Trilha Sonora escrita por LEvans


Capítulo 13
Capítulo 12 - Crazy in love


Notas iniciais do capítulo

Olá, pessoal!
Paulinha aqui para postar o capítulo para a Giks porque ela teve um probleminha. Aproveitem o capítulo, que está maravilhoso, e nos vemos no final com um recadinho importante.
Beijos!



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—Harry vai vir para as férias -foi a primeira frase que Ron me disse assim que eu o encontrei tomando seu café da manhã na cozinha, no outro dia.

—Lily deve estar eufórica. -comentei, me servindo de torradas.

Ele levantou as sobrancelhas, como se minha indiferença o tivesse assustado.

—Ele te disse, não disse? -quis saber, cerrando os olhos que refletiam ciumes do amigo ou desconfiança, eu não sabia dizer qual dos dois. Porém, sorri displicentemente e dei de ombros.  

—Disse.

Harry e eu havíamos, mais uma vez, conversado até o sono nos vencer na noite anterior. Ao levantar da cama naquela manhã, contudo, eu não pude controlar o impulso de pegar meu celular e reler nossa conversa, me certificando de que eu o veria mesmo em poucas semanas e que nada fora fruto da minha mente sonolenta. O sorriso foi involuntário, e mordi meu lábio inferior ao reler a mensagem que mais parecia uma promessa e que me dava a certeza de que nosso encontro seria, no mínimo, interessante.

Contei sobre o show do U2 a Rony e ele se animou, dizendo que convidaria Hermione. Ele não admitia, mas eu sabia que ele também gostava da banda que eu o havia apresentado. Falar sobre aquilo novamente fez uma euforia crescer em meu peito, e eu não tive nenhuma suspeita de que os dias até aquele show passariam muito lentamente tamanha a minha ansiedade.

—Você ‘tá ansiosa para o show ou para ver o Harry? -me perguntou Luna pelo telefone, no intervalo livre que eu tinha entre a faculdade e o trabalho. Eu havia acabado de confidenciar a ela as férias do melhor amigo do meu irmão.

—Ouch! -exclamei, rindo, pois aquele era exatamente o tipo de pergunta que Luna faria. Mas, apesar do seu tom desconfiado, eu sabia exatamente a resposta para aquela pergunta. -Pro show, sua boba.

Eu conhecia Harry tempo suficiente para saber exatamente qual o seu sabor preferido de pizza, ou a marca de cerveja que ele costumava tomar pois, como futura jornalista, eu não conseguia evitar reparar em certas coisas. Porém, com sua viagem, mesmo que um oceano não funcionasse como obstáculo para nossas conversas, eu não via seu sorriso, ou o modo como ele me olharia caso tivesse me dito pessoalmente o que suas mensagens diziam. Então, eu preferia não pensar na seriedade delas, ou se elas constituiam apenas mais uma das nossas provocações mútuas.

Mas dizer que eu não estava ansiosa para vê-lo seria uma mentira. Só que o meu orgulho Weasley falava alto demais para que eu dissesse aquilo em voz alta logo na primeira vez que Luna me perguntava aquilo.  

—E por que você não me convidou? -perguntou minha amiga, e minhas sobrancelhas se arquearam.

—Você por acaso iria? Pensei que seu estilo fosse outro.

—Você tem razão, eu não iria. -respondeu ela -mas ele vai, não vai?

Eu não previsava perguntar para saber a quem ela se referia.

—Vai.

—Ah, então o show não é apenas U2. É Harry e U2. -ela fez questão de dar ênfase no “e”.

Eu ri com a sua conclusão, e em como aquilo soara ambíguo.

—E o meu irmão com a Mione. -lembrei, num tom descontraído.

—Figurantes! -eu ri com sua exclamação. -Eu estou sentindo boas vibrações com esse show.

—É claro que está. -falei, mas minha amiga fez questão de ignorar minha descredibilidade.

—E vocês vão estar em volta de muita energia positiva.

—Luna, Harry e eu não temos nada. -eu estava começando a notar onde ela queria chegar, mas eu não queria criar falsas esperanças. Eu gostava demais da relação que eu tinha com Harry, não era como se eu quisesse desesperadamente mudá-la. Eu preferia deixar com que o futuro se encarregasse disso.

