Haviam passado três anos. Três anos desde que eles se separaram. Três anos que Kate sumira da vida de Rick sem mais nem menos. Três anos de mudanças. Muitas. 

Richard havia refeito a sua vida. Assim como Katherine. 

Apesar de três anos se terem passado, Rick continuava se questionando o que se tinha passado com a sua musa. Sim, por estando com uma ou quinhentas mulheres, Katherine Beckett seria sempre aquela mulher especial para Castle. Na verdade, a única que ele amou. O resto era sexo. Sempre foi. 

O que eles não sabiam era que iriam se voltar a reencontrar ao fim de este tempo. E assim como da primeira vez iria ser de forma memorável. 

...

Pov Castle

—Meredith! - Eu chamei-a pela milésima vez. 

—Estou indo amor! - Ela desceu as escadas apressadamente, roubando-me um beijo. Eu consegui sentir meu corpo me repreendo sempre que beijava essa mulher. Não que não gostasse dela, mas sabe... não é suficiente... Mas por mais egoísta que fosse eu precisava de alguém que preenchesse as minhas carências e devo confessar que Meredith era perita nisso. Ela me bajulava, me fazia carinhos e até cozinhava para mim. Isso me deixava confortável o suficiente. O suficiente para esquecer Kate por uns instantes. 

... 

Pov Kate

Estava de volta a Nova Iorque ao fim de três anos. Isso provocava em mim um nó no estômago. Era tudo junto. O facto de ter sumido assim sem ao menos dar uma explicação a Rick... mas agora era tarde de mais. Estava pronta para refazer a minha vida... ao lado de Josh e do pequeno Raphael, meu pequenote que havia nascido á dois anos atrás. 

...

Pov Castle 

Era sábado. O sol brilhava alto no chão. As crianças brincavam alegres, soltando inocentes gargalhadas, jogando um jogo qualquer. Me fez lembrar de quando era pequeno, fazendo pequenos aviões de papel e lançando-os ao sabor do vento. 

—Rick?! 

Aquela chamamento esfriou o meu corpo por momentos. O meu coração acalmou assim que percebi que não tinha sido ela. A minha musa.

—Não volte a chamar-me desse jeito, ok? - Eu encaro a ruiva que me olha confusa, sem entender. 

—Algum problema com isso? - Ela retorque. 

—Sim, há. Pode respeitar por favor? - Eu peço, continuando a caminhar pelo longo gramado verde e aparado profissionalmente. 

—Não sei o que você está fazendo comigo mesmo! - Ela resmunga, acompanhando a minha caminhada.

Por momentos me senti um inútil. O que estava fazendo com uma mulher que não amava? 

—Sabe, Meredith? Têm razão... Não sei o que estou fazendo consigo. 

—Sério, Richard? - Ela me encara incrédula, parando no meio do gramado, pronta para fazer um pequeno escândalo. 

—É isso mesmo que ouviu... - Eu reforço a ideia e ela acaba saindo com a lágrima escorrendo pelo canto do olho. Merda! Era suposto eu ir correndo atrás dela? Isso faz de mim um homem melhor? 

No meio dos meus pensamentos ruidosos, sinto alguma coisa bater contra as minhas pernas. Olho para baixo e uns olhinhos pequeninos se cruzam com os meus. Imediatamente conheci aquele verde esmeralda. Por momentos recuei no tempo três anos. 

—Papai? - O pequenote com o cabelo forte e castanho com tons ruivos ri-se, agarrando-se á minha perna. 

—Não, pequeno... Eu não sou seu papai! - Eu me abaixo, ficando da sua altura e o olhando nos olhos. 

—Podia ser... - Ele ri, olhando com a mesma profundidade que Kate me olhava. Seria filho dela? Isso apertou o meu coração de uma maneira quase inexplicável.

—Porquê? Você não tem um papai não? - Eu aperto as suas bochechas, fazendo o pequeno  rir. 

—Tenho sim, mas você é mais bonitão.. - Ele ri. Acabei rindo também. 

—Quantos anos você têm? - Eu pergunto. 

—Três! - Ele responde prontamente, sem dúvidas. 

—Você é muito espertalhão, não é? - Eu faço cócegas nele, fazendo-o rir alto. 

—Ei, rafa! - Um homem alto vem ao nosso encontro rindo. 

