Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 22
Confissões.




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Ainda não acreditava que estava viva. Mais uma vez fui salva por Edward e consegui sair de um banho ártico com apenas um nariz congestionado e alguns espirros. Mas o mais inacreditável do que essa pequena façanha era o fato de ter conhecido Edward quando eu era apenas uma garotinha. No entanto não conseguia entender como que ele continua com a mesma aparência. Não iria mais ignorar os fatos da noite anterior, super força e vampiros? Isso tudo não deveria passar de coisa de filmes e livros.

            Levantei não conseguindo mais ficar deitada, caminhei até a janela que até então sempre esteve encoberta por uma grossa cortina branca. Afastei o tecido e olhei para o lado de fora. Encontrei a paisagem digna de contos de fadas, o jardim era a coisa mais bonita que já havia visto. Olhei para cima encontrei um céu nublado pequenos flocos de neve caiam; mas não chegavam ao chão.

            Risos logo abaixo da janela atraíram minha atenção. Sky e Madison corriam um atrás do outro parecendo totalmente alheios a tudo ao redor deles. Sei que é uma baita de privacidade estar expiando os dois; mas não conseguia desviar o olhar. O casal parecia tão entregue... Tão apaixonados. Senti o coração bater dois compassos mais rapidamente. Oh Deus! O que está se passando comigo?

— Como Se sente? – A voz de barítono de Edward me trouxe de volta a realidade, quase saltei pela janela tamanho fora o susto.

— Você me assustou. – Inspirei fundo e coloquei a mão sobre o peito sentindo o coração ainda mais acelerado.

— Desculpe. – O riso estava impresso em sua voz. Ele se postou ao meu lado e também olhou pela janela. O olhei pelos cantos dos olhos e vi que o rapaz de cachos tinha um sorriso cálido nos lábios, parecia quase esperançoso. – Não respondeu minha pergunta.

— Parece que peguei um resfriado. – Tentei desviar os olhos. Não queria me perder naquelas orbes verdes. – Até que foi um preço pequeno, pelo menos estou inteira. – Retornei para a cama onde sentei. – O que me leva a você. – O encarei com seriedade. –Como me achou?

— É complicado. – Edward virou ficando de costas para a janela. A mão esquerda atrás da nuca parecendo procurar as palavras.

— Explique do começo.

— O primeiro que você precisa saber que eu não sou... Digamos... Comum. – Disso eu tinha certeza. – Sou um ser imortal. – Não contive o espanto.

— Então... Era mesmo você naquele parque de diversões?!

— Exatamente.

— Sky, Orion e Madison... Também?

— Mady é um caso especial. – Ele deu de ombros.

— Conte-me tudo, não esconda nada.

— Tudo bem. – Ele cruzou o quarto com agilidade e sentou ao meu lado na cama.

            Edward contou uma historia fantástica a respeito de variados mundos, onde viviam todo tipo de criaturas que sempre pensei serem apenas personagens de contos infantis. Falou também de seres poderosos e imortais que vigiam esses mundos evitando que seus habitantes entrem em conflito.

            E eu estava a poucos centímetros de um desses seres impossíveis. Deveria me sentir oprimida ou até ter medo. Afinal se Edward quisesse acabaria comigo em um piscar de olhos, e eu nem sequer me daria conta; no entanto. Eu me sentia... Estranhamente... Atraída.

— Bizarro não é? – A face impassível não condizia com humor presente em seus olhos.

— Diria que é mais surreal do que outra coisa. – Levei os dedos para as têmporas sentia uma pequena dor de cabeça se aproximando.

— Deveria descansar. Na verdade nem deveria estar fora da cama.

— Sinto em lhe informar que você não manda em mim. – O encarei sustentando seu olhar decidido. – Estou perfeitamente bem. – Só para me contradizer uma vontade horrível de espirrar fez meus olhos lacrimejarem. Tive vontade de segurar o espirro, mas não queria acabar com um tímpano estourado. – Atchim!

— Ham ram estou vendo. – Ele espalmou a destra sobre minha testa sentindo a temperatura. Tem me concentrar em outra coisa que não fosse na proximidade dele. – Está um pouco quente.

