Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 39
Descendência.




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Sentei na cama mentalmente exausto. Nunca imaginei que as poucas horas na dimensão sombria fossem ser assim tão catastróficas. Edward ferido pela própria namorada que estava sob feitiço de uma bruxa e tinha certeza de que Madison estava me escondendo algo. Detestava me sentir impotente e de mãos atadas, mas por hora não podia fazer nada. Teria que esperar pela recuperação de Edward e que Mady se sentisse confortável suficiente para conversar.

            Suspirei pesadamente. Fechei os olhos e joguei a cabeça para trás em uma tentativa de diminuir a tensão do pescoço e então deitei o dorso sobre o colchão e deixei as pernas para fora. Só queria relaxar um pouco tenho certeza que nenhuma tragédia irá acontecer nesse meio tempo. Porem, mal havia fechado a boca quando senti a energia de Mady se expandindo rapidamente.

— Da próxima vez ficarei calado. – Levantei de um salto e corri para fora rastreando a origem da energia. Vinha da porta ao lado cujo deduzi ser o banheiro. A cada segundo aura de Mady crescia me fazendo questionar qual o motivo. Da ultima vez que isso aconteceu foi quando ela foi atacada... Não! – Mady! – Bati na porta. Não obtive resposta. Girei a maçaneta, mas a porta estava trancada por dentro. – Mady! Por favor, abre a porta. – Bati novamente na madeira e mais uma vez não obtive resposta.

            Estava prestes a derrubar a porta quando ela foi aberta por uma Mady chorosa e tremendo.

— Céus Mady! – A abracei. 

— Sky... – A guardião balbuciou contra minha camisa.

— O quê houve sininho. – Afaguei seus cabelos molhados.

— Ele... Está aqui... Ele nunca me quis... – Ela se agarrou a mim como se eu fosse uma corda de salvação.

— Calma meu amor. – Segurei seu queijo com o polegar e o indicado fazendo com que olhasse em meus olhos. Doía-me profundamente vê-la assim tão frágil. - Vamos sair daqui e então você me conta tudo. Está bem assim? – Enxuguei suas lágrimas. Que vertiam copiosamente por seus olhos manchando sua face perfeita.

— Tudo bem... – Mady assentiu. Sonho com o dia em que nunca mais a verei chorar. A guiei até o quarto. Fechei a porta ao passar e sentei na cama a puxando para sentar em meu colo. Ela recostou a cabeça em meu peito enquanto sua destra segurava o tecido de minha camisa com força e o braço esquerdo envolveu meu quadril.

Esperei pacientemente que ela se acalmasse. Afaguei suas costas trêmulas pelo choro copioso.

— Annael conheceu meu pai... - Mady soluçou agarrando-se com mais força a mim. - Ele... Está aqui nas terras sombrias.

— Como? - Franzi o cenho como o lorde elfo conhece o pai da minha guardiã?

— Meu pai viveu com os elfos confortavelmente enquanto eu e minha mãe precisávamos dele... Pergunto-me agora se ele realmente teve que ir embora, ou se foi apenas uma desculpa para fugir da responsabilidade de ter que cuidar de uma criança. Será que ele nunca quis me conhecer? - A guardiã ergueu a cabeça buscando pelo meu olhar. Meu coração se contorceu no peito diante dá expressão torturada dela.

— Não acredito nisso. Tenho certeza que seu pai teve um motivo para ir. Nenhum guardião deixa quem ama para trás! – Poderia dizer isso com toda certeza.

— Mas e se... Ele não amou minha mãe de verdade? - Oh a dúvida! Um sentimento tão cruel.

— Ah, mas tenho certeza de quê ele a amou e deixou uma prova incontestável disso.

— E que prova seria essa? - Ela iria contestar até está completamente convencida e eu terei o maior prazer de convencê-la.

— Ora Madison Clark! Estou olhando para ela nesse exatamente momento. Quando o encontrarmos terei que agradecer por me dado você.  - Rocei nossos narizes. - Não deixe a dúvida nublar seus sentimentos minha querida. Tenha sempre em mente que mesmo que seu pai não a tenha visto nascer e crescer até se tornar a criatura mais maravilhosa que já existiu, ele te ama onde quer que ele esteja.

— Oh Sky... - A loira voltou a esconder a face em minhas vestes. - Você é impossível! Agora estou emocionada. - Ela murmurou me fazendo rir. 
— Não ria... – A loira ronronou.

— Desculpe. - Juntei os lábios engolindo a risada.

— Posso sentir que está se segurando. - Ela voltou a olhar para mim. Os olhos ainda vermelhos pelo choro escaneando meu rosto. - Obrigada, Obrigada por sempre levantar minha autoestima,  por aguentar minhas lamúrias, obrigada por não desistir de mim.

