Born To Die escrita por Sabsyoda


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Aaaaaaaaaaaaaaaaaaw, obrigada pelo favorito e pelo comentário!
Como eu disse nas notas do prólogo, a cada capítulo um personagem vai ser revelado por meio de foto, pois não são todos que vão saber de cara quem é quem (por não estar familiarizado haha).
Espero que gostem! O capítulo é pequeno, mas os próximos talvez sejam maiores haha.
Não vou postar duas vezes por semana a fic não, só dessa vez que abri uma exceção :v
Não sei porque tá assim a forma do texto, mas blz T-T.
Enfim, boa leitura ♥



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Todo dia nós acordávamos cedo. O horário do banho é das cinco e meia até seis e vinte, cinquenta minutos contados sem erro. Quatrocentas garotas, divididas em oitenta quartos que possuem cinco pessoas cada. O banheiro é comunitário, desse modo, sempre nos banhávamos em grupos de cinquenta garotas por vez. Quando éramos menor a tarefa parecia mais difícil, porém, conforme o tempo passa você se acostuma. Nossa escola é sem dúvida nenhuma a melhor do bairro, com mais alunas casadas com pessoas importantes do que as outras. A professora Jeon gostava de se gabar disso nas aulas de História do País, citando suas ex-alunas favoritas. Infelizmente ela também dava aula de Comportamentos Femininos, o que nos faz escutar com mais frequência o nome de suas favoritas e com quem elas estão casadas. Depois do banho coletivo, o café da manhã é servido às seis e meia em ponto. Toda semana comemos a mesma coisa: mingau, uma fatia de queijo light na torrada e água. Particularmente, eu prefiro comer metade do mingau, já que ele não é tão bom assim.

Depois do café da manhã servido no refeitório dos nossos dormitórios, seguimos para um dos campi da escola. Não é tão difícil chegar até ele, é só um quarteirão de distância e todas nós vamos juntas – o que é rápido, pois estamos num número pequeno. Esse campus é diferente do antigo em que eu estudava, agora, só a turma do terceiro ano de ensino tem habilitação para entrar nele. Assim que chegamos, passamos nossa pulseira de identificação na catraca e cada uma se dirige para uma sala. As aulas começam sete e vinte e vão até ao meio dia.

No total, são cinquenta garotas cursando seu último ano e se preparando para o grande dia. Nossa grade escolar possui oito matérias consideradas essenciais para a educação de uma garota, entre elas: História do País, Comportamentos Femininos, Anatomia Humana, Gramática, Primeiros Socorros, Culinária, Artes Visuais e Ciências Exatas. Nos finais de semana temos aulas optativas que cabe a aluna escolher ou não ter e geralmente é o estudo de uma outra língua. Em nosso bairro, temos a escolha de estudar inglês ou chinês. Pelo que sei no bairro vizinho as garotas tem mais opções que nós, como, por exemplo, espanhol, alemão, francês e russo além das nossas escolhas.

Felizmente hoje é o último dia da semana e como não escolhi estudar nenhuma outra língua terei o final de semana livre. A penúltima aula finalmente terminou e a professora Bae entrou na sala.

— Graças a Deus é aula da Sra. Bae – Joy sussurra para mim, após um longo suspiro – Se eu tivesse mais uma aula com a Sra. Jeon, eu já estaria chorando.

Bae Joohyun é a professora de Artes Visuais e talvez a pessoa mais divertida do nosso corpo docente. Desde que a Sra.Lee se afastou por problemas de saúde, há dois anos, Bae se tornou sua substituta, e agora atual professora.

— Bem, não posso discordar – dou risada, baixinho. Essa última aula é a minha favorita e, infelizmente, só a temos duas vezes por semana. Terça-feira, na segunda aula e sexta-feira, a última. No começo da semana estudamos todos os tipos de dança e quais são adequadas para dançarem num baile formal, enquanto hoje estudaremos o canto. Desde que a data do nosso Grande Dia foi anunciado começamos a ter essas aulas que estão incluídas em Artes Visuais.

O Grande Dia é chamado assim porque é o dia em que nos formamos na escola e somos escolhidas por nosso futuro marido. Há muito tempo atrás nosso país se tornou um caos. As pessoas enlouqueceram e guerras começaram a ocorrer, de acordo com a professora Jeon e nosso livro de História do País, as mulheres e pessoas de outras raças e cor exigiam direitos que não deveriam ter, as cidades mais avançadas começavam a se encher de luxúria e depravação, ninguém mais sabia diferenciar o certo do errado e havia muita liberdade de opinião. O país estava fadado ao fim. Até que nosso atual presidente, Yang Hyunsuk, surgiu e controlou tudo. Hyunsuk já fazia parte do governo como senador quando o país começou a afundar, de modo que foi mais fácil conseguir ajuda para contornar essa situação. Infelizmente, o número de Rebellis e Monstrum era maior do que se previra, o que resultou em muitas mortes e na maior guerra que já tivemos. Esse dia ficou conhecido como Dia da Glória pelo triunfo glorioso de Hyunsuk sobre aqueles que transformaram nosso país num inferno. Sob o comando dele, novas leis foram criadas e outras apagadas. Uma das modificações foi na estrutura familiar.

De acordo com os pesquisadores, grande parte do caos se deu quando as mulheres induzidas por Rebellis começaram a se portar e pensar de forma errônea. