Declarações e Sentimentos escrita por Natur Elv


Capítulo 1
Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Yay, hoje tem episódio! ♥

Eu tô tão feliz que Yuri!!! on Ice tem me dado inspiração para escrever assim novamente e me alimentado de vida e felicidade e amor! Escrevi essa oneshot com muito amor e algumas cenas foram inspiradas por um momento de sono meu, hahahah, e outras por uma tirinha, cujo link vou deixar no fim dessa Nota (e aconselho verem depois de ler, para não terem "spoilers", hahaha). Espero que gostem e, por favor, me avisem sobre eventuais erros. E, também, deixem-me saber o que acharam.

Boa leitura ♥

link: http://no2ng.tumblr.com/post/153891105298/i-have-a-lot-i-want-to-tell-you-victor



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Yuuri foi recebido e parabenizado por sua família e alguns conhecidos quando chegamos ao hotel – e sua família não pôde deixar de fora o relato sobre a preocupação que tiveram com Makkachin (e eu estava imensamente grato a eles por conta disso e pelo cuidado que tiveram com meu amigo).

“Yuuri precisa descansar um pouco e então estará cheio de energia para retomarmos os treinamentos! Ainda que ele tenha sido classificado para a final, foi por pouco e, portanto, não podemos pegar leve.” Segurei em seus ombros enquanto falava e sorri para ele, que ofereceu-me um olhar cansado, mas cheio de compreensão.

Seu pai e mãe, como sempre, mostraram-se muito gentis e respeitaram seu tempo para descansar. E ele realmente precisava descansar, ainda que tivesse muita energia – o que eu abertamente admirava. Além de ter passado por toda preocupação por conta de Makkachin, a competição e o fato de eu não estar lá durante seu Programa Livre, havia também toda a viagem de volta ao Japão, que durava cerca de vinte horas em se tratando apenas do voo. Portanto, por agora, indiscutivelmente, Yuuri descansaria.

“Você deveria ir às termas, Yuuri.” Sugeri, estávamos no corredor que dava acesso aos nossos quartos e Makkachin corria à nossa frente, indo direto para a porta do quarto de Yuuri para então raspar suas patas adoráveis na madeira por um momento. “Parece que alguém está ansioso para voltar a dormir em sua outra cama.”

Yuuri sorria um sorriso pequeno enquanto observava Makka, seus olhos cansados mostravam o alívio por ele estar bem. Yuuri não demorou, porém, a seguir na frente, abrindo a porta de seu quarto para um Makkachin ansioso e contente pular em sua cama e amassar o lençol anteriormente esticado.

Ri, deixando sua mala à cabeceira da cama – aliás, que dor de cabeça deu sua bagagem por ter sido extraviada.

“Obrigado por trazer minha mala.” A voz de Yuuri chamou minha atenção. “Acho que você está certo, relaxar um pouco nas termas é uma excelente ideia.”

“Não é?” Sorri, descansando minhas mãos em minha cintura. “O que você precisa agora, antes de retomar os treinos, é relaxar, Yuuri.”

“Você também, Victor.” Ele sorriu para mim, tão doce, e o leve vermelho em suas bochechas, que não passou despercebido por mim, deixava ainda mais claro seu convite.

E como sempre, as termas estavam maravilhosas. Encostei a cabeça em uma pedra e fechei os olhos, sentindo meus músculos relaxarem na água quente, o som suave do movimento da água enquanto Yuuri movimentava-se devagar. Era bom saber que ele estava ali.

Suspirei e abri os olhos para encontrá-lo a um braço de distância de mim, seus ombros encolhidos e seus olhos fechados. Não pude evitar a lembrança do aeroporto, o race em que se encontrou minha mente no momento em que o vi: Yuuri estava lá, em frente aos meus olhos, ele estava de volta, ele estava ali e eu poderia tocá-lo de novo e senti-lo de novo e eu não tinha como evitar o desespero em fazê-lo, em tocá-lo, em senti-lo e ter certeza de que ele estava ali. Meu coração batia tão forte àquele momento, doía em minha garganta, e quando Yuuri passou por aquela porta e correu para mim foi como se eu tivesse acabado de descobrir que não respirava desde o momento em que nos despedimos no saguão do hotel em Moscou.

