Guardiões escrita por Godsnotdead


Capítulo 14
Contemplando estrelas.


Notas iniciais do capítulo

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Mady me encarava ofegante e corada, tinha certeza que minha reação pós beijo não era tão diferente da dela.

— Desculpe-me Sky... Não sei onde estava com a cabeça. — A loira tentava parecer arrependida; mas o brilho eufórico em seus olhos dizia exatamente o contrário.

— Não. Eu que peço desculpas. — Levei a mão que ainda segurava sua cintura para a maçã de seu rosto corado. — Desculpe por não ter feito isso antes Madison Clark. — A loira abriu a boca em um perfeito "o". — Não vou mais ocultar o que sinto por você.

— Ham... Você está querendo dizer que...

— Estou inegavelmente e absolutamente apaixonado por você. Vivi cinco mil anos e nada se compara ao que estou sentindo neste exato momento.

Ficamos em silencio, aproveitei para olhá-la como se tentasse guardar na memória cada pequeno detalhe de sua face feminina.

— O que está fazendo?

— Estou tentando não me afogar em seus olhos. – Sorri vendo suas bochechas ficarem ainda mais vermelhas.

— Você gosta de me deixar constrangida. – Madison revirou os olhos em uma tentativa falha de esconder a face corada.

— Gostaria de negar; mas é a mais pura verdade. Você não tem idéia de o quão adorável fica. – Não sei se a expressão em seu rosto dizia que a deixei mais sem jeito ou se ela estava a ponto de me nocautear de verdade.

— Ok, ok, vamos continuar com o treino. – Edward havia retornado. – Ham... O que foi que perdi? – Mady retirou os braços que ainda estavam a minha volta e virou para porta, com toda certeza estava parecendo com um rabanete de tão vermelha que deveria estar, virei na mesma direção e a abracei pelos ombros.

— Você perdeu o nocaute do século meu amigo. – Sorri de orelha a orelha.

Ed alternou o olhar entre nós, parecendo esperar qual dos dois gritaria: "pegadinha! Pegamos você, rá"

— Estou falando sério! Estou tonto até agora. – Meu amigo continuou com a expressão de incredulidade no rosto. – E isso significa que a privação a doces acabou.

— É... É! – Mady entendeu minha jogada um pouco tarde. – Vou cobrar sua palavra de guardião.

— Tudo bem... – Edward ainda nos olhava com desconfiança.

— Ótimo! Vou me trocar, preciso fazer uma visita ao supermercado. – Ela saiu de meus braços e praticamente correu para fora da academia.

Edward ainda olhava para mim, ele me conhecia bem demais para se deixar enganar por minhas tentativas nada sutis de tentar disfarçar a euforia borbulhante dentro de mim.

— Contei tudo.

— Tudo o quê exatamente? – Suspirei, sabia que ele havia entendido, o brilho em seus olhos deixava isso bem claro; mas ele queria ouvir com todas as letras.

— Contei que estou apaixonado por ela. – Caminhamos para fora do ambiente climaticamente controlado.

— Já não era sem tempo! – Edward lançou os braços para cima de maneira dramática.

— Ela me beijou... – Ele parou, girou nos calcanhares e olhou para mim. – Então era isso que queria dizer com nocaute? – Ed estreitou os olhos fazendo um bico cômico.

— Dá um desconto senhor personal trainer, Mady tem se esforçado.

— Tudo bem, vou deixar essa passar.

— Você é de mais cara.

— Eu sei. – Revirei os olhos e achei melhor não responder. Parti para o segundo andar, onde tomei um banho quente.

Volta e meia meus pensamentos voavam de volta para a academia, repassando cada detalhe de nosso beijo. Meu corpo colado ao dela, suas mãos delicadas em meus cabelos, as minhas em sua cintura. Tudo isso desencadeou reações em meu corpo que não estava preparado. Tentei controlá-las juntamente com a respiração e os batimentos cardíacos.

— Céus ela está levando embora todo meu juízo e nem tem consciência disso. – Fechei os olhos, a água ajudou a colocar o raciocínio no lugar e refrear meu corpo.

A levei ao supermercado, Edward se recusou a vir junto "não quero ver meus pupilos se entupido de açúcar e gordura. E sou um guardião, não um castiçal para segurar vela." A ultima parte ele falou em meio a um sorriso maroto.