—Só um tesão quase palpável. Além disse, o seu signo está prevendo coisas boas vindas de longe.

—Você adora checar o signo alheio -acusei.

—Alguém tem que fazer isso por você, Gin, sua mal agradecida.

Não demorei muito mais com Luna no telefone, pois meu intervalo já estava chegando ao fim e eu teria que estar no trabalho logo se não quisesse perdê-lo. O editor chefe do jornal parecia muito simpatizado comigo, mas havia outra estagiária que não estava acostumada a dividir atenções. Em geral, eu costumava ignorá-la com maestria, e me segurava para não rir quando sua preocupação exarcebada e fingida comigo resultava em algo equivocado em seu trabalho e, consequentemente, em um sermão vindo de algum jornalista acima de nós. Seu olhar torto em minha direção me dava a certeza de que, caso eu chegasse 1 segundo atrasada, meu chefe saberia, então eu preferia não arriscar. Eu sabia que as probabilidades de eu perder meu trabalho por aquilo eram praticamente mínimas, mas a probabilidade de responder ao sorriso cínico que ela provavelmente daria eram quase 100%. Eu não deixaria que ela tivesse esse gostinho.

—Ela não gosta muito de você. -comentou Max, ao notar meu olhar em direção da mulher. Ele trabalhava na versão virtual do jornal.

—É recíproco. -respondi, sorrindo. -Qual é mesmo o nome dela?

—Cho Chang.

—E você tem alguma ideia do motivo de tanto… desprezo? -eu sussurrei a última palavra, e Max olhou na direção da Chang, do outro lado da sala.

—Eu não faço ideia do que se passa na cabeça das mulheres, ruivinha. E não sei se quero ter, pra ser sincero. -respondeu ele, e fiz careta frente ao apelido que ele havia me atribuido. -O que você vai fazer na sexta a noite?

Me assustei com a mudança repentina de assunto, mas controlei minhas expressões e continuei agindo normalmente. Max e eu trabalhavamos perto demais, já que sua mesa quase tocava a minha. Costumávamos conversar, e eu sempre ria dos memes que ele fazia. Ele era realmente muito bom com tudo que envolvesse internet e obtinha um senso de humor admirável, daqueles calmos, mas também engraçado.

—Sair com a minha cunhada e uma outra amiga. -falei, apoiando um cotovelo em cima da mesa e descansando meu queixo em minha mão. Luna, Hermione e eu havíamos marcado a noite das garotas e, a não ser que Ron desse voz a garota que vivia dentro dele, ele ficaria em casa. -Por que?

—O pessoal vai sair pra um pub aqui perto. Ia te chamar.

—Parece legal. Alguma comemoração em especial?  

—Apenas a sexta feira. -respondeu ele, e rimos juntos. -Fazemos isso de vez em quando. Eu aviso você da próxima.

—Eu vou adorar… quer dizer, se a Cho não for e se ela não me matar até lá, eu vou adorar conhecer o lado divertido de vocês. -brinquei.

—Tá querendo dizer que eu sou chato sóbrio, ruivinha?

—Não, mas bêbados dizem verdades constrangedoras.

Max riu da minha resposta e passei o resto do dia trabalhando e ouvindo as histórias envolvendo meus companheiros de trabalho e álcool. Não troquei mensagens com Harry naquele dia, pois estava cansada demais após ter finalizado mais um trabalho da faculdade. No outro dia, no entanto, ele me mandou a música que ele estava escutando. Sorri ao constatar que se tratava de U2.

Conversamos mais sobre música e de como estávamos ansiosos para o show. No fim, porém, Harry me mandou uma foto sua, sem óculos e com um lado do rosto enterrado no travesseiro. Adorei vê-lo num clima tão relaxado, já que a foto saíra meio escura, me dando a certeza de que ele estava deitado em seu quarto. Haviam pequenas olheiras também e a barba estava começando a crescer, deixando-o com um visual mais maduro. Embora eu o achasse igualmente atraente com os óculos, aquela foto despertou um desejo eminente em mim, e que me motivou a mandar uma foto imitando sua pose para ele. De algum modo, quando trocávamos aquelas imagens, eu sentia como se estivéssemos no mesmo país, cidade, casa e cômodo. Era como se ele estivesse ali.

