Era bom finalmente desfrutar de um banho quente sentiam-me renovado nem parecia que havia acabado de me recuperar de ferimento. Vesti a roupa de baixo e em seguida a calça. O banheiro do quarto que nos deram era quase tão grande quanto o cômodo onde era localizado. Aparentemente o conselheiro Alterf gosta de conforto e se não fosse pela localização não me incomodaria de viver por aqui com minha Elizabeth. Ah Elizabeth como pode desestabilizar toda minha estrutura com apenas um olhar?

Sei que ainda se sente culpada pelo que aconteceu naquele fatídico bosque enfeitiçado. O quê posso fazer para mostrar a ele que nada mudou no que sinto por ela?
Suspirei sem conseguir ter a idéia do que fazer.

Saí do banheiro enxugando os cachos com a toalha de rosto e fui até a mochila em cima da escrivaninha ao lado da janela por onde os raios do sol do meio dia entravam aquecendo o quarto. Abri o zíper da bolsa e comecei a cavoucar em busca do que queria. Foi então que um par de braços finos envolveu meu quadril. A respiração quente contra a pele de minhas costas nuas arrepiou até o último fio de cabelo presente em meu corpo.

— Que bom que acordou fada. - Virei-me para poder vê-la.

Seus olhos castanhos viajaram por meu dorso parando em um ponto específico de meu abdômen. Os dedos finos traçaram a linha tênue cor de Rosa que era a cicatriz que marcaria para sempre meu corpo.

— Será que um dia irei conseguir me perdoar pelo que fiz a você? – A voz tristonha de minha Elizabeth partiu meu coração.

— Sinceramente espero que sim. - Segurei sua mão e a trouxe até meus lábios onde beijei-lhe a palma. – Só que saiba que nada vai mudar o que sinto por você meu amor.

— Talvez... Esse seja o tipo de coisa que somente o tempo pode curar.

— Posso esperar com toda certeza. - Segurei seu queixo entre o indicador e o polegar e então toquei os lábios dela com os meus.

Fora apenas um selinho, mas foi o suficiente para acender todo meu desejo e amor por ela. Meus instintos mais primitivos gritavam por mais. 
No entanto iria respeitar o espaço dela faria tudo de acordo com o ritmo dela.

— Obrigada. - Lizie abraçou-me é deitou a cabeça em meu peito. E no momento ela precisava de meu carinho e de minha compreensão. - Seu coração está acelerado. - Mesmo não sendo nada fácil disfarçar o efeito que tem sobre mim.

— Foi o beijo. - Confessei contente.

— Tão sincero. - Ela riu e inspirou meu cheiro fazendo-me ficar mais arrepiado e mais desejoso. Ajuda-me Lizie. - Tão cheiroso.

— É essência de guardião fragrância Edward. - Afaguei os cabelos dela. Se ela soubesse que tem um cheiro tão bom quanto. – Você sabe como melhorar meu humor.

— Fico feliz em saber disso. Porque sempre darei tudo de mim para tornar cada um de seus dias os melhores.

Não sei por quanto tempo ficamos assim apenas abraçados. Mas tinha a certeza que poderia ficar dessa maneira para sempre.

— Quer sair para explorar? - A morena quebrou o silêncio que havia se instalado entre nós.

— Boa ideia.  - Na verdade queria mesmo era continuar juntinho a ela, mas ficava cada minuto mais difícil tê-la tão perto e ao mesmo tempo tão longe.

— Vou tomar um banho e trocar essa roupa. Espera-me?

— Esperarei o tempo que for preciso. - Beijei-lhe a testa e a deixei sair de meus braços deixando para trás apenas a sensação boa de seu corpo contra o meu. 

Estava em duvida se vestia uma de minhas camisas de linho ou as camisas de linho. A variedade era tanta que fiquei indeciso. Depois de muita duvida escolhi uma camisa de linho. Céus! Preciso voltar para a civilização de preferência onde tenha uma lojinha que não venda nada feito de linho.

 Sentei na cama e calcei as botas. Deitei na cama deixando os pés apoiados no chão. Estava com os olhos fechados quando ouvi a porta do banheiro abrir e os paços leves dela ecoar pelo cômodo.

— Edward? Não acredito que dormiu nem demorei tanto assim. – A voz levemente indignada era engraçada.