Suspirei novamente, ouvindo outra vez o som suave da água que foi seguido pela voz de Yuuri. “Você se parece muito com Yakov.”

Eh? Yuuri,” choraminguei seu nome. O que ele queria dizer com aquilo? Eu estava tão mal assim? “Acha mesmo que estou tão velho assim? Cruel...” Fiz um bico, sentindo-me um pouco ofendido.

“O quê?” Yuuri alarmou-se. “Não! Não é isso o que quero dizer. Francamente.” Ele desviou o olhar por um instante apenas. “Refiro-me aos sermões longos.”

Uma risada alta, mas breve, deixou-me e eu falei: “Yakov lhe deu um sermão?” Yuuri fez que sim com a cabeça.

“Antes mesmo de a pontuação sair.” Um suspiro.

“Espero que ele não tenha sido rude com você.”

“Não... Ele estava certo em fazer aquilo.” Os olhos de Yuuri não estavam em mim, mas em algum ponto cego em meio à água e então ele deixou que os ombros fossem cobertos pelo calor da terma. Fiquei a observá-lo em silêncio, até que um novo suspiro o abandonou e, no segundo seguinte, sua cabeça descansava em meu ombro.

“Eu estava tão nervoso.” Ele desabafou. Yuuri sempre fica nervoso antes das competições, o que é absolutamente natural para qualquer um, mas, desta vez, eu conseguia enxergar exatamente o ponto que ele queria atingir ao deixar aquela frase para fora. “Por que competir é tão difícil?” Ele fez uma pausa. “Ainda assim, eu quero tanto ganhar.” Outra pausa, mais breve do que a outra. “Eu não havia admitido isso para mim mesmo antes, mas eu também queria ter conseguido o ouro na competição anterior, antes de você ser meu técnico. Apesar de nunca ter desejado perder, não imaginava que queria o pódio tanto assim.” O olhar de Yuuri mantinha-se fixo na água, mesmo quando ele afundou-se mais ao meu lado, descansando contra meu braço e ombro.

“Você está na Final do Grand Prix, Yuuri, nós vamos-“

“Foi tão estranho sem você por lá.” Ele me interrompeu. “E eu... eu acabei realmente abraçando Yakov.” Então Yuuri riu e eu encontrei-me em meio à mistura de sentimentos de surpresa e admiração – o primeiro devido à revelação de que havia, de fato, abraçado Yakov, o segundo tudo tinha a ver com sua risada, completamente adorável e mais descontraída, que aliviava seu rosto de todas as preocupações que o rodeava um segundo atrás.

Really? Você abraçou Yakov?”

“Pensei que você tivesse assistido?” Seus olhos castanhos finalmente fixaram-se em mim.

“É claro que assisti, mas não filmaram essa parte. Pelo menos não foi mostrada na transmissão online. Droga, eu adoraria ver a cara de Yakov.” Ri. “Qual foi a reação dele?”

“Não sei bem.” Yuuri havia voltado a encarar a água, mas agora pelo menos havia um sorriso em seu rosto e somente aquilo já era o suficiente para aquecer meu peito. “Ele deixou que eu o abraçasse, foi só isso.”

Yuuri não parecia mais tão nervoso quanto há alguns instantes, mas eu sabia que ele ainda lutava para não deixar aquele sentimento tomá-lo. Remexi-me ao seu lado, fazendo o toque de seu corpo abandonar-me, e ele me lançou o olhar, curioso, enquanto eu o encarava de volta. Ergui minhas mãos da água e as deslizei por seu rosto, molhando-o de propósito e mostrando a ele, naquela conversa muda e cheia de significância, que estava tudo bem agora, que tudo esteve bem e que ele era ótimo. Repeti o ato, desta vez meus polegares tocaram suas pálpebras devagar para seguirem as suas bochechas, em que ficaram.

Os castanhos de Yuuri continuaram a me fitar e eu ofereci-o um sorriso pequeno, mas com toda intenção do mundo de acolhê-lo. Suas mãos tocaram as minhas e eu observei os traços em seu rosto jovem mudarem sutilmente.

“Há tanta coisa que eu quero te contar.” Ele falou.

