Progênie Maldita escrita por MarcosFLuder


Capítulo 10
Pelo bem maior


Notas iniciais do capítulo

Capítulo 10 como prometido. Esse é o capítulo onde teremos grandes revelações, embora eu creio que os leitores mais atentos não devam ser surpreendidos Boa leitura a todos.



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LOCAL DESCONHECIDO – DOIS DIAS ANTES

Fineus acordou amarrado a uma cadeira. O local onde estava não tinha janelas, apenas uma porta servindo de entrada e saída. As paredes estavam descascadas, teias de aranha ocupavam os cantos e um ligeiro ar de mofo tomava conta do ar. O bruxo não lembrava como fora parar ali. Seu último vislumbre de consciência era de estar chegando à sua casa quando a escuridão se abateu sobre ele. Ele sentia o seu corpo tremer, um medo terrível tomando conta de seus pensamentos. O rangido da porta ao se abrir acentuou o pavor que o dominava, aumentando nele a sensação de que não sairia com vida dali. O encontro que tivera dias antes ainda estava muito fresco em sua mente. O pânico que sentiu, ao se dar conta da situação perigosa em que se encontrava, ainda estava bem vivo em seus pensamentos. A lembrança do sentimento de morte, que aquele bruxo que só vira uma vez, lhe passou, bem nítida para ele naquele momento.

Os dois homens que entraram não lhe causaram nenhuma sensação de reconhecimento. Nenhum deles se parecia com os bruxos que encontrara antes, muito menos com aquele que o deixou mais apavorado. Ainda assim, o medo não foi embora. Eram dois bruxos que nunca vira antes. Um deles tinha uma cicatriz bem evidente junto ao rosto, indo do queixo até a altura dos olhos. Este preferiu ficar junto à porta. O outro bruxo foi o que chegou próximo de onde Fineus estava. Este o viu puxar uma cadeira vazia próxima, sentando de frente a ele, que permanecia amarrado. Era um bruxo de meia-idade, uma barba longa e negra ocupando grande parte do seu rosto, onde o que mais chamava a atenção eram os olhos, de um verde muito evidente, quase como um par de esmeraldas. Foi esse bruxo que tomou a iniciativa de falar.

— Que bom que acordou meu caro – ele deu um leve sorriso enquanto falava – só esperávamos você acordar para podermos conversar.

— Quem são vocês? O que querem de mim?

— Quem nós somos não tem a menor importância para você, o importante é o que queremos – disse o homem que ficara junto à porta. Ele não sorriu; a cicatriz no rosto acentuando ainda mais o aspecto grave da figura.

— E o que vocês querem?

— Sabemos que você e outro bruxo, chamado Cataráco Burke, foram contratados para encontrar o paradeiro de uma série de objetos mágicos – o homem que estava de frente com Fineas afirmou – queremos que nos ajude a encontrar quem o contratou.

— Estão com desejo de morrer? – havia uma mistura de gracejo e temor na pergunta dele.

— Eu lhe asseguro que não – o homem de frente a Fineus respondeu jovialmente, como se este lhe tivesse perguntado se estava com fome.

— Só não podemos dizer o mesmo sobre o desejo de matar – o homem junto à porta sai de sua posição e se coloca de frente a Fineus, que sente agora um primeiro momento de ameaça.

— Meu amigo aqui possui um objeto muito cobiçado, tão cobiçado que ele precisa manter bem escondido a maior parte do tempo.

— E o que eu tenho com isso? – Fineus fez a pergunta, mesmo já tendo idéia de qual seria a resposta.

— Você e Burke podem ter ajudado a encontrar esse objeto, ainda que sem saber – respondeu o bruxo com a atitude mais ameaçadora.

— Prometeram um bom dinheiro a mim e ao Burke se encontrássemos alguma pista – Fineus disse, para logo a seguir se calar, como se algo mais tivesse a dizer.

— Mas você tinha outro motivo além de dinheiro, não é? – um dos bruxos falou, o verde dos olhos mais acentuados diante da afirmação.

— Me foi prometido voltar ao mundo Bruxo se conseguíssemos os objetos que tínhamos de encontrar – Fineus abaixa a cabeça, como que embaraçado – era como se ele adivinhasse os meus desejos mais íntimos.

— O mais provável é que ele adivinhasse mesmo – um tom ligeiramente melancólico transparecia na voz do bruxo com a cicatriz no rosto ao dizer isso – mas você se deu conta de que as promessas eram falsas.

— Eu soube coisas dele, pouca gente na Inglaterra o conhece – o olhar de Fineus é puro pavor – eu soube das coisas horríveis que ele já fez, vi logo que estava numa grande encrenca.

— Imagino que este homem lhe inspire muito medo meu caro Fineus – o bruxo com a cicatriz, que até então parecia mais agressivo, adota agora um tom mais amistoso ao falar – podemos protegê-lo da fúria dele se nos ajudar.

— Me proteger como?

— Você já ouviu falar no feitiço Fidelius? – os dois bruxos notam o ar de reconhecimento no rosto de Fineus.

— Vocês podem fazer um para mim?

— Depende do que tiver para nós – o bruxo de olhos esmeralda responde – conte-nos tudo sobre como vocês tem conseguido os objetos e manuscritos bruxos espalhados pelo mundo dos Trouxas.

— Nós usamos um grupo de jovens delinqüentes – Fineus responde – eles já trabalhavam comigo e quando o Cataráco apareceu com a proposta, tudo o que precisei foi direcioná-los para este tipo de roubos.

— Esses jovens, seriam todos Trouxas? – o bruxo com a cicatriz pergunta.

— O líder deles é um aborto – Fineus nota o olhar dos dois bruxos, a expressão no rosto deles mostrando de forma clara que eles acharam a informação relevante.

— Nós precisamos falar com esse jovem – o bruxo de olhos verdes diz – garanta que nós possamos encontrá-lo.

— O que eu ganho com isso?

— A chance de continuar vivo, acredite.

— O que mais eu teria de fazer?

— Basta que nos arranje um encontro com esse jovem aborto e seus amigos – disse o bruxo com a cicatriz – creio que precisaremos da ajuda dele para o nosso objetivo.

LOCAL DESCONHECIDO – ÉPOCA ATUAL

            As imagens ficam turvas e toda a lembrança do que ocorreu dois dias antes se esvai diante do homem cuja cicatriz ocupa grande parte do rosto. Ele ainda continua olhando sua penseira, refletindo sobre tudo o que acontecera poucas horas antes. O ataque daqueles bruxos das trevas fora rápido e brutal. Ele e seu companheiro mal tiveram tempo de salvar Fineus e escapar do local. Não chegou a visualizar quem comandara tudo, mas tinha certeza de quem fora. Aquele fora um contratempo inesperado, felizmente estava preparados para isso, e agora o que lhes restava era esperar, ali, no mesmo local onde interrogara Fineus antes, pelo resultado do plano alternativo que traçara junto com seu parceiro.

Ele sempre fora um homem precavido, sempre consciente da necessidade de estar preparado para contratempos. Sabia que precisava ter uma alternativa, caso o plano original de capturar o bruxo que causara uma ferida profunda em sua vida, falhasse. Essa alternativa agora era Adam Campbell e seus amigos. Seus pensamentos são interrompidos com as batidas na porta, os gritos distantes que Fineus dava em sua cela. Tanto ele como seu parceiro não se mostraram preocupados, pois nada podia ser ouvido fora daquelas paredes. Tudo o que fizeram foi esperar, até que o homem aprisionado cansasse de gritar, com o silêncio voltando a imperar.

A cela onde estava Fineus se localizava numa casa abandonada, num bairro afastado de Londres. Após os gritos do bruxo cessarem, o homem com a cicatriz no rosto se dedicou a olhar pela janela, vislumbrando a noite fria e estrelada. Ele estava perdido em seus pensamentos, mal notando o outro bruxo sentado numa cadeira simples, bebendo cerveja amanteigada numa grande caneca, também perdido em seus pensamentos. Ambos os bruxos estavam sem se falar a um bom tempo, um silêncio incômodo pairando sobre os dois. Eles estavam preocupados com os objetivos que tinham em mente, embora não fosse apenas isso que ocupasse suas mentes, o que o barulho excessivamente estrepitoso da caneca sendo colocada sobre a mesa deixou muito claro.             

— Você tem alguma coisa a dizer? – o bruxo com a cicatriz no rosto perguntou.

— Precisamos falar sobre o que aconteceu no galpão – o outro bruxo tinha um ar muito grave em seu rosto – estou muito preocupado com os rumos que tudo está tomando.

