Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 18
Novo lar?


Notas iniciais do capítulo

Agora conheceremos a mais nova personagem o/



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Não queria estar presa naquele lugar fedorento sofrendo todos os tipos de abusos e maus tratos; porem, o que eu poderia fazer, a não ser me conformar com meu destino ingrato? Pelo menos era isso que pensava antes daquele estranho entrar naquela sala de jogos e tomas minhas dores, enquanto todos os outros apenas assistiam meu espancamento, cheguei a pensar que ele fosse maluco ou algo do tipo, por que alguém em sã consciência não compraria uma briga naquele lugar, ainda mais para ajudar uma “prostituta”.

 Assisti paralisada o homem que antes batia em mim ser nocauteado em menos de dois minutos, vinte minutos depois todos os homens que antes jogavam jaziam pelo chão do que restou do salão de jogos.

            As coisas ficaram ainda mais surreais, vi um homem ser transformado em pó ao ser atravessado por uma flecha, e agora estava agarrada as costas do estranho como se fosse um coala em uma arvore de eucalipto, o vento uivava a nossa volta enquanto descíamos. Senti quando finalmente chegamos ao chão, permaneci com os olhos firmemente fechados, tinha medo de abrir os olhos e descobrir que tudo não passara de um sonho.

— Ei, pode se soltar agora. – A voz grave dele me fez ter certeza de que não estava sonhando. Tentei desvencilhar meus braços e pernas; mas pareciam travados em volta dele.

— Preciso de uma ajudinha aqui. – Constatei envergonhada.

— Tudo bem, acontece. – O riso dele aqueceu-me como se fosse um raio de sol, as mãos fortes ajudaram a sair de suas costas com tamanha delicadeza que parecia impossível que fosse dono de uma força fora do comum capaz de quebrar ossos.

— Obrigada. – As pernas pareciam meio dormentes.

— Tudo ok com você? – Agora as pernas tremeram quando ele virou e pousou os olhos verdes quase azuis sobre mim, agora sabia o que significava tremer na base, as cores pareciam se misturar dentro das iris como se as cores fossem liquidas. Agora que estávamos a salvo, via o quanto ele era impossivelmente lindo, os cachos castanhos me fazia pensar está na presença de um anjo.

— Ah... Sim. – Tentei clarear a mente, o que se mostrou uma tarefa difícil sob o olhar caloroso dele.

— Fico feliz. – Os olhos brilhavam divertidos junto com um sorriso largo cheio de dentes brancos perfeitamente alinhados. – Qual seu nome? – Não pude responder, pois assustei-me com a chegada furtiva de uma pessoa que mais parecia um ninja. Vestido de preto da cabeça aos pés se mesclava com rua mal iluminada, uma mascara de Sky impossibilitava que eu visse de quem se trava. Duvidava de que seja lá quem fosse tivesse alguma chance contra o rapaz a minha frente, mas por via das duvidas escondi-me atrás dele.

— Quero algumas explicações, porque me mandou atirar no coração de um homem? E porque ele se desfez em poeira? – A pessoa retirou o mascara revelando o rosto angelical de uma garota que parecia mais jovem do que eu, a loira era baixa o corpo aparentemente frágil, mas forma felina com que andava deixava bem claro que as aparências podiam enganar e o arco segurado com firmeza só reforçava meu palpite, fora ela que nos ajudou a pouco no telhado.

— Olá Mady, a propósito, fico feliz que esteja feliz que estou inteiro. – O cacheado cruzou os braços, tentei espiar pela lateral do corpo dele tentando não chamar a atenção para mim, claro que foi justamente o que aconteceu.

            A loira olhou diretamente para mim, engoli em seco e foi como se uma bolota estivesse entalada em minha garganta. Aqueles olhos eram perturbadores, era como está olhando para dois diamantes derretidos.

— Ed. – Respirei aliviada quando ela tirou seu olhar de mim.

— Ela precisava de ajuda. – A voz dele era firme; mas educada como se estivesse falando com alguém muito próximo.

Senti a presença de um sentimento desconhecido dentro de mim, sacudi a cabeça tentando afastar o sentimento intruso, talvez devesse aproveitar que estão distraídos e ir embora, não quero ser motivo de discórdia.