“Eu quero saber de tudo.” Respondi, sinceramente, e inclinei-me para beijar sua testa e franja molhadas. “O que eu posso fazer por você agora, Yuuri?” Nossos rostos estavam próximos e Yuuri sorria e sua pele parecia um pouquinho mais corada.

“Só vamos ficar aqui por mais um tempo.” Por um momento, pensei que sua voz não conseguiria fazer seu caminho até meus ouvidos e acho que ele pensou o mesmo.

“Qualquer coisa que quiser, meu Yuuri.” Trouxe uma de suas mãos à minha boca e, como feito mais cedo naquele dia, no aeroporto, a beijei – desta vez, porém, na palma – e então a descansei contra meu próprio rosto. Abri a boca para voltar a falar, mas tudo o que me deixou foi um som que morreu no meio do caminho quando Yuuri me beijou.

Primeiro, surpresa, e então, uma imensa sensação de estar completo. Seus lábios estavam molhados e sua macies nunca havia morrido em minha memória, nunca poderia deixar minhas lembranças. E eu queria que compartilhássemos aquele instante para sempre, aquele toque simples e delicado, tão delicado como eu poderia imaginar partir de Yuuri e ainda assim surpreendente, exatamente como ele. Mas Yuuri logo cessou o contato – nossa proximidade, no entanto, mantinha-se da mesma forma e eu não poderia preferir de outra maneira.

Wow.” Sussurrei, fitando-o nos olhos, esperando encontrar lá seu embaraço, que existia, mas que era quase completamente ofuscado por sua confiança e nada poderia deixar-me ainda mais feliz do que enxergar aquilo em seus castanhos.

Tão de repente quanto o primeiro, sua boca tocou a minha novamente e sua confiança era palpável. Ele aproveitou a mão em meu rosto e segurou meu maxilar, não de maneira atrapalhada ou dominante, mas muito gentilmente, e seus lábios se partiram apenas um pouco para então dar início a um movimento lento e eu estaria mentindo se dissesse que meu coração não batia mais rápido naquele momento e eu sentia-me derreter. Yuuri só poderia estar planejando me matar de sentimentos bons.

Nos beijamos durante algum tempo, apenas o som da água ao nosso redor, e quando voltamos a nos encarar, mais uma vez, assim como em todos os dias quando olho para ele, dei-me conta do quão apaixonado Yuuri me fez.

“Você é tão lindo, Yuuri.”

Ele não sabia muito bem como reagir a elogios quando fora do cenário de competição e era absolutamente adorável como seu rosto tornava-se levemente corado devido àquilo. Ainda assim, ele ofereceu-me um sorriso pequeno e eu retribuí antes de abraçá-lo, porque eu precisava fazê-lo de novo e de novo, quantas vezes fossem necessárias, e eu tinha um forte palpite de que jamais seria o suficiente.

“Ahh, estou tão aliviado que está bem!” Yuuri falou ao sentar-se no tatame para acariciar a parte inferior das orelhas de Makka, que parecia muito contente com o mimo. “Você nos deu um susto e tanto, Makkachin.” Ele abraçou seu pescoço peludo e fofo por um momento.

Deixei aquele cômodo para buscar algo para beber e ao voltar, encontrei um Yuuri deitado ao lado de um poodle teimoso enquanto corria a mão pelo pelo encaracolado e marrom. A cena aqueceu meu peito como o abraço de alguém amado, vê-los daquele jeito enchia-me de uma felicidade muito maior do que eu poderia imaginar. As duas vidas mais importantes de minha própria vida estavam na minha frente e se amavam, bem como eu as amo.

Yuuri tinha a cabeça descansada sobre o próprio braço e uma expressão de ternura no rosto, Makkachin, de novo, parecia muito satisfeito com a atenção. E eu estava muito satisfeito com o que via.

Não pude evitar tirar uma foto da cena – mas Yuuri não percebeu, porque deixei o celular no silencioso. Qual seria a reação dele ao acessar o Instagram mais tarde? “Eu também quero a atenção do Yuuri.” Ele lançou o olhar a mim, seguido por Makkachin, e eu acomodei-me ao lado deles, no tatame.

