Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 25
Sexto sentido.




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O táxi preto característico da cidade britânica estacionou em frente minha casa em The Bishops Avenue, Hampstead. A casa estava do mesmo jeito que a deixei há doze anos os tijolos marrons me traziam lembranças de um tempo bem menos caótico, mas bastante solitário. Subi com Mady para o quarto que seria o dela enquanto estivéssemos por aqui.

Coloquei sua mala sobre a cama e a minha no chão e comecei a desfazer a dela e a arrumar tudo no closet. Pelo canto do olho vi minha guardiã abri as cortinas e se recostar no beiral. Madison estava silenciosa e pensativa desde que desembarcamos, com certeza algo a incomodava.

Deixei o que estava fazendo e fui ao encontro dela. A abracei por trás e ela deitou a cabeça em meu peito ainda olhando para o horizonte.

— Para onde essa cabecinha está navegando? – Apoiei o queixo no topo de sua cabeça.

— Ed... - Ela suspirou. - Ele parecia angustiado... Você também percebeu não é? – Como poderia não ter percebido. Edward está a quase dois dias sem fazer um único comentário irônico.

— Sim, Edward ainda não sabe lidar com o que está sentindo; mas creio que ele vai resolver isso.

— Eu sei... Mas... Estou com uma sensação ruim. - Mady suspirou repousando a mão boa sobre a tipóia.

— De qualquer forma teremos respostas em breve. - Ouvi barulho de um motor parando, em seguida a porta da frente abriu e fechou com um baque surdo. - Ele chegou.

Entrelaçamos nossas mãos e descemos para a sala de estar onde encontramos Ed sentado no sofá. O guardião estava curvado para frente as mãos trêmulas escondiam o rosto de onde ruídos abafados de choro saiam. Algo de muito grava deve ter acontecido para deixar meu amigo nesse estado. Um lembrete mental: nunca duvidar do sexto sentido de uma garota.

— Ed... – Mady soltou minha mão e sentou ao lado do imortal inconsolável. – O que aconteceu?

— Eu... – A voz dele não passava de um sussurro incompreensível por causa dos soluços. – Sou um grande covarde.

— Onde está Elizabeth? – Temia a resposta; porem precisava perguntar algo me dizia que ela tinha haver com estado em que Edward se encontrava.

— A deixei no orfanato. - Bem lá no fundo sabia que havia algo mais, esperei já preparado pela bomba.

— Você pode ir visitá-la. - Mady repousou a mão sobre as costas e as afagou.

— Não... – Edward arquejou. - Apaguei as lembranças dela... Elizabeth não se lembra de mim... De nenhum de nós... - Abri a boca ao mesmo tempo que arregalei os olhos.

— Você o quê? - A guardiã parou com os afagos e olhou para Edward esperando que ele desmentisse o que acabara de dizer. - Me diz que está brincando. - Ed apenas negou com a cabeça ainda sem coragem de olhar para nós. - Como pôde?! - Madison ficou de pé em um salto. 

"Isso foi... Uma violência Edward! Roubar as lembranças de uma pessoa! Por quê?! Não queria ficar com ela?! É isso?!" Até agora nunca havia visto Madison tão indignada e brava, a face da loira estava com um tom avermelhado beirando ao roxo, senti sua energia se rebelando.

— Não! Não Mady... - Edward finalmente ergueu a cabeça. Os olhos estavam tão vermelhos que as iris verdes pareciam boiar em um mar vermelho. - Fiz isso por que amo Elizabeth...

— Não! Isso não é amor Edward! - Madison fechou o punho e sacudiu a cabeça. - Você deixou seus medos falarem mais alto, essa é a verdade.

— Mady... - Repousei as mãos sobre os ombros dela. - Deixe-me conversar com ele.

Após suspirar ruidosamente Madison se retirou caminhando firma quase marchando.

— Tive medo meu senhor... Quando vi Mady baleada, imaginei Elizabeth na mesma Situação... E entrei em pânico... Não poderia submetê-la aos perigos que vivemos...

