Progênie Maldita escrita por MarcosFLuder


Capítulo 14
O duelo


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 14 postado como prometido. Creio que já posso dizer que nossa história está chegando ao fim. O que eu não posso dizer ainda se o próximo capítulo será o último ou o penúltimo, saberei ao longo da semana, eu creio. De qualquer forma, já posso iniciar aqui as despedidas e dizer que estou muito feliz por ter conseguido seguir a história sem hiatus, como aconteceu com as outras duas que escrevi. Agora à leitura, espero que quem esteja acompanhando goste do capítulo.



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Adam e Tom permaneciam lado a lado agora, ambos vendo Ivy sendo segurada por Grindelwald, a varinha dele apontada para ela. Nenhum dos dois tinha qualquer dúvida que aquele homem cumpriria a ameaça feita. Matar para ele era como comer, beber ou respirar. Era algo feito com naturalidade, sem remorsos, preocupações ou medo. De fato, era possível ver nos seus modos, na forma como falava do ato, um prazer doentio, um certo orgulho em ser capaz de tirar a vida de alguém. Tom sentia inveja desse desapego, ainda mais naquele momento, em que sentia o coração acelerado. A idéia de ver Ivy O’neal morrer na sua frente era inaceitável para ele. Odiou-a mais uma vez, por se capaz de provocar esse sentimento nele.

— Está tudo bem, está tudo bem – mesmo sob o feitiço de Dumbledore, Adam sente dentro de si toda a angústia por ver Ivy sendo ameaçada. As instruções que lera antes de entrar no carro vindo a sua mente de imediato – você quer a pedra, não quer? Não quer?

— Você está sob um feitiço, eu posso ver isso – Grindelwald aperta a varinha como mais força na garganta de Ivy – sua mente está bloqueada e... é claro, você está sob a maldição imperium.

— Eu estou sim – Adam disse – e se você quiser encontrar a pedra terá que ser através de mim.

— O que ele quer dizer com isso, senhor? – Nicolas faz menção de se aproximar, mas é detido por um gesto de Grindelwald.

— Há um pergaminho na bolsa que estava comigo – Adam se aproxima devagar, Tom segue junto com ele – esse pergaminho, junto com esse que leu, pode lhe mostrar o caminho para achar a pedra.

— Ele está por trás disso, não é? – havia um brilho estranho no olhar de Grindelwald, Adam notou – responda seu aborto nojento – ele grita para Adam, toda a elegância e suavidade de antes perdida agora.

— Eu os conheci hoje, não tenho a menor idéia de quem são – Adam está bem perto de Grindelwald agora, Tom praticamente agarrado nele – tudo o que sei é que o pergaminho na minha bolsa e o que esta comigo são a sua resposta.

— Você está falando desse pergaminho? – Grindelwald pega o pedaço de papel da bolsa que tinha tomado de Adam, balançando-o no ar, a outra mão apertando ainda mais a varinha contra o pescoço de Ivy.

            Tudo aconteceu bem rápido. Nicolas só teve tempo de ver o gesto de Adam, agarrando o pergaminho que estava na mão de Gridelwald. Não houve qualquer tentativa de tirá-lo do bruxo, ambos segurando o papel juntos. Não durou mais do que alguns segundos, Nicolas ainda fez menção de pegar sua varinha, mas não houve tempo para isso. Ele viu o homem que odiava, temia, e a quem obedecia, desaparecer bem na sua frente. Junto com ele foi a jovem e bela Trouxa, o aborto que segurava o pergaminho com ele e o jovem bruxo. Ele chegou a vislumbrar o exato segundo em que os quatro estavam juntos, quase como que abraçados. Foi só então que se deu conta de que se tratava de uma chave de portal. Sua surpresa foi grande, mas algo nele lhe dizia que Grindelwald não fora surpreendido com essa situação.