Como resposta, Yuuri sorriu e esticou o braço em que descansava a cabeça, fazendo um movimento com a mão para chamar minha atenção. “Yuuri!” Meus lábios esticaram-se num grande sorriso, porque eu estava mesmo feliz. Deitei ao lado de Makkachin, ansioso para ganhar o que não demorou sequer um segundo a vir: um cafuné no topo de minha cabeça. Ahh, era tão gostoso! Yuuri tinha os melhores carinhos do mundo... E eu e Makkachin erámos os seres mais sortudos e contentes por recebê-los.

Hmm, Yuuri, isso é tão bom. Nós somos tão sortudos, não somos, Makka?” Passei a mão pelo pelo encaracolado. “Por termos o Yuuri...” Então senti o cafuné parar por um ou dois segundos e Yuuri pareceu tenso por um instante, mas tão logo foi como se as duas coisas jamais tivessem acontecido e o cafuné estava de volta, bem como o semblante tranquilo no rosto de Yuuri e seu sorriso pequeno e sincero. “Yuuri?”

“Não, é que...” Ele começou. “Eu só estou feliz.” Seus olhos fixaram-se em Makkachin e possuíam um brilho terno e tão bonito e verdadeiro em seu rosto.

“Yuuri,” chamei-o, descansando uma de minhas mãos sobre seu rosto e sorri para ele. Mas Makka tocou em meu braço com seu focinho e moveu a cabeça, como que pedindo para que eu continuasse a acariciá-lo, ainda que Yuuri não tivesse parado de fazê-lo. Rimos alto e eu, como Makkachin queria, voltei a passar a mão por sua pelagem. “Você com certeza está sendo muito mimado, Makka, especialmente depois de virmos ao Japão.”

A risada de Yuuri alcançou meus ouvidos de novo, mas baixa e muito breve, e ele disse: “Não podemos culpá-lo, não há como evitar querer mimá-lo. Não é, Makkachin?”

“Parece que nós dois estamos sendo mimados pelo Yuuri, huh?”

O sorriso de Yuuri cresceu e nada poderia combinar melhor com ele do que aquela expressão. Seus dedos continuaram o cafuné tão gostoso e eu apenas queria fechar os olhos e concentrar-me unicamente naquilo.

Um silêncio confortável instaurou-se sobre a gente por longos minutos e em algum deles, Makkachin dormiu.

“Você ainda precisa de um descanso apropriado, Yuuri.” Quebrei o silêncio quando a carícia de Yuuri em meus cabelos havia se tornado lenta e sem força e aproveitei para juntar nossas mãos sobre o corpo adormecido de Makka.

“Está tudo bem.” Seu polegar acariciou as costas de minha mão e eu não conseguia tirar os meus olhos de seu rosto.

“Escute o seu técnico.”

Yuuri riu.

“Bem, já que vamos ficar aqui, por que você não me conta as coisas que aconteceram enquanto estive longe e continua com o cafuné?” Sugeri e assim ele o fez. Yuuri contou-me sobre não ter abraçado apenas Yakov, mas todos os outros competidores de sua categoria, sendo apelidado como “zumbi do abraço” e eu ri, tentando imaginá-lo correndo atrás de Yurio para conseguir um abraço dele também.

A conversa desenrolava-se muito naturalmente e, por partes, Yuuri ia me contando sobre seu dia sem minha presença durante o Rostelecom Cup. Não lembro exatamente em que ponto nossa conversa teve fim, porque foi tudo muito orgânico: estava quente e confortável e eu apenas dei-me conta de que havia adormecido quando, lentamente, o toque do celular de Yuuri conseguia tirar-me do sono.

Meus olhos ainda estavam fechados quando a voz dele alcançou meus ouvidos, mas tudo o que eu escutava eram ruídos confusos que, pouco a pouco, iam se tornando palavras coesas – bem, não exatamente para mim, uma vez que ele falava em japonês.

Com algum esforço, pisquei algumas vezes após pressionar as pálpebras umas contra as outras, e então abri os olhos para encontrar Yuuri ainda ao celular. Makkachin não estava mais ali, notei.

“Nós dormimos?” Perguntei quando a ligação foi encerrada, minha voz muito mais rouca do que esperei que estivesse.

“Sim.” A voz de Yuuri não estava tão rouca quanto a minha, mas ainda era possível observar os traços de sono.

