A Mais Bela Ovelha Negra escrita por Júlia Ritto


Capítulo 2
Capítulo 2 - Encontro Inesperado


Notas iniciais do capítulo

Oii, gente!
Queria agradecer muuuito a vocês que leram o primeiro capítulo e estão aqui para o segundo ♥
Obrigada a quem está acompanhando e a quem favoritou (já tem 3 favoritos no primeiro cap!!)
E um super obrigada ainda maior a quem deixou reviews, Snow e Rafaella ♥
Sem mais delongas, vamos ao capítulo!



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Ao chegarmos na casa da Mel, minha mãe estava tomando café com Cláudia, Melissa correu abraça-la.
—Tia Lety – era o apelido da minha mãe, Letícia – quanto tempo, obrigada por trazer a Sam!
Minha mãe deu risada da euforia da minha amiga.
—Imagina, Melissa, se você soubesse o quanto a Sam insistiu...também é bom te ver.
Mel deu risada e me puxou escada à cima para seu quarto. Quando ela fechou a porta, eu fui a primeira a falar.
—Por que você não me contou que estava saindo com um cara?!
Ela ficou vermelha e respondeu sem jeito.
—Não foi um encontro...ele me emprestou dinheiro para pagar o taxi esses dias e eu fui devolver. – ela se apressou ao perceber que eu não estava convencida – ele estava até com um amigo!
—E devolver dinheiro demora tanto tempo assim? – perguntei, irônica.
Ela logo cedeu, sabia que não tinha como me enganar.
—Tá, talvez tivéssemos segundas intenções...
Fiz uma expressão curiosa, indicando que ela contasse mais.
—Ele é da minha escola, mas um ano mais velho, está no terceiro... – ela fez uma pausa, se sentando na cama e indicando que eu sentasse ao seu lado – nunca tínhamos conversado, mas nos olhávamos, sabe? – eu assenti, interessada – semana passada fui a um supermercado meio longe de casa, minha mãe não tinha como me buscar, e como estava sem dinheiro sobrando, fiquei sem saber o que fazer.
Consegui imaginar o estado dela perfeitamente, quase dei risada, Mel ficava muito engraçada nervosa, ela prosseguiu.
—Então, eu encontrei Lucas na rua em frente ao supermercado, e você sabe, sou bem impulsiva quando fico nervosa – ela enrolou o cabelo com os dedos, embaraçada – fui falar com ele sobre minha situação...acabou que conversamos por um tempo até ele me emprestar o dinheiro, daí combinamos de nos encontrar na praça para eu devolver e conversarmos um pouco...claro que não sabia que ele ia levar um amigo junto, embora tenha ficado um pouco aliviada por não estar sozinha com ele.
Me lembrei de Allen, será que ele era da escola dela também?
—Ele era da sua escola? – disse sem pensar.
—Quem?
—Quer dizer, Allen, o amigo dele... – disse, envergonhada
Ela me lançou um sorriso malicioso.
—Eu percebi que rolou alguma coisa entre vocês! Mas, não, ele não é da escola, nunca tinha visto ele antes...
—Não é bem isso, ele até é bonito, mas não parece um cara legal. – revirei os olhos, me lembrando do seu sorriso sarcástico.
Mel pareceu acreditar em minhas palavras, não era difícil achar aquele cara grosso.
—Bom, ele não é a pessoa mais simpática do mundo...
Acabamos deixando o assunto garotos de lado e jogamos conversa fora como sempre fazíamos, como sentia falta daquilo! O tempo passou voando e logo minha mãe me chamou para nos despedirmos, já era noite e depois de darmos um abraço apertado e vê-la partir, fomos jantar.
—Preparei seu prato favorito, Sam, nhoque – Claudia disse sorrindo
—Já estou com água na boca!
Enquanto comíamos, a mãe de Mel nos colocou a par das tarefas de casa
—Vocês podem estar de férias, meninas, mas eu ainda preciso trabalhar; por isso, vou precisar da ajuda de vocês na casa.
Nós duas assentimos
—Lavar a louça, arrumar o quarto, fazer às compras no mercado...Vocês podem se organizar quanto a isso.
—Certo, pode contar com a gente – eu afirmei, colocando mais uma garfada de nhoque na boca.
Subimos para o quarto logo depois de comer, Claudia lavaria a louça hoje, chegando lá, Mel foi correndo pegar o celular, certamente ansiosa por mensagens.
—Está falando com o tal de Lucas? – ela sorriu, corada, tinha a minha resposta.
—Ele quer sair comigo amanhã de novo, tomar café em uma padaria... – já sabia que tinha uma pergunta implícita ali.
—Que legal! Pode deixar, eu vou no mercado amanhã...
Mel vibrou, me agradecendo com o olhar e voltando a digitar no aparelho.
