Progênie Maldita escrita por MarcosFLuder


Capítulo 6
O feitiço de Ivy


Notas iniciais do capítulo

Postando o sexto capítulo da fanfic como prometido. Como o próprio título indica, esse será um capítulo focado em fazer o leitor conhecer um pouco mais daquela que tem tirado o sono do jovem Tom Ridlle. Espero que quem esteja lendo goste dessa Ivy que veremos, e que veja coerência no fato dela ter chamado a atenção do futuro Lorde Voldemort.



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PARQUE CENTRAL DE LONDRES

            Era um raro dia de sol na Londres Trouxa. A temperatura estava bem agradável e a senhora Cole programou um passeio ao principal parque da cidade. Não deixou de ser uma surpresa para todos a atitude da velha senhora. Os seus modos francamente rudes, a propensão para bebida, sua moral elástica, tudo nela indicaria uma propensão a agir como uma vilã de Dinckens, o tipo que maltratava órfãos por ambição ou maldade. Por trás de tudo, entretanto, havia um sincero cuidado com todos os meninos e meninas que iam parar no Saint Patrick. Era uma mulher que não demonstrava afeto, econômica com os sorrisos, talvez porque o passar dos anos tenha lhe tirado essa capacidade. Ainda assim era capaz de aproveitar um dia como aquele para proporcionar aos órfãos sob seus cuidados, algumas horas de diversões ao ar livre.

            Para a quase totalidade dos jovens moradores do Saint Patrick não havia possibilidade para julgamentos de qualquer tipo. Para eles, a senhora Cole era uma figura muito necessária em suas vidas. Ainda que não houvesse afeto da parte dela, ou grandes demonstrações de carinho, era-lhes garantido segurança e estabilidade. Ocasionais decisões como esse passeio só servia para lembrá-los que, na falta de pais cuidadosos e amorosos, ela era tudo o que tinham em suas vidas. Dessa forma, quase todos esses jovens se divertiam naquele parque, aproveitando cada momento que poderiam ter, sob o olhar cuidadoso da velha senhora.

            A atitude da senhora Cole, ainda que sincera em garantir um dia de alegria para os órfãos, nem por isso deixava de ter uma segunda intenção. Ela sabia que os negócios envolvendo a pequena gang de delinqüentes liderada por Adam exigiam a saída deles naquele dia por um período mais longo que o normal. O passeio, conquanto fosse um presente para os outros órfãos, também servia a esse propósito. Ela não tinha a menor curiosidade sob as ações que eram promovidas por eles, apenas fazia vistas grossas em troca de uma quantia que era o seu pé de meia para a velhice. Adam e os outros dois se separaram do grupo e ela não tinha idéia onde estavam, mas isso não a preocupava. Ela apenas aproveitava o dia no parque, observando a diversão de seus órfãos. Apenas algo a incomodava, na verdade alguém. Ela tinha que tirar alguns momentos do seu dia para vê-lo, ter certeza de que velhas preocupações não voltariam a perturbá-la.

**********************************

Tom observava as outras crianças, algumas de sua idade e outras menores, correndo e se divertindo em meio às árvores. Observava os risos despreocupados, a folia inconseqüente, gerando nele nada além de tédio e desinteresse. Não havia da parte do jovem bruxo qualquer interesse em se juntar a algazarra infantil delas. Um olhar superficial poderia indicá-lo como um jovem com dificuldades em confraternizar com os de sua idade, mas a verdade é que ele sentia-se bem ali, distante, dos risos, das brincadeiras. O que o irritava mesmo era ser obrigado a observar tudo aquilo e não poder intervir à sua maneira. Não conseguia ver as crianças correndo no parque, como pessoas. O que ele via mesmo era um rico material para seus experimentos. A cada vez que olhava para aquele grupo de crianças, imaginava os feitiços que poderia lançar nelas, formas de controlá-las, atormentá-las ou manipulá-las.

            Esse era um sentimento que ultimamente dividia com outro. Era algo que o incomodava, tirando-o de sua zona de conforto, oferecendo a ele, um perigo do qual sempre buscou fugir. Desde que se lembrava, Tom Ridlle Jr. sempre se sentiu a vontade num mundo só seu. A solidão sempre lhe fora uma ótima companhia. As pessoas à sua volta nunca foram mais do que objetos a serem usadas para experimentos. O fato de nunca se apegar a nada sempre lhe deu uma sensação de grande segurança. Saber que nada poderia ser usado contra ele, que ninguém o teria em suas mãos o deixava em paz consigo mesmo. Essa era uma sensação que temia estar perdendo agora, tudo isso por conta de uma pessoa. Ela era uma presença que o perturbava, mas que, ao mesmo tempo, o faz desejar estar perto. Ele memorizava cada detalhe dela, o andar, o sorriso, as curvas, a cascata vermelha e lisa, que ele via deslizando da cabeça até quase a cintura, o odor sempre perfumado, e inconfundível.