— Pensei que soubesse que nós guardiões somos dvds. – Sorri a imaginando com o cenho franzido. - Deita, vira e dorme. - Abri os olhos a tempo de vê-la revirando os delas.

— Céus Ed! Vou acabar te proibindo de fazer essas piadas. Estão cada vez piores.

— Fazer o quê se meu senso de humor é refinado?

— Ham ram. - Lizie tentou ficar séria. Missão que acabou falhando, alarguei ainda mais meu sorriso. - Vamos senhor humor refinado.

— Mas é claro minha fada seu desejo é uma ordem. – Levantei e a abracei de lado.

Saímos do quarto bem no momento em que lorde Sky e agora recém descoberta lady Madison saiam do deles.

— Lizie! Estava mesmo querendo falar com você. - A loira soltou-se do braço do namorado e veio até nós. - Você tem um compromisso agora? – A guardiã parecia ansiosa.

— Eu e Edward iríamos apenas dá uma volta pelo castelo, mas podemos fazer isso depois não é? – A morena me olhou com os grandes olhos castanhos transbordando curiosidade. 

— Claro fada. - Sorri para ela. Prontamente as duas garotas uniram os braços extremamente contentes. Agora quem estava curioso era eu. - Posso saber o assunto dessa tal conversa minha senhora? – Olhei para a garota loira.

— É papo de garota e corta essa de minha senhora. - A guardiã socou meu braço. 

— Aí tudo bem. Não está aqui quem falou. – Ergui os braços em rendição.

— Ótimo. Até logo rapazes. - As duas saíram aos risinhos nos deixando para trás confusos.

— Devemos nos preocupar meu senhor?

— Creio que não meu amigo. - Lorde Sky estava com o mesmo meio sorriso bobo de quando está com a namorada. Será que fico assim também? - Mas se eu soubesse que o segredo para que você parasse com essa formalidade era um simples soco já teria feito isso. - Me limitei a dá de ombros.

Descemos os dois para o térreo. O salão principal estava quase vazio a não ser por algumas sentinelas que montavam guarda em frente à porta que dava para a saída.

— Rapazes! - O conselheiro alterf saiu de uma porta lateral. - Queria mesmo falar com os dois. - Troquei um olhar com lorde Sky. - Ah não sintam-se intimidados, por favor. – Suspirei resignado e o seguimos. 

 O cômodo era um escritório mobilhado com o mesmo esmero que os demais recintos. O guardião nos esperava sentado imponente em uma cadeira que mais parecia um trono.

— Vamos meninos sentem-se. - Sentamos em duas poltronas excepcionalmente confortáveis. Esperamos que ele iniciasse a conversa. - Onde estão as meninas?

— Andando pelo Castelo senhor.

— Por favor, Sky nada de senhor. Não estamos em Guardia e praticamente te vi crescer. Você se parecesse tanto com seu pai que tenho de me esforçar para não chamá-lo de Lich. Isso seria bastante embaraçoso. - O homem riu alto a cabeleira loira esvoaçando a sua volta. - Não quero ser indiscreto, mas anseio em saber como minha filha está reagindo a tudo que foi dito.  Creio que ela lhe contou já que percebi que os dois são próximos. – Bota próximos nisso. Ri mentalmente. As maçãs do rosto de lorde Sky se tingiram levemente de vermelho.

— Mady só precisa de tempo para absorver toda essa informação. – O guardião moreno se recostou-se no encosto da cadeira e cruzou as pernas claramente para disfarçar o constrangimento. O pai da loira pareceu não ter percebido isso.

— Gostaria de restituir a ela tudo que lhe foi tirado começando pela presença de um pai em sua vida, depois a cadeira no Conselho que é por direito dela como minha descendente direta e o mais importante sua verdadeira identidade para sim poder andar por aí com a certeza de quem realmente é sem ter medo. - O conselheiro entrelaçou os dedos sobre o colo. As feições graves denotavam o quanto estava decidido. - Mas receio que ainda não seja seguro. Não enquanto não pegarmos aquele verme traidor que tem por nome Lesath. Tenho certeza de que ele cantará como um passarinho os nomes de todos os envolvidos só para salvar a própria pele.

— Tenho certeza disso. - Me intrometi. - Mas se me permite perguntar. O senhor não pensa em voltar para seu lugar no conselho?

