Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 37
Uma bruxa, um feitiço e uma apunhalada.




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Depois que as coisas ficaram menos estranhas e eliminamos aquelas criaturinhas irritantes fizemos uma parada para tentar recuperar o controle. Coisa que agradeci pois meus ânimos estavam exaltados e a confusão reinava em cada célula de meu ser. Eu em toda minha existência nunca havia me deparado com tal situação. Senti-me inútil vendo Elizabeth atacando Madison impiedosamente e não podendo fazer algo para impedir por está também tentando salvar a minha própria pele daquele enxame de diabetes que queria arrancá-la a dentadas.

O pior de tudo era que agora não sabia como me comportar. Um sentimento estranho borbulhava em meu intimo só conseguia ficar estático como a arvore que estava recostado observando lorde Sky nesse momento ajoelhado de frente para Mady. Essa por sua vez estava com a cabeça tombada para trás em uma tentativa de conter o fluxo de sangue que saia de suas narinas. E pela visão periférica via Elizabeth alternando o olhar arrependido entre mim e o casal.

Passei as mãos pelos cabelos e respirei fundo. Tinha que falar algo para tranqüilizar minha Elizabeth.

— Fada... - A morena encarou-me. Os olhos castanhos transbordavam cheios de dor e culpa.

— Desculpe... - A voz chorosa quebrou meu coração, mas não afastou aquele sentimento borbulhante era uma sensação de que havia cometido um erro. “Não deveria tê-la trazido.” Não era algo que deveria sentir, mas o sentimento estava lá cutucando incessantemente minha consciência.

— A culpa não foi sua. - Suspirei. - Não deveria ter te trazido... Fui inconseqüente.

— O quê?! – A morena arfou ofendida. - Onde foi parar aquele papo que estaria ao meu lado em toda situação?! Desapareceu na primeira crise?!

— Lizie... Você não está preparada. – Não controlava mais o fluxo de palavras que saiam de minha boca.

— Não sei o quê aconteceu ok?! - A morena fechou os punhos com força. - Você não está sendo justo Edward!

— Quem falou em justiça?! - Não sei de onde veio aquela mágoa, mas foi como se tivesse sido detonada bem no centro de meu peito queimando tudo devastadoramente. - O quê está em discussão é o fato de você ter atacado um companheiro sem um motivo aparente!

— Eu já disse que não sei o que aconteceu!

— Parem os dois agora! - A voz cheia de autoridade de lorde Sky foi como uma corda salva vidas puxando-me para fora daquela névoa de raiva corrosiva. Ambos olhamos para auto-guardião o encontrando sério. - Será que não perceberam que esse lugar está mexendo com nossas mentes? - Franzi o cenho sem lembrar o motivo de está tão zangado. Era para eu está consolando Elizabeth não a julgando. Diminui a pequena distancia que nos separava e a abracei arrependido.

— Lizie... - Ela apenas negou com a cabeça tão envergonhada quanto eu e escondeu a face em minhas vestes. - Não consigo pensar em nada que possa está causando isso. – Confessei. – No entanto já detesto com todas as minhas forças.

— Senti uma presença quando projetei meus pensamentos na mente de Lizie. - Mady massageou as têmporas. – Não tive tempo para saber quem era, mas era poderosa e má. Droga de dor de cabeça. – A loira trincou os dentes.

— Hum... Isso só confirma minha suspeita. - Esperei temendo a resposta. - Caímos em uma armadilha, mais precisamente na armadilha de uma bruxa.

— Droga. - Murmurei. Será que é pedir demais um dia pacato? Tinha que ser logo uma bruxa? Podia ser apenas um duende pregando peças, ou unicórnio mal humorado. Qualquer coisa menos uma bruxa.

— Como pode saber? E se for mesmo uma bruxa? Estamos muito encrencados? - Senti o corpo de Elizabeth tremer em meus braços.

— Suspeitei quando estávamos cavalgando e não chegávamos a lugar nenhum. Mas a certeza veio quando os diabetes atacaram. Essas criaturas são servas de bruxas e fazem os mandados delas. Foi então que a ficha caiu. A abertura que atravessamos estava enfeitiçada.

— O quê faremos? - Mady suspirou agora apertando as pontas dos dedos na lateral da cabeça. - Droga de dor de cabeça. – Ela trincou os dentes. - Já odeio essa bruxa.

— Primeiro teremos de achá-la. Considerando a amplitude do feitiço que estamos agora. Diria que ela está por perto. 

