Ruído de balada, música punk rock. 

Um homem gostoso dando em cima de mim, usando roupas finas. 

Empurro ele para a parede, o prendendo, e já vou logo colocando minha língua dentro de sua boca. 

Passo minha mão em seu peitoral, e quando ele tenta colocar as patas no meu corpo... não deixo. 

Não acho que goste dele o bastante. Mesmo assim, isso é divertido.

Provocar. 

E no meio do beijo... paro e vou embora. Sem aviso. Deixando-lhe pensando: "essa garota é maluca". 

Essa é só uma das coisas loucas que eu faço na vida... costumo ir para a praia a meia-noite, ler livros pela metade, assistir muitos filmes de madrugada - mesmo sabendo que vou morrer de sono amanhã. 

Então me vou. Saio daquele ambiente. 

E penso:

"O que vou fazer?" 

E lhes digo:

"Eu não sei"

e...

"não quero saber".

Volto correndo pelas ruas, resolvo ver a vista do alto de um prédio, me embebedo um pouquinho mais, aprecio a comida de um fast food 24 horas, e nesse ritmo vou indo... indo... 

Até encontrar um ponto fixo, uma casa aconchegante para ficar por uma noite, alguém para amar por um dia e nada mais. 

Depois volto pro mesmo ritmo veloz. 

Sem ligar para nada e mais ninguém. 

Baladas, álcool, arte, livros, sexo... 

todos os fatores que compõe minha existência. 

As pessoas dizem: 

"Você não pode viver assim! Tem que ter um rumo, ser normal de uma vez por todas". 

E eu lhes digo, enfurecida:

"Posso viver assim. Posso. Posso."

E assim vou indo...

indo... 

sem encontrar caminho ou respostas, com tênis all star puídos nos pés. 

Porque mesmo que eu olhe para o céu de manhã... 

não ouço o que quero. Não ouço nada na verdade. 

O que eu queria mesmo ouvir?

Ah sim... explicações dos porquês da vida. 

E isso acho que só obterei quando morrer. Esse é meu pessimismo falando. Portanto, por agora, só quero curtir e viver nesse modus operandi. 

Tiro uma foto do meu all star para a posteridade. 

Não desejo ser normal. Quero ser espetacular. Viver aventuras, ter algo a ser contado depois. Não importa a dificuldade que tenha que passar. 

Só quero isso... 

e minhas respostas. 

Será que alguém pode me dizê-las?

Acho que não, essas coisas vem de dentro sem avisar, como uma inspiração no meio de um bloqueio literário. 

Balada amanhã.

Vodca. 

Tequila. 

Sexo. 

Mais sexo. 

Livros pela metade. 

Filmes cult. 

Sexo.

Vodca. 

Tequila. 

....

....

tudo preenchendo o vazio, enquanto não encontro algo que valha a pena. 

....

....

Vazio, quando você vai embora?

....

....

É tão difícil me livrar de você. 

....

Fico cada vez mais chateada, especialmente quando todos estão casando, tendo filhos, e trabalhando em empregos que odeiam. 

Eu não quero ser assim...

desejo aventuras. Algo pra quando chegar lá na frente, olhar pra trás e dizer: "olha o que fiz! Que orgulho de mim mesma!". 

Só que, enquanto não descubro o que devo fazer, esse vazio me persegue...e me sinto um robô sem metal. 

Suspiro, observando o céu, pedindo respostas. Implorando. 

...

....

Sou só mais um grão de areia que não se acostumou a ser um. 

....

Por: 

A pessoa do all star puído.