Ficamos conversando a noite toda, fomos dormir já de madrugada, às duas da manhã.
—---
Acordei com barulhos vindos do closet, ainda eram oito da manhã, fui ver o que era e encontrei Mel revirando seu armário em busca de algum vestido, logo me lembrei do seu encontro.
—Precisa de ajuda?
Ela se voltou para mim, agradecida
—Por favor, tenho que sair em meia hora e não consigo decidir o que usar!
Olhei todas as opções de roupas que ela tinha e apontei para um vestido tomara que caia rosa claro com algumas flores.
—Esse é perfeito!
Ela entrou no banheiro para colocar o vestido, eu fiquei esperando ela sair.
—O que achou?
Ela estava linda, seus cabelos escuros contrastavam com os olhos mel, em evidencia pela maquiagem, e o vestido tinha o caimento perfeito.
—Pode me matar se ele não se apaixonar – dei risada.
Ela sorriu diante da aprovação e seguiu para pegar sua bolsa, parando no meio do caminho.
—Tenho que te passar o endereço do supermercado, ele é novo então você não conhece, dá para ir a pé, demora uns 40 minutos para chegar...pode ir de táxi se quiser.
Lembrei o tanto de nhoque que comi ontem, decidi ir a pé, Mel pegou um papel e uma caneta e escreveu o endereço da forma mais rápida que eu já vi.
—Aqui – ela me entregou o papel – tenho que ir, não posso me atrasar! Beijos.
Ela se despediu e correu escada a baixo, me deixando sozinha na casa.
Não tinha muito para fazer agora, então resolvi me livrar da tarefa de fazer compras o quanto antes, coloquei um shorts jeans e uma camiseta qualquer, enfiei o endereço no bolso, peguei a bolsa com o dinheiro necessário e fui para a rua.
Saquei o papel, estranhei ao olhar para aquilo, o endereço mais parecia um rabisco...segui reto pela rua enquanto tentava decifrar algumas palavras, entendi que deveria virar à esquerda depois do jardim de inverno e entrar em alguma rua depois disso, infelizmente, não consegui identificar o nome.
Depois de virar à esquerda e seguir por alguns minutos na calçada, constatei que teria que escolher por que rua seguir: Rua Ambrósio ou Rua das Amoreiras.
Como não consegui decifrar a caligrafia, resolvi seguir minha intuição e, claro, o meu amor por amoras, cruzei os dedos e segui pela Rua das Amoreiras torcendo para ser o caminho certo e também para que o nome não fosse à toa...
Parecia ser uma rua de pessoas bem ricas, a casa – mansão – que mais me chamou com que mais me admirei era realmente gigante, com um enorme jardim e uma aparência refinada com um toque vitoriano, o que mais me chamou a atenção; no entanto, foi a grande amoreira encostada no muro da entrada...
Já fazia um tempo que não comia aquelas frutinhas dos deuses e não podia perder a oportunidade, chequei se realmente ninguém estava olhando para o jardim e me esgueirei para perto da árvore, ficando nas pontas dos pés e esticando os braços ao perceber que só haviam amoras nos galhos mais altos.
Emburreci ao ver que não alcançaria nada dali de fora, precisaria chegar mais perto, entrar no jardim...olhei maliciosamente para o portão de entrada, constatando que estava apenas encostado. Sem pensar duas vezes – pois se tivesse, não teria feito isso – entrei de mansinho no jardim e me preparei para dar um grande salto em direção a árvore para alcançar as frutinhas.
Estava a alguns metros dela, então conseguiria impulso na corrida, contei mentalmente até três e corri com toda a minha força, com certeza alcançaria as amoras, mas, infelizmente, pulei um pouco tarde demais, e acabei caindo de mal jeito em cima do meu pé.
—Ai! – não pude evitar soltar um grito de dor.
Para meu desespero, ouvi passos se aproximando de dentro da casa, tentei me levantar depressa, mas percebi que seria impossível com o estado do meu pé, logo cai novamente.
—Tem alguém aí?
Notei que a figura já estava no jardim e muito provavelmente vinha em minha direção, voltei a ser um bebê e fechei os olhos, na esperança de me tornar invisível.
Claramente, não funcionou e a voz masculina familiar se tornou ainda mais próxima.
—Ei, garota, você quase me matou de susto. O que está fazendo aí toda encolhida? Essa não é a melhor forma de cavar um túnel! – disse em meio a risadas.