            Tom tenta tirá-la de seu pensamento, mas é um esforço inútil, principalmente quando a percebe vindo em sua direção. Ela caminha até ele sorrindo, como se percebesse os efeitos que causava no jovem sonserino, como se soubesse claramente todo o poder que tinha sobre ele. O sorriso dela o faz estremecer, odiando-a, e odiando a si mesmo, por se deixar levar por ele. Ela está com um vestido de cores claras, um ligeiro decote em V, permitindo um breve olhar no que seria o início do vale entre os seios. Pensar nisso provoca uma reação involuntária em Tom, algo que ele procura disfarçar estreitando o espaço entre suas pernas.

O dia está um tédio para Ivy. Ela queria muito ter ido com Adam e os meninos, mas precisou ficar para trás e não chamar muita atenção para o sumiço deles. Parte dela não gostava de ser colocada como distração, mas aceitava o papel que lhe cabia. Como era a única menina de sua idade no orfanato, não conseguia se unir ao divertimento que já considerava infantil demais das outras garotas. Ver Tom sozinho num banco, parecendo tão entediado quanto ela, faz com que deseje se juntar a ele. Adam já havia lhe advertido sobre os seus pressentimentos a respeito do garoto, mas isso só serviu para atiçar-lhe a curiosidade sobre ele.

Ela caminha em sua direção com estudada lentidão, deixando-o apreciá-la enquanto ia até ele. Ivy sabia o efeito que causava no garoto, de resto em todos os garotos dessa idade no orfanato. Ela já estava acostumada a causar esse efeito nos homens de todas as idades, parte dela gostava disso, embora fosse inteligente o suficiente para saber os perigos a que estava exposta por isso. Ela sabia da inveja que despertava, entendia o que se escondia por trás dos comentários da senhora Cole sobre sua beleza e o que esta provocava nos homens. O que a maioria não sabia é que ela tinha muito mais do que o rosto lindo e simétrico, haviam camadas e mais camadas escondidas em seu ser, e Ivy sabia a hora certa para utilizar cada uma delas.

Naquele momento, entretanto, tudo o que ela queria era deixar essas camadas de lado. Ter alguém para falar sobre o que realmente queria e sentia. Aquele menino parecia a pessoa certa para isso, apesar de todas as advertências de Adam. Ela senta no banco sem pedir licença, colocando o cotovelo no encosto, a mão na cabeça, o olhar voltado para o garoto, como se o estudasse, mas sem jamais desarmar o sorriso. Foi divertido para ela ver o esforço dele em sustentar o olhar, sentindo uma sincera comoção pela breve resistência. Ivy se dá conta de que o garoto resiste em falar com ela, fazendo um breve movimento, indicando que estava para se levantar, só que desiste, como se o desejo de sair de perto morresse nele no mesmo segundo em que seu cérebro lhe dissera para ir embora. Tudo o que ele consegue fazer é pensar em algo para desviar a sua atenção.

— Onde está o Adam? – ele pergunta. Ivy nota uma sincera curiosidade dele em saber.

— Ele e os outros meninos foram verificar algo – ela respondeu com uma voz baixa e suave, quase como se confidenciasse algo a ele – por que não está junto com os garotos e garotas da sua idade?

— Não gosto deles! – as palavras saíram da sua boca de forma descuidada, sem qualquer preparo. Tom arrependeu-se de falar no segundo seguinte em que as ouviu.

— Eu entendo! – ela nota como a sua afirmação o surpreendeu, fazendo-o  virar-se para ela.

— Como você pode me entender?

— Eu também não gosto da companhia de garotas da minha idade – ela respondeu – sempre preferi estar perto do Adam e dos outros rapazes, viver as aventuras que eles vivem. Sempre preferi isso a falar sobre sonhos idiotas de casamento e filhos.

— Não é o que vocês meninas sempre sonham?