—Eu estou brincando com o senhor, Josh. - O pequeno se explica para o homem moreno que o agarra pela mão cuidadosamente. 

—Eu já disse que eu sou o seu papai! - Ele sussurra no ouvido do pequeno. - Peço imensa desculpa, este meu filho só quer brincar! - O homem se vira para mim e dou um sorriso fraco, acenando. 

—Adeus, papai! - O pequeno acena para mim, me chamando de papai novamente. Aquilo me deixou constrangido... Foi meio estranho. 

Decidi ir até á delegacia. Estávamos seguindo um novo caso e eu precisava me distrair. Eu tinha dito aos rapazes que este fim-de-semana iria para fora, mas eu e Meredith decidimos não ir na última da hora.

Pov Kate

Fiquei por uns momentos na porta do Departamento Policial da NYPD... Como eu tive saudades desses caras e até mesmo de Gates. Tinha avisado Lanie e os rapazes do meu regresso e eles prontamente me avisaram que Rick não estaria. Não estava pronta para me encontrar com ele. Tinha vergonha. Tinha medo da sua reação e da minha também. 

Durante estes três anos estive trabalhando em Washington e foi lá onde conheci Josh... mas decidi voltar e recomeçar minha vida novamente com meu pequeno garotinho Raphael - meu filho. Lanie ficou histérica quando soube que estava grávida. Começou logo me fazendo perguntas sobre quem era o pai e tudo mais, mas a verdade é que eu menti para ela. Na verdade, eu menti para toda a gente. Até para Josh e minha consciência não podia estar mais pesada do que nunca. 

A verdade é que eu engravidei de Rick e isso abalou o meu mundo. Tive de fugir. De me afastar. Pensei abortar - afinal eu tinha vida muito atarefada profissionalmente, namorava com Rick há pouco tempo e senti-me perdida. Senti-me sem rumo e decidi fugir e pensar melhor em outro lugar. Quando fui para Washington encontrei Josh e rapidamente percebi que Josh tinha tudo aquilo que eu quereria dar a um filho meu. Decidi mentir e durante estes três anos que sinto que estou fazendo tudo errado. A única coisa que eu fiz de certo foi este filho. 

Peguei no celular. Ainda tinha o nome de Rick memorizado. Minha vontade era ligar e contar toda a verdade, mas ele nunca mais me perdoaria. Fugir sem dar uma explicação é mau, mas esconder um filho é muito pior. No fundo, acho que voltei para Nova Iorque com o intuito de o encontrar. Mas não agora. Daqui a uns tempo talvez eu me sentisse mais preparada para o encarar nos olhos novamente sem ter aquele vontade louca de o beijar. 

Decidi entrar. Assim como alguém decidiu o mesmo que eu. 

—Peço imensa desculpa! - A voz masculina, apanha rapidamente o meu celular que tinha caído no chão com o impacto. É isso no mesmo momento que eu entro no elevador outra pessoa faz o mesmo e acabamos esbarrando um no outro. 

—Não tem mal... Eu que sou trapalhona mesmo! - Eu sorrio, colocando uma macha de cabelo atrás da orelha e foi aí que me corpo petrificou quando nossos olhos se cruzaram... novamente. 

—Kate? - Eu reparo que ele fica gélido. Tanto como eu. 

Ficamos nos olhando do mesmo jeito e da mesma intensidade que naquele bar de strip onde nossos olhares se cruzaram pela primeira vez. Só que agora era diferente. Haviam mágoa. Saudade e o mesmo desejo. O mesmo amor com a mesma intensidade. 

—Rick? - Eu queria gritar. Queria beijá-lo. Queria fugir. Mas permaneci imóvel. Não conseguia reagir. 

—Agora já sei o seu nome. - Ele sorri torto, relembrando o nosso primeiro encontro em que ele tentava acertar o meu nome. 

—Ainda lembra? - Eu entro no jogo. Como é que ao fim de três anos, ele conseguia me deixar tão á vontade como quando nos conhecemos. 

—Como é que possível esquecer? - Ele sorri, beijando a palma da minha mão, provocando-me uma corrente eléctrica por todo o corpo. Eu precisava desse homem na minha vida. 

As portas do elevador se abriram e Espo e Ryan nos olharam confusos. 

Era isso - parecia que minha vida ia começar do zero mesmo.