Progênie Maldita escrita por MarcosFLuder


Capítulo 11
Eis Gellert Grindelwald


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho refletido muito nas últimas duas semanas. Estou com muita dificuldade em desenvolver o enredo dessa história, tanto que a frente de capítulos que tinha já foi para o saco. Depois que postar este, terei apenas dois capítulos incompletos para trabalhar se quiser manter o atual cronograma em dia. Eu sempre tive muito orgulho, em minhas fanfics anteriores (Três Mestres para uma escrava e O Lado Oculto), de sempre manter um cronograma sem falhas e hiatus. Eu realmente detestaria ser obrigado a deixar essa fanfic em hiato, mas sinto que devo ser honesto com quem está lendo e deixar claro que essa possibilidade realmente existe. Parei até de fazer divulgações nas páginas que frequento, justamente por não me sentir bem com essa possibilidade. Da minha parte, o que posso prometer é dar o melhor de mim para isso não aconteça. Espero que todos compreendam essa situação. Obrigado e espero que apreciem o novo capítulo.



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BAIRRO NA ÁREA PORTUÁRIA – LONDRES TROUXA – NOVE DIAS ANTES

            A ameaça fora dita com um tom de voz suave, um ligeiro sorriso no rosto, nada na atitude corporal indicando agressividade. No entanto, para Fineus Ferrinson e Cataráco Burke, nada em suas vidas lhes pareceu tão ameaçador. O olhar daquele bruxo espelhava um brilho de maldade que os atingia em cheio. Estavam no galpão que Fineus utilizava como base para suas operações de receptação de objetos roubados. Além do bruxo que sozinho já os intimidava, também estavam outros bruxos, igualmente mal encarados, mas que nada fariam sem as ordens daquele que tinha acabado de ameaçá-los de morte.

— Vocês dois entenderam o sentido das palavras que eu acabei de falar? – Gellert Grindelwald olhava os dois homens com evidente desprezo, ao mesmo tempo que apreciava o medo que estava inspirando neles – posso ver em suas expressões que entenderam, mas eu preciso me certificar que entendam de verdade que minhas palavras não são ameaças vazias.

— O senhor não precisa nos ameaçar – Cataráco exibe uma voz trêmula, quase gaguejante – nós estamos a seu dispor.

— Vocês não me trouxeram nenhum resultado, nada do que me foi prometido – Gellert aproxima-se de Cataráco, este recuando assustado – embora eu tenha sido informado dos lucros que teve revendendo o que deveria ter servido para me levar aos objetos que desejo encontrar.

— Senhor eu garanto que só vendi o que sabia não lhe ser útil – Cataráco responde.

— E os Trouxas que contratou para conseguir esses objetos? Que controle vocês dois têm sobre eles? Vocês não sabem nem quem eles são.

— Nós negociamos com o líder deles – era a vez de Fineus se pronunciar – seu nome...

— Não é Belac Madplam – Gellert nem o deixou terminar – mas quando o encontrarem outra vez, tratem de fingir que ainda pensam que este é o nome dele. Principalmente, façam-no ver o quão urgente é encontrar algo que me ajude a descobrir onde está o que eu desejo localizar.

— É claro senhor – Cataráco e Fineus dizem quase em uníssono.

— Enquanto isso, deixem-me dar a vocês um bom incentivo para fazer o que eu estou dizendo – ele se volta para alguns dos outros bruxos presentes – tragam o nosso amigo Trouxa.

            Fineus e Cataráco viram a ordem ser imediatamente obedecida. Num instante viram a figura entrar, praticamente sendo arrastada. Não tiveram dificuldade em reconhecer a figura, alguém que conheciam a muito tempo, com quem tinham negócios. Seu nome era James Baker. Ele administrava o orfanato de onde Adam e sua pequena quadrilha saíram. Fora através deles que Fineus e Cataráco encontraram aqueles jovens. O pavor no rosto dele era visível, lágrimas caiam em cascata de seus olhos. Nada que arrancasse dos bruxos que o torturaram algo mais do que expressões de escárnio daqueles que o traziam magicamente amarrado. Gellert Gridelwald veio até ele, enquanto tirava um pequeno frasco de um de seus bolsos.

— Esse Trouxa dirigia o orfanato onde o vivia o aborto com quem negociavam, bem como sua quadrilha viviam – Gellert olhava com desprezo para o homem apavorado diante dele.

— Como assim orfanato? – Fineus perguntou.

— Você não sabia disso? Como acha que ele conseguia as crianças que praticavam os roubos de mercadorias que você revendia?

— Eu não...

— Você simplesmente não perguntava, não é? Desde que os produtos roubados chegassem até você para revendê-los, nada mais lhe importava. Não é de se admirar que foi exilado do mundo bruxo pelos seus crimes – o sorriso de Gellert transmitia uma sensação de perigo, não havia nada de remotamente gentil nele - ele tinha o hábito de explorar as crianças Trouxas sob sua responsabilidade, de diversas formas, inclusive roubando em seu benefício. Ele foi descoberto pelas autoridades Trouxas, seu orfanato foi fechado e os órfãos distribuídos para outros locais.

— Quem são vocês – o pavor bem evidente na voz do homem.

— Você não está aqui para fazer perguntas, seu Trouxa nojento, mas apenas para abrir a boca e tomar o conteúdo desse frasco – o homem parece paralisado de medo – será muito pior se eu tiver de forçá-lo a abri sua boca.

— Me ajudem – o olhar dele é voltado para Fineus e Cataráco, mas estes tratam de evitá-lo.

— Você está perdendo o seu tempo com esses dois – Gellert balança o frasco na frente da boca do homem, que acaba por abri-la, como a reconhecer que nada mais havia a fazer além de obedecer.

            Gellert o faz beber o líquido inteiro. A coloração é de um azulado escuro, o gosto, a julgar pela expressão nauseada que o rosto do homem adquire, é muito ruim. Ainda assim, ele engole até a última gota. O homem é deixado no chão enquanto todos se afastam, incluindo o bruxo que o fez beber o líquido. Menos de um minuto se passa quando os primeiros sinais surgem. O corpo, até então em posição fetal no chão, começa a convulsionar. Logo os primeiros gritos se fazem ouvir. Não são gritos comuns de dor. O que se ouve é o sofrimento de alguém que parece derreter por dentro. Sangue começa a escorrer por todos os orifícios, pelos poros do corpo. Fineus e Cataráco observam, horrorizados, a agonia do pobre homem. A maioria dos bruxos presentes se regozijam com tamanho sofrimento, mas até mesmo para alguns deles é sadismo demais.

            Gellert Grindelwald apenas observa. Não há na face dele qualquer sinal de sentimento. Ele não parece se alegrar sadicamente, não demonstra qualquer sinal de desconforto. Ele apenas observa, analisa, conjectura. Após alguns segundos, volta a sua atenção para os apavorados Fineus e Cataráco, e só nesse instante é que surge um breve sorriso em seu rosto, o que deixa os dois homens ainda mais apavorados. Ele está de costas para o homem que se contorce em agonia. O corpo convulsionando de forma descontrolada, enquanto o sangue se espalha numa poça à sua volta. As convulsões se tornam cada vez mais lentas, os gritos cessam, até que tudo o que resta é o sangue que continua a sair do corpo, agora totalmente morto. Gellert caminha em direção aos dois bruxos, estes recuando apavorados, até encostarem numa parede.

— Eu ainda estou aperfeiçoando a fórmula – Gellert se dirige aos dois bruxos – eu creio que o segredo está em garantir que o sangue não seja esguichado para fora do corpo enquanto o processo de derretimento dos órgãos internos ocorre. É claro que para isso eu preciso de cobaias. Vocês dois poderiam se excelentes cobaias.

— Por favor senhor, por favor... – Fineus mal consegue falar, enquanto Cataráca ao seu lado, nem isso consegue.

— Se não desejam se tornar cobaias, eu sugiro que me consigam resultados, e logo.

BAIRRO NA ÁREA PORTUÁRIA – LONDRES TROUXA – TEMPO ATUAL

            Ele surgiu do nada, como se fosse uma aparição fantasmagórica. Tom reconheceu a voz dele como aquela que fez as luzes do galpão acender. Era um homem de meia-idade, mas muito conservado em aparência. O porte era aristocrático, mas não de origem, pois o linguajar denotava alguém de nascimento comum. Era a maneira como se movia, exalando autoridade, poder e domínio a cada passo, que lhe conferia o porte. Estava muito claro para o jovem aluno da Sonserina a quem todos os bruxos ali deviam obediência. O fato de aparecer para todos da forma como se deu, no entanto, indicou a Tom que o bruxo apreciava um ar de teatralidade em suas entradas. Notar essa necessidade nele impedia o jovem sonserino de sentir um maior respeito e temor. Mais tarde ele constataria que aquele foi o seu primeiro erro em relação ao sujeito.