— Com certeza é o que esperam que todas nós sonhemos – Ivy olha em volta, mirando um grupo de garotas. Nelas, Tom reconhece apenas Amanda como uma pessoa real, pois das outras nem mesmo sabe o nome – eu sempre esperei mais da minha vida, muito mais do que esse tipo de sonhos.

— O que você espera da sua vida? – Tom mal acreditou em si por fazer uma pergunta tão pessoal. Ela voltou a olhar para ele, novamente sorrindo. Ele sabia que o seu rosto estava corado, enquanto a via aproximar o rosto dela do seu.

— Eu quero poder fazer tudo o que quiser – ela agarra a mão dele e o faz se levantar, ambos caminhando pelo parque, para longe do grupo de órfãos, com Tom notando o olhar desaprovador da senhora Cole, ainda que esta nada fizesse para impedi-los.

            Ivy continuava puxando-o pela mão, o andar firme e decidido. O jovem aluno da Sonserina fez menção de fazê-la parar várias vezes, mas a ordem saia do seu cérebro e morria em sua vontade. Tom sentia o calor da mão dela na sua, o vento trazendo o perfume floral que ela exalava. O olhar dele estava fascinado pela visão dos longos cabelos ruivos balançando, parte dos fios atingindo o seu rosto, mas ele não reclamava. Tom nunca se deixara conduzir dessa maneira por alguém. Parte dele queria detê-la, forçá-la a parar, exigir que dissesse para onde estavam indo. Essa parte, no entanto, estava completamente adormecida agora.

A parte dele que estava no comando, por sua vez, era a mesma que tinha a respiração acelerada, o coração batendo forte, um sentimento de calor e felicidade por ser tocado por ela novamente. Seu rosto corava toda vez que ela se virava sorrindo, continuando a conduzi-los pelo parque. Ele sorriu também, incapaz de conter a onda de felicidade que corria nele, incapaz de negar qualquer que fosse o objetivo dela, como se um feitiço seu o dominasse. Foi essa parte que assumiu o controle da sua vontade, deixando que ela o conduzisse até uma área do parque com várias bicicletas, todas presas por cadeados num cercado.

— Adam me disse que você adora andar nelas – ela disse, enquanto utilizava um pedaço de arame para arrombar os cadeados que mantinham duas bicicletas presas.

— O que está fazendo? – ele a viu arrombar os cadeados com rapidez e facilidade, como se fosse algo a que já estivesse acostumada.

— Adam e os meninos me ensinaram como fazer – ela respondeu – não foi nada fácil convencê-los, mas eu sou muito boa em convencer os outros do que quero.

— Nós podemos ser presos.

— Nesse caso é melhor irmos embora – ela lhe entrega um das bicicletas, enquanto monta numa outra e sai em disparada, olhando para trás com o seu sorriso, como um chamamento para ele.

            Tom Ridlle Jr. nunca agia por impulso. Isso para ele era um sinal claro de fraqueza, de não ser capaz de ter controle sobre suas emoções, mas o sorriso dela foi tudo o que precisou para quebrar essa decisão nele. Logo a alcançou, ambos lado a lado em suas bicicletas. Tom recuperou a alegria que sentia em andar nelas, voltou a sentir o vento no rosto, mas o que o animou de fato foi ver o rosto sorridente dela voltado para ele, vislumbrar aqueles fios rubros balançando ao vento. Enlevado, ele ouvia os risos que saiam da boca perfeita. O rosto dela era uma máscara de luminosa felicidade.

O que o deixava impressionado nela é sua segurança. O mundo parecia a Ivy, apenas um lugar onde suas vontades tinham de ser satisfeitas, seus desejos prontamente atendidos. Tom vê isso na certeza que ela transmite, de que nada ocorrerá de mal a eles naquele momento. Ela desafia o destino como se este nada lhe pudesse fazer de mal. O jovem sonserino precisa acelerar a sua velocidade para alcançá-la, toda a segurança deixada de lado. Os braços de Ivy estão soltos no ar agora, a sensação de completa liberdade, refletida no olhar radiante. Era uma alegria que o contagiava, mas também o deixava apavorado, pois temia não ser mais capaz de viver sem aquilo novamente.