— Qual o diagnostico doutor? – Minha ironia não o afetou como deveria. Muito pelo contrário só serviu para diverti-lo.

— Deite-se sim? Vou procurar um termômetro e medicamentos.

            O guardião saiu sem deixar brecha para meus protestos. Cruzei os braços emburrada tentada a fazer birra. Mas o cansaço venceu e me deitei escondendo-me debaixo dos grossos cobertores.

A dor de cabeça e a febre evoluíram para um resfriado irritante. O pior era ter que ficar de molho e agüentar um Edward super protetor tirando minha temperatura a cada meia hora estava me sentindo uma cobaia de experimentos do governo. Pelo menos Madison conseguia tirar meu enfermeiro particular do meu pé, como agora.

— Não dem medo de pegar esse resfriado? - Funguei e me afundei mais na cama.

— Não. - A garota loira sentou na beirada da cama. Os grandes olhos azuis quase brancos me encaravam com curiosidade. Ainda não havia me acostumado com aquela cor incomum. - Parece que minha imunidade ficou mais forte. - Ela deu de ombros. – Garota de sorte.

— Guardiões não pegam resfriado?

— Acho que não. - Mady tirou o termômetro que estava debaixo de meu braço. - Hum...Baixou um pouco. Ed vai ficar aliviado.

— Humpf. - Bufei e cruzei os braços. Daqui a pouco ele vai enfiar esse negocio debaixo do meu braço de novo.

— Não fique zangada com ele Lizie. Edward é assim mesmo e... Ele gosta de você. - A encarei sem responder. - Não fique assim tão incrédula.

— Acho que... - Fechei a boca antes que acabasse confessando que também estou começando a gostar daquele guardião irritante. Aparentemente não precisei falar nada para a garota sentada a meus pés, pois ela parece ter chegado a mesma conclusão sozinha.

— Você não acha isso esquisito? Eu mal o conheço, como posso...

— Estar apaixonada? – Ela riu deliciada. - _ Acredite Elizabeth já vi e vivi coisas esquisitas durante esses últimos meses. E se ver apaixonada por um guardião foi uma delas.

— Paixão é uma palavra muito forte. - Senti a face esquentando conforme ficava ruborizada, pelo menos posso usar a desculpa da febre.

— Não faz muito tempo que estivesse nesse mesmo impasse. Me vi apaixonada por um garoto que era bom demais para ser real. - Ela olhou para o teto enquanto um sorriso sonhador despontava em seus lábios. - Mas não me achava boa o suficiente para ele. - Ela voltou a olhar para mim ainda sorrindo.

— Como decidiu? – Não consegui disfarçar o interesse.

— Chegou um momento que ficou impossível ficar perto dele sem que meu coração tivesse uma taquicardia. Então decidi que não guardaria esse sentimento só para mim e o beijei. - Ela deu de ombros como se essa fosse a solução mais óbvia.

— Pra você é fácil. Você e Sky foram feitos um para o outro. Enquanto eu... Eu sou uma humana e Ed um imortal...

— Eu sou uma mestiça Lizie, não faço a mínimo idéia se também sou uma imortal. E não estou nem aí para isso. Uma coisa que aprendi com aqueles dois é não me preocupar com o que pode ou não acontecer amanhã. Vou aproveitar o momento.

A encarei sem saber o que responder. De uma coisa tinha certeza. Não sei se tenho tanta coragem.

— Só pense a respeito sim?

— Tudo bem. - Suspirei.

— Muito bem. - Ela levantou. - Vou deixá-la descansar e Edward deve estar ansioso lá em baixo. 

            Ouvi a porta do quarto ser aberta; porem não estava prestando atenção. As palavras de Madison ecoavam dentro de minha cabeça. Já havia passado por tanta coisa, não sei se sobreviveria a mais uma desventura.

— Parece melhor. – Suspirei e olhei para o rapaz sentado a poucos centímetros de mim. Como alguém poderia ser assim tão atraente? Esses guardiões deveram andar com um saco de papel na cabeça, assim evitaria que garotas desavisadas fossem envolvidas por seu charme.

— Sim. – Tentei permanecer impassível e ignorar meu coração galopando contra minhas costelas.

