder.

—O que eu posso fazer se é contra as regras ter animais de estimação aqui? Jackie Chan dá oi pra Bella.

Não consegui tirar os meus olhos do gato enquanto tentava enquadrar em minha mente uma alternativa que classificasse Alice como:  (  )Louca      (Problemática)     (  )Portadora de alguma deficiência mental. De repente as três opções estivessem certas.

—Você deu o nome do ator e lutador ao gato?

—Sim, eu acho fofinho –revirei os olhos –Não é Jackie Chan?

—E você já parou para pensar como vai esconder esse animal de nossa querida monitora? –ela parou de alisar o gato e me olhou.

—Hum... Er, não. Mas nisso você me ajuda depois.

—Você ficou louca? –exclamei. Afinal eu já estava envolvida em muito ódio dentro desta fraternidade.

—HEI. POR QUE ESSA PORTA ESTÁ TRANCADA? –esbravejou uma voz semelhante a de Renesmee.

Rapidamente a maluca de minha colega de quarto colocou de volta o gato dentro da caixa e arrumou-a em sua cômoda para abrir a porta à pessoa que estava nervosamente batendo com uma força excessiva (e desnecessária).

—Eu hein. Por que essa porta estava trancada? Quer saber, não interessa. Se eu fosse vocês duas iriam dormir!

Renesmee já chegou achando que era a dona do pedaço.

—Dormir porque? Ainda é cedo! –falou Alice.

—Só um palpite.

Enfim decidimos ignorar a monitora e no momento em que ela se deitou recebi uma mensagem de Rosalie.

“Sua vaca! Vai embora, se misturar em uma fraternidade e não se lembra dos amigos que deixou. Vai ter volta Isabella Swan!”.

Ah meu Deus... Tinha esquecido completamente de fazer alguma comunicação com minha amiga.

“Own que linda, está com ciúmes Anabelle? Como estão as coisas por ai?”

“Cala a boca sua nerd. Se não fosse por mim você continuaria sendo a estranha do High School. Ah amiga estou tão ansiosa... Em uma semana estarei em Princeton, acho que o meu coração não aguenta”.

“Seu coração não aguentaria se estivesse onde estou”.

“É tão ruim assim?”

—O que você está fazendo? –perguntou a criaturinha mais intrometida do mundo.

Caramba, já deixei claro o poder que Alice Brandon tem de se intrometer nos assuntos que menos são de sua conta? Pois é.

—Nada demais –tentei ser educada.

—Hum, olha eu vou ali pegar ração pro Jackie Chan –cochichou para que Renesmee não a escutasse –Nenhuma palavra sobre ele.

Ela saiu colocando os dois dedos indicadores ao redor dos olhos e apontou para mim, como quem diz: “estou de olho em você”.

Er... o que eu estava fazendo mesmo? Ah sim...

“Ruim? Isso aqui é um inferno cheio de diabinhas loiras.”

“Aff Bella, só você mesmo. Bem, minha mãe está me chamando para lavar a louça. Tchauuuuu”.

“Tchauuuuu Anabelle” –Digitei sorrindo, afinal também estava morrendo de saudades da minha best friend.

Em seguida fui arrumar a minha caminha e cuidei o ronco de Renesmee, certificando-me que a garota não fosse ver o gato que agora estava fora da caixa e alimentando-se.

Até que então o sono apareceu e após arrumar minha cama, deitei e dormi como um anjo.

—