— Ham... E depois? Faremos como naquele filme João e Maria caçadores de bruxas? - Lorde Sky deu de ombros para a pergunta de Elizabeth. - Não sei por que, mas não estou gostando disso. 

— Relaxa amor. Seremos nós quatro contra ela. O quê poderia dá errado? - Só espero que minhas palavras se voltem contra mim mais tarde.

Partimos logo depois que Mady tomou uma poção élfica para passar a dor de cabeça. Segundo ele o gosto era quase tão ruim quanto a dor que estava sentindo. Deixamos os cavalos para trás para que assim a impossibilitasse que a criatura sentisse nossa aproximação já que os cristais élficos escondiam nossa presença.

— Será que aqueles pestinhas não estão nos vigiando agora? – Lizie olhou em volta tensa.

— Tenho certeza que não. Aquelas criaturinhas são inquietas demais para montarem uma tocaia já teriam nos atacado. – Lorde Sky liderava a fila indiana. Eu ia atrás protegendo a retaguarda e as duas meninas iam no meio.

            Continuamos nos embrenhando pela floresta interminável e pouco a pouco a sensação de que estávamos perdidos ameaçava tomar conta de mim. Engoli em seco já sabendo ser mais um dos truques da bruxa o quê significava que estávamos chegando perto.

            E para confirmar meu ultimo pensamento uma casinha decrépita que não via uma mão de tinta a pelo menos dois séculos apareceu em uma clareira cercada por ervas daninhas. A chaminé expelindo fumaça denunciava que ela estava em casa. Nos colocamos lada a lado há uma distancia segura da entrada.

— Será que devemos tocar a campainha? – Olhei para a loira com uma das sobrancelhas arqueadas? – Que foi? Foi para quebrar o clima tenso. – Ela deu de ombros.

— Tenho certeza que nesse muquifo não tem uma campainha.

— Dá para você dois pararem de graça? – Lizie resmungou enquanto apertava o punho da espada nervosamente.

— Desculpe fada. – Respirei fundo. – Eu faço as honras. Preparem-se. – Todos assentiram e mudaram suas posturas ficando atentos. – Oh de casa! – Bati palmas.

— Fala sério Edward. – Vi lorde Sky sacudindo a cabeça. 

­ De dentro da casinha saiu uma mulher que a olhos comuns e desavisados seria a visão mais linda de todos os tempos, mas eu sabia que era apenas um disfarce que debaixo daquela casca bonita estava uma criatura horrenda e desprovida de escrúpulos. Enfrentar uma bruxa era um pesadelo em todos os sentidos. Elas não podiam ser feridas por amaras comuns e gostavam de fazer jogos mentais odiosos.

— O quê fazem em minhas terras? - A voz falsamente educada escondia as más intenções escondidas em seus olhos carmins.

— Viemos pedir para que a senhora retire o feitiço que nos impede de prosseguir. - Lorde Sky usou seu poder de persuasão ele era educado até onde a situação permitia.  A bruxa pareceu não ter sido afetada.

— Um pedido de fácil realização. - O sorriso cheio de dentes parecia uma careta. - Há apenas um pequeno preço.

— Claro. - Revirei os olhos e ela fuzilou-me com o olhar. - Que preço seria esse?

— Nada de mais. - Ela fez pouco caso sacudindo a mão. - Um de vocês deve ficar como meu servo. Um pequeno preço considerando que destruíram meus servos.

— Ham... Não vai rolar senhora. - Dei de ombros. Esperava por algo do tipo.

— Que seja. De qualquer forma terei o que desejo já que vocês mesmo que decidam lutar contra o inevitável. Tenho certeza que sabem que armas comuns não podem me ferir. Vocês estão fadados ao fracasso.

— Eu não estaria tão confiante. – Na outra ponta lorde Sky afastou a capa mostrando a espada élfica. Seguindo o exemplo dele fixemos o mesmo.   

— Os matarei antes! – A criatura guinchou fazendo desaparecer toda sua beleza ficando no lugar uma criatura descabelada e mal trapilha.

— Não conte com isso... – Não tive tempo para completar minha fala, por que meus instintos avisaram-me do perigo esquivei para trás no momento em que a lamina de uma espada cortou o ar onde eu estava a poucos segundos.

            Olhei assustado para Elizabeth. A morena segurava a arma com força o olhar vidrado denunciava que mais uma vez ela estava sob controle da bruxa.