Ambos saíram do parque e circulavam livremente pelas ruas de Londres. Os poucos carros facilitavam que o fizessem. A sensação mútua de liberdade e felicidade é interrompida por gritos que vinham atrás deles. Os dois se viraram, vislumbrando um homem corpulento, de baixa estatura, igualmente numa bicicleta, correndo e gritando para ambos. Não foi difícil concluir que o roubo das bicicletas era a razão disso. A emoção era grande, a adrenalina e o perigo só tornando tudo mais divertido para eles. Tentando se livrar do perseguidor, os dois foram parar numa rua estreita, os gritos do homem que corria atrás deles ficando mais distantes. Pararam junto a uma pequena praça, com um chafariz, largando ali as bicicletas.

— Vamos deixá-las aqui para que o dono as encontre – ela disse – podemos voltar a pé para o parque. Eu conheço um atalho.

            Eles seguiram a pé, como ela disse. Não havia pressa, um andando ao lado do outro. Tom olhava para ela constantemente, um sorrindo para o outro. Ele queria muito pegar em sua mão, mas a coragem lhe faltava. Uma raiva crescia dentro dele, não sabendo se era pela falta de coragem, ou por não ser capaz de conter em si mesmo, a vontade de tocá-la novamente. Essa miríade de sentimentos conflitantes irritava Tom, pois era algo que não sabia ser capaz de controlar. Controle era algo muito importante para ele. Queria ter controle sobre suas vontades e seus desejos, queria ter controle sobre seus sentimentos, sobre as pessoas. Mas para seu horror, naquele momento, tudo o que queria mesmo, era sentir outra vez o calor da mão dela junto a sua.

A ouviu suspirar, apanhando o ar. Viu o corpo dela arqueando, os braços para o alto, o brilho fraco do sol daquele dia incidindo sobre ela, refletindo na palidez da pele, revelando pequenas sardas no rosto. Era uma visão linda. Tom não conseguiu evitar, sorrindo tolamente para ela, que lhe retribuiu o sorriso, enquanto ajeitava o corpo de volta ao normal. Ele voltou a desviar o olhar, sentindo o rosto corar. Ela continuou sorrindo para ele, pegando delicadamente a sua mão, como se adivinhasse o seu desejo. Tom sente o corpo tremer, uma parte dele odiando o que ela o fazia sentir, outra parte desejando nunca mais perder aquele contato outra vez. Assim ficaram até entrarem no parque, quando uma voz desagradável se fez ouvir.

— Aqui estão vocês dois, seus jovens delinqüentes – era a voz do homem corpulento que os seguira.

            Tom sobressaltou-se ao ouvir aquela voz. Um medo irracional tomou conta dele, tal como sentira duas noites antes, no Beco Diagonal. Ivy, por sua vez, teve apenas um ligeiro tremor em seu corpo, o rosto empalidecendo, a boca soltando um som que lembrava um ligeiro gritinho de susto. O jovem bruxo, no entanto, sentiu algo um tanto teatral nos gestos dela, era bem sutil, mas não lhe escapou. Ivy olhou para homem diante dela, mostrando todos os sinais de medo e preocupação, mas sua linguagem corporal desmentia isso, pois se mantinha ereta e firme. O corpo não demonstrando mais nenhum sinal de tremor.

— Do que o senhor está falando? – a voz dela afetava uma inocência que deixou Tom espantado, principalmente por notar a total naturalidade da mesma – por que nos chama de delinqüentes?

— Vocês dois roubaram as bicicletas que estavam sob a minha guarda – o homem afirmou, chamando a atenção das pessoas em volta.

— Como se atreve? – o olhar espantado, a voz quase chorosa, tudo em Ivy gritava inocência e indignação. Tom não conseguia evitar o espanto diante do que via – eu não acredito que está acusando a mim e meu irmãozinho de uma barbaridade dessas.

— Vocês dois vão comigo agora mesmo – o homem disse, agarrando o braço de Ivy.

— Eu não vou a lugar nenhum com o senhor – agora era uma mistura de indignação e medo que a voz dela transmitia. Até mesmo Tom se deixa levar, uma repentina, irresistível mesmo, necessidade de protegê-la, faz com que parta para cima do homem corpulento. Ele tenta fazê-lo soltar o braço dela, sendo empurrado no chão pelo sujeito.

— Seu moleque – o homem corpulento disse, mas a voz traia um claro temor ao notar a multidão se aglomerando próxima.

— Olhe o que fez com o meu irmão, seu brutamontes – Ivy mantinha o mesmo tom de voz, a face mostrando medo e desespero, enquanto se desvencilhava do homem corpulento, se abaixando para abraçar Tom, como se buscasse protegê-lo. A multidão em volta começa a se indignar com o que acontece; as mulheres são as que se mostram mais solidárias.