— Você não a deixou escolher, tirou o livre arbítrio dela. Vivemos a tanto tempo entre os humanos e mesmo assim os subestima.

— Decepcionei você não é?

— Não estou em posição para julgar seus atos e nem quero isso. - Sustentei o olhar sofrido dele. - A pergunta certa é: Se você decepcionou a si mesmo. Por que é para si que vai prestar contas mais tarde.

— Doeria menos se você gritasse comigo. - Ed riu sem humor.

— Edward você me conheça a muito, muito tempo e já deveria saber que não hajo dessa forma. Nunca considerei você um lacaio, mas um irmão e como tal quero que faça o que é certo. Nem sempre o que achamos ser a coisa correta realmente é.

— Obrigado meu senhor.

— Não há de quê. - Sorri. - Agora vá descansar. Um tempo sozinho ajudará a colocar a cabeça e o coração no lugar. Tenho uma ferinha para acalmar.
— Acha que Mady vai me perdoar?

— Ah claro que vai, estou mais preocupado se você vai se perdoar.

Entristecia-me profundamente vê-lo tão abalado, teria que ter fé nele. Ed irá fazer o certo, ele sempre faz.

Encontrei Mady na varanda que dava para ao gramado da frente. Ouvia com facilidade o coração dela acelerado, só não sabia se a raiva era o motivo.

— Mady... - Ela virou olhando para mim. Os olhos azuis marejados pelas lágrimas.

— Não pode fazer nada? – Abri os braços para recebê-la entre eles. - Reverter o que Edward fez?

— Se pudesse não estaria aqui de braços cruzados. — A abracei. — Só Edward pode fazer isso. 

— Ainda não entendo por que...

— Até mesmo um guardião com milênios de experiência está suscetível a erros, a ter medos; a ficar apavorado. Não se zangue com ele minha querida. Tenho certeza que Edward está se sentindo miserável sofrendo por um amor que considera inalcançável. - Enxuguei um par de lágrimas que escorriam por sua face rosada. — Vamos dar tempo a ele. Até lá temos uma missão, creio que teremos que começá-la só nós dois, pelo menos por enquanto

— Já te disseram que você é um grande sabe-tudo? — Mady fungou ao mesmo tempo que revirava os olhos.

— Já, disseram também que sou irritante. - Ela riu baixinho enquanto depositei um beijo em seu nariz.

            Retornamos para a sala de estar a deixei lá e fui para seu quarto onde havia deixado minhas coisas e a mala dela meio desfeita. Acabei de arrumar o closet dela e rumei para o meu levando minhas coisas junto. abri a bagagem e de lá retirei o mapa que Orion havia me dado. 

            Retornei para sala onde Mady se encontrava olhando para o nada com ar pensativo. Desenrolei o rolo de pergaminho sobre a mesinha de centro.

— Qual o plano? – Parece que ela não estava tão distraída como aparentava.

— Bom... Analisei esse mapa de todas as formas possíveis e ainda não sei onde a abertura está. – Madison franziu o cenho analisando os desenhos feitos por minha irmã. – Orion me assegurou que há uma dupla de ogros que tem a informação que precisamos.

— Por que ele não conseguiu essa informação para nós se tem tanta certeza que esses dois a tem? – A guardião pousou a mão no queixo.

— Por que ele não tem certeza. – Revirei os olhos. – Foi uma de suas fontes nada confiáveis que assegurou a ele.

— Então só o que temos é uma possível pista. – Madison suspirou resignada. – Mais alguma coisa sobre nossa dupla de ogros?

— Ogros não são muito sociáveis, mas estranhamente tem uma pequena queda por pubs, quanto mais o lugar for ruim mais atrativo para eles.

— Por que isso não me surpreende? – Ela riu baixinho. – O que faremos?

— Tocaia. Acho que não vai ser difícil encontrar uma dupla de ogros festeiros não há muitos lugares com os atributos que os atraem.

