Eu não sei onde eu estava, era completamente escuro, igual à quando fui arrastado para o fundo do mar. Eu lembro apenas da dor em meu ombro, e de ter desmaiado em seguida, por isso tenho certeza que isso é apenas um sonho.

            Tentei andar e correr para alguma direção, mas parecia inútil. Então, em meio a escuridão, uma luz se destacou. -Por aqui. Era uma voz grave, que ecoava em meio a tudo. -Venha. -Eu não tinha para onde ir, e seguir a voz parecia o mais sensato a se fazer.

            Acho que andei na direção dela, durante vários minutos, até que me aproximei cada vez mais. E consegui reconhecer uma imagem em meio a ela. Parecia um grande cão, ou gato. Até mesmo um cavalo. -Siga em frente. —A voz agora parecia mais grave ainda, e algo me fazia seguir tudo o que ela dizia, consegui seguir em frente a ponto de me ofuscar. -Respire.—Disse a voz.

            Senti meus pulmões se encherem de ar, ao mesmo tempo que por impulso me coloquei sentado ofegante. Era uma cama com lençol verde claro, o cômodo era familiar, era literalmente um hospital.

            -Worf! -Demorei a perceber, mas o tom rosa e o peso, me remetiam a Granbull. -Bull! -Ele estava sentado em cima de mim, como se ele fosse leve. E quando me viu acordar, até fiquei surpreso, pois foi a primeira vez que vi Granbull demostrar algum sentimento por mim.

            Primeiro ele se assustou, depois sorriu e marejou os olhos. E em seguida começou me lamber. -Granbull para. -Eu não podia evitar sorrir. -Eu tão bem! cadê todo mundo?

            [13:20 -Hospital de Azalea -Quarta-feira]

            -Filho você está bem?! Quer voltar para casa?! -Violet ficar preocupada é mais do que o obvio, afinal ela já deve saber de tudo o que aconteceu mesmo.

            Mesmo pelo vídeo chamado, era claro que mamãe estava meio apavorada. -Eu estou bem mãe. -Eu realmente me sentia melhor.

            -Certeza? Sua saúde pode ter piorado. Acho que é melhor você voltar para casa.

            Eu não ia desistir agora, ainda mais depois de ver tudo o que vi. -Tenho certeza mãe, eu vou ficar bem.

            -O médico disse que você foi encontrado desmaiado em um gramado a céu aberto.

            -Creio que isso seja verdade. -Afirmei.

            -E passou no noticiário, que um treinador foi encontrado desmaiado junto de vários pokemon mortos. -Meu coração disparou quando mamãe disse a palavra "mortos"

            -Sim mãe eu sei, pelo o que foi me passado. Eu terei que prestar um depoimento para a policial Jenny repassar a seus superiores.

            -Por favor seja sincero. -Disse Violet.

            -Eu serei mãe. -Conversamos durante mais algum tempo, matamos a saudade um do outro e ela reforçou que eu deveria me cuidar mais. Logo em seguida nos despedimos e encerramos a chamada.

            [15:02 -Hospital de Azalea -Quarta-feira]

            Todos os meus pokemon estavam comigo no quarto, e todos de alguma forma se enfiaram na cama junto de mim. Purple e Daisy estavam ali também, conversei com elas e expliquei tudo o que aconteceu, Purple fez várias perguntas e demostrou se preocupar, Daisy chorou um pouquinho mas logo todos nós já estávamos rindo.

            -Desculpe a intromissão. -Disse Jenny abrindo a porta do quarto.

            Respirei fundo enquanto Purple e Daisy saiam do quarto, deixando apenas eu, Jenny e meus pokemon.

            -Dream, da cidade de New Bark. Certo? -Disse ela pegando um caderno e uma caneta.

            -Exato.

            -Poderia dizer o que aconteceu? como você foi para lá?

            -Bem. -Falei acariciando Eevee que estava na cama ao meu lado. -No início, eu apenas segui um Murkrow que roubou minhas insígnias.

            -Continue.

            -Após isso, fiquei procurando por ele na floresta até o anoitecer, não faço nem ideia de qual era o horário quando tudo aconteceu.

            -Tudo o que?

            -Um grande tanque apareceu, deixando somente os pokemon do tipo Dark hipnotizados. Ele parecia um grande aspirador pois sugou uma espécie de energia de dentro desses pokemon.

            -Uma energia? -Disse Jenny, ela anotava exatamente tudo o que eu falava.

            -Sim, uma espécie de poeira chamada Miasma.

            Jenny me encarou de forma séria. -Como sabe que o nome dessa tal poeira, era Miasma?

            -Uma cientista, chamada Sabrina. Apareceu do nada, eu pensei que eu poderia contar com a ajuda dela, mas no fim quem estava comandando tudo era a mesma.

            A essa altura, eu me sentia em uma serie policial. -Se me permite saber, como sabe que o nome dessa cientista era Sabrina?

