Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 41
Explicações.




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Ficamos todos estáticos com a visão da senhora Clark na entrada do castelo cuja identidade do dono era um mistério. O que está acontecendo aqui? Era a pergunta que girava em minha mente incessantemente. Mady parecendo acordar do pequeno momento de torpor correu meio trôpega ao encontro da mãe. As duas se encontraram em um abraço apertado cheio de saudade.

— Edward! - Elizabeth se agarrou a Edward. - Você está bem?! Te machucaram?!

— Estou bem fada. - Ed a abraçou e beijou-lhe a testa.

Mantemos uma pequena distância para que as duas tivessem um pouco de privacidade nesse momento de reencontro.

— Ah querida. - A Clark mais velha segurou o rosto da filha entre as mãos procurando por qualquer coisa que estivesse fora do lugar. Ao ter certeza que estava tudo certo voltou a apertá-la em seus braços. - Estava tão preocupada. - Não contive o sorriso satisfeito. Finalmente minha Mady teria um pouco de sua felicidade de volta.

— Mamãe. - A voz trêmula da guardiã denunciou que estava chorando. 

— Ah! Finalmente! - Logo atrás das duas mulheres um vulto surgiu. Todos incluso mãe e filha olharam em direção ao dono daquela voz grave.

Pela mesma porta que há alguns minutos atrás a senhora Clark saiu. Agora saia um homem alto e robusto trajando vestes dignas de um nobre. Os cabelos loiros e os olhos azuis gelo não deixavam dúvidas de quem se tratava.

Se tratava do conselheiro que há muito tempo havia desaparecido. O pai de minha namorada que agora olhava para o pai com um misto de espanto e curiosidade. Enquanto a mãe circundava o quadril do recém chegado exibindo um sorriso gigantesco a filha deu alguns passos para trás batendo com as costas em mim; prontamente a abracei por trás protetoramente. O homem loiro pareceu achar graça.

— Venham. Creio que há muito a ser dito e lá dentro será um lugar mais adequado para isso.

Mady parecia ter criado raízes no lugar, pois não fez nenhuma menção de seguir os pais para dentro da construção fortificada enquanto os pais voltavam para dentro do castelo.

— Vai ficar tudo bem. Estamos aqui com você.  - Peguei sua mão para só agora ver que estava ferida provavelmente os pequenos arranhões foram causados pelo soco que dera no elmo do chefe da guarda. -  Cuidarei disso lá dentro. Está bem?  - A loira afirmou com um manear de cabeça.

            A abracei pela cintura e então entramos na construção fortificada, Edward e Elizabeth vieram logo atrás. Seguimos os pais dela pelo grande salão onde se podia ver vários estandartes que exibiam estandartes com um leão dourando rugindo em fundo púrpura. O mesmo brasão também estava presentes em escudos e esculpido em algumas portas que pude ver.

            Os seguimos até uma sala onde uma grande mesa retangular rodeada por varias cadeira de espaldo alto. Deve ser aqui onde as reuniões são feitas. Lorde Alterf sentou-se na cabeceira da mesa e a senhora Clark a sua direita.

— Por onde posso começar...

— Com todo respeito lorde Alterf. – O interrompi. O conselheiro reclinou a cabeça para o lado olhando-me curioso esperando pelo motivo de tê-lo interrompido. – Antes de qualquer explicação ser dada, preciso tratar da mão de Madison. – Ambos os pais franziram o cenho. Fechei os olhos me dando conta do duplo sentindo da frase que acabara de falar. – Ham... – Engoli em seco. – A mão dela está machucada... – Ouvi o risinho de Edward diante da pequena saia justa que me meti.

— Ah. Claro. – O homem loiro peguei uma sineta que estava sobre a mesa e a tocou. Prontamente uma mulher de meia idade entrou na sala.

— Em que posso servi-lo meu senhor? – A mulher fez uma pequena reverencia e nos lançou olhares curiosos mal disfarçados se demorando um pouco mais em Mady. Os olhos verdes se iluminaram em reconhecimento antes de voltar a atenção para seu senhor.

— Traga o quite de primeiro socorros.

— Sim meu senhor. – Esperamos que ela saísse para retomar a conversa.

— Mady Querida. Deixe-me ver sua mão.

— Não é nada grave mamãe. – Mady sorriu sem jeito. A mãe percebendo o desconforto da filha sentou-se suspirando. A criada não tardou a retornar trazendo uma caixinha branca em cima de uma bandeja. Ela colocou o objeto sobre a mesa e apreçou-se a sair.

