A Phantom Troupe's Secret Santa escrita por Myara, Drafter


Capítulo 11
Shizuku




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Aquele parecia um bom dia para ler. Não que Shizuku fosse a mais ávida das leitoras, mas ela apreciava, de vez em quando, se jogar nas páginas de um livro ou revista qualquer, e aproveitar os momentos de calma que uma brecha entre as missões do Danchou proporcionava. E era isso que, caso tudo corresse conforme o esperado, planejava fazer essa tarde.

No entanto, ela tinha percorrido apenas metade do que pretendia ler naquele dia quando ouviu o burburinho que a faria deixar a leitura de lado.

Shizuku estava em um banco de metal, nas margens de uma das praças da cidade. A princípio, quando notou um certo rebuliço se espalhando pelo outro lado da calçada, apenas mirou, intrigada, com o canto do olho. Logo voltou a encarar as páginas que tinha nas mãos, dispensando aquele falatório, mas a pequena multidão que se formava tão próximo a ela parecia determinada a fazer de sua leitura vespertina uma tarefa praticamente impossível.

Com a algazarra cada vez maior, a mente curiosa de Shizuku a forçou a virar o rosto novamente em direção à turba. O número de pessoas parecia ter se multiplicado, e ela meneou a cabeça, tentando entender do que aquilo se tratava.

Quando se convenceu que não conseguiria extrair nenhuma informação relevante enquanto permanecesse sentada naquele banco, Shizuku se deu por vencida e enfim abandonou seus planos de leitura. Então levantou-se, prendeu a pequena brochura no bolso da calça e se dirigiu até a confusão, abrindo caminho com os ombros.

Se espremeu para chegar na frente daquele aglomerado, e, quando conseguiu, demorou ainda para compreender o que tinha diante dos olhos.

Era a pequena vitrine de uma loja, um nicho de vidro embutido na parede na altura dos olhos. Dentro, um mini pedestal de acrílico transparente que trazia no topo, quase como um objeto de adoração, um frasco, também de vidro. O recipiente tinha entalhes arabescos e contornos reluzentes, como fios de ouro que destacavam o líquido âmbar que armazenava. A tampa, dourada, seguia o mesmo padrão luxuoso.

— O que é isso? — ela perguntou em voz alta, genuinamente curiosa, sem no entanto, se endereçar a ninguém em específico.

Ao seu redor, as pessoas continuavam com seus murmúrios, exprimindo a estupefação que sentiam diante da peça.

— É o Mandarin, o perfume mais caro do mundo — alguém falou a seu lado, com um misto de assombro e idolatria na voz.

Shizuku ajeitou os óculos, olhando com mais atenção. Por trás de suas enormes lentes, seus olhos pareciam ainda maiores.

— Dizem que foi feito a mando do rei de Kakin como presente para suas esposas — o mesmo sujeito falou.

— E que leva pó de ouro na composição — outra voz, dessa vez feminina, se manifestou, em um tom assertivo.

— Ouvi dizer que é feito com uma flor que só nasce no topo da Árvore do Mundo.

Aquelas informações inflamaram ainda mais o deslumbre dos pedestres que circundavam a vitrine. Naquele meio, Shizuku parecia a única calada, admirando os detalhes do objeto.

E quanto mais admirava, mais o rosto de Pakunoda se desenhava na sua mente.

(...)

O tumulto inicial em frente à vitrine se esvaiu junto com o ponteiro do relógio. À tardinha, o número de pessoas que ainda parava para contemplar a estonteante novidade que aquela loja trazia era próximo de zero.

Só não era zero absoluto pois uma menina, com seus óculos de aros imensos e franjas escuras que lhe cobriam a testa, ainda permanecia lá, tão quieta quanto como chegara, momentos atrás.

— Ei, garota, ainda vai ficar aí?

Shizuku pareceu despertar ao ouvir a fala de um senhor que saía da loja, acompanhado de duas jovens uniformizadas.

— Ah, eu vou levar o perfume — ela falou.

— Volte amanhã, a loja já fechou — disse, passando a tranca pela porta recém-fechada.

— Não tem problema.

O homem deu de ombros, murmurando algo ininteligível e claramente cético quanto ao poder aquisitivo de Shizuku. Ela, porém, não pareceu se incomodar; Simplesmente conjurou seu aspirador, que surgiu de pronto em sua mão.

— Blinky, sugue o vidro da parede — ela ordenou.

O aspirador, constituído de nen, pareceu sorrir com a bocarra que exibia na ponta do cano. Emitiu alguns ruídos e imediatamente se pôs a executar seu comando. A vitrine estraçalhou em mil pedaços com a sucção de Blinky, que devorou cada caco de vidro em uma fração de segundo.

— Ei! O que pensa que está fazendo? — o homem gritou, agora vindo na direção de Shizuku.

Ela deixou que ele se aproximasse e, com um simples movimento de braço, atingiu-o na cabeça ainda se valendo de Blinky. O homem desmaiou na mesma hora com a pancada recebida. As duas jovens que acompanhavam a cena soltaram breves gritinhos estridentes antes de dispararem para longe, deixando Shizuku finalmente sozinha.

Ela olhou para a vitrine, já sem a proteção, e casualmente retirou o perfume do pedestal.

Àquela altura, já nem se recordava mais da leitura iniciada naquela tarde.

(...)

A entrega do presente saíra exatamente como Shizuku esperava. Paku se encantou com o regalo e compartilhou com ela e Machi o aroma sublime que aquele pequeno frasco continha.

A perfeição das notas do perfume foi unanimidade entre as três.

— Achei legal o presente que deu para Paku — Shalnark falou, ao se aproximar de Shizuku — mas achei que fosse dar aquele colar que pegamos na loja.

— Que colar? — ela perguntou, verdadeiramente surpresa.

— Aquele, da pedra escarlate. Pegamos quando fomos na joalheria.

— Está maluco? A única coisa que pegamos foi esse conjunto! — E Shizuku levou a mão à cabeça, tocando a tiara que continuava usando desde que recebera de presente. Em seu rosto, nenhum sinal de má-fé ou mentira, apenas a pura expressão de total desconhecimento do assunto.

Shalnark riu. Ele lembrava-se claramente de vê-la embolsando a joia na visita à joalheria.

Mas a memória de Shizuku, pelo visto, não mudara nadinha.


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Notas finais do capítulo

Por Drafter

Então, gente, eis que a Shizuku tirou a Paku e o ciclo se fechou!

O que significa que as duas pessoas que ficaram de fora (Feitan e Franklin) se tiraram! Esse tipo de coisa sempre acontece em amigo-secreto, né? Como tiramos na sorte, aqui não seria diferente, hehe. Quem previu essa dupla no final?

Beijos e abraços, pessoal!



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