            Nem cheguei a completar o pensamento de fuga, pois, dois homens se juntaram a nós, encolhi-me ainda mais atrás do meu salvador. Eles eram tão altos quanto Ed, um era moreno e o outro tinha os cabelos brancos que não parecia ser efeito de tingimento.

— Bom, melhor dar o fora daqui.

— Tem toda razão Sky, por que acho que matei um homem. – Os dois recém chegados olharam direto para a arqueira.

— Você fez o quê Mady?

— Não exagere Clark, não se pode matar o que já está morto.

— Como? Não entendi Edward. – Edward, então esse é o nome dele.

— Era um vampiro. – Vampiro? Ok posso acordar agora, nada disso pode ser real, sentia que entraria em pânico a qualquer momento, era muita coisa surreal para ser absorvida de uma só vez.

— É, definitivamente temos que dar o fora, os amigos do bebedor de sangue vão querer vingança. – O platinado fez um sinal com a mão para que o seguíssemos, parecia que nem havia me notado. – Pode trazer a moça junto, pode ser que ela saiba de alguma coisa interessante. – Do quê ele está falando? Não sei de nada, comecei a entrar em pânico.

— Não se preocupe, estará segura conosco. – Edward segurou em minha mão em uma tentativa de me acalmar, será que eles tentariam me impedir de fugir?

            Por via das duvidas deixei que me guiasse pela rua até três motos de neve estacionadas em um beco escuro, nunca pensei que viria uma daquelas fora da televisão. Ele me entregou um par de luvas que supus serem dele, pois todos os outros colocavam um par.

— E você?

— Ficarei bem, sou saudável como um cavalo. – Ele bateu o punho no peito, arrancando uma risada minha, o som quase me assustou, fazia tanto tempo que não ria que não reconheci o som de meu próprio riso.

— Bate como um também. – A loira riu enquanto colocava o capacete e subia na moto se agarrando no rapaz moreno em seguida.

— Não liga para ela, só está fazendo graça. – Ed revirou os olhos e entregou-me seu capacete, que prontamente coloquei, esperei que ele subisse na moto para subir também. – Segure firme. – Não pensei duas vezes em obedecer.

            Os três veículos cortaram a superfície coberta de neve que eram as ruas de Krasnoyarsk, os três pareciam escolher ruas com pouco movimento ou totalmente desertas. Fiquei perdida quando não pegamos a estrada ao sair da cidade e sim nos embreamos por terrenos sem nenhuma pavimentação. Volta e meia olhava por cima dos ombros verificando se estávamos sendo seguidos, não conseguia tirar da cabeça a palavra vampiro; mas éramos só nós cortando a neve em alta velocidade.

            Minhas pernas começavam a adormecer por causa do frio torcia para que chegássemos logo onde seja lá que estejamos indo, temia ter uma hipotermia ou que os dedos de meus pés caíssem. Não sei quando foi que comecei a ficar agitada, mas em um dado momento senti os pelos da nuca se arrepiando, ao mesmo tempo em que um calafrio desceu pela espinha. Olhei para trás e avisteis quatro vultos se aproximando inacreditavelmente pareciam estar a pé.

— Estamos sendo seguidos. – Torci para que ele conseguisse me ouvir.

— Eu sei. – A voz dele soou abafada por causa do vento.

            As três motos fizeram uma curva virando de frente para os perseguidores e pararam quase em perfeita sincronia, o que pensam que estão fazendo? Os quatro saltara da moto, a neve chegava aos tornozelos deles, Ed pediu para que eu continuasse sentada onde estava, com certeza meus pés descalços congelariam.

            Observei atenta os dois rapazes e a garota tirarem os capacetes e se posicionarem ao lado de Edward em uma linha reta perfeitamente simétricas, todos pareciam calmos e relaxados esperando os perseguidores, o que considerei insano. Não demorou para que os quatro vultos ficassem visíveis, eram quatro homens, e como havia deduzido anteriormente todos estavam a pé correndo muito mais rápido do que uma pessoa normal conseguiria.

            Logo eles ficaram a apenas alguns metros de nós, os dois grupos ficaram frente a frente se encarando, como se estivessem se analisando, estaria mentido se dissesse que não estava com medo, se pudesse sairia correndo para bem longe.

— Qual de vocês matou nosso irmão? – A voz do vampiro era rouca como se fizesse gargarejo com pregos.

— Ham, eu? – Madison ergueu o braço, ela é doida ou o quê? – Foi mal mesmo. – É essa aí não tinha um pingo de juízo.