— Muito bem. Agora podemos começar. – Assentimos para o homem. Abria a caixinha e procurei pelo anti-séptico e ao encontrar despejei em um algodão e comecei a limpar os arranhões na mão de Mady que se cicatrizavam vagarosamente. – Primeiro é necessário que saiba. – Alterf prendeu o olhar da filha. – Nunca de maneira alguma quis deixá-la. Você e sua mão são o que mais tenho de preciosos. Vivi todo esse tempo incompleto... Dilacerado.

— Então porque nos deixou? – A voz da guardiã era baixa, mas não deixava de ser firme. Enrolei as ataduras em volta do punho dela finalizando o curativo.

— Fui obrigado querida. – Ele suspirou pesadamente. – Quando se é um imortal e ver tudo a sua volta se modificando e você é o único que permanece o mesmo começa a ficar deprimido. Todos meus companheiros conselheiros já tinham suas famílias, filhos e eu estava sozinho até então.  Então um belo dia, decidi fazer um passeio pela terra e foi quando encontrei Agatha. O sentimento fora tão arrebatador que cheguei a pensar que estivesse louco. – O conselheiro riu divertido. Ao meu lado Madison corou violentamente do outro lado da mesa a mãe parecia tão vermelha quanto a filha.

            “Os dias que fiquei com ela foram os que mais me senti vivo. Não a deixaria por nada nesse mundo ou em qualquer outro; mas estava terrivelmente equivocado. Os conselheiros souberam e me convocaram de volta. No auge de minha ingenuidade pensei que entenderiam... Ah como estava enganado. Somente Lich e Ross sua esposa ficaram do meu lado e enfrentaram Acrab que conseguiu colocar os outros conselheiros contra mim e decretou que eu nunca mais voltaria a terra ou veria Agatha. Nunca havia me sentido tão traído em toda minha existência.”

            “Transtornado fugi de Guardia. Ainda me escondi na terra com minha amada por algum tempo. Tempo suficiente para descobrir que seria pai. Minha alegria estaria completa se Lich não arranjasse um jeito de avisar-me que Acrab estava a minha procura. Temendo o pior exilei-me da terra e viajei para cá a dimensão cujo conselho dos guardiões não poderia me alcançar.”

            Mesmo longe sempre estive de olho em vocês duas, sempre atento a qualquer coisa que fosse um perigo para as duas.”

— Sinto em dizer, mas o senhor fez um péssimo trabalho. – Mady cruzou os braços. Pigarreei engolindo a súbita vontade de rir. – Fui cassada e quase morta. Não lembro de nada que tenha a respeito disso. Foi Sky que salvou-me todas as vezes! – Edward e Elizabeth estavam com os olhos arregalados diante da audácia da garota loira. 

— Entendo sua revolta...

— Revolta?! Você nunca vai entender. Nunca vai entender o que senti quando descobri que não era humana e não sabia nada de minha origem! Fiquei sozinha porque levaram minha mãe e viriam atrás de mim e nem ao menos sabia o motivo!

— Mady querida... Escute seu pai.

— Porque deveria mãe? A senhora também pelo que posso ver ainda me esconde algumas coisas. Pensei que estivesse em perigo, arrisquei minha vida e a vida de meus amigos procurado por você, no entanto você estava aqui cercada pelo luxo e vivendo um conto de fada. Porque deveria me arriscar a ser enganada novamente?  – A guardiã fez menção de levantar. Repousei a mão em seu ombro.

— Escute-os, por favor.

— Sky... – Ela me olhou suplicante.

— Meus pais ficaram do lado do seu quando ninguém mais ficou e confio no julgamento deles. – A loira me encarou decidia por longos minutos antes de voltar a sentar se dando por vencida.

— Obrigado. – O lorde guardião assentiu agradecido. – Quando disse que estive atento me referi que deixei seres de confiança de olho em vocês. Fiquei alarmado ao receber a noticia pelas mulheres do vento de que você foi salva por um guardião.

— Mulheres do vento? É sério? – Edward ergueu uma das sobrancelhas incrédulo.

— Não se engane meu jovem. As mulheres do vento são mais confiáveis do que aparentam.

— Então foi você que me mandou aquela mensagem. De que Mady precisaria ser protegida. – Intrometi-me na conversa também.

— Não. Elas fizeram isso por conta própria e pelo que vejo acertaram em confiar em você. – Desviei um pouco do olhar perscrutador dele. Sentia as bochechas arderem. – Como dizia anteriormente. Fiquei preocupado com esse guardião perto de minha filha, não sabia as intenções dele e temia que o conselho tivesse descoberto a identidade de Madison. Quando aquelas harpias apareceram soube que estava na hora de interferir diretamente.