Bocejei e remexi-me sobre o tatame. “Eu disse para irmos para o quarto.” Meus olhos doíam um pouco, mas nada que lavar o rosto não ajudasse.

Não havia mais desculpas para não irmos para nossas camas e descansarmos de verdade, portanto, decidimos que estava mais do que na hora. Makkachin reapareceu antes de alcançarmos o corredor que dava para nossos quartos e eu estava pronto para abrir a porta e dar boa noite a Yuuri, quando ele disse:

“Victor... você não quer... dormir junto esta noite?” Apesar do embaraço evidente em suas bochechas, que deixava claro que eu o havia entendido corretamente, mal podia de fato acreditar no que tinha acabado de escutar!

“Yuuri!”

Ele sorriu pequeno e sem graça e abriu a porta de seu quarto e eu e Makkachin o seguimos.

“A minha cama é pequena... Se preferir, podemos ir para a su-“

“É perfeita, Yuuri!” Toquei seus ombros com minhas mãos e sua testa com a ponta de meu nariz. “Eu quero ficar com o lado da parede.”

Ele riu. “Igual a Makkachin.”

Inclinei-me para descansar um selinho em seus lábios e, quando nos separamos, assisti-o ir até seu guarda-roupa e pegar um travesseiro, que assumi ser para mim. Makka acomodou-se aos nossos pés ao deitarmos.

“Há tempos não durmo numa cama assim, pequena.”

“Espero que realmente não se importe...”

“Eu não me importo.” Virei-me para encará-lo e poder abraçá-lo. “Além do mais, este quarto está cheio do seu cheiro.” Fechei os olhos e aspirei o ar dominado pelo cheiro de Yuuri. “Não há como eu não querer ficar aqui para sempre.”

“Victor,” ele pronunciou o meu nome daquela forma como o faz quando não sabe exatamente o que dizer, eu achava tão absolutamente adorável.

“Yuuri, acho que perdi o sono.”

“Posso aproveitar para terminar de contar o que aconteceu.”

“Você precisa dormir.”

“Eu acho que também perdi o sono. Deixe-me contar sobre Yurio.”

Apoiei minha cabeça sobre uma das mãos (assim teria melhor visão de seu rosto), mas mantive o outro braço ao redor de sua cintura.

“Pouco antes de eu ir para o aeroporto, Yurio veio até mim. Ele me trouxe um pacote com piroshkis.”

What? Really?” Perguntei, surpreso, porque a atitude de Yurio havia sido realmente inesperada para mim.

Yeah. E estavam tão gostosos! Acredita que eram recheados com katsudon?”

“O quê?” Minha expressão deixava à mostra toda minha surpresa naquele momento. Piroshki de katsudon? Só poderia ser um sonho!

“Foram preparados pelo avô dele.”

“E ele os deu a você? Wow!”

“Sim, depois de dar-me uma bronca por causa de minha performance no Programa Livre.” Yuuri fez uma pausa, parecendo pensar enquanto fitava o teto de seu quarto, mas então seu olhar caiu sobre mim e ele falou: “Enquanto eu me apresentava, não conseguia para de pensar em você. Durante todo o programa, minha mente trouxe várias memórias à tona, especialmente de quando nos conhecemos, de quando você veio para o Japão... para ser meu técnico.”

De repente todo o clima havia mudado, tudo era muito mais íntimo.

“Eu já te disse isso, mas... eu sempre o admirei demais, desde criança. É surreal pensar que você está aqui agora, você de verdade. Às vezes eu acho que tudo é um sonho e que eu não sou merecedor de tudo isso que tem acontecido comigo, todas essas coisas boas desde que você chegou.” Ele remexeu-se, apoiando-se sobre os cotovelos. “Eu estou tão feliz por você estar aqui, Victor, por você não ser apenas um sonho. E estou tão feliz pelo que temos feito. Não refiro-me apenas à patinação... Tudo o que tem feito por mim, você não faz ideia do quão importante é tudo isso para mim. Victor, eu-“

Toquei sua boca com o dedo, interrompendo-o. “Eu te amo.”