Agora estamos eu ela no pequeno espaço que o carro proporciona separados apenas por alguns centímetros, a tensão entre nós era quase palpável. Usei todo meu autocontrole para não lhe roubar um beijo, não queria causar um acidente. Contentei-me em repousar uma das mãos sobre a dela e foi como se uma corrente elétrica fosse descarregada em mim, forcei minha mente a ir em direção a pensamentos menos impróprios.

Ao chegarmos ao nosso destino fomos direto para a cessão de doces e chocolates. Mady praticamente saltitava ao meu lado, meu coração se inflava com a felicidade dela. Estou parecendo um adolescente apaixonado, ri internamente. A acompanhei na escolha do que levaríamos, afinal não sou de ferro não é mesmo?

— Seria uma boa idéia esconder algumas dessas coisas, só por precaução. – Mady arqueou uma das sobrancelhas. – Que foi?

— Ora Sky, pensei que você fosse certinho demais para pensar em tal coisa.

— Não sei de onde você tirou esse pré-julgamento a meu respeito. – Coloquei a mão dramaticamente sobre meu peito.

— Hilário. – Ela revirou os olhos. – Eu realmente quase não o conheço.

— Bom, irei gostar muito de te mostrar. – Claro que ela corou, vai parecer maldade se dissesse que fiz de propósito?

A guardiã desviou a atenção que estava em mim e colocou em um ponto qualquer no final do grande corredor cheio de prateleiras. Nesse exato momento ela paralisou como se tivesse visto um monstro, por puro reflexo me preparei para uma possível luta. Olhei na mesma direção, não era nenhum adversário como uma serpente de duas cabeças que gostam de morar em supermercados por causa dos roedores, mas tinha certeza que tem tanto veneno quanto. Era a amiga "simpática" da Mady, cerrei os olhos. Ainda não havia esquecido a forma que ela havia empurrado Madison e a humilhou com palavras de baixo calão.

Infelizmente a loira venenosa viu Madison e veio em nossa direção, meus instintos só faltavam mostrar os dentes para o ser a nossa frente.

— Olha só o que temos aqui. Não sabia que freqüentava esse supermercado. – O desdém estava mais do que obvio em sua voz nasalizada.

— Pois é... – Mady se esforçou para parecer desinteressada.

— Hum... – A outra garota parcebeu pois um sorriso perverso apareceu em seu rosto. Os olhos verdes cheios de malicia olharam em minha direção. – Não vai me apresentar seu amigo? – Mady fechou os punhos, ouvi seu coração acelerar, isso não vai prestar.

— Esse é Sky... Meu... – A voz da guardiã soou fria e dura, a outra garota parecia está alheia ao perigo que estava correndo e sorriu cheia de segundas intenções para mim. Mady se retesou como se estivesse a ponto de se atirar no pescoço da outra.

— Namorado dela. – Me aprecei a dizer, não sei se seria generoso suficiente para tirar Mady de cima da outra garota, então achei melhor impedir qualquer conflito. E a reação da outra foi impagável, parecia ter perdido a capacidade de respirar.

— Você está bem Amber?

— Cla, claro. Porque não estaria?

— Então fecha a boca, o veneno está escorrendo. – Dito isso Mady me puxou pela mão para sairmos dali, assim que ficamos suficientemente longe rimos para valer.

— Estou orgulhoso de você. – Beijei-lhe a bochecha.

Demos uma passada na ala dos salgadinhos então retornávamos para casa, e como anteriormente a mesma tensão se fez presente com força total.

— Está sentindo também? – Perguntei sem tirar a atenção da estrada, não iria correr o risco de mostrar o quão desesperado estava por ter seus lábios nos meus.

— Isso o quê? – Senti seu olhar em mim.

— Essa atmosfera.

— Oh, está falando dessa necessidade de te beijar? – A olhei de soslaio, um meio sorriso brincava em seus lábios contrastando com as bochechas coradas.

— Exatamente.

— Pensei que estava ficando maluca.

— Então somos dois.

— Isso é ruim?

— Muito pelo contrário. – Parei o carro, abri a janela e apertei o interfone. – Chegamos Ed. – O portão foi aberto, estacionei o carro na garagem. Agora poderia olhar diretamente em seus olhos. E foi como se a ultima gota d’água tivesse pingado no copo prestes a transbordar, não me segurei mais e a beijei, as reações do nosso primeiro beijo se repetiram. Parecíamos dois desesperados sedentos um pelo outro, tomei a liberdade de mordiscar seu lábio inferior fazendo-a sorrir. Não queria me separar dela; mas era necessário, precisava respirar.