— Poupe-me do seu sermão meu caro – ele passava o dedo na cicatriz enquanto dizia isso – nós fizemos o que era necessário fazer.

— Aquelas pessoas no galpão morreram por nossa causa – o bruxo se levanta abruptamente de sua cadeira, um gesto que poderia deixar outra pessoa apreensiva sobre suas intenções, mas que em nada afeta a postura do bruxo com a cicatriz no rosto.

— Eles eram criminosos, como o nosso amigo no quarto ao lado – ele respondeu com um tom de voz pausado, além de uma visível frieza no rosto.

— Isso não é justificativa!

— Você sabe muito bem contra quem estamos lutando, e o perigo que ele representa.

— Eu sei, e por isso mesmo que estou preocupado com tudo o que está acontecendo – ele se aproxima do companheiro – nós estamos mandando um bando de crianças para o que pode ser a morte certa – o tom de voz era calmo, mas era visível a irritação.

— Tudo pode acabar bem se o jovem senhor Campbell seguir as nossas instruções – o bruxo com a cicatriz se serve de um bom gole de cerveja amanteigada, mas em seu rosto é possível notar algumas rugas de preocupação.

            O silêncio voltou a pairar no ar, com os dois bruxos encarando uma ao outro, tudo isso durante um breve período de tempo. O bruxo com a cicatriz no rosto viu o seu colega suspirar, o corpo permanecer numa postura ereta, a respiração acalmar-se, para logo em seguir ocorrer a transformação. A figura diante dele mudou sua aparência, ainda era a de um homem de meia-idade, mas a longa barba negra dando lugar a um rosto de visão “limpa”, onde era possível ver as marcas do tempo. Não havia surpresa no bruxo com a cicatriz no rosto, que logo começou a se transformar também. A primeira diferença em sua aparência foi o sumiço da cicatriz, que tão bem o marcava perante todos que o encontravam. O rosto dele ganhou uma longa barba, com fios grisalhos já bem proeminentes, o cabelo cresceu, mudando também a cor dos olhos.

— Nós tínhamos combinado manter as nossas aparências daquela forma enquanto tudo não tivesse sido resolvido, Flamel – o bruxo disse, a mão indo até o rosto para tocar a cicatriz, mas apenas encontrando a barba que tanto o distinguia.

— Estou cansando desse disfarce Alvo – o bruxo chamado Flamel retorquiu – muito coisa, aliás, está me cansando, se quer saber.

— Eu preferia não ter de saber, mas creio que isso não é algo que dependa da minha preferência, não é mesmo?

— Você me procurou por ajuda e eu estou disposto a continuar te apoiando, pois entendo a ameaça que estamos enfrentando – Flamel procurou moderar o seu tom de voz, pois queria muito que aquela conversa chegasse a bom termo – mas eu preciso saber até que ponto você está disposto a ir, Alvo. E não me venha com essa história de que é tudo “pelo bem maior”. Vou te azarar aqui mesmo se fizer isso.

            Flamel viu o homem que conhecia a tantos anos suspirar profundamente. Ele tratou de sentar, ainda envolto em grave silêncio. A falta de resposta não incomodava, pois entendia que seu amigo precisava refletir muito antes de falar. Tratou de sentar também, esperando com muita paciência que a resposta de suas indagações lhe fosse dada. Enquanto nada era dito, ele tratou de olhar para o homem diante dele. Sabia dos conflitos que assombravam sua mente, dos medos que rondavam seus pensamentos. Era um dos poucos que conhecia a culpa que o consumia. Por isso mesmo entendia a necessidade de terem essa conversa.

— O ataque ocorreu antes do que previmos, nem tivemos tempo de preparar o lugar com feitiços que nos permitissem resistir até a chegada dos Aurores – ele disse, a face mostrando um grande cansaço – nem era para aqueles Trouxas estarem no galpão quando ocorresse, mas você também sabe que não havia nada que nós poderíamos fazer por eles. Tudo o que nos restava fazer era pegar o Fineus e escapar.

— Eu sei disso Alvo – Flameu responde – mas precisava ouvir isso de você também.

— Você também tem problemas com o plano envolvendo o jovem senhor Campbell e seus amigos?

— Eu concordei com o plano desde o início, não foi? Não estou me eximindo das minhas responsabilidades Alvo, mas eu preciso ter certeza de uma coisa.

— E o que seria?