— Aprecio sua coragem, irei matá-la rapidamente. – O mais alto do grupo mostrou os caninos longos e afiados. – Depois levaremos a garota de volta. – Ele olhou direto para mim, engoli em seco.

— Terei que desapontá-lo, ninguém ameaça minha namorada e não vai levar ninguém coisa nenhuma. – O moreno empinou o queixo decidido.

— Ouvirem o cara. – O platinado estalou as mãos e afastou as pernas, se preparando para a luta.

— E eu que achava que a noite não poderia ficar mais divertida. – Divertida? Será que esse pessoal não sabe o que é ter medo? – Mady, posso pedir outro favor?

— Você me deixaria em paz se me negasse?

— Não mesmo, fica de olho na minha passageira? – Senti-me profundamente tocada pela preocupação dele.

— Ok. – A loira deu de ombros. – Podemos acabar logo com isso? Estou ficando com fome.

            Os vampiros rosnaram parecendo ofendidos por não terem conseguido assustar suas quatro vitimas, não estou me colocando nessa lista porque como frisei anteriormente estou mais do que assustada, estou apavorada.

            Os três rapazes correram em direção aos vampiros se atracando com as criaturas, Madison ficou na minha frente, se posicionou com uma das pernas adiantada e a outra posicionada atrás, um dos braços ficou quase rente ao corpo com a mão fechada em punho a outra voltada para frente com a mão aberta voltada para seu oponente.

            Prendi o fôlego quando a criatura a atacou, os dois pareciam dançar enquanto trocavam golpes, vez ou outra o homem grunhia quando era golpeado. A garota era ágil como um felino os músculos delgados de seus braços não denunciavam a grande força que possuía, fiquei estupefada em um momento em que ela derrubou o vampiro e tentou goleá-lo que por pouco conseguiu desviar, o punho dela acertou o chão deixando uma pequena cratera. O vampiro percebendo está em desvantagem recuou.

— Subestimei você.

— É um erro comum. – A garota deu de ombros se afastando sem tirar a atenção do oponente.

— Não farei mais isso. – O homem sacou uma faca do cinto e sorriu mostrando os grandes caninos, Madison suspirou e pegou uma faca de dentro da bota direita.

            O monstro parecia certo de que venceria e atacou, as duas laminas pareciam raios na mão de seus donos, mas o vampiro parecia ter mais experiência naquele tipo de luta, sentindo a superioridade investiu para frente como uma cobra. Madison recuou para trás, mas não rápido suficiente a lamina afiada passou na parte da frente de seu corpo e pelo grunhido dela havia a ferido.

            As narinas do homem se inflaram sentindo o odor de sangue, Mady passou a faca para mão esquerda, esse movimento não passou despercebido pelas iris carmins do monstro.

— Não importa o que faça, irei beber seu sangue.

— Sabe tinha uma garota em minha escola... – Madison não terminou de falar, sem aviso atirou a faca, pensei que ela o pegaria desprevenido, mas o vampiro deu um passo para o lado, a faca passou reto, ele riu contando com a vitória certa.

            Ainda ria quando a mão rápida da garota foi para o lado esquerdo da cintura direto para o cinto escondido pelo casaco e de lá retirou outra faca e a lançou. A lamina se cravou no peito da criatura que se desfez em cinzas. Ela pareceu querer ir em auxilio dos outros, mas antes que fizesse qualquer coisa os três estavam de volta. Se alguém passasse por ali mais tarde não encontraria vestígios da luta que ocorrera naquele local.

— Mady! – O moreno se moveu em uma velocidade assustadora em direção da loira, o rosto bonito transtornado. – Você está ferida!

— Estou bem Sky, baixei a guarda, pedi por isso. – As palavras dela não foram suficiente para acalmá-lo.

— Quanto antes sairmos daqui, mais rápido você poderá cuidar da sua garota, então não pira agora maninho. – O platinado colocou a mão sobre o ombro de Sky, que assentiu dando-se por vencido.

            O resto da viagem foi rápida, mal vi quando chegamos, talvez porque dessa vez não estivéssemos sendo seguidos. Tive a impressão de que a casa estava escondida, pois em um momento via apenas neve e no outro uma construção cercada por muros altos surgiram. A cada segundo que se passa o conceito de normalidade que tinha caia por terra, nada naqueles quatro era normal.    