            Não deveria ter comemorado tão cedo. Estava com meu Suv estacionado na frente do terceiro pub esse tinha o nome sugestivo “Bebida suja.” Definitivamente esse era o tipo de lugar que aqueles dois freqüentariam, mas não havia e nem sinal dos dois ogros.

— Parece que a noite vai ser longa. – Bocejei.

— Nem me fale. – Mady arrumou a tipóia pela milésima vez. – Ficarei muito feliz em me livrar dessa coisa. A propósito por quanto tempo ainda terei que usar isso?

— Não por muito tempo, pela manhã daremos uma olhada nisso.

— Ficarei imensamente grata. Estou me sentindo limitada e estou começando a odiar isso com todas as minhas forçar. – A loira quase rosnou. Por alguns instantes essa fala me fez lembrar de Mira. Esse seria o tipo de coisa que a ruiva diria. Suspirei tentando imaginar o que aquela maluca está aprontando. – Que foi? Ficou pensativo de repente.

— Estava pensando em Mira.

— Acha que ela está metida em alguma encrenca?

— Oh tenho certeza que minha irmã está encrencada. Estou mais preocupado com o tamanho da encrenca da vez. Ainda não engoli a visita que ela me fez, nunca a vi tão estranha. E agora esse mapa feito por ela, tem caroço nesse angu e é um dos bem grandes.  

— Seja lá o que for cedo ou tarde ficaremos sabendo.

— Tenho certeza que sim. – Liguei o rádio deixando o volume baixo a musica não passando de um som de fundo.

            Conforme as horas passavam ficávamos ainda mais impacientes e a ponto de abandonar a busca. Madison estava quase dormindo no banco ao meu lado quando de repente sentou de uma vez e colocou a mão sobre o nariz.

— Que cheiro horroroso é esse?!

— São nossos amiguinhos. – Tampei o nariz com o indicador e o polegar. – Parece que nossos pés de valsa estão usando colônia pós barba. – Dois vultos corpulentos pararam antes da entrada do pub e olharam direto para o carro onde estávamos. – Nos descobriram.

— Mas como? Estamos usando os colares que Orion nos deu. – A guardiã desafivelou o cinto de segurança.

— Sentiram o cheiro da nossa essência, sabem que há dois seres poderosos dentro desse carro; porem não conseguem identificar qual.

— O que faremos?

— Esperamos, eles vão dar meia volta esperarão que o sigamos e nos atrairão para um lugar esmo e lá nos atacarão. – Mady me olhou com uma das sobrancelhas arqueadas. – Ogros costumam ser previsíveis. – Dei de ombros.

            E foi como previstos os dois grandalhões deram meia volta e desceram por uma rua mal iluminada. Deixamos o carro onde estava e o seguimos, não foi difícil segui-los eles faziam questão de se manterem visíveis. Como se precisássemos disso para encontrá-los o cheiro facilitava nosso trabalho.

            Chegamos há um parquinho abandonado, os brinquedos enferrujados e as poucas luzes deixavam muito claro que estávamos sendo atraídos para uma armadilha. Entramos no parquinho, nos mantendo alerta meus instintos focados em cada canto escuro de onde poderia partir um ataque.

— Isso está parecendo aqueles cenários de filme de terror. – Mady olhou em volta procurando pelos dois ogros.

— Está certa garotinha. – Uma voz que mais parecia que seu dono andara comendo brasas incandescentes soou a nossa esquerda. Os dois saíram das sombras. Os olhos pequenos e cruéis nos analisando. – Isso pode acabar pior que um filme de terror, digam o que querem.

— Temos informações que vocês dois sabem onde está abertura na realidade que leva para Skardya. – Cruzei os braços mostrando que não estava com um pingo de medo deles.

— Skardya? Por acaso o casal está pensando em passar féria nas dimensões sombrias? Por que é a única explicação para alguém em sã consciência querer ir para Skardya. – O outro riu.