— Não há de quê sininho. - Beijei suas bochechas recolhendo as últimas lágrimas. – Conte-me exatamente quando Annael te contou a respeito de seu pai. – Iria ter uma conversinha com aquele elfo quando voltarmos. Iria cobrar cada lágrima que a imprudência dele tirou de minha Madison. Não se conta que conhece o pai desaparecido de alguém assim do nada.

— Hoje cedo. Levantei antes por não conseguir mais dormir e resolvi fazer uma caminhada. – Realmente. Lembro de ter acordado e não achá-la mais deitada ao meu lado. – Por acaso encontrei o lorde elfo. – Hum... Não existe acaso quando se trata de elfos.

— Estranhei a forma com que se dirigiu a mim. Chamando-me de lady. E depois falou que eu me parecia muito com seu velho amigo Alterf.

— Alterf... – Arregalei os olhos. Céus!

— Isso. Também achei um nome bem estranho. – Como não percebi antes? Sempre soube que a jovem a minha frente era especial, mas não tinha idéia de o quanto. – Sky? Está me ouvindo? – Sacudi a cabeça voltando a atenção para a guardiã. Alarguei o sorriso diante da expressão desconfiada de minha namorada. – Perdi alguma coisa?

— Não. Eu que deixei um fato passar despercebido, mas é como Edward disse uma vez: Até a memória de um imortal pode falhar.

— Ham... Estou boiando aqui.

— Desculpe sininho. Fui pego de surpresa. – Respirei fundo escolhendo as palavras. – Sei quem é seu pai. – A boca dela abriu em um perfeito ‘o’. – E Annael tem razão, você é a copia feminina dele. – Ri extasiado. Os universos realmente não são tão grandes. – Os mesmos cabelos loiros, os olhos cristalinos cheios de curiosidade.

— Onde o conheceu? – Ela mal conseguia conter a curiosidade.

— Ele era um dos sete conselheiros, era amigo de meu pai; o único guardião que escolheu ficar sozinho... Sem família. Ele desapareceu misteriosamente quando eu já estava na terra.

— Conselheiro... Os primeiros guardiões... – Mady franziu o cenho. Então suas feições encheram de surpresa. – Céus! Não! – Ela arregalou os olhos.

— O quê?

— Seu pai também é um conselheiro... Isso significa que eu e você somos... Primos! Primos de primeiro grau! – A voz dela subiu dois oitavos. 

— Calma amor. Não é assim que as coisas funcionam. – Era compreensível o terror na voz dela. Também estaria se desconhecesse a nossa biologia. – Não leve em conta a genética que conhece certo? Os sete conselheiros não foram concebidos e sim formado por uma força desconhecida. Cada um é um individuo totalmente diferente tanto dentro quanto fora.

— Nós não...

— Exatamente. – Ri ao ser abraçado com mais força por ela. – Vou tomar meu banho agora. Vai ficar bem?

— Sim. 

— Ok. Quando voltear vamos procurar algo para comer. – Beijei o topo de sua cabeça. Esperei que ela levantasse de meu colo para então pegar minha toalha e uma muda de roupas e então fui tomar meu banho.

            Ao entrar no banheiro fiquei alguns minutos olhando para o espelho estilhaçado. Tenho que ajudá-la a controlar seus poderes. Agora que sei quem é seu progenitor poderei bolar uma seqüência de treino mais adequada. Submergi na água gelada da banheira. Queria que essa água lavasse esse dia tão confuso e tenso.

            Saí do banheiro sacudindo os cabelos molhados e voltei para o quarto. Mady estava recostada na lateral da janela que dava para a rua. Os cabelos dourados eram sacudidos pela brisa do anoitecer.

— Ainda preocupada. – A abracei por trás apoiando o queixo no topo de sua cabeça inalando e sendo embriagado pelo cheiro doce dela.

— Não mais. – Ela suspirou. – Só pensando em qual a possibilidade de conseguir encontrar minha mãe e meu pai nessa dimensão.

— Considerando que esse lugar não é tão grande. As possibilidades estão a nosso favor. Já que encontrei você entre milhares e milhares de seres humanos depois de milhões de anos. Considero tudo possível.

— O quê fiz para merecer um ser tão romântico, fofo; inteligente e lindo? – A guardiã virou-se e ficou na ponta dos pés enlaçando meu pescoço.    

— Você simplesmente nasceu. Isso já é motivo suficiente. – Abaixei um pouco e rocei nossos lábios. Apenas esse simples toque foi suficiente para acelerar meus batimentos cardíacos.