— Lizie. Sou eu. – Esquivei de outro golpe.

— Não escute-o querida. Ele a traiu mate-o!

— Morra traidor! – Ela atacou novamente agora com mais ferocidade.

— Ed cuide de Lizie que nós daremos um jeito na bruxa. – Lorde Sky sacou a espada e a girou ameaçadoramente em direção da criatura. Mady contornou pelo outro lado e eu continuei me defendendo da melhor forma possível. Poderia desarmá-la e dominá-la facilmente, mas não iria correr o risco de machucá-la.

            Bati com as costas contra uma arvore ficando encurralado. Elizabeth girou a espada exibindo um sorriso sinistro nos lábios. Abaixei bem na hora a lamina ainda cortou alguns fios de meus cabelos e ficou presa contra a madeira.

— Estava mesmo precisando de um corte. – Aproveitei que ela estava ocupada tentando tirar a lamina fincada na madeira e escondi-me atrás de outra arvore.

— Está caçoando de mim?! – A morena rosnou.

— Claro que não amor. – Espiei buscando ver como estava o desenrolar da outra luta. A bruxa encontrava-se encurralada armada com um punhal de aparência sinistra. Os dentes amarelos amostra como um animal peçonhento prestes a dar o bote. Mady a atacou. Porem hesitou no ultimo instante cambaleando para o lado.

— Saia de minha mente bruxa! – A loira rosnou recobrando os sentidos. – Liberte nossa amiga agora!

— Ora se ela se deixou ser controlada porque deveria perder a oportunidade? Já que se ela mesma não tivesse cultivado pensamentos e sentimentos negativos não teria caído em meu feitiço. Ela é minha agora!

— Não conte com isso! – Lorde Sky saiu de trás da loira aproveitando que a guardiã distraiu a bruxa, mas ela com igual velocidade escapou da lamina mortal transformando em uma fumaça negra. E indo para no teto da casa.   Só pode ver o casal de guardiões tranco olhares e se separando circundando a casa.

— Isso está demorando demais. – Suspirei e voltei a atenção para minha namorada fora de si. Avistei a sombra dela se aproximando. – Hora de ganhar um pouco mais de tempo. – Saquei a espada. – Fada! Estou aqui meu amor. – Saí de meu esconderijo.

            Prontamente a morena correu a meu encontro nossas espada retiniram ao se chocarem sorri contente com o progresso dela. Só gostaria que a situação fosse diferente. Continuei investindo incessantemente iria cansá-la e depois a desarmaria assim teria menos chance de machucá-la.

            Pouco a pouco ela começou a ceder terreno e seus golpes ofensivos diminuíam. Contente a desarmei fazendo a espada cair a alguns metros de distancia. Elizabeth me olhou inconformada. Sorri contente ao vê-la respirar fundo e recuar alguns passos. Talvez ela estivesse finalmente vencendo o feitiço.

— E-ed... – A voz dela não passava de um sussurro vacilante. – Ajude-me.

— Fada. – Embainhei minha espada e fui ao encontro dela. Lizie recuou dois passos antes de vir até mim. A acolhi em meus braços.

            Não houve tempo para respirar aliviado, porque senti uma dor aguda abaixo das costelas. Arfei e olhei para baixo e vendo o sorriso sádico de minha namorada ela havia se aproveitado de minha guarda baixa para me apunhalar. A lamina estava enterrada até o cabo em minha carne. Ela ainda segurava a arma enquanto meu sangue jorrava incessantemente.

            Cambaleei para trás ao mesmo tempo que um grito de gelar o sangue espalhava-se pela clareira. A bruxa finalmente encontrou seu fim. Minhas costas encontraram-se com uma superfície dura cujo não conseguia identificar pois começava a ser sugado por uma nuvem de dor e torpor.

— Não! Edward! – Ainda consegui vislumbrar o momento em quê Elizabeth voltava a si. – O que eu fiz?! – Escorreguei para o chão perdendo o controle de minhas pernas. – Edward... – Ela correu até mim e ajoelhou-se a minha frente. – Por favor, por favor, perdoe-me. – Senti sua mão tremula aninhando-se a minha. – Fique comigo...

— Fada... Engoli em seco tentando manter-me consciente, mas a inconsciência me parecia tão convidativa e menos dolorida. Não lembra de um ferimento já ter me enfraquecido dessa forma. Ah claro. A adaga é élfica. Parece que estou em maus lençóis.    


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