            -Ela me contou uns dias antes.

            -Então quer dizer que você a conhecia.

            -Não sei se conhecer é a palavra certa, mas acabei encontrando com ela no Navio que estava vindo de Cianwood. -Jenny não parecia se convencer fácil.

            -E como se encontrou com ela?

            -Foi completamente aleatório, o capitão do navio disse que pokemon do tipo noturno e fantasma, vagavam a noite pelo navio. E como eu sempre quis um Murkrow, pensei em sair à noite procurar e foi ai que encontrei ela.

            Jenny suspirou. -Certo. -Ela sacou uma pokebola, e da mesma saiu um Smeargle. -Pode descrever ela?

            Tentei lembrar de todos os detalhes possíveis, e a medida que eram ditos, o Smeargle continuava desenhando. Passaram-se alguns minutos até que finalmente ele virou o quadro para mim. -Smeargle?

            Não ficou tão parecido, mas confesso que eu não faria melhor. -Está parecido sim. Esse é o rosto dela.

            -Certo. -Disse Jenny se levantando. -Peço a sua colaboração, para que mantenha o acontecido em segredo. -Ela foi em direção a porta. -Para o público, esse caso será tratado como apenas um incidente, porem nós. A polícia, vai fazer de tudo para encontrar os responsáveis.

            Quando ela estava quase saindo pela porta, me lembrei de Honchkrow. -Jenny, sabe me dizer se algum pokemon estava comigo?

            -O Honchkrow? Ele não demostrou ser seu pokemon, porem seguiu você. No momento ele está no topo do prédio. Ele é sei?

            Desde que acordei, tinha uma pokebola no criado mudo ao meu lado. -Ele não deveria, mas acho que é sim.

            [18:00 -Hospital de Azalea -Quarta-feira]

            Demorei algumas horas para tomar coragem e ver se Honchkrow estava onde disseram, eu já me sentia bem, e sei que meu desmaio não foi por causa do coração, e sim por falta de ar. E minha dor no ombro foi porque eu acabei machucando o ombro devido as batidas.

            Era fim de tarde e o sol iluminava tudo com um visual dourado e laranja. Peguei todas as minhas pokebolas, e subi até a parte mais alta do prédio. E quando cheguei, vi Honchkrow sentado na beirada.

            O vento soprava forte e frio, mesmo com o leve calor do sol, o frio se destacava. -Honchkrow? -Ele moveu o rosto levemente para o lado. Mesmo de costas e de longe, eu conseguia ver seus movimentos, mesmo que mínimos. -Desculpe. -Ele virou o rosto rapidamente, parecendo se assustar.

            -Krow. -Me encarando ele sinalizava que não com a cabeça, parecia tentar me convencer de que a culpa não era minha.

            -Eu tentei salvar vocês dois, mas o que aparentemente consegui. Foi só capturar você, e impedir que você salvasse seu? –Olhei para Honchkrow. –Namorado? –Ele assentiu que não. –Amigo? –A mesma resposta. –Irmão? –E então ele concordou.

            Meus pokemon estavam ali atrás de mim, observando de longe. –Honch... —Ele expressava um misto de tristeza e raiva.

            -Eu sei que tenho parte de culpa nisso, eu sei que poderia estar liberando você agora. Mas eu acho que precisamos trabalhar juntos agora. –O grande pássaro me fitou, entendendo o que eu queria dizer. –O que me diz, não quero mais ver os pokemon sofrendo da forme que vi naquela noite, e sei que você quer vingar seu irmão. Porque não trabalharmos em equipe?

            Honchkrow olhou para o grupo de pokemon atrás de mim, e todos assentirão que sim. Menos Granbull que ficou com cara de sério, não era ele que estava com olhos marejados e me lambendo?

            -O que me diz? –Estendi a mão na direção da cabeça dele. –Vamos trabalhar juntos? Eu prometo te ajudar em todos os desafios, se você aceitar, será bem-vindo a família. –Ele aproximou a cabeça do palmo de minha mão, me deixando acaricia-lo. –Eu prometo Honchkrow, vingaremos todos os pokemon daquela noite, inclusive seu irmão. –Então, os olhos carmesins do pássaro, brilharam de forma radiante junto do último raio de sol do dia. E pude ver, que a justiça brilhou em seus olhos, e nesse momento dei o primeiro apelido a um pokemon meu. –Honchkrow, irei chama-lo de Night Justice ou N.J.

            -Krow? —Não só ele, mas todos os pokemon pareceram não intender. E a medida que mais uma noite chegava, eu expliquei o nome.

            -Você é um tipo noturno, e está à procura de justiça pelo o que aconteceu. –Ele concordou que sim. –Por isso você merece um nome de super herói, você agora é o vingador dos tipos noturnos. Você é; Night Justice. –Ele sorriu respirando fundo. –Bem vindo a família Honchkrow.