— Eles são apenas crianças, Alvo – a voz de Flameu adquire um tom bem grave, ele inclina seu corpo na direção do amigo, enfatizando o que irá dizer – não podemos simplesmente jogá-los aos dragões só para conseguir o que queremos. Depois de tudo o que aconteceu, já passou da hora de você entender que não existe isso de “pelo bem maior”.

— Eu sei que não, Flamel – Alvo Dumbledore afundou-se na cadeira, um cansaço mais mental do que físico tomando conta dele – mas depois do que aconteceu no galpão, você sabe que a melhor chance de pegá-lo é usar os garotos como isca. Nós preparamos o jovem senhor Campbell muito bem. Ele irá conseguir.

— Eu não sei – Flamel respondeu, as rugas de preocupação muito pronunciadas no rosto – se ele descobrir o que fizemos na mente do rapaz tudo irá por água abaixo.

— Eu tenho certeza de que nós fizemos um excelente trabalho – Alvo dá um sorriso cansando, tentando passar uma sensação de otimismo, mas falhando completamente – o jovem senhor Campbell levará aquele homem até onde o queremos.

BAIRRO NA ÁREA PORTUÁRIA – LONDRES TROUXA – HORAS ANTES

— Trate de manter calmo e não se mexer, meu caro – Alvo Dumbledore e o bruxo chamado Flameu apontam suas varinhas na direção de Adam, que recua assustado.

— O que estão fazendo?

— Acalme-se rapaz – agora é Flameu quem fala – é um feitiço de proteção à sua mente.

— Por que a minha mente precisaria de proteção?

— Talvez ela não precise – Flameu respondeu – é só uma alternativa caso o nosso plano original não dê certo.

— Do que estão falando?

— Porque talvez você tenha de lidar com um dos bruxos mais poderosos que existem – Dumbledore respondeu – alguém capaz de conhecer a fundo os seus pensamentos. Ele não pode sequer desconfiar da sua ligação conosco.

— O que esse feitiço fará comigo?

— Irá garantir que você possa proteger sua mente dele – Flameu respondeu – mas você terá de escolher com muita sabedoria os momentos em que irá se utilizar disso, pois não é algo permanente, muito pelo contrário.

— Você só poderá fazer isso por alguns minutos – Dumbledore continua com a varinha apontada para Adam – e talvez só dê para fazer isso uma vez, pois dependerá muito da sua força de vontade. Agora trate de se manter quieto para não me atrapalhar, pois esse é um feitiço muito complexo.

            Adam se manteve quieto, apenas ouvindo os bruxos dizendo algumas palavras que ele mal compreendia. Sentiu o feitiço em seu corpo, principalmente em seus pensamentos. Ele tentou se manter calmo, mas o tremor em seu corpo, a dificuldade de respirar, o coração acelerado, deixavam muito claro o medo que sentia. Pensar em Ivy ajudou a mantê-lo firme. Saber que ela corria perigo e que precisava protegê-la lhe deu a coragem necessária para suportar a tensão que corria dentro de si. Queria vê-la agora, saber que estava ali perto, no entanto, já era encorajamento suficiente para ele.

— Pronto, terminamos – Dumbledore e Flameu buscaram cada um, uma cadeira para sentar. Adam viu no semblante de ambos os rostos, a dificuldade que deve ter sido a realização de tal feitiço – eu creio que agora você estará pronto, caso precise lidar com o que terá de enfrentar.

BAIRRO NA ÁREA PORTUÁRIA – LONDRES TROUXA – TEMPO ATUAL

            Adam parou o carro quase em frente ao galpão de onde saíram naquele mesmo dia. Os jovens saltam dele apressados, todos com expressões cansadas em seus rostos. Tom ainda está ardendo em curiosidade sobre o que teria na caixa, mas sabia que seria perda de tempo tentar convencer Adam a abri-la. A viagem de carro deles havia sido devagar e cansativa, quase não falaram nada durante o trajeto. Era visível para o jovem bruxo que todos ali queriam acabar logo com aquela situação. Eles seguem caminhando até a porta do galpão, com Adam sendo o primeiro a notar algo estranho.

— As luzes estão totalmente apagadas – ele faz com que todos parem ao seu sinal.

— O que acha, Adam – Ivy é quem pergunta.

— Eu vou entrar – ele responde.

— Deixe-me ir com você – a voz de Tom atrai a atenção de todo mundo. Adam olha para ele de modo significativo antes de voltar a falar.