— Gostaria de ser um pouco mais alta. – Ela murmurou contra meus lábios.

— Você é perfeita do jeitinho que é. – Tomei os lábios dela. Senti o famoso frio na barriga que vinha todas as vezes que a beijava junto com o calor prazeroso que fluía por todo meu corpo.

            Nossas respirações descompassadas enchiam minha audição. O sabor dos lábios dela fazia-me querer nunca mais soltá-la. Infelizmente precisávamos de ar. A selei afastando-me um pouco. As bochechas coradas os lábios rosados entreabertos era a visão mais bela de todos os tempos.

— Céus Sky! Um dia você me leva a loucura.

— Digo o mesmo a seu respeito; mas acho que será uma coisa boa. – Lancei-lhe uma piscadela. Madison revirou os olhos deixando um pequeno sorriso enfeitar seus lábios. Esforcei-me para não beijá-la novamente. – Vamos jantar?

— Demorou! Estou faminta!

            Descemos para a taberna que diferentemente de quando chegamos estava lotada. O burburinho de conversas e risadas enchiam o recinto, mesmo assim alguns mais atentos viraram para nos ver descer e procurar um lugar para sentar. Logo a maioria nos seguia com os olhos trocando cochichos.

— Podíamos avisar a eles que podemos ouvir o que estão cochichando. – Mady enlaçou meu braço e ficou mais perto de mim para não trombar em algum desavisado.

— Vamos deixá-los serem felizes. – Localizei uma mesa vazia perto da lareira do outro lado do recinto.

            Com alivio sentamos em nossos lugares. Não tardou para o taberneiro vir nos atender. As feições rechonchudas exibiam um largo sorriso.

— O quê posso fazer para satisfazê-los? – Ele colocou duas canecas de alumínio sobre a mesa e se preparou para enchê-la com vinho.

— Oh. Não por favor, nada de vinho. – O homem franziu o cenho confuso talvez sem entender como alguém poderia recusar uma boa caneca com a bebida doce provinda do saboroso fruto da videira. – Não ingerimos álcool. – Desculpe-me educadamente.

— Entendo, entendo. Então trarei nossa cerveja amanteigada, garanto que não provaram nada igual. Trarei junto o jantar. Temos cordeiro assado e purê de batatas.

— Parece ótimo. – Mady sorriu contente.

            Mais do quê de pressa o homem o homem se foi e mais rápido ainda estava de volta com desenvoltura que nunca adivinharia que alguém com o físico como dele tivesse.  

— Isso aqui sempre está tão cheio. – Beberiquei minha cerveja.

— Não. Somente quando há algum festival ou em dia de feira. Diria que essa lotação é graça a vocês. Não me admiraria se o próprio senhor do castelo do norte viesse agradecer a vocês. Aquela bruxa vinha nos causando muitos problemas.

— Senhor do castelo do norte? Nunca ouvi falar dele.

— Ele é uma figura reclusa sabe? Do dia para noite ele expulsou as criaturas do noite que viviam naquele castelo e passou a viver por lá. Poucos já o viram e correm alguns boatos sabe?

— Que boatos seriam eles? – Minha curiosidade não era fingimento.

— As más línguas dizem que ele é alguma criatura desconhecida. Por isso não sai do castelo. Claro que não acredito nessas coisas. – O homem gargalhou alto.

— Interessante. – Mady me lançou um longo olhar.

— De qualquer forma não tivemos mais problemas com vampiros por essas bandas e já é algo significativo. Bom vou indo atender as outras mesas. Qualquer coisa é só chamar.

— Obrigada. – Sorri. O entusiasmo de nosso anfitrião era engraçado. Esperamos que o taberneiro se afastasse um pouco para conversar.

— O que acha? – Mady cochichou para não chamar a atenção das pessoas a nossa volta.

— Talvez tenhamos que fazer uma visitinha a esse senhor do castelo do norte. Talvez ele tenha algo que nos interesse.

— Você acha que pode ser Lesath?

— Não podemos descartar nenhuma hipótese. De qualquer forma teremos que esperar pela recuperação de Edward. – E torcer para que esse tal senhor não venha ao nosso encontro antes disso.


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Notas finais do capítulo

O quê acharam? conversando com um amigo meu a respeito de guardiões a questão da existência do parentesco entre os sete primeiros guardiões foi levantada. E me dei conta de que ainda não havia sido explicado essa questão. Então para sanar essas duvidas introduzi o pai da Mady no capítulo passado e as explicações foram dadas nesse.

Acho que é isso. kkkkkkk Espero que tenham gostado creio que nos vemos em breve já tenho o próximo capítulo em mente só falta colocar no papel o/ Até loguinho :3



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