********************************

            Eles aparataram dentro de um prédio decadente, certamente em outra parte nada agradável da Londres Trouxa. A sensação de tontura era forte para Tom, ainda pouco acostumado com essa forma mágica de se deslocar. Ele recuou um passo e não sentiu o chão sob seus pés. Sentiu o próprio corpo flutuando no ar. O impacto veio no segundo seguinte. Uma série de impactos em verdade. Tom se viu rolando por uma escada. Ele podia sentir a dor se espalhando por todo o seu corpo. O mundo pareceu girar em torno dele por vários segundos, até bater numa parede. Tudo o que ouviu depois foi um grito agudo, antes que a escuridão caísse sobre ele.

            Adam mal teve tempo de se recuperar dos efeitos da aparatação. Buscando apoio numa parede, ele viu quando Tom se desequilibrou e rolou escada abaixo. O grito de Ivy ecoou pelo lugar onde tinham chegado. Estavam todos no corredor de um prédio. Era possível perceber que tinha um ar de abandono, quase como se estivesse prestes a desabar. Ainda que estivesse tonto pela sua primeira aparatação, ele foi capaz de perceber que Grindelwald soltara Ivy, a varinha agora em punho, como se esperasse ser atacado a qualquer momento. Adam tratou de puxar a namorada para si, com os dois mantendo-se abraçados.

— Vejo que trouxeram a minha encomenda – uma voz fria, de tom envelhecido se fez ouvir. Adam, Ivy e Grindelwald olharam para a figura no final do corredor. O namorado de Ivy não teve dificuldade em reconhecê-lo.

            O homem no final do corredor era claramente um bruxo, Grindelwald só precisou olhá-lo um segundo para perceber. Suas vestimentas tinham o mesmo colorido extravagante da maioria dos bruxos, enquanto Grindelwald estava vestido como um Trouxa normal, justamente por evitar lugares freqüentados por bruxos. Por um breve segundo imaginou que talvez isso ocultasse a sua real natureza do homem no final do corredor. Essa expectativa durou apenas o breve segundo em que trocaram olhares. O antigo aluno de Dumstrang vira no mesmo instante, o olhar de reconhecimento de um igual. Podia notar algo familiar nele, embora tivesse certeza de que nunca vira aquele rosto em sua vida. No entanto, havia um quê de reconhecimento na sensação que tomava conta dele, enquanto olhava aquela face envelhecida.

— Quem é você? Eu sinto que o conheço, embora tenha certeza de nunca vi o seu rosto antes – Grindelwald deu um passo a frente, ignorando os dois jovens ainda abraçados atrás dele.

— Coloque a sua varinha no chão e se renda – ele apontou para Grindelwald que sorriu, não fazendo qualquer gesto indicando que iria obedecer.

— Isso não irá acontecer meu caro – Grindelwald sorriu, dando mais um passo à frente.

— Eu imaginei que você iria preferi lutar. Neste caso, vamos tirar as possíveis casualidades de cena

O barulho de uma aparatação já não causa mais surpresa em ninguém ali. Adam também reconheceu o bruxo que surgiu, como se viesse do nada, ainda assim, se colocou imediatamente em alerta, abraçando Ivy com mais força ainda. Grindelwald se virou para eles, mas mal teve tempo de fazer algo. O bruxo que tinha acabado de aparatar agarrou Adam e Ivy, aparatando de novo, agora junto com os dois. Tudo o que Grindelwald viu foi a expressão no rosto de Ivy, palavras que não conseguiu ouvir, mas indicando que ela estava preocupada com algo. O bruxo deixou isso de lado, pois não havia mais nada a fazer. Ele sabia que precisava se preocupar com o bruxo que o desafiava no fim do corredor.

— Creio que agora poderemos no focar um no outro, sem distrações – Grindelwald ouviu o bruxo dizer.