— Eles roubaram duas bicicletas neste parque – o homem tenta se justificar, percebendo claramente os olhares de indignação voltados para ele.

— Eu não estou vendo bicicleta nenhuma com eles – uma das mulheres retorquiu.

— Deixe essas duas crianças em paz, seu bruto – gritou outra mulher.

            Os segundos se passaram, parecendo uma eternidade. Tom notou o desespero cada vez maior do homem corpulento. As pessoas que estavam em volta mais solidárias do que nunca. Tudo que elas viam era o que Ivy queria que vissem, uma jovem linda, e seu pequeno irmão, que tinha acabado de ser jogado no chão, por defendê-la de um homem maior que os dois. O jovem bruxo olhava fascinado para a multidão de homens e mulheres, agora em volta dos dois, formando um paredão de proteção para ambos. Ele mal acreditava no que acontecia. Os olhos de Ivy estavam cheios de lágrimas, o ar desamparado que ela transmitia, deixava a todos em volta comovidos. Mesmo Tom tinha dificuldade em resistir ao apelo que emanava dela. Ele via a maneira como Ivy falava, o rosto banhado em lágrimas agora. As pessoas à sua volta se desdobrando em consolo e gentilezas.

As mulheres se mantinham próximas a Ivy e Tom, enquanto o homem corpulento era cercado pelos outros homens. Era muito fácil notar para que lado pendia a multidão. Para Tom, parecia como se todos tivessem sido enfeitiçados por ela, que se mantinha, de forma muito protetora, abraçada a ele. O homem corpulento se deu conta que era inútil prosseguir, balbuciou desculpas para Ivy, que magnanimamente tratou de aceitá-las. Ela implorou aos homens que nada fizessem contra o sujeito, que o deixassem ir. Havia um ar quase santificado em seu rosto ao fazer isto. O homem corpulento foi embora, agora se desdobrando em mil desculpas à jovem que acusara. Ivy voltou a abraçar Tom, ambos sob o olhar aprovador da multidão em volta. Alguns aplausos e suspiros se ouviram.

— Muito obrigada a todos por terem defendido a mim e meu irmão – Ivy tinha um ar educado, a voz suave e meiga. As mulheres mais velhas a olhavam como olhariam para uma filha. Os homens, é claro, tinham um olhar diferente, mas mesmo eles buscavam tratá-la paternalmente.

Os dois jovens se despedem de todos, seguindo juntos. Ocasionalmente Ivy olha para trás e sorri, acenando de volta para as pessoas. Ambos seguem pelo caminho que os levará de volta para onde estavam a senhora Cole e o restante dos órfãos. Tom nota a mudança nela, assim que estão longe da multidão que os defendera. Ele a vê limpando o rosto das lágrimas, agitando o cabelo ao vento e dando um longo suspiro. Ela olha para o jovem bruxo com um sorriso zombeteiro, mas ainda lindo. Dá uma ligeira piscada com um dos olhos, enquanto volta a pegar na mão de Tom, que não resiste e sorri também. Eles trocam um olhar cúmplice enquanto caminham, até cruzarem com Adam.

— Onde vocês dois estavam? – ele pergunta

— Fomos dar uma volta de bicicleta – Ela respondeu.

— Onde vocês dois conseguiram bicicletas? Perguntou Sam – isso por acaso tem a ver com um cara mal encarado perguntando sobre dois delinqüentes que roubaram as bicicletas que estavam sob a responsabilidade dele?

— Não tenho a menor idéia do que está falando, Sam – o rosto de Ivy era a imagem da inocência – nós apenas pegamos uma bicicleta emprestada de uma pessoa gentil e já devolvemos – ela se volta de novo para Adam, este sorrindo levemente para ela – como foi tudo?

— Foi excelente – Adam responde, não sem antes notar as mãos dela e de Tom juntas. Ivy as mantém, como se nada demais fosse – vamos fazer o trabalho hoje. Só temos ir que pegar tudo o que for necessário com o Fineus.

— E a senhora Cole? – Ivy pergunta, agora soltando a mão de Tom.

— Eu já falei com ela, não se preocupe com isso – disse Adam, agora se voltando para Tom – e você vem conosco, moleque.

— Por que?

— Você não queria saber como conseguíamos as informações que nos levavam até onde estavam aqueles manuscritos? Hoje é o seu dia de descobrir.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Daqui a quinze dias tem mais.



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