“O qu-“

“Eu precisava dizer.” Uma risadinha me deixou enquanto eu encarava um Yuuri um pouco confuso e prestes a chorar. “Você é a melhor coisa que já aconteceu em minha vida, Yuuri.” Sua expressão mudou e grossas lágrimas correram por seu rosto. Sentei-me na cama e levei uma mão à sua face, tentando limpar a lágrima com o polegar, mas ela logo foi substituída por outra. “Não chore.”

A voz de Yuuri estava pesada e cheia de emoções quando ele disse meu nome antes de jogar-se contra meu peito, escondendo o rosto com as mãos. “Como eu poderia não chorar?” Seus ombros moviam-se com o choro e eu o abracei. Yuuri parecia tão pequeno e frágil naquele instante, quando na verdade tratava-se de alguém grande e muito forte, de quem eu orgulhava-me muito.

“Yuuri, olhe para mim.” Ele o fez com certa hesitação. Seus olhos um pouco avermelhados e agora suas mãos agarravam a parte superior de meu jinbei, mas sem força. “Yuuri, você merece todas as coisas boas que têm acontecido, você merece todas as coisas boas no mundo. Jamais duvide disso. Não chore, Yuuri.” Beijei sua cabeça e o trouxe para mais um abraço, a fim de confortá-lo.

“Victor,” Seus braços finalmente fizeram caminho em torno de minha cintura e ele a agarrou com firmeza, fazendo-me perceber só então que eu o abraçava com a mesma intensidade.

Afundei meu rosto em seu pescoço, descobrindo o quanto eu precisava daquilo. “Yuuri, estou tão feliz por tê-lo encontrado. Yuuri,” segurei seu rosto, fazendo-o voltar a me encarar. “Você e Makkachin são as pessoas mais importantes para mim.”

“Makkachin não é uma pessoa, Victor.” Seus ombros tremiam por sua risada falha agora, em meio ao choro.

Shhh, não deixe-o escutar isso.” Sorri e beijei seus lábios – um selinho, no primeiro momento, mas logo tornou-se um beijo lento, intenso e tão cheio de tantos sentimentos.

Encostei minha testa na sua ao fim do contato e ao encontro de nossos olhos, grandes sorrisos se formaram e rimos sem saber exatamente o porquê. Yuuri parecia tão feliz e assisti-lo daquela forma causava-me a mais incrível sensação de preenchimento, como se eu estivesse genuinamente, pela primeira vez, completo. E talvez eu estivesse, mesmo.

“Victor, eu,” Yuuri começou, sua mão deslizando de meu peito para meu ombro e parando em meu pescoço. “Eu entendi o que são todas essas coisas dentro de mim, que resolvi chamar de amor.” Ele fez uma pausa. “Eu não poderia ter escolhido nome mais perfeito.”

Não sei exatamente como expressar em palavras como me senti, talvez através de um programa eu fosse capaz de fazê-lo. O que consigo dizer é que era de uma intensidade tamanha que sentia como se fosse explodir, uma pressão que causava dor, mas que não doía de verdade, porque não era ruim. Na realidade, era algo muito bom de sentir. Muito semelhante a quando Yuuri incluiu o Flip em seu programa na Copa da China, no último momento. Desta vez, no entanto, tão intenso quanto.

“Você sempre arruma um jeito de me surpreender, Yuuri.” Foi o que eu disse antes de beijá-lo mais uma vez e era impossível não sentir seu sorriso quando o fiz.

Ele havia parado de chorar, mas seu rosto ainda estava molhado. Depois de dedicarmos alguns minutos à trocas de beijos, resolvemos nos deitar de novo, mas não foi como se fazendo isso tivéssemos parado. Eu queria dizer a Yuuri o quanto o amava de novo e de novo e de novo e de novo e ver seu rosto corado e o brilho e amor em seu olhar, dizendo o mesmo em seu próprio jeito embaraçado. Eu queria fazê-lo ter certeza absoluta do quão importante é e eu certamente o faria.

Fiquei a acariciar seu rosto em meio ao silêncio confortável que novamente se formou depois de boa conversa jogada fora e assim como antes, não percebi o momento em que dormimos, embora em meu sono eu pudesse senti-lo em meus braços e sabia sorrir cada vez que era lembrado de que ele estava aqui.


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