— Pois é... Dizem que é um lugar lindo nessa época do ano. – Dei de ombros. – Então, vão nos dar a informação?

— Não sei do que estão falando. Você sabe Brad?

— Eu não Tom.

— Não estão nos levando a sério Sky. – Mady cochichou. – Só para variar.

— Já previa por isso. – Cochichei de volta. – Pagamos bem pela informação. – Tentei mais uma vez.

— Você nos insulta garoto! Como se já bastasse nos atrasar nossa noite. Sabe o que acho? – O obro Tom olhou para o ogro Brad. – Que vocês nos devem uma compensação. – É agora que a coisa engrossa. 

— Se prepare Mady. – Ela assentiu e se afastou dois passos para a esquerda. – De que tipo de compensação? – Como se eu não soubesse. Ogros comem aqueles que os aborrecem e pelo tamanho daqueles dois eles vêem sendo aborrecidos constantemente.

— Vão ser nosso jantar!

            Os dois correram em nossa direção, pareciam dois rinocerontes raivosos e fedorentos. Tom tentou me agarrar em uma tentativa em me dar um abraso quebra ossos. Passei com facilidade por baixo do braço dele e me arrependi na mesma hora, o cheiro quase me derrubou, meu olfato sensível está sendo uma fraqueza.

            Pelo canto do olho vi Mady se esquivando com facilidade dos socos do outro ogro. A criatura era forte; mas a guardiã era mais rápida. Meu pequeno momento de distração quase custou minha orelha direita quando a mão do tamanho de remos passou a centímetro da lateral de minha cabeça.

— Fique parado verme! – O ogro bradou e se atirou para frente as mãos estendidas como garras. Saltei por cima dando um giro morta indo para a trás dele em seguida o chutei nas costas o fazendo cair de cara na areia. Me aproximei da criatura atordoada e o imobilizei trazendo o braço esquerdo para suas costas o segurando ali.

            Enquanto isso Mady se valia das aulas de box para continuar se esquivando do outro obro que parecia cada vez mais cansado e irritado.

— Você só está prolongando o inevitável!

— Sinto muito. Já ouvi esse papo furado. – A loira parou e esperou pelo próximo golpe. A criatura pensando ter finalmente cansado sua adversária fechou o punho direito e a atacou sorrindo de maneira sinistra contanto com a vitoria certa. A final, não deveria ser difícil acabar com uma adversária, menor e mais fraca. A velocidade e a forçado golpe deveria ter sido suficiente para aniquilar com uma pessoa comum, mas Mady não era comum. A loira parou o soco com a mão esquerda sem dificuldade. – Scadoosh.

— O que... – A criatura estremeceu com a força que Mady infligiam contra ele.

— Ok rapazes o jantar de vocês foi cancelado. Agora conte-nos o que queremos saber. Se for bonzinho pago um lanche no Mcdonalds para os dois.

— Preferimos o Burgueking.

— Qual é Tom, estou sendo generoso e é assim que agradece?

— É cala a boca Tom. Aceita logo essa garota está esmagando minha mão.

— Tudo bem, tudo bem... Vocês parecem nem ter um gosto tão bom assim. – Tom resmungou. – London Eye, é lá que vão encontrar o que procuram.

— É bom não está mentindo por que se tiver vamos caçá-los e não vão gostar disso. – O soltei e Mady fez o mesmo. Peguei a carteira e entreguei para os dois o suficiente para pagar o jantar dos dois.

— Pode confiar, somos ogros, mas somos honrados. – Brad guardou as notas e olhou para Mady. – E a propósito, se estiver procurando por alguém romanticamente... Estou a disposição. – Ele lançou uma piscadela e acompanhou o outro.

— É impressão minha ou fui cantada?

— Ham... Não sei se rio ou se fico ofendido.


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Notas finais do capítulo

sorry por não ser o ponto de vista da lizie, mas precisava colocar esses acontecimentos, estamos cada vez mais próximos do arco final de Guardiões.
Espero que gostem.



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