Enviei a foto sem me importar com as minhas olheiras ou minha cara já inchada pelo sono. Nossa intimidade já havia chegado num ponto em que a vergonha era quase inexistente, embora eu sempre me perguntasse se pessoalmente seria igual.

Meu celular tremeu e sorri com sua respossta frente a minha foto.

 

Harry, O metido: Quantos dias faltam mesmo para a minha viagem?

Gin W: Você acha que eu estou contando??

 

Enviei minha resposta. Eu não diria tão rapidamente o número de dias que faltavam para ele embarcar a caminho de casa. Ninguém estava contando, afinal de contas.

 

Harry, O metido: Longe disso, sapinha. Na verdade, não. Você tem cara de ser daquelas que evita saber a hora ou contar os dias porque acha que tudo passa mais rápido se não souber.

 

Minhas sobrancelhas se arquearam, achando divertido em como ele sempre achava uma maneira de se vangloriar.

 

Gin W: Faltam 21 dias para o show, então apenas 14 pra você chegar, segundo os meus cálculos.

 

Dessa vez, meu celular demorou para vibrar, anunciando a resposta de Harry.

 

Harry, O metido: Eu sabia que você estava contando :).

 

Eu sabia que se eu morresse negando, não adiantaria de nada, então apenas mandei um emoji expressando meu deboche frente a toda aquela autoconfiança que, se fosse em qualquer outra pessoa, eu acharia irritante. Mas era o seu bom humor e suas respostas inusitadas para tudo que me divertiam e que me forçavam a controlar o riso que provavelmente acordaria Ron em muitas madrugadas.

No fim das contas, Luna tinha razão, além do próprio Harry, embora ele não tivesse dito exatamente as palavras. Eu estava ansiosa para vê-lo, e não pensar nos nossos últimos momentos juntos antes de sua viagem para o EUA foi quase impossível. Pareciam ter ocorrido há bem mais do que 1 ano e quase 6 meses, e a Gin que Harry beijara contra a porta de Rony e na cozinha de sua casa me parecia completamente diferente. Ela era subitamente mais confusa e preocupada, ao passo que agora eu havia aprendido a nunca esperar demais do futuro. Não se pode esperar que um pássaro nasça sabendo voar, mas quando ele finalmente bate as asas, nada o impede que ele vá para o outro lado do mundo.

O restante da última semana do mês de maio passou num ritmo lento demais para mim. No trabalho, eu continuava sendo vítima dos olhares ácidos de Cho, mas eu não deixava que tão pouco acabasse com o meu humor. Max ajudava bastante, criando milhões de teorias que justificassem o antipatia que minha companheira de trabalho tinha por mim, e Luna chegara a triste conclusão de que ela era apenas amargurada demais com a própria vida. Claro que minha amiga havia feito toda uma análise de signo, áurea, energias, etc, no dia que a vira, quando me dera carona até o jornal, mas até mesmo quem não entendia de assuntos místicos podia ver que Cho, na verdade, gostava de fato somente dela mesma.

Após as provas finais e resultados satisfatórios, as férias começaram. Eu não tinha o dia inteiro livre por conta do jornal, mas eu estava feliz demais com o tempo extra para dormir, ouvir música e curtir meu ócio. No entanto, boa parte desse tempo eu passava conversando com Harry. Até onde a diferença de horário permitia, pelo menos, e pelas obrigações dele que cessariam apenas no dia de sua viagem, dali a 2 dias.

—Gin! -exclamou Hermione, ao me ver jogada no sofá de casa numa sexta a noite, ao adentrar em casa acompanhada de Ron. -Quer pizza?

Eu olhei na direção da minha cunhada que finalmente conseguira me encarar diretamente nos olhos após eu ter presenciado uma situação um tanto constrangedora dela com meu irmão. A timidez passava longe da personalidade marcante de Hermione, mas a de malvada fazia parte da minha em tudo o que envolvesse Ron, de modo que eu fiz questão de lembrá-lo do ocorrido diversas vezes. Eu o amava e irritá-lo era o modo que eu usava para deixar isso bem claro.