— De jeito nenhum me rapaz! Perdi minha fé naqueles homens quando me forçaram a deixar minha família. Creio que aquele conselho precisa de uma renovação. Salvo por Lich e Ross que permaneceram incorruptíveis os outros se afogaram em suas visões distorcidas de grandeza. "O conselho de guardia precisa de jovens que tenham a mente limpa e acessível aos novos tempos.”

— É uma visão altruísta que de certa forma enche-me de esperança de que em um futuro próximo poderei viver com minha Elizabeth sem me preocupar em está colocando-a em risco.

— Certamente meu jovem. E tenha a certeza de que terá meu apoio. Não permitirei que outras famílias sejam separadas.  - Um sentimento de admiração por aquele guardião começava a crescer em meu peito. - Mas por hora tenho algo em mente e preciso da opinião sincera dos dois.

— Somos todo ouvidos. - Lorde Sky assentiu educadamente.

— Quero apresentar minha família para esse povo que acolheu-me e vive sob meus cuidados e para isso pensei em fazer um baile. Assim darei diversão que algo tão escasso por aqui e compartilharei minha alegria. Acham que Mady aceitaria participar?

— Tenho certeza de que as garotas irão ficar felicíssimas.

            Eu estava certo. As garotas ficaram entusiasmadas com a noticia do baile, o que eu não contava era que quando o grande dia chegasse Elizabeth se bandeasse para o quarto de Mady e lorde Sky e ficassem lá com a senhora Clark se arrumando. Detalhe isso foi logo depois do café da manhã, restando a mim e lorde Sky ajudar na decoração.

            Ficamos a manhã inteira carregando caixas para a cozinha decorando o salão principal. Não que eu me importe em ajudar. Longe disso. Era só que... Ficar longe dela estava me agoniando. E pelos suspiros ocasionais do guardião moreno ele se sentia da mesma forma.

— Hey rapazes que caras são essas? Estão com fome? – Lorde Alterf colocou uma caixa com mais enfeites ao nosso lado.

— Por incrível que pareça não. – Passei a guirlanda para lorde Sky que estava empoleirado em uma escada colocando os enfeites suspensos.

— Hum. Então estão de cara amarrada porque as prometidas de vocês estão se embelezando longe dos olhos curiosos dos dois. – Ele riu das nossas caras emburradas. – Céus! O amor juvenil é tão revigorante. – Ele deu leves tapinhas em minhas costas. – Tenham paciência. Tenho certeza que não irão se decepcionar.

— Disso não tenho duvida. É esse suspense que me mata. – Lorde Sky desceu da escada e sentou no ultimo degrau.

— Certo rapazes. Vamos terminar isso para que possam se arrumar para só assim matarem a curiosidade de vocês.

            O difícil não foi terminar a decoração, mas sim entender como vestia as peças de roupas que nos foram dadas. Ficamos alguns minutos de toalha encarando o vestuário sobre a cama.

— Acho que vestimos aquela calça depois a túnica por cima. Depois colocamos o cinto e por ultimo a capa. Só não tenho certeza se que essa calça deveria ser assim tão justa. – Franzi o cenho na duvida.

— Vamos lá. – Lorde Sky pegou a tal da calça de cantor country desconfiado.

            Depois de muita luta conseguimos finalmente nos vestir. Descemos para o grande salão onde algumas pessoas já começavam a chegar. A pedido do anfitrião fomos ajudá-lo a receber os convidados. Quase que involuntariamente olhava a cada minuto para a escadaria na expectativa de vê-la finalmente. 

            Foi quando um arauto tocou a corneta que tive a certeza de que a espera havia acabado. No alto da escadaria estavam as três criaturas mais lindas que já havia visto. Minha atenção era toda dela. Nada mais a minha volta importava.

— Acorde Edward. Você está babando. – Lorde Alterf riu. – Venha. Vamos recebê-las.

            Nos postamos os três perfilados no final da escadaria, fiquei no final da fila ansioso para tê-la finalmente em meus braços. Mady foi a primeira a descer.

— Está linda minha princesa. – A guardiã foi recebida pelo pai que deu-lhe um beijo na testa e entregou sua mão a lorde Sky que apreço-se a curvar-se em uma pequena reverencia e beijou-lhe a mão. 

            Tremia na base quando Elizabeth foi recebida pelo lorde e também foi recebida com um beijo carinhoso na testa e então sua mão foi entregue a mim. Curvei-me e beijei-lhe a mão.

— Exagerei?

— Está perfeita minha fada. – Sorri embriagado com sua beleza.