— Se incomodaria se eu checar sua temperatura novamente?

— Sim me incomodaria. – Estreitei os olhos. – E se você se aproximar esse negocio de mim novamente vou partir para a violência!

— Tudo bem senhorita gata selvagem não está mais aqui quem falou. – Ele ergueu as mãos em rendição. Os olhos verdes brilhavam cheios de humor o ser de cachos a minha frente não estava me levando a sério.

— Está caçoando de mim?! – Sentei na cama e me esforcei para parecer o mais indignada possível.

— Oh de jeito nenhum. Prezo por minha integridade física. – Sim ela está rindo da minha cara. Queria ficar realmente com raiva dele; mas o sorriso que enfeitou a face de anjo dele me desarmou completamente. – Não fique com raiva de mim Elizabeth só quero ter certeza de que você está realmente bem.

— Não estou com raiva. – Fui sincera.

            Depois disso um silencio constrangedor se instalou. Era tão pesado que poderia ser tocado se caso quiséssemos. Na expressão dele vi uma pontada de preocupação as mãos se torciam sobre o colo.

— O que está querendo me dizer?

— Eu? Nada. – Ele respondeu rápido demais. – Por que chegou a essa conclusão?

— Por que você não para de olhar para mim como se estivesse com dor. E está torcendo as mãos estou ficando agoniada.

— Ah... – O imortal escondeu as mãos atrás de si. – Só não sei como te perguntar isso.

— Seja direto Ed. – Fiquei séria. Seja lá o que for que ele tem a me perguntar me deixou nervosa.

— Vamos fechar aquele bordel como você já sabe. – Havia esquecido isso totalmente, cinco dias sem tocar nesse assunto foi suficiente para que esquecesse aquele lugar. Minha mente estava ocupada com outras questões; no entanto agora que fui lembrada não pude deixar de me sentir angustiada em imaginá-lo voltando lá. – Preciso que me responda só uma coisa. – Assenti. Não conseguia falar no momento. – Você lembra do lugar onde era mantida presa? E quantas garotas estavam lá com você? – Como poderia esquecer daquele chiqueiro que era mantida presa?

— S.Sim... Não sei se lembra; mas há um prédio no final daquela mesma rua. Era lá que eles nos mantinham presas. Havia mais sete garotas presas comigo em um quarto no ultimo andar.

— Obrigada Lizie. Nós vamos libertá-las hoje a noite. Amanhã pela manhã aquele lugar não passará de uma lembrança ruim. – Ed sorriu confiante. Esse gesto não foi suficiente para me tranqüilizar.

— Edward... – Sem querer minha voz saiu embargada pelo choro contido. – Se você se ferir eu... – As lágrimas rolaram livremente por minhas bochechas.

— Shhhhhhhhh... Calma, calma. – Os braços fortes dele me envolveram em um abraço apertado. O calor provindo do corpo dele era estranhamente reconfortante. – Vou ficar bem os outros estarão comigo. – Ele afagou meus cabelos. Inalei seu perfume quente e meu corpo foi varrido por calafrios.   

— E se ‘ele’ estiver lá?!

— Ah aí terei ganhado minha noite. – Me afastei e o encarei ele estava sério e decidido. – Aquele ser machucou gente demais. Pior. Machucou pessoas que gosto e vai se arrepender disso. – Dentro de mim soube que nada iria parar o rapaz a minha frente nada que eu dissesse iria fazê-lo mudar de idéia.

            Edward enxugou minhas lágrimas com os polegares, estava tão próximos que tinha certeza de que meus batimentos cardíacos eram audíveis para ele. Não poderia deixá-lo ir sem que soubesse que o quê sentia por mim era recíproco.

            Coloquei as mãos sobre as deles que ainda permaneciam em meu rosto e tomada por uma centelha de coragem uni nossos lábios. Fiquei surpresa por ser correspondia de imediato. Ambos parecíamos está nos afogando.

— Tome cuidado sim? – Murmurei ainda contra seus lábios

— Pode ter certeza que terei. Não perderei a oportunidade de repetir essa experiência.


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Notas finais do capítulo

uuuuuuuuuuuuuuuuh o amor está no ar



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