—Mas que pergunta boba, Mione.

Ron bagunçou meus cabelos quando levantei do sofá e passei por ele, indo em direção a cozinha. Hermione já colocava a pizza em cima da mesa e eu me encarreguei de pegar lenços e copos. Segundos depois, uma garrafa de champagne cumpunha nossa mesa de jantar.

—Estamos comemorando alguma coisa? -perguntei a Ron, olhando sorrindo para a garrafa que havia trazido em mãos e eu não notara. Meus olhos estavam muito ocupados admirando a pizza.

—Férias, irmãnzinha. As férias.

—A empresa te liberou também? -indaguei, curiosa sobre as férias dele onde ele trabalhava a um pouco mais de um ano.

—Uhuum, agora é só minha cama, geladas e eu.

—Eu espero que eu esteja incluida nesse seu planejamento, Ronald. -comentou minha cunhada, sentando-se a mesa e servindo-se de um pedaço de pizza. Eu a imitei prontamente.

—É claro que você está, linda. Na minha cama.

Ri com a cara envergonhada de Hermione frente as palavras do meu irmão. Ele, no entanto, sorriu galanteador e se inclinou em sua direção, roubando um pedaço da pizza que ela segurava em mãos.

—E eu espero que não inclua o sofá da sala. -comentei, porque simplesmente não pude evitar.

—Vai arrumar um namorado pra você, Gin. -falou Ron, sentando-se na cadeira ao lado da namorada. Fechei a cara para ele no mesmo segundo.

—O Harry não chega amanhã? -quase engasgo com o comentário da minha cunhada, e cerrei os olhos em sua direção. Em resposta, ela me lançou um sorrisinho nada inocente. Ok, eu havia merecido.

—Chega, mas o que que tem? -disse Ron, antes de engolir quase a metade de seu pedaço de pizza numa única mordida.

Hermione deu de ombros, e piscou pra mim.

—Nada, é que eu lembrei de repente.

—Ele deve estar quase embarcando. -peguei um lenço em cima da mesa para limpar os cantos da minha boca, ignorando qualquer tipo de olhar que Ron ou Hermione pudessem vir a me lançar. -Ninguém vai abrir essa garrafa?

Ron fez as honras e, em poucos minutos, apreciávamos a bebida gelada descendo por nossas gargantas. O restante da pizza foi devorada por meu irmão e pelos meus pais que chegaram do supermercado pouco tempo depois. Como Hermione, perguntaram de Harry e minha mãe ficou bastante animada com a expectativa em recebê-lo nos próximos dias e não pude deixar de pensar no sorriso presunçoso que ele provavelmente daria se visse a felicidade de Molly Weasley ao saber de sua chegada.

Quando eu subi para meu quarto horas depois, peguei meu celular como de praxe. Eu o deixara carregando antes de descer para o sofá. Havia somente uma única mensagem de Harry.

 

Harry, O metido: Aproveite bem suas últimas horas como sapo, sapinha.

 

Eu ri com sua mensagem e, pelas horas, ele provavelmente já estava voando, mas resolvi digitar uma resposta mesmo assim.

 

Gin W: Olha só... Quem está contando até as horas agora?? hahahaha Espero que ocorra tudo bem na viagem, princesa :)

 

Desliguei meu celular e passei boa parte da madrugada ouvindo música e lendo as matérias do jornal que eu havia trabalhado mais cedo. Eu não sabia se era ansiedade em ver uma mensagem de Harry anunciando sua chegada ou se eu estava acostumada com o hábito de pegar meu celular em vários momentos para dar continuidade as nossas conversas, mas perdi a conta de quantas vezes peguei o aparelho em mãos somente para me perguntar logo depois o porquê de eu tê-lo feito. E eu tinha plena consciência de que era uma atitude completamente boba, mas eu simplesmente não conseguia evitar. Não rir de mim mesma era praticamente impossível.