— Tudo bem – Adam não parece notar o espanto dos outros ao ouvirem o que acabara de dizer – o restante de vocês fiquem atentos.

A primeira coisa que Adam e Tom notam é a porta do galpão aberta. Eles entram no local, que está totalmente envolto em escuridão, nenhum som vindo dele. O silêncio em volta assusta. Até mesmo Adam mantém um caminhar hesitante. Tom sente algo familiar, mas não consegue atinar o que seja. É uma sensação opressiva, como algo a ponto de acontecer. Um som é ouvido, uma única palavra. Para Adam não quer dizer nada, mas Tom a reconhece como um feitiço. No mesmo instante, uma luz muito forte ilumina todo o galpão. O que a luz revela é algo assustador, tornando real todo o sentimento opressivo que tomava conta do jovem sonserino.

— O que aconteceu aqui? – havia uma mistura de medo e surpresa na voz de Adam.

            Aquele era um espetáculo horripilante. Várias pessoas jaziam mortas, os corpos espalhados por todo o galpão. Uma expressão de terror no rosto de todas elas, mas nada que indicasse um motivo para estarem mortas. Nenhum sinal de violência presente, nada de marcas ou mesmo sangue, apenas a visão da morte, ganhando um ar macabro pela iluminação do ambiente. Adam e Tom os reconheciam como os mesmos que já estavam aqui quando vieram atrás de um carro. Fineus não estava entre os mortos, mas Adam indagou para si mesmo se o corpo dele não estaria na sala particular, junto com os outros dois bruxos que conhecera horas antes. Por sua vez, Tom olhou para tudo aquilo com uma expressão de espanto, imaginando o que poderia ter causado o que estavam vendo.

            Tom e Adam se viraram na direção da porta por onde entraram, ao ouvirem novos gritos. Um grito feminino em especial chamou a atenção de ambos. Sam, Albert e Ivy apareceram, cada um sendo quase carregados por sujeitos de aparência muito desagradável. Os três jovens foram empurrados na direção de Adam e Tom. Ivy correu direto para o namorado, abraçando-o e sendo correspondida. Tom mal olhou para os dois, além de ignorar Albert e Sam. O olhar dele estava fixado nos homens que os cercavam, pois outros acabaram entrando pela mesma porta.

— Temos que sair daqui, Adam – a voz de Ivy tem um tom de completo desespero, e dessa vez o jovem aluno da Sonserina não nota qualquer dissimulação da parte dela.

— Nenhum de vocês irá a qualquer lugar – um dos homens que os cercavam se fez ouvir. Ele falava um inglês com sotaque bem carregado.

— Quem são vocês? – Adam perguntou.

            A resposta deles foi uma risada baixa por parte de alguns, ou uma gargalhada assustadora por parte de outros. Um medo de verdade tomou conta do jovem sonserino, pois mesmo sendo um aluno do primeiro ano em Hogwarts já se permitira estudar sobre matérias de períodos mais avançados. De repente, as mortes diante dele faziam todo o sentido. Maldições imperdoáveis só são ensinadas em Hogwarts para os alunos a partir do quarto ano. Tom, no entanto, já as conhecia de suas leituras, ficou especialmente interessado na mais terrível delas, a que certamente causara a morte das pessoas naquele galpão. O jovem sonserino pensava em tudo isso enquanto olhava para eles, reconhecendo de imediato o que eram. Estava muito claro que eram bruxos, do tipo que não pareciam ter qualquer dificuldade em lançar um Avada Kedrava em qualquer um.

— São só um bando de Trouxas – disse o bruxo que tinha o sotaque carregado – voto para matá-los junto com os outros.

— Não creio ser uma boa idéia fazer isso, Nicolas – um outro bruxo intervém, falando um inglês perfeito; a entonação denunciando suas origens aristocráticas.

— Quem disse que eu me preocupo com a sua opinião, inglês? – o bruxo chamado Nicolas fez questão de dar um acento claramente hostil à última palavra, indicando uma rivalidade entre os dois.

— Então talvez você deva se preocupar com a minha opinião, Nicolas – uma terceira voz se fez ouvir, todos os demais bruxos se virando para ver de onde veio, uma indicação de que se tratava do líder do grupo – porque eu, Gellert Grindelwald, sou o único aqui com o poder de vida ou morte sobre estes Trouxas.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo, e curtido as revelações. Daqui a 15 dias tem mais.



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