A primeira impressão, não muito boa, sobre o bruxo que aparecera do nada, não impediu Tom de notar o ar de absoluta obediência entre os outros bruxos em relação a ele. O silêncio era palpável, ninguém conseguia tirar os olhos da figura, como que hipnotizados. Tom não era diferente de todos, com sua primeira impressão desfavorável se desvanecendo aos poucos, ao notar o completo domínio que ele tinha sobre os bruxos à sua volta. O olhar do homem que acabara de entrar estava voltado para o bruxo chamado Nicolas, como se todos os outros no local não existissem, ou representassem qualquer ameaça. Se havia alguma dúvida sobre a sua liderança, o ar um tanto assustado de Nicolas deixava isso muito evidente.

— Eu só acho que não há razão para manter esses Trouxas vivos... senhor – a voz de Nicolas soava bem menos ameaçadora agora – quer dizer... porque poupá-los depois do que fizemos com os outros Trouxas?

— Os outros Trouxas não nos eram úteis, mas talvez estes venham a ser – o bruxo olhou para Adam, Tom e os outros, demorando um pouco mais em Ivy, mas sem denotar o mesmo olhar luxurioso que era evidente em alguns dos outros bruxos – tragam Cataráco – ele ordenou para um dos bruxos do grupo.

            Tom não teve dificuldade em reconhecer o homem que veio. O sujeito estava num estado lamentável. Seu rosto parecia contorcido, como se tomado por dores muito violentas. O olhar demonstrava pavor, com o rosto macilento banhado em lágrimas. Não havia sinais de sangue nele, nem de qualquer ferimento visível, indicando que qualquer tortura que tenha sofrido, foi a partir de uma maldição imperdoável. O jovem aluno da Sonserina olhou para Adam, mas este não deu qualquer sinal de que reconhecera o bruxo, preferindo se manter de forma protetora junto à Ivy. Ambos, junto com Albert e Sam, que demonstravam estar apavorados, se encolhiam próximos a uma parede, enquanto Tom permanecia mais próximo de onde estavam os demais bruxos.

— Era para você estar junto com Fineus, meu caro, mas ele conseguiu escapar, com ajuda é claro. Por isso toda a responsabilidade de nos fornecer as respostas que queremos terá de ficar contigo. Espero que esteja pronto para falar – o bruxo que comandava tudo se dirigia ao sujeito que Tom e Adam conheciam, este parecendo encolher ante sua aproximação.

— Eu já disse tudo o que sei, meu senhor – a voz era fina e vacilante, nada que lembrasse o bruxo que manteve Tom à sua mercê.

— Esses dois são aqueles de quem falou? – Tom viu quando ele e Adam foram apontados com um gesto.

— Sim senhor, são eles.

— Está vendo Nicolas? É isso que se ganha por não fazer nada por impulso, ou mero sadismo – olhou rapidamente para o bruxo a quem dirigia tais palavras, com sua atenção se voltando para Tom e Adam logo depois – os outros três, por sua vez, me parecem úteis apenas para deixar claro a esses dois... o que pode vir a acontecer se minhas dúvidas não forem respondidas adequadamente.

            Tudo o que ele fez foi um breve gesto com a varinha. Foi algo quase imperceptível, Tom quase não viu. Não se ouviu qualquer palavra saindo de sua boca, um feitiço silencioso que o jovem bruxo, com todas as suas leituras, não conhecia. No entanto, foi tudo o que precisou para que Ivy, Sam e Albert ficassem paralisados, as faces deles refletindo o misto de terror e estranhamento que estavam sentindo naquele momento. Tom olhou fascinado para os três jovens junto à parede. Ele também viu, certamente pela primeira vez, um grande medo refletido nos olhos de Adam.

— Vocês não precisam se preocupar com seus amigos Trouxas – o bruxo dizia isso, os olhos voltados para Adam e Tom – se vocês souberem responder às minhas dúvidas, talvez todos saiam vivos daqui, e eles, é claro, terão suas memórias alteradas para não lembrarem nada do que viram.

— Quem é você? O que quer de nós? – havia medo na voz de Adam, mas Tom admirou a sua coragem em se dirigir àquele bruxo.

— Que falta de educação a minha em não me apresentar adequadamente. Meu nome é Gellert Grindelwald – ele disse o nome com um ar de cerimônia, certamente esperando que fosse reconhecido. Tom viu o olhar do bruxo mudar por um momento, notando uma ligeira decepção da sua parte, por ver que seu nome não dizia nada, nem a ele ou a Adam.