Quando finalmente caí no sono, meus sonhos foram uma mistura de Harry e U2. Ou a união dos dois, já que o melhor amigo do meu irmão era o vocalista da banda com a voz do cantor original. Evitar risos repentinos no outro dia foi tão difícil quanto segurar o impulso de olhar meu celular em busca de alguma mensagem de Harry. Ter uma voz afinada saindo da boca dele era extremamente cômico, sobretudo por eu saber exatamente a decepção que ele teria caso se lançasse como cantor. Mesmo assim, eu poderia imaginar facilmente o sorriso presunçoso de Harry quando eu compartilhasse meu sonho com ele. Seria uma ótima oportunidade de expor seu ego inflado, ele não deixaria escapar nenhuma chance de chamar a atenção. A minha atenção, sobretudo.

Mas ele não precisava de nada disso.

Meus pensamentos sempre iam na direção dele e eu me perguntava como ele deveria estar aproveitando a recepção que seus pais certamente fizeram. Eu considerei incontáveis vezes responder mais uma vez a mensagem que ele havia me mandado antes de sua viagem, mas eu não queria estragar qualquer momento que ele talvez estivesse tendo com a família. Depois de muitos olhares, dois amassos, incontáveis mensagens e algumas fotos, no fim, eu continuava sendo a mesma pessoa: a irmã mais nova do melhor amigo… Bem mais próxima do que antes, contudo. Os olhares de Rony na minha direção toda vez que eu deixava escapar um sorriso com meu celular tendo minha total atenção alimentaram minha desconfiança até que ela se transformasse numa certeza. Meu irmão sabia que o melhor amigo conversava mais comigo do que com ele, e ás vezes ele simplesmente não conseguia não fazer certos comentários, assim, foi fácil identificar o ciúmes. Ciúmes esse que ele certamente negaria até seu túmulo, mas estava lá, em cada olhar semicerrado. Eu só não sabia se era de mim ou de Harry.

Tentei esquecer meu celular pelas próximas horas e o deixei em casa quando saí para almoçar com meus pais, amigos deles, Rony e Hermione. No entanto, não importava o quanto eu me esforçasse para esquecer, ainda que por alguns minutos, que Harry estava na mesma cidade que eu; minha cunhada tinha outros planos.

—O Harry já chegou? -Indagou Hermione, se inclinando para que eu pudesse ouvi-la.

—Provavelmente sim. -Respondi. O modo como ela me perguntara parecia que estávamos planejando o próximo ataque terrorista, o que me fez sorrir divertida. -Por que é que você está sussurrando?

—Ah… -Ela lançou um olhar em direção ao meu irmão, mas ele estava ocupado demais devorando sua sobremesa e conversando com nossos pais. -Não sei. Acho que o seu irmão está meio bravo com ele.

—Com o Harry?  Por que?

—Parece que ele não poderá visitar vocês essa semana.  

Franzi o cenho e tentei lembrar se Harry havia me dito algo sobre.

—Ele disse isso pro Rony? -Eu quis saber.

—Disse. -Hermione fez uma careta, como se não esperasse que eu soubesse. -Talvez ele queira um tempo só com a família.

—Ou o contrário. -Respondi, tentando mascarar e não dar ouvidos a minha decepção. Me inclinei na direção de Hermione para que ela ouvisse minhas palavras sussurradas. -Harry é mimado.

—Ele não é muito diferente do seu irmão.

—Sorte que você ama ele. Eu pensava que o Rony fosse morrer virgem, você sabe. Mas quando chegasse aos 30 anos, ele viraria padre para não se sentir tão humilhado.

Minha cunhada soltou uma risadinha e revirou os olhos, contudo, não pude deixar de notar o leve rubor que tomou sua face.

—Bem… Eu e o seu irmão nunca…

Arregalei os olhos e olhei na direção dos meus pais. Sorte a nossa a mesa ser suficiente grande para que pudessemos sussurar sem que nos ouvissem.

—O que te impede? -Perguntei. Depois de tê-los visto praticamente se engolindo no sofá da sala, pensei que as coisas entre Rony e Hermione já tinham evoluído há muito tempo.

—Nada. Absolutamente nada, a não ser nossa grande falta de sorte. Sempre acontece alguma coisa e nossos horários durante a semana são complicados.