            Gellert Grindelwald sempre foi muito confiante em suas habilidades como bruxo. Essa confiança era mais evidente quando se tratava de habilidades em duelos. No entanto, ao ver o homem velho dar dois passos em sua direção algo nele o intimidou. O modo de andar, a imponência, uma grande autoridade emanando dele, tudo indicava alguém conhecido. O homem velho olhava para ele com intensidade, havia algo naquele olhar, uma mistura de raiva e mágoa, permitindo que Grindelwald finalmente visse o que estava bem diante de seus olhos. Ele o conhecia, mas não com aquele rosto, finalmente reconhecendo o feitiço de ilusão em volta do bruxo. Por um breve segundo sentiu-se feliz consigo mesmo por ter desvendado esse enigma. Essa felicidade, no entanto, virou ódio no segundo seguinte, impedindo-o de evitar a palavra saindo de sua boca, o nome daquele a quem amava e odiava com a mesma intensidade, por sempre fazê-lo sentir-se inferior.

— Dumbledore!

************************************

            Nicolau Flamel nunca gostou de aparatar. Era algo que sempre o intrigara, justo ele, tão adepto da experimentação, mas a verdade é que sempre se sentiu incomodado pelas sensações de ter seu corpo transportado de um lado a outro. O fato de ter feito esse feitiço com duas outras pessoas não ajudou em nada, menos ainda quando viu os efeitos neles. A jovem parecia preste a vomitar. O rapaz, por sua vez, teve uma reação melhor. Flamel o viu abraçar a garota de forma bem protetora enquanto lançava-lhe um olhar agressivo. Flamel não pôde evitar um sorriso pela demonstração de cavalheirismo.

— Você não precisa temer por ela meu jovem, eu não represento ameaça para a sua namorada – disse Flamel.

— Tom... – a voz de Ivy saiu quase como um gemido – ele ainda está lá – o bruxo olhou intrigado.

— Ele rolou as escadas quando nós chegamos no prédio – Adam se dirigiu a Flamel – você precisa resgatá-lo também.

— Não saiam daqui – Flamel fez um gesto com a varinha, mas nada aconteceu. A expressão em seu rosto indicando surpresa e preocupação.

— O que houve? – Adam perguntou.

— Alguma coisa está errada – o olhar de Flamel era dirigido ao prédio e não aos jovens – eu não consigo aparatar de volta para o prédio.

**********************************

            Tom acordou sentindo dor por todo o corpo, mas principalmente na cabeça. Sons estranhos chegavam a seus ouvidos enquanto tinha dificuldade em enxergar. Tudo estava embaçado, como se olhasse através de um vidro tomado pela chuva. Foi com muita dificuldade que se ergueu, encostando-se na parede ao sentir que suas pernas mal conseguiam mantê-lo em pé. Aos poucos ele voltou a ver o ambiente diante de si. Os sons se tornaram mais nítidos; de fato, ele começou a reconhecê-los, fazendo com que diversas recordações de Hogwarts surgissem em sua mente. Algo que pareceu uma explosão, causando um abalo numa estrutura que já não parecia muito confiável, o fez ter certeza de que estivera ouvindo vários feitiços serem lançados.

Além dos feitiços, e da destruição e barulho que causavam agora, Tom também ouviu vozes, gritos na verdade. Não eram apenas os feitiços sendo recitados, mas palavras ásperas que eram trocadas. Ele olhou para o alto e viu uma figura conhecida recuando, enquanto aparava um feitiço de fogo em sua direção. Ainda que estivesse meio tonto, não tinha dúvida de ter reconhecido o seu velho e odiado professor de Hogwarts. Poucos segundos se passaram quando a outra figura apareceu, avançando na direção de Dumbledore. Ele viu o ódio nos olhos dele, algo que Tom não imaginava que alguém além dele pudesse ter. Nenhum dos dois deu qualquer sinal de tê-lo visto.