— Eu sou um aborto criado num orfanato Trouxa. O meu conhecimento sobre o mundo Bruxo é quase zero – disse Adam, que volta o seu olhar para Tom – e ele é só um garoto de 12 anos que foi criado como Trouxa. Mal sabia o que era menos de dois anos atrás – um ligeiro sorriso volta a surgir na face do bruxo. Não era um sorriso amigável, Tom sabia, mesmo assim foi um alívio vê-lo.

— Creio que devo ser indulgente com o fato de que, mesmo as pessoas criadas no mundo Bruxo na Inglaterra, saibam pouco a respeito de mim – o bruxo chamado Grindelwald respondeu – eu pretendo mudar isso em breve, podem ter certeza.

— Ainda falta responder o que quer de nós – Adam insistiu.

— Você é muito atrevido seu aborto nojento – Nicolas intervém, a mistura de ódio e desprezo muito evidente em cada palavra que dizia.

— Sua opinião a meu respeito não me importa em nada – Adam encarou Nicolas nos olhos, um leve sorriso no rosto enquanto falava – a não ser é claro, que o seu Mestre lhe dê permissão para me torturar ou matar. O senhor pretende dar essa permissão a ele? – se voltou para Gellert ao perguntar.

— Como eu disse antes – Gellert retribuiu o sorriso, ainda que em seu rosto não houvesse qualquer sinal de afabilidade – isso irá depender do que vocês dois tiverem a me oferecer.

— E o que é que podemos lhe oferecer, meu senhor?

Tom admirava a frieza e presença de espírito de Adam. Era possível ver o medo em seus olhos. O ligeiro tremor no corpo também denunciava esse sentimento. Ainda assim, ele enfrentava a situação da forma que lhe era possível. Seu estudado atrevimento com Nicolas certamente indicava que ele já sabia que o bruxo nada faria sem a anuência de Grindelwald. Era com esse bruxo que Adam deveria ser respeitoso, ainda que mantivesse um mínimo de altivez ao falar com ele. Era preciso medir seus gestos e palavras com todo o cuidado, pois o destino de todos ali dependia disso. Por um breve momento nada foi dito, até que Grindelwald decidiu falar.

— Há algo que eu tenho procurado por muito tempo – Tom notou o olhar do bruxo, um brilho de desejo que não lhe era estranho – Cataráco me disse que estava utilizando a sua pequena quadrilha para encontrar pistas sobre isso, pistas que poderiam estar com os Trouxas. Mas a demora em obter resultados me deixou impaciente. Isso sem falar que ele tinha seus próprios planos.

— Não meu senhor, eu juro... – a voz de Cataráco se faz ouvir, mas um olhar fulminante de Grindelwald o faz calar, antes de se voltar para Adam novamente.

— O que você pode nos dizer sobre isso?

— Nós encontramos uma série de manuscritos originados do mundo bruxo e os entregamos a ele – Adam respondeu, sua atenção totalmente voltada para Gellert, praticamente esquecendo Nicolas.

            Tom acompanhava a conversa dos dois com notável interesse. Ao mesmo tempo, percebia também o olhar de Nicolas para Adam, o ódio homicida que transparecia neles. O desdém com que o namorado de Ivy o tratara era uma ferida em seu orgulho e Tom sentia isso claramente. Uma parte dele não deixava de admirar a forma como o jovem aborto lidava com a situação. Agora ele conversava com o bruxo diante deles, a aparente tranqüilidade só reforçando a coragem de alguém que estava numa situação extremamente precária. Ao mesmo tempo, Tom prestava atenção a qualquer detalhe que pudesse lhe ser útil, pois sentia que algumas de suas curiosidades poderiam ser satisfeitas.

— Eu posso lhe perguntar em que esses manuscritos lhe seriam úteis, senhor?

            Adam Campbell sabia que estava caminhando no fio da navalha. Embora afetasse uma completa desatenção com o outro bruxo, ele podia perceber claramente que este só esperava uma ordem de Gellert Grindelwald para matá-lo, ou coisa pior. Mais uma vez estava se apoiando na sua capacidade de “ler” as pessoas, de conhecê-las, ainda que num primeiro contato. Por fora, ele buscava se manter calmo e frio, mas em seu interior estava apavorado. Seu maior temor nem era o de morrer como as outras pessoas que encontraram no galpão, mas pelo que poderia acontecer com Ivy. Também se sentia responsável por Sam, Albert e o jovem bruxo que estava com ele agora. Ele tinha consciência que o destino de todos estava nas mãos do bruxo com quem conversava, e que a única forma de saírem vivos dali era se mostrar útil e confiável para aquele homem. Esperou pacientemente até que este resolveu se abrir com ele.