            Logo fui guiada para dentro da grande casa, sentia-me em outro mundo o lugar era grandioso aos meus olhos depois de viver miseravelmente por tanto tempo. A temperatura regulada do lugar me aqueceu, Sky e Madison desapareceram no segundo andar, o platinado foi para outro cômodo sobrando apenas eu e Edward na sala.

— Deve está cansada. – Ele constatou e meu estomago roncou acrescentado mais um item em minha lista de vergonhas. – E com fome. – Ele riu e eu corei. – Não fique com vergonha, você vai ver que todos aqui são meio esfomeados.

— Ei Romeu, preciso de sua ajuda na cozinha! – A voz do platinado ecoou pela casa. – Leve a moça para o quarto em que Madison está, espero que as moças não se incomodem em dividir espaço. 

— Vem. – Edward revirou os olhos e levantou, subimos para o segundo andar, paramos em frente a uma porta aberta, o quarto parecia vazio.

— Ela não vai se incomodar? – Não queria despertar nenhum clima de rivalidade na loira, nós garotas costumamos ser territorialistas.

— Quem? Mady? – Ele parecia quase incrédulo. – Claro que não, vocês vão se dar bem. – Não sei não. – Fique a vontade. – Ele me deixou sozinha na imensidão que era o cômodo.

            Fiquei levemente tentada a me esparramar na cama king size gigantesca, mas o odor emanado de mim convenceu-me do contrário, precisava urgentemente de um banho e foi o que fiz. Me distraí no banheiro por mais tempo do que deveria, a água morna e a variedade de sabonetes e shampooh foram os responsáveis, ao sair encontrei uma muda de roupa sobre o colchão. Era uma roupa de baixo, uma calça de moletom cor de rosa e um blusão branco, vesti-me rapidamente e desci.

            Segui o som das vozes deles até a cozinha, Madison estava sentada a mesa enquanto os rapazes colocavam os pratos. Pensei não ter feito barulho, mas todos olharam em minha direção.

— Junte-se a nós. – Madison chamou com a mão, sentei-me ao lado dela observando abismada a desenvoltura dos três, involuntariamente senti as bochechas ficarem quentes.

            Edward estava falando sério ao falar que o pessoal dali era esfomeado, eles praticamente atacaram a comida. Não fiquei atrás, fazia muito tempo desde que tivera uma refeição descente, teria que dar os parabéns ao mestre cuca, pois estava diante de um manja divino.

            Após estarmos fartos, ficamos em silencio aparentemente cheios demais para falar, pelo menos era isso que queria acreditar, não queria responder a nenhum interrogatório.

— Sei que está tarde, mas há uma questão que precisa ser esclarecida. – O platinado olhou diretamente para mim, se eu achava que o olhar da Madison era assustador, o dele era inda mais, a iris parecia que não tinha cor.

— Lorde Orion... – Edward começou, mas foi interrompido.

— Espere Ed. – O cacheado fechou a boca, os lábios cerrados em uma linha fina. – Não seria de bom tom submetê-la há um interrogatório depois de tudo que a senhorita passou, mas está debaixo de meu teto. – Meu coração parecia querer sair de meu peito.

— Orion vá direto ao ponto, está a assustando sem necessidade. – Sky veio em minha defesa.

— Sinto muito, faz muito tempo desde que tive visitas, estou meio enferrujado. – Ele me lançou um meio sorriso de desculpas. – Qual seu nome? – Quase caí da cadeira, todo esse suspense apenas por isso?

— Elizabeth... Elizabeth Ann Turner.

— Muito bem senhorita Turner, quero que saiba que pode ficar o tempo que precisar, estará segura conosco, só peço que em troca que nos responda algumas perguntas pela manhã, creio que agora queira descansar. – Apenas assenti, a verdade é que duvidava que conseguisse dormir se conseguisse teria pesadelos.

            A cama era a coisa mais macia em que já havia deitado, e as cobertas eram quentinhas. Ao contrário do que pensei, Madison não pareceu se incomodar com minha presença, ela se deitou ao meu lado olhando para o teto, não havia passado nem dois minutos quando a respiração dela ficou leve, gostaria de conseguir dormir assim tão depressa e quem sabe não acordar mais pelo menos nos sonhos estaria a salvo de minha realidade dolorosa.   


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Notas finais do capítulo

o que acharam?



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