MINUTOS ANTES

            Gellert Grindelwald estava diante da única pessoa em sua vida que foi capaz de fazê-lo duvidar de si mesmo, de seus sonhos, do destino glorioso que acreditava ser merecedor. Ele era o único com quis compartilhar esse destino, o único que achava capaz de impedi-lo de concretizá-lo. Havia muita coisa a ser acertada entre ambos e Gridelwald sabia que um dia teriam de se confrontar. Nada havia sido dito entre eles, nenhuma palavra fora trocada, nada além dos olhares com que fuzilavam um ao outro. O feitiço de ilusão fora retirado e agora ele podia vê-lo com sua verdadeira face. Muitos anos se passaram e ele viu as marcas do tempo, no rosto cuja suavidade já tanto admirou. Nenhum sinal da face sorridente que ainda pairava em sua mente, nas noites mal dormidas. Tudo o que via era uma mistura de raiva e mágoa.

            Alvo Dumbledore passou muitos anos imaginando como seria esse reencontro. Ele sabia que as chances de ser amigável eram quase nulas. Foram muitos anos acompanhando de longe as notícias sobre os crimes, as mortes e atrocidades cometidas por Gellert Gridelwald. As informações vinham de diversas fontes, tanto as oficiais, como as que Dumbledore colheu no submundo do mundo Bruxo. Muitos anos de indecisão sobre como agir. Ele sabia que tinha medo, mas não era o medo que assolava os covardes, paralisando-os. Era o medo íntimo, o medo de descobrir uma verdade que, ao menos parte dele, preferia jamais conhecer. Mas agora não havia como se esquivar. Descobrir que Grindelwald estava atrás da Pedra da Ressurreição, que o velho projeto deles finalmente podia se tornar realidade, definitivamente, ele não podia permitir que isso ocorresse.

— O tempo não parece estar sendo generoso com você, Alvo – Dumbledore sentiu a voz dele como uma carícia em seus ouvidos, tanto tempo sem ouvi-la. Espantou as lembranças que insistiam em vir, pois não podia se dar ao luxo de se perder nelas.

— Você, por outro lado, está muito bem Gellert – Dumbledore respondeu – mas não creio que estamos aqui para trocar amabilidades.

— Certamente que não – Grindelwald deu um passo a frente. Era uma tática que sempre usou para intimidar seus adversários. Perceber que o homem diante dele não se moveu de onde estava o deixou irritado consigo mesmo. Ele devia imaginar que Alvo Dumbledore não se deixaria intimidar.

— Você nunca irá pôr as mãos naquela pedra – Dumbledore disse.

— Desde que eu notei os feitiços naquele aborto eu percebi que você estava por trás disso – um ligeiro sorriso surge no rosto de Grindelwald – além da maldição imperium, o que mais você colocou nele? Algo a ver com a chave de portal, eu imagino.

— Ela só poderia se ativada se vocês dois tocassem no manuscrito, isso depois de tocarem em outro manuscrito de origem bruxa – Dumbledore respondeu, ao mesmo tempo em que deu um passo a frente. A gargalhada de Grindelwald tomou conta do ambiente.

— Por isso eu não pude perceber que era uma chave de portal Eu deveria imaginar. Você sempre foi tão brilhante – por um breve instante, Dumbledore viu uma ligeira tristeza no olhar do homem diante dele – as coisas incríveis que podíamos ter feito juntos.

— Terríveis, seria a palavra mais correta. Uma pena eu ter me dado conta disso tarde demais.

— Ah Alvo, Alvo, você tinha que estragar esse pequeno momento com as suas... lamúrias – a última palavra foi dita num grito cheio de fúria. O feitiço de fogo sendo lançado sem que palavras precisassem ser ditas.

**************************************

            Tom nunca vira algo como aquilo. As aulas de Defesa Contra as Artes das Trevas, os duelos que vira em Hogwarts entre os alunos mais velhos, nada se comparava com o que se desenrolava diante dele. Feitiços de ataque que jamais imaginaria existirem, o barulho e a destruição que provocavam no seu entorno. Era assustador e maravilhoso ao mesmo tempo. Blocos de concreto, pedaços de madeira, tudo era lançado no ar, batendo em paredes com estrondo, provocando tremores na estrutura do prédio. Os poucos vidros nas janelas se espatifavam em centenas de pedaços, a maioria lançados para fora do prédio, mas alguns se espalhando no ambiente interno.