— Há muito tempo eu tento me apossar de alguns artefatos – Gellert começou a falar – são conhecidos como as relíquias da morte. Em verdade eu já tenho uma delas comigo, mas me faltam outras duas. A capa da invisibilidade e a pedra da ressurreição. Esta, por sinal, é a que eu mais quero.

— Então quando o senhor Burke me procurou...

— Ele estava a meu serviço – Gellert nem mesmo deixou Adam completar a frase – ele me convenceu que seria melhor que Trouxas procurassem as informações sobre o paradeiro dos artefatos no mundo dos Trouxas. Seria uma forma de não chamar a atenção do Ministério da Magia.

— Mas obviamente o senhor não acha que ele está sendo totalmente honesto em suas intenções – Adam mantinha um tom de voz calmo, afetando um cerimonioso respeito ao se dirigir à Gellert.

— Eu não deveria esperar outra coisa de alguém que vive do comércio de artefatos das trevas – um sorriso bem suave estampava a face do bruxo, mas Adam não se deixava enganar. Ele via a maldade e o sadismo daquele homem como se olhasse por uma caixa transparente – eu só esperava que a minha fama, ainda que pouco conhecida na Inglaterra, fosse suficiente para mantê-lo fiel aos meus propósitos.

— O que espera realmente de nós? – Tom finalmente quebra o próprio silêncio. Ele percebe o olhar de Gellert sobre si, como se o visse pela primeira vez.

— Eu espero apenas que vocês me dêem um motivo para não matá-los – o bruxo estava de frente para eles agora, dando um passo adiante, em direção a Adam e Tom, um gesto que pareceu muito ameaçador para os dois – vocês têm esse motivo?

— Eu tenho – Adam respondeu, para surpresa de Tom.

— É bom ouvir isso, bom principalmente para vocês.

BAIRRO NA ÁREA PORTUÁRIA – LONDRES TROUXA – HORAS ANTES

— Se esse bruxo de que estão falando é tão perigoso assim, eu é que não vou expor o meu pessoal a ele – Adam disse firmemente.

— Imagino que você esteja preocupado principalmente com aquela bela jovem – Dumbledore olhava de maneira significativa para Adam enquanto lhe perguntava.

— Creio que o melhor a fazer é cairmos fora dessa confusão – Adam faz menção de se dirigir à porta, mas Flamel se coloca diante dele.

— Essa não é uma opção meu jovem – Adam e o bruxo se encaram de maneira resoluta.

— Se você acha que pode escapar daquele homem sem ajuda de algum feitiço, está muito enganado – era a vez de Fineus intervir – se assim fosse eu já teria sumido daqui.

— Vocês todos que se danem – Adam levanta um pouco o tom de voz – eu e meu pessoal vamos cair fora.

            Adam nem mesmo tem tempo de avançar até a porta. O feitiço de Dumbledore o atinge de imediato e ele se mantém estático, sem reação. A palavra dita pelo bruxo para dominar o jovem faz com que Flamel olhe para o amigo com espanto e indignação. Sua reação só não é mais dura porque percebe o conflito estampado na face do homem. Ainda assim, Flamel sente-se incomodado pela maneira como tudo está seguindo, pela forma como está descobrindo aspectos da personalidade de seu amigo, que não julgava existir. Ao mesmo tempo, essa descoberta lança uma luz para questões que o intrigavam a muito tempo.

— Eu não acredito que você lançou uma maldição Imperium no rapaz.

— Era isso ou vê-lo ir embora – Dumbledore recolhe sua varinha – você sabe muito bem que não há como essas crianças se esconderem de Grindelwald, se este decidir encontrá-los.

— Eu sei disso, Alvo...

— Nós precisamos que ele retire o que está naquele casarão hoje – Dumbledore olha para o jovem paralisado à sua frente – não há como recuar. Além disso, se o nosso plano original falhar, ele se torna a nossa melhor chance de capturar Grindelwald.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo. Vou dar o melhor de mim para manter o cronograma já estabelecido, mas seria desonesto da minha parte se eu, como das outras vezes, garantisse um novo capítulo para daqui a 15 dias. Cruzemos os dedos.



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