De repente, me senti verdadeiramente mal por ter interrompido o momento deles no sofá da minha casa, meses atrás.

—Ainda bem que as férias chegaram. -Falei, entendendo a felicidade elevada de Rony no dia anterior. -Não se preocupe, eu vou entrar na ponta dos pés em casa toda vez que eu chegar.

—Não seja boba, já aprendemos a lição.

—Aprenderam, foi?

Soltamos alguns risos audíveis que chegaram aos ouvidos de Rony, que imediatamente olhou na nossa direção.

—’Que é que vocês estão cochichando aí? -Quis saber ele, e eu rolei os olhos.

—Estávamos tentando descobrir o quanto você é intrometido, mas você acabou de nos dar a resposta, obrigada!

Senti Hermione dar uma leve chuta na minha canela por de baixo da mesa, mas ignorei seu olhar repreensivo. Não importava quantos anos eu e Rony tivéssemos, nós sempre iríamos nos provocar.

Ele me lançou um olhar feio e, se mamãe não tivesse chamado sua atenção de volta, ele com certeza me mostraria seu dedo do meio.  

—Aposto que ele deve estar subindo pelas paredes. -Falei, ainda rindo das minhas últimas palavras.

—E eu?

—Hermione Granger, você é uma grande tarada!

—Eu sou humana, Ginny Weasley. -Devolveu ela.

Um garçom interrompeu nossa conversa ao deixar nossas sobremesas e passamos alguns minutos caladas, saboreando o doce que havíamos pedido. Meus pensamentos voaram de volta para Harry e para o meu celular que eu havia deixado em cima do criado mudo.Hermione me notou pensativa, é claro. Ás vezes eu esquecia o quão observadora ela era.  

—Eu acho que ele mentiu. -Falou ela, e não precisei perguntar para saber de quem ela estava falando. Eu sabia.-Sobre não poder encontrar vocês essa semana. -Completou

—Posso saber por que a senhorita acha isso?

—Uhmm, porque ele está louco pra encontrar você, Gin.

Eu sorri com sua afirmação e meu coração bateu estupidamente mais rápido. Era completamente bobo, mas era exatamente dessa forma que eu me sentia.  

—Você tem conversado com a Luna? Você está falando igualzinho a ela! -declarei, descansando minhas costas no espelho da cadeira em que eu me encontrava. Hermione me imitou, colocando um pouco mais de sua sobremesa na boca. -É estranho. -continuei- Harry e eu conversamos demais por mensagens e agora ele está na mesma cidade que eu outra vez. É só que parece que ele continua lá… e não aqui.

—Ele chegou faz só algumas horas, Gin.

—Eu sei, por isso é estranho.

—Você acha que vai ser assim também quando vocês se encontrarem?

—Assim como? -perguntei, franzido o cenho.

—Estranho. Algumas pessoas se sentem mais confortáveis conversando através do celular, da internet, mas quando se encontram é completamente diferente.

Eu já havia pensado naquilo várias vezes, mas eu ainda não obtinha resposta alguma.

—Não sei. -respondi, dando de ombros. -Mas não tem razão para ser assim, não acha?

—Na verdade, acho que tem razão para ser bem mais do que antes. -ela me lançou um sorrisinho malicioso o que me fez balançar a cabeça, antes da minha mãe chamar nossa atenção e entrarmos em um assunto completamente diferente.

Passei o resto do dia com Hermione em meu quarto. Se Rony se importou, não demonstrou, mas rimos muito conversando sobre assuntos banais, sobre seu relacionamento com meu irmão e de como ele era chorão quando menor. Não voltamos a falar sobre Harry, mas não significava que eu havía me esquecido dele. Hermione tão pouco. Tive a impressão que minha cunhada evitou tocar no assunto pelo resto do dia, mesmo quando eu pegava meu celular para checar minhas mensagens.

Fiquei com a nossa conversa no restaurante na cabeça, de quando ela me dissera de sua falta de sorte em ter um momento com meu irmão. Eu não poderia prever o futuro, mas poderia ajudar com outros detalhes. Assim, achamos um site só de lingeries. Demorou algum tempo até Hermione parar de corar, e ficamos indecisas com dois conjuntos lindos que combinavam perfeitamente com ela.