O jovem aluno da Sonserina sabia que corria um grande risco assistindo a luta tão de perto. Ele podia ser pego por um dos feitiços rebatidos, ou por um fragmento do prédio, voando a todo o momento, a cada feitiço lançado. Ainda assim, era impossível não olhar, e ficar maravilhado. Era um duelo entre dois bruxos poderosos, conhecedores de feitiços que a grande maioria dos seus iguais nem imaginariam existir. Era poder em estado puro, exercido sem limites, mas com incrível habilidade, por ambos os duelistas. Tudo o que ele ouvia agora eram os nomes dos feitiços que eram recitados. Tom queria guardar cada desses nomes em sua mente, garantir que nenhum deles fosse esquecido enquanto vivesse.

            O duelo continuava em toda a sua intensidade. O risco à estrutura do prédio era cada vez maior, mas tudo em que Tom consegue pensar é em como poderia ter tais poderes para si. O que precisaria aprender, que feitiços conhecer e dominar. Ele se vê diante de tudo o que sonhara para si. O seu destino, aquele que sempre julgou merecedor, se descortinava diante dele, ao ver a demonstração de poder e habilidade que os dois bruxos que duelavam entre si, exibiam diante dele. Pela primeira vez ele pôde constatar o porquê de Dumbledore ser tão reverenciado entre os seus colegas. Por trás da cortesia, abaixo dos modos suaves, do olhar caridoso, o que Tom vislumbrava agora era alguém com grande poder. Impossível não admirar o destemor com que enfrentava alguém que era capaz de intimidar a tantos. Seu ódio por ele só aumentou por conta disso. Um novo estrondo, entretanto, o tira de seus pensamentos. O seu coração acelera, ao ver o que vem em sua direção.

O jovem aluno da Sonserina se abaixa com rapidez, o suficiente para evitar que um pedaço de concreto o atingisse na cabeça. Impossível para ele reprimir um grito, não sabendo se de surpresa, medo ou excitação. Muito provavelmente um pouco de cada. O grito dele chamou a atenção de Dumbledore. Tom viu a surpresa nos olhos do homem que se dedicava a ensiná-lo na escola. Seus olhares se cruzaram. Impossível para Tom não lembrar que o odiava secretamente, enquanto lhe fazia mesuras na sala de aula, procurando se mostrar um aluno obediente e estudioso. Foram só alguns segundos de distração para Dumbledore, mas que quase lhe custaram muito caro.

Tom ouviu o barulho forte de um feitiço lançado por Grindelwald, foi por muito pouco que o professor de Hogwarts não fora atingido em cheio. A dificuldade de Dumbledore em rebater o feitiço era o resultado da distração que Tom representou para ele. Tudo acontecia com muita velocidade. O jovem bruxo se surpreendeu ao ver a rapidez com que seu professor retomou a iniciativa, quase atingindo o seu oponente com um poderoso feitiço. Ambos param um determinado instante, visível nos rostos de ambos o cansaço, mais ainda no rosto de Grindelwald, Tom notara agora. Menos de um minuto se passa e ambos retomam a ofensiva, cada um lançando um feitiço contra seu oponente.

            Tom vê, mais uma vez maravilhado, quando os feitiços de ambos os bruxos se cruzam. O jovem bruxo admira a miríade de cores brilhantes, parecendo serpentes coloridas cruzando o ar, causando um impacto no entorno que faz com que parte da estrutura do prédio finalmente se rompa. Tom sentiu o chão sob seus pés sumirem. O barulho à sua volta tornando-se ensurdecedor. Uma nuvem de poeira toma conta do ar quando o andar inteiro começa a desabar. O jovem bruxo sentiu o medo tomar conta dele, de fato, pela primeira vez. Tudo o que era maravilhoso até então, tornou-se um momento de pânico, ao sentir que iria sofrer uma violenta queda, que poderia ficar soterrado sobre escombros cheios de madeira e concreto. Nada disso aconteceu. Sentiu seu corpo flutuando, os escombros que vinham em sua direção acabavam estranhamente desviados. Em vez de se esborrachar no chão, ele deslizou suavemente até ele. Foi então que ele virou o seu olhar em direção a um ponto e se deu conta de que estava protegido por um feitiço.