Me convenci de que o cara não queria me prender e ergui a cabeça em sua direção, minha expressão mudou quando o reconheci era o gato arrogante do parque! Fiquei vermelha na hora, torcendo para não ser reconhecida.
—Desculpa, eu não queria...quer dizer, eu... – me atrapalhei toda.
Antes que pudesse terminar meu pedido de desculpas, Allen começou a rir histericamente da minha desgraça, mas com o olhar fixo em mim, acho que ele lembrava, no fim das contas.
—Você queria pegar amoras, certo?
—Sim, não resisti – me entreguei, ainda no chão.
—Não é a primeira a fazer isso, mas ninguém nunca chegou a entrar na nossa casa, muito menos a levar o maior tombo...no que estava pensando? – disse, passando a mão nos cabelos louros.
No sabor delicioso dessas amoras, foi o que eu quase respondi.
—Só me deixei levar, não vai acontecer de novo.
—Tudo bem, não me importo com isso de verdade...sou o único que come amoras aqui em casa de qualquer forma, só peça da próxima vez que quiser entrar – ele  estendeu a mão para mim.
Naquele momento, me perguntei onde estava o garoto mal educado...corei ao segurar sua mão, mas acabei caindo ao tentar levantar, meu tornozelo realmente tinha torcido.
—Ai...acho que torci o tornozelo
Tentei me levantar novamente, sem sucesso.
—Calma, Sam – ele fez uma pausa – é o seu nome, certo?
—Sim... – disse, surpresa por ele lembrar meu nome.
Ele abriu um sorriso
—É melhor não mexer o tornozelo, já fiz um curso de primeiros socorros – ele olhou pensativo para sua casa – vamos lá para dentro para eu ajudar.
Aquele garoto me surpreendia cada vez mais, talvez devesse reconsiderar minha primeira impressão sobre ele...comecei a pensar em como ele esperava que eu entrasse na casa, mas quando dei por mim, estava sendo carregada.
—Allen... –disse surpresa, causando um sorriso maior que o habitual vindo do garoto.
—Você lembra o meu nome?
Apenas corei, logo estávamos dentro da casa, era ainda mais bonita por dentro que por fora, era tudo moderno, mas guardava um ar clássico inquestionável, Allen me deixou no sofá da sala.
—Espere um pouco, vou pegar umas coisas para enfaixar seu tornozelo. – ele saiu para outro cômodo.
Ouvi passos alguns minutos depois, pensei serem de Allen, mas a figura que vi descendo a escadaria era feminina. Ela era bem bonita, parecia até uma boneca, tinha cabelos loiros que formavam cachos nas pontas, sua pele era muito branca, também era bem baixinha...pensei ser a irmã mais nova dele, pelas semelhanças.
Ela já estava me fitando há algum tempo quando resolveu dizer alguma coisa
—Quem é você? – ergueu uma sobrancelha
—Eu torci o tornozelo e Allen me trouxe aqui para enfaixar...meu nome é Sam.
Algo naquela garota me intimidava... Ela já abria a boca para retrucar, mas Allen entrou na sala, se tornando o foco das atenções.
—Allen, desde quando você traz pessoas estranhas para dentro de casa? – disse em tom de acusação.
—Desde quando alguma coisa que eu faço te diz respeito?
A menina bufou, sem paciência e deu de ombros.
—Como quiser...Só tenha certeza de que ela não esteja aqui quando papai e mamãe chegarem, se eles verem uma garotinha qualquer em casa vão te matar – ela abriu um sorriso ao imaginar a situação – o que eu adoraria ver, mas estou de bom humor hoje, então vou deixar essa passar.
Disse de um jeito nada amigável e se virou, voltando a subir a escadaria, antes de sumir, ela parou e se virou para mim, com uma expressão totalmente diferente no rosto.
—Foi um prazer te conhecer, meu nome é Alicia! Não deixe de falar comigo caso meu irmão te cause problemas. – abriu um sorriso e voltou a subir a escada.
Fiz uma cara confusa com a mudança súbita de personalidade, quando ela saiu de vista, Allen deu um suspiro aliviado.
—Não liga para ela, é minha irmã gêmea super irritante...qual dos pés está torcido?
—Este aqui... – eu disse, deixando a história de lado e movimentando levemente o pé direito.
Ele pegou uma almofada e apoiou meu pé cuidadosamente, analisando a situação.
—Agora é só enfaixar, vou tirar seu sapato, ok?


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Notas finais do capítulo

O que acharam?? A partir daqui que as coisas ficam legais ^^
Quero ver suas opiniões, vou amar responder cada um de vocês ♥
Beijos e até o próximo



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