            “Mandei Hugo para trazê-la até mim em seguida iria buscar Agatha, mas meus planos foram frustrados. O Tal guardião derrotou meu criado.

— Hugo é o lobo caçador que me seqüestrou? Desculpe dizer, mas suas companhias são piores do que as suas tentativas de manter segura. – É impressão minha ou minha namorada está com um humor bem acido hoje? Talvez tenha sido a noite mal dormido que teve.

— Nesse tempo que estou nessas terras esquecidas aprendi a não julgar pelas aparências. Hugo é um servo leal que até então nunca havia falhado comigo e graças a ele que consegui salvar sua mãe. As mulheres do vento trouxeram a aterradora noticia de que um trio de homens ursos havia levado Agatha. Por sorte conseguimos interceptá-los, mas não pude fazer nada a respeito de Lesath aquele maldito verme... – O guardião fechou os punhos com força sobre a mesa. Ele respirou fundo buscando pela calma antes de continuar o relato. – Fiquei aliviado ao saber que você fora salva a tempo e desde então venho seguindo o rastro aquele traidor de uma figa. É isso.

            Todos na mesa ficaram em silencio digerindo os fatos expostos ali. Por fim sem mais nada a ser dito saímos daquela sala de reunião. Gostaria de dizer que tudo estava resolvido, mas a nuvem de tensão que pairava sobre nós deixava claro que não estava. Confiança não é algo que se restabelece tão facilmente.

            Mesmo sob os protestos de Madison aceitamos ficar no castelo. Sabia que ela estava magoada e desconfiada, mas não queria que se afastasse dos pais. Não depois de todo esse tempo distantes. Subimos para o segundo andar da construção com dona Agatha em nosso encalço.

— Podem escolher qualquer um dos quartos. – A senhora mostrou as portas de carvalho.

— Sky e eu ficaremos com esse. – A loira agarrou-se a mim. A mãe franziu o cenho sem entender para logo em seguida os olhos castanhos iluminarem-se em compreensão. E então lançou um olhar ‘de precisamos conversar’ para a filha.

— Ham... Desculpe mãe, mas acho que preciso de um banho. – Mady engoliu em seco. Elizabeth e Edward passaram por nós entrando no quarto ao lado.

            Parecendo que estava fugindo de um monstro terrível a guardião puxou-me para dentro do quarto fechando a porta atrás de si.

— O que foi isso? – Achei graça.

— Não ouse rir Sky. – Ela fechou a cara emburrada. – Estou imaginado que mamãe vai querer ter aquela conversa assim que me pegar desprevenido. – Ri alto. – Sabia que está mexendo com fogo?

— Claro que sei sininho. Conheço a namorada que tenho; mas é irresistível vê-la envergonhada.

— Desisto você não tem jeito. – Ela jogou os braços para o ar e sentou na grande cama de dossel.

— Como está se sentido?  - Sentei-me ao lado dela.  

— Confusa...

— Entendo. – A abracei pelos ombros.

— Você confia nele? – Ela ergueu a cabeça buscando meu olhar.

— Ele pareceu sincero.

— Ainda não sei o que pensar.

— Vamos dar tempo ao tempo. Por agora você precisa descansar. A senhorita está com o humor de um urso que saiu da hibernação.

— Poderia ficar ofendida sabia? – A guardião estreitou os olhos. – Mas estou cansada demais para isso. – Ela reprimiu um bocejo. – Fica comigo?

— Claro que sim.

            Tiramos as botas e nos aconchegamos na cama abraçados uma ao outro. As pernas enroscadas, sua cabeça contra mim e as mãos agarradas a minha camisa. Afaguei seus cabelos, não demorou para que a respiração dela ficasse lenta e compassada.

            Torcia em meu intimo para que a tempestade tivesse finalmente passado e que a bonança finalmente houvesse chegado.

— Sky... – Assustei-me com o sussurro abafado vindo dela.

— Sim meu amo? – Obtive apenas um resmungo como resposta. Sorri ao dar-me conta que ela estava falando durante o sono. Não era a primeira vez que presenciava isso, mas sempre ficava com um sorriso abobalhado em saber que ela estava sonhando comigo.

—... Te amo.

— Também te amo sininho. – Enterrei o nariz em seus cabelos embriagando-me com seu cheiro e deixando que o sono me tragasse.


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