—Você acha que o seu irmão vai reparar?- perguntou ela. Estávamos de frente para o meu notebook, tentando decidir qual das duas peças minha cunha compraria.

—Não, mas você sempre pode fazer ele notar. -respondi, sorrindo maliciosamente.

—Ok, eu vou comprar as duas! -anunciou, animada. Eu sorri satisfeita. -Pois você vai ganhar uma de presente.

A olhei surpresa, incapaz de evitar abrir um grande sorriso. No meu celular, as primeiras batidas de ‘Crazy in love’ começavam a ecoar pelo quarto.

—Música perfeita! -eu disse, acompanhando Beyoncé em um verso. Hermione riu enquanto efetuava sua compra. -Eu já falei que você é a minha cunhada preferida?

—Por acaso não sou a única? -perguntou ela, numa falsa desconfiança que me divertiu ainda mais.

—É claro que você é, sua boba.

Hermione foi embora só após o jantar. Pisquei pra ela antes que meu irmão a puxasse em direção ao carro que meu pai havia lhe emprestado somente para levá-la em casa. Subi de volta para meu quarto e fui direto para o banheiro, onde demorei em baixo do chuveiro ouvindo minha playlist. Consultei meu email no notebook e puxei a colcha da minha cama, me preparando para sumir no meio dos meus lençóis quando duas batidas na minha porta antecederam o surgimento da cabeça de Rony por entre ela e a parede.

—O Harry falou com você? -perguntou ele, e sorri zombateira na sua direção.

—Alguém está com saudades… -Rony rolou os olhos e eu me joguei em cima da minha cama. Vendo que ele ainda esperava uma resposta, continuei. -Não, ele não falou.

Meu irmão ficou me encarando por alguns segundos antes de dar de ombros.

—Boa noite. -e fechou a porta.

Antes de cair no sono, chequei mais uma vez meu celular e não havia nenhuma mensagem de Harry.

Na manhã seguinte, acordei com o cheiro de café vindo da cozinha. A preguiça de todo domingo me atingiu rapidamente, e fiquei alguns minutos na cama, olhando para o teto e pensando nos trabalhos que eu tinha para adiantar da faculdade. Virei a cabeça e encarei meu celular em cima do criado mudo, não muito longe de mim. O minutos que levei olhando para o aparelho foram usados para pensar em Harry, e em como eu agiria caso não houvesse nenhuma mensagem sua. Eu escreveria uma? Ao sentir novamente o cheiro de café, decidi pensar sobre somente após aplacar os protestos do meu estômago.

Joguei meu lençól para o lado e me levantei da cama sem pensar duas vezes, pois eu sabia que se eu o fizesse, eu ainda ficaria lá por um bom tempo. Escovei os dentes rapidamente, lavei o rosto e desci direto para a cozinha sem me preocupar com minha camisola.

Até poucos segundos depois, pelo menos, pois, ao lado de Rony, estava seu melhor amigo.

Harry.

—Já tava na hora, pirralha. -falou Rony, e Harry virou a cabeça em minha direção. Imediatamente eu tive um dejà vú, ao ver seus olhos percorrendo meu corpo antes de finalmente se voltarem para meu rosto.

Ele me lançou um sorriso que fez eu me sentir quase nua.

—Gin. -Falou ele, me fazendo retribuir seu sorriso.

—Harry. -Foi tudo o que saiu da minha boca.


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Notas finais do capítulo

Parar aí é uma sacanagem sem tamanho, né?
Mais ainda depois do que eu tenho a dizer... Enfim, Giks pediu pra avisar que ela volta com as postagens na segunda quinzena de junho porque estamos no final do semestre e a faculdade não está dando um tempo para sua mente criativa trabalhar em coisas mais importantes do que provas e trabalhos --' ahahaha
E depois desse final que cria um caminhão de expectativas, concordo plenamente com quem quiser ir até o Pará tomar medidas violentas contra a autora. hahaha
Não deixem de comentar e dizer o que estão achando dessa história maravilhosa. Cada comentário anima e inspira muito!
Beijos, pessoal.