— Espeliarmus – a varinha de Dumbledore é jogada para longe e este se vê indefeso diante do seu oponente.

— Alvo, Alvo, sempre se deixando levar pelo seu sentimentalismo – Grindelwald se aproxima dele, a sua varinha empunhada na direção do outro bruxo – por isso não foi capaz de me vencer da outra vez, e não vai me vencer agora.

— Todos nós temos o que se pode chamar de nossos pontos fracos Gellert – a tranqüilidade na voz de Dumbledore não deixava de impressionar Tom – eu me preocupei em salvar a vida de um jovem aluno e dei a você uma vantagem.

— Eu não tenho pontos fracos meu caro – Grindelwald se aproximou mais de seu oponente, a varinha ainda apontada para ele – estou acima desse sentimentalismo tolo que será a causa de sua ruína.

— Não há nada de tolo em se importar com os outros Gellert – o olhar de Dumbledore traia uma grande angústia ao falar.

— Grande Merlin, é sobre a sua irmã que está falando? Ainda continua com isso em sua mente?

— Ela está morta por nossa causa, Gellert – Dumbledore afirmou, uma mistura de raiva e tristeza tomando conta de sua voz.

— Ela já estava condenada desde o dia em que aqueles Trouxas fizeram o que fizeram com ela – Grindelwald não demonstra qualquer tipo de delicadeza ao dizer isso.

— Ela ainda poderia estar viva se não fosse por nós dois – Dumbledore ajeita o próprio corpo enquanto fala – mas não pense que o culpo totalmente por isso. Eu sei que a maior responsabilidade é minha. Eu era o irmão dela, não você, eu é que tinha a responsabilidade de protegê-la.

— Tolo, fraco e sentimental. Você nunca seria capaz de abraçar o bem maior como eu estou sendo – um sorriso de escárnio surge no rosto de Grindelwald – os bruxos precisam ser conduzidos para o seu devido lugar, Alvo. O lugar em que tenham supremacia sobre os Trouxas. Somente eu sou capaz de nos conduzir a isso – Grindelwald termina de falar e se espanta, ao ver o sorriso surgindo no rosto de Dumbledore – do que você ri?

— Do seu ponto fraco Gellert, do seu ponto fraco – Dumbledore responde.

— Eu já disse a você que não tenho ponto fraco – Grindelwald grita.

— Tem sim Gellert – Dumbledore o encara com firmeza – você é vaidoso e egocêntrico, e como todos assim, você perde muito tempo admirando o som da própria voz.

            A frase de Dumbledore mal fora terminada e vários sons são ouvidos. Tom os reconhece de imediato, pois logo percebe a presença de diversos outros bruxos no ambiente. Eles aparataram praticamente ao mesmo tempo, todos com as varinhas empunhadas, imediatamente cercando um espantado Grindelwald. A ordem para ele largar a varinha é dada por um dos homens. Tom não entende o porquê de não atacarem de imediato. Tudo parece acontecer como se o tempo estivesse mais lento para o jovem aluno da Sonserina. Ele viu a expressão no rosto de Dumbledore, mas não foi capaz de ouvir o que ele estava dizendo para os outros bruxos que tinham aparatado. O jovem bruxo mirou a face de Grindelwald e viu o sorriso. Foi fácil para ele entender que o bruxo não se entregaria. Ele não disse nada, mas um feitiço foi feito, o estrondo que se ouviu não deixou dúvida quanto a isso. Tom olhou para o alto e a sensação de pânico retornou, quando ele viu que o prédio inteiro estava desabando sobre todos eles.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Daqui a 15 dias teremos um novo, ainda em dúvida se será o último ou o penúltimo. Até lá, então.



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