— Ok... Acho que preciso de alguns segundos, estou com as pernas bambas. – Mady murmurou, ri contra seus lábios.

Saí do carro, dei a volta no veículo e abri a porta do carona, estendi a mão para ajudá-la a sair e foi de mãos dadas que entramos em casa. Já estávamos na cozinha indo guardar as compras quando ouvimos estampidos vindos do jardim. Coloquei as sacolas sobre a mesa e seguimos os sons. Encontramos Ed estirando em um alvo com o que parecia ser uma pistola.

— Ainda bem que vocês não têm vizinhos, porque a policia já teria sido chamada. – Mady apressou o passo quase me arrastando, era a curiosidade falando mais alto. Ed tirou os grandes fones para proteger os ouvidos. - O que está tramando?

— Esse é seu próximo treinamento. – Edward mostrou a pistola.

— Pensei que só usássemos as armar de guardiões.

— Temos que estar preparados para qualquer situação, vai haver momento em que não poderemos nos revelar. – Edward entregou a pistola e colocou os fones nos ouvidos dela. – Está aqui é uma Glok Gen4, é leve e de fácil manuseio, Trate a arma de fogo como se ela sempre estivesse carregada, mantenha seu dedo estendido ao longo dela até que você esteja realmente apontando para o alvo e pronta para o disparo. Entendeu?

— Ham... Sim.

— Ótimo pequena gafanhoto, vire-se para o alvo. – Apenas observei os dois em silencio, conhecia Edward o suficiente para saber que ele estava tentando distrair Mady. – Esta aqui é a trava de segurança, retire, aponte para o alvo, mantenha os braços firmes afaste as pernas para ter melhor equilíbrio, agora atire. – Coloquei as mãos nos ouvidos quando ela atirou, o tiro acertou um pouco abaixo do centro. – Muito bem Mady! Continue treinando. - Edward virou para mim, seus olhos verdes se encontraram com os meus, deixando bem claro que minhas suspeitas estavam certas.

— O que houve?

— Chegou pouco depois que saiu. – Edward pegou um envelope dobrado de dentro do bolso da calça, e me entregou.

— Já não era sem tempo. – Era uma mensagem de Orion.

Abri a folha de papel oficio, a letra desenhada de meu irmão preenchia toda a superfície que outrora fora branca.

"Desculpe a demora irmãozinho, tinha que fazer umas investigações depois que me relatou o incidente com sua garota. E talvez tenha achado mais do que imaginava, desconfio que haja guardiões corruptos em nosso meio. Ouvi relatos estranhos aqui na Sibéria; porem não posso dar-lhe mais detalhes por essa mensagem. Talvez tenha chegado a hora de você fazer uma visita a seu irmão preferido. Estou ansioso para conhecer a garota que deixou o todo poderoso Sky com os quatro pneus arriados. Estou brincando maninho não se zangue, foi só para quebrar o gelo.

Só mais uma coisa, não sei se você já sabe; mas há um elfo em Los Angeles trabalhando no horário noturno do observatório griffith. Ele tem autorização; mas tenho meus motivos para desconfiar que esse cara tem dedo no ataque da sua menina. Como sabe, os elfos tem uma magia capaz de camuflá-los. Talvez tenha achado o motivo pelo qual você não conseguiu sentir a presença do outro guardião. Nós dois sabemos o quanto esses caras são osso duro de roer; mas se há alguém capaz de fazer o orelhudo abrir o bico, esse alguém é você.

 

P.s: Estarei esperando por sua visita, abraços de seu irmão preferido."

— E então? – Edward cruzou os braços.

— Orion tem informações interessantes. – Guardei a folha de papel no bolso.

— O que vamos fazer? – Eu e Ed olhamos para Mady, que até então parecia está concentrada no alvo, ela nos olhou de esguelha. – Que foi? Sou uma garota, posso prestar atenção em duas coisas ao mesmo tempo.

— Tudo bem. – Dei de ombros, não fico mais surpreso com mais nada. – Hoje você terá sua primeira aula de vôo.

Durante o restante da tarde eu e Ed nos revezamos ensinando Madison a carregar e a arma, a travar e retirar a trava, colocar e tirar a arma no coldre de maneira segura, por incrível que pareça as horas voaram. Mesmo assim não deixamos de ficar ansiosos, cada um tinha seu próprio motivo para isso. Edward queria pendurar o elfo de cabeça para baixo em um poste por está ajudando um possível guardião renegado, Mady queria informações que a levassem a sua mãe, e eu mal podia esperar para bater um papinho com aquele elfo e arrancar toda informação que ajudasse a colocar as mãos naquele guardião.

— Ainda não entendi porque não podemos ir todos no carro, do jeito que Edward dirigi vamos chegar em um piscar de olhos ao griffith park. – A loira ainda tentava me persuadir, ela não queria voar.

— Porque três guardiões juntos chamam muita atenção. – A guardião cruzou os braços e bufou fazendo birra. – Você tem um par de asas por um motivo.

— Galinhas têm asas e não voam.

— Você é uma guardião, não um ave galinácea. Tenha mais confiança em si mesma garota de pouca fé. – Dei tapinhas encorajadores em seu ombro.

— Tudo bem. – Ela suspirou vencida. – Só não... Deixe-me cair.

— Jamais deixarei. – Segurei em seu queixo e a selei. – Pronta?

— Sim.

— Ok. Primeiro você não precisa está usando a armadura para liberar suas asas, chama bem menos atenção dessa forma. Agora relaxe, respire fundo, se concentre em suas omoplatas. – Espalmei a mão no meio de suas costas, acompanhei o movimento de inspiração e expiração, por alguns segundos até que um par de asas se desfraldou em suas costas. – Muito bem Mady! As asas são uma extensão de seu corpo, pense e elas farão. – As grandes asas abriram e fecharam devagar.

— Isso é incrível!

— Espere até estar no ar.

Dei apenas mais algumas instruções, já havia percebido o quanto Madison aprende rápido. Em um piscar de olhos estávamos cortando o céu noturno de Los Angeles. O riso contente da garota misturava-se ao vento que chicoteava em nossa volta, parecíamos duas crianças brincando pelos céus, era como se houvesse retornado para minha infância.

Pousamos quase sem fazer barulho no gramado do lado oeste do observatório, logo a nossa a frente o prédio branco se erguia, era possível ver os visitantes noturnos entrando e saindo. Peguei o celular e enviei uma mensagem para Edward. "Vamos entrar." A resposta não tardou a chegar. "Estou a postos."

Segurei na mão dela e rumamos em direção a entrada, os seguranças noturnos nem olharam para nós, afinal que tipo de transtornos um casal de adolescentes poderia causar, não é mesmo?

— Como vamos achá-lo?

— Sinta. – Ela arqueou uma das sobrancelhas questionando. – Todos nós temos uma aura, nós guardiões podemos identificar as diferenças entre elas. Abra seus sentidos Mady. – Ela fechou os olhos por alguns segundos ao voltar a abri-los, a jovem sorriu maravilhada.

— As auras dos seres humanos são bem menos chamativas, ao contrario da minha e da sua.

— Isso mesmo Mady, tente ampliar ainda mais seus sentidos. – Fui obedecido prontamente.

— Sinto outro guardião, é Edward?

— Exatamente, agora tente encontrar outra aura. – Se fez um pouco de silencio antes de ela voltar a olhar para mim.

— Achei! Ele está em algum lugar no terceiro andar. – Madison sorriu extasiada.

— Muito bem! Esse é um recurso capaz de nos tirar de inúmeras enrascadas.

— Entendi. – Subimos pela escada em espiral rumo ao terceiro andar.

Nosso alvo estava na sala do telescópio, mal havíamos colocado os pés dentro da ambiente, o rapaz virou em nossa direção. O ruivo não parecia ter mais do que vinte anos, as feições finas, as orelhas pontudas e as pupilas verticais passariam despercebido a olhos humanos.

— O que querem? Tenho autorização. – Ele tentou parecer indiferente, mas os batimentos acelerados o entregaram.

— Sei disso. – Me apressei a ficar de frente para ele com Mady ao meu lado. – Estou mais interessado em suas atividades secretas.

Ele não esboçou nenhuma reação que pudesse ter denunciado seu ato seguinte, rápido como um gato o elfo lançou uma esfera de luz em minha direção. Por alguns segundos aquilo emitiu uma luminosidade tão intensa que ofuscou minha visão momentaneamente. Quando a luz se dissipou vimos que o pestinha havia fugido.

— Detesto magia élfica! – Pisquei algumas vezes, pontinhos brancos dançavam a minha frente.

— O que foi Isso?

— Isso foi uma pequena amostra do que um elfo é capaz de fazer, temos que encontrá-lo rápido. – Rapidamente tentei rastreá-lo. – Ele está indo pela escada! – Mady não esperou por instruções e se virou indo atrás do fujão. Respirei fundo e enviei uma mensagem para Ed. "O alvo está em movimento." Fui para a escada não vi mais Mady. "Estou sentindo, se ele colocar os pés do lado de fora o pegarei."

Saí da sala indo em direção a escada, me recostei no parapeito e olhei para baixo, a queda não era muito longa.

— Certo, hora de acabar com a brincadeira. – Saltei mergulhando rumo ao chão, a queda não durou mais do que alguns segundos. Pousei quase sem fazer barulho no instante em que o elfo saltava o ultimo degrau, não houve tempo para evitar que esbarrasse em mim. – Peguei! – O segurei pelo colarinho.

— Muito experto, poderia ter dito que iria fazer isso, não teria decido três lances de escada correndo. – Mady apareceu dois minutos depois.

— Não tenho culpa, a senhorita é que saiu antes que pudesse dizer qualquer coisa. – Dei de ombros e ela revirou os olhos. – Muito bem espertinho, hora de abrir o bico.

— Não sei de nada.

— Claro que não. – O puxei de volta para a escada. – Vamos dar um passeio.

— Ah não Sky. – Madison choramingou, não escondi o riso.

— Voe para o telhado, chego lá em instantes.

— Obrigada, já malhei pernas e coxas o suficiente por um dia. – Ela saiu pela porta e eu reboquei o elfo escada acima.

— Seria mais prudente começar a falar, sua saúde iria agradecer bastante. – Não obtive resposta. – O que sabe a respeito do seqüestro de uma humana? – Silencio. – Há alguns dias uma garota foi ataca por um guardião e por algum motivo não senti a presença dele, sei que tem dedo seu nisso. – Mais silencio. – Tudo bem, eu tentei. – Dei de ombros e continuei o arrastando escada acima.

Conforme nos aproximávamos do telhado ele ia ficando mais tenso, provavelmente estava sentindo a presença de Edward junto com a da Mady. A porta que dava acesso para o telhado estava trancada, a chutei fazendo abrir com um estrondo alto, iria mostrar que não estava mais para brincadeira.

— Ele já decidiu falar?

— Ainda não Edward, mas vai falar. – Puxei o elfo até a beirada do telhado onde Mady estava sentada, as pernas balançadas no vazio a cerca de vinte metros do chão. – Hoje farei um experimento. – Ela me olhou curiosa.

Estendi as asas e alcei vôo trazendo o rapaz comigo, os olhos verdes pareciam querer saltar das orbitas.

— Então elfo? Você sabe voar? – Ao atingir a marca de cem metros de altura o soltei. Assisti a queda os berros desesperados chegavam a meus ouvidos, vi Mady se preparando para salvá-lo, fiz sinal para que ela esperasse. Quando ele chegou a trinta metros de altura o interceptei segurando pelos calcanhares.

— Não estou brincando! Comece a falar!

— Não sei nada a respeito do seqüestro! – O soltei de novo e somente o peguei quando estava a centímetros do chão. – Estou falando a verdade! – Ele berrou, estava a beira das lagrimas.

— Ok, e o guardião?!

— Não sei por que se importa! Era somente uma garota humana! – O desdém em sua voz foi a gota d'água. O joguei para o alto, em seguida o agarrei pelo colarinho e fiz com que olhasse dentro de meus olhos, o terror havia duplicado.

— Vou dizer por que me importo. – Cada palavra saiu carregada de ira. – A garota em questão é muito importante para mim... – A compreensão o atingiu junto com mais uma rodada de desespero.

— Eu... Eu Não...

— Claro que não sabia! Diga quem ele é, por que ao contrario de você ele não está ao alcance de minhas mãos! Comece a falar, antes que a ultima centelha de razão que ainda há em mim vá embora!

— Não o conheço! Ele... Ele disse que queria manter os negócios longe de olhos curiosos. Mando as poções e ele entrega o dinheiro, somente veio até mim àquela vez.

— Que negócios são esses? – Estreitei os olhos.

— Não sei! Só envio e pronto!

— Para onde?!

— Sibéria! – O olhei por mais algum tempo, queria ter certeza de que estava realmente falando a verdade.

— Certo, agora se essa conversa sair daqui, você terá outra visita minha e garanto que não vai gostar disso. – Larguei o elfo beirando as lágrimas. Parece que Orion terá visitas antes do que imaginava. 


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Notas finais do capítulo

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