Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 6
Mercenárias aladas.


Notas iniciais do capítulo

Quero agradecer a todos que estão tirando um pouco do seu tempo para ler Guardiões. Espero que gostem deste capítulo tanto quanto eu!



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Podia dizer com plena certeza que tive os sonhos mais estranhos em toda minha longa existência. Como se já não bastasse que a pequena gremlin povoasse meus pensamentos, agora atormentava meus sonhos também, mas sabe o que é pior? Estava ansioso para vê-la novamente. Madison tinha que ter algum tipo de poder hipnótico, porque o que estou sentindo não é normal e muito menos aceitável. Bufei encarando o teto escuro de meu quarto, em breve o sol nasceria e então poderia segui-la mais uma vez... Ou poderia passar a tarde com ela como ontem. Aaaah! O que raios estou pensando?!

Só posso está ficando maluco, pare com isso Sky! Que tipo de guardião é você? Você tem uma missão aqui, proteger todas essas pessoas inocentes aí fora, como espera fazer isso enquanto perde tempo com essa garota humana?! A parte racional de meu subconsciente berrou em minha mente. Ela também precisa ser protegida! Gritei de volta. Pelo menos era isso que queria acreditar, possivelmente não conseguiria ficar mais longe dela e tenho certeza que posso fazer as duas coisas, sei que posso. Fechei os olhos com força, então decidi levantar, não iria conseguir mais dormir de qualquer maneira mesmo, troquei de roupa já pensando em ir para a casa dela, mas antes iria comer algo, estava faminto.

Desci e fui em direção a cozinha, os primeiros feixes de luz do dia começaram a entrar pela casa, espalhando calor pelos cômodos. Encontrei Edward colocando a mesa para o café da manhã. Ele me olhou especulativo como se dissesse “hoje não vai me deixar para trás”. Dei de ombros e sentei, já pegando uma torrada e passando bastante geleia de morango.

— Quais os planos para hoje meu senhor? 

— Provavelmente o mesmo de ontem, só que não ficarei plantado naquele café. Vou aproveitar que Mady está em segurança na escola para trabalhar em meu gramofone.

— Tem certeza que aquela coisa vai voltar a funcionar? – A descrença tomou o rosto dele.

— Até você, homem de pouca fé?! – Bufei. – Mady me olhou da mesma forma ontem.

— Mady?

— É apelido Edward. Ouvi a chefe dela chamando-a assim e acho que chamá-la de pequena gremlin não seria de bom tom e ela me encheria de perguntas que não posso responder. – Edward levantou as mãos em rendição.

Engoli mais algumas torradas antes de voltar para meu esconderijo em frente a casa dela. Em breve Mady sairia para a escola, então teria que ser rápido. Porém, ao me levantar, o incômodo familiar em minha nuca resolveu aparecer. Pouco a pouco minha mente foi inundada por gritos de terror e risadas maníacas. Cerrei os dentes sabendo que dessa vez não eram as mulheres do vento. Alguma coisa bem mais forte e perigosa estava ameaçando o equilíbrio.

— Posso resolver isso meu senhor...

— Não Ed, essa responsabilidade é minha.

— Então vou vigiá-la?

Neguei com a cabeça.

— Temo que irei precisar da sua ajuda.

Minhas suspeitas foram confirmadas quando o Porsche estacionou no letreiro de Hollywood meia hora depois. Duas harpias causavam tumulto entre os turistas. As duas roubavam comida e os pertences de quem passava. Elas pareciam estar se divertindo a valer com isso. Se uma harpia já era ruim, duas era muito pior. Não tínhamos tempo a perder, logo elas se cansariam desse jogo e causariam muito mais estragos, detesto essas mercenariazinhas aladas.

— O que elas fazem aqui?

— Não faço a menor idéia Ed, mas vamos logo acabar com isso, não estou com um bom pressentimento. – Saí batendo a porta do carro, logo sendo seguido por Edward. Ambos abrimos as asas e planamos ao encontro das duas. – O que fazem aqui?

Fui ríspido de propósito, harpias não costumam seguir regras, e parecem não ter muito respeito por guardiões, logo é melhor não abrir a guarda.

— Dois guardiões? Esse é nosso dia de sorte Penye. – As duas pareciam ser irmãs, uma morena e uma loira, a loira era Penye.

— Sim, sim, Diana, podemos nos divertir com esses dois. – Penye sorriu de maneira maligna.

Já falei que detesto Harpias?

— Vocês poderiam facilitar a minha vida e simplesmente ir embora, todos sairíamos felizes.

Continuou impossível e isso só serviu para aumentar a diversão delas.

— Por que guardião? Você tem outros planos? Alguém para se encontrar? – Diana exibiu um sorrio idêntico ao da irmã. Travei o maxilar. O que elas sabiam? – Estou certa não estou? Mas lamento em dizer que não vai rolar.

Dito isso a Harpia morena voou em minha direção em velocidade vertiginosa com as garras à mostra. Desviei por milímetros. Ela deu meia volta e voltou a me atacar, mas dessa vez iria revidar.

Colidimos em pleno ar, rodopiando enquanto os punhos delas martelavam contra mim. Revidei em defesa sem realmente causar algum estrago. Grunhidos de frustração dela se misturavam as minhas explosões de respiração enquanto me defendia buscando um modo de derrubá-la. Aproveitando-se de uma pequena brecha em minha defesa, Diana me arranhou acima do ombro. A dor aguda queimou meu lado direito e o líquido quente escorreu por meu peito manchando minha camisa. A harpia sorriu satisfeita e rosnei em resposta. Iria deixar o cavalheirismo de lado. Quando ela veio para cima novamente, girei e a chutei no estômago, mandando-a em direção a montanha. A harpia atingiu a pedra com um ruído estrondoso. Pedras desintegraram e pó flutuou ao seu redor.

Diana voou de volta, atravessando a nuvem de pó. Ela se atirou contra mim parecendo verdadeiramente furiosa. Parece que consegui tirar o sorriso do rosto dela. Ponto para mim!

Ela me bateu com força me mandando direto para o chão, desculpe querida, mas não vai ser tão fácil assim. Estiquei as asas freando a queda, para em seguida voar de volta para ela. Estava decidido a lutar a sério, mas sabia que a harpia estaria esperando por isso, pronta para me golpear no momento em que estivesse em seu alcance. Ela voou em meu encontro, o olhar mortal dispensava qualquer palavra. Diana queria fazer estragos. Antes que colidíssemos mais uma vez, dei uma guinada para a direita e a golpeei conseguindo fazer contato com o lado direito dela, provavelmente causando danos a um de seus rins. Aproveitei esse momento de atordoamento de minha adversária, para verificar como Edward estava se saindo. Apenas fleches e reflexos da luta podia captar no momento, ambos se moviam em alta velocidade. No entanto tive que voltar minha atenção para minha adversária, porque um reflexo de asas negras se aproximava de mim.

A morena chutou, esmurrou e arranhou, nada me acertou. Isso estava durando mais do que imaginava e a dor no ombro fazia questão de me lembrar disso. Será que o golpe que acertei foi bem mais forte do que pensava? Claro que não foi tão forte, algo estava errado, muito errado. Essas harpias estavam agindo estranho, se bem conheço sua espécie, era para ambas estarem lutando para incapacitar e mutilar, parecia mais que estavam... Ganhando tempo! Não! Estão nos fazendo de bobos. Um rosnado subiu pela garganta, agora estava furioso. Mais uma vez Diana iniciou o ataque. Uma vez que já havia percebido o que estava acontecendo, iria acabar com a palhaçada. Desviei das garras dela e me transportei para atrás dela, com uma das mãos segurei em seus cabelos e com a outra dobrei um de seus braços para as suas costas em um ângulo doloroso.

— A brincadeira acabou harpia!

— Mas já guardião? E eu que pensei que estava se divertindo. – A voz dela transbordava escárnio. 

— Por que estão aqui? E não ouse mentir para mim!

— Já disse, estamos apenas nos divertindo... – Resposta errada, torci o braço dela, a harpia grunhiu.

— Falei para não mentir! Quem a mandou?!

— Não sei do que está falando... – Claro que não, só se tivesse nascido ontem para cair nessa. Abri as assas nos deslocando em velocidade contra a montanha, deixei que ela absorvesse todo o impacto. Havia parado de ouvir meu lado racional.

— Não é uma boa ideia irritar um guardião, não sabia que as Harpias eram suicidas também. – Pressionei a lateral de seu rosto contra a pedra e rosnei em seu ouvido, ignorando meu ombro gritando em protesto.

— Você está me seduzindo por acaso? – A ira dentro de mim se inflamou ainda mais, apertei mais o braço, um estalo chegou a meus ouvidos junto com um guincho de dor, sinal de que havia deslocado o osso.

— Diga! – Detestava estar fazendo isso, todavia só pensava que o real alvo era uma certa garota que certamente estava desprotegida nesse exato momento, e isso falou mais alto no momento. – Não ache que vou hesitar em quebrar seu braço!

— Eu não sei... Um arranjador chegou com uma proposta para mim e minha irmã...

— Quem é ele e qual proposta era essa?!

— Nunca o vimos antes, ele chegou no vilarejo perguntando por nós duas, disse que tinha um trabalho para nós, era algo simples e pagaria bem...

— Continue. – Rosnei.

— Era para nós chamarmos a atenção dos guardiões desse lugar e distraí-los por algum tempo, é só isso que sei. – Ela falava a verdade, e mesmo que soubesse quem a contratou, não tinha tempo para arrancar isso dela.

— Mande sua irmã parar...

— Penye já chega! – A harpia loira parou no mesmo instante.

— Agora... Se eu pegar alguma de vocês em meu território, não serei tão complacente. – Soltei-a. – Sumam da minha vista!

As duas não precisaram que eu repetisse e alçaram voo e sumiram por alguma abertura na realidade.  Edward planou até mim. Ele parecia bem mais machucado do que eu.

— Meu senhor...

— Vamos, não há tempo a perder. – Voei para o Porsche, destravei a porta do carona e saltei para dentro, no minuto seguinte Ed estava atrás do volante.

— Aonde vamos My Lord?

— Eu, vou encontrar Madison e você vai para casa cuidar desses machucados. – Tirei a camisa arruinada, os arranhões não eram profundos e já estavam se fechando. Gostaria de saber o que essas criaturas tem em suas garras que causam tanta dor.

— Mas senhor...

— Edward, você se recupera mais de vagar do que eu, por favor, não questione e me passe o kit de primeiros socorros.

Acabei de chatear meu amigo, mas era preciso. Não iria expor Edward a um perigo desnecessário. Peguei o kit de primeiro socorros e me apressei em fazer o curativo, enquanto isso Ed ligava o motor e dava partida. Com o ombro tratado peguei a bolsa de roupas que sempre levava debaixo do banco, peguei uma camisa limpa e a vesti.

— Tome cuidado senhor. – Foi a última coisa que ouvi antes de me transportar.

Apareci diretamente sentado em uma cadeira do lado de fora da cafeteria, na escola em frente as alunas já estavam saindo. Não acredito que demorei tanto assim. Vasculhei a rua desesperado procurando Mady. Avistei-a andando apressada em direção ao ponto de ônibus, logo atrás dela estavam três seres trajando sobretudos e chapéus e ninguém parecia vê-los. Claro que não viam, podia sentir daqui a aura deles, só não conseguia identificá-los, mas Mady podia, talvez por isso ainda não conseguiram pegá-la ainda. Estava na hora de parar essa perseguição. Olhei para os dois lados, me certificando que ninguém prestava atenção em mim e a barra estava limpa, transportei-me mais uma vez, agora fui parar bem ao lado dela e a abracei pelos ombros, engoli um gemido. Machuquei o ombro em processo de cura. Madison se encolheu com meu toque, provavelmente pensando que havia sido alcançada.

— Algum problema Mady? Parece assustada. – Ela suspirou.

Agradou-me saber que a pequena gremlin se sente segura ao meu lado e me agradaria bem mais se essa garota tão frágil não fosse um ímã para problemas. Já deveria estar acostumado, pois nada de valor vem de maneira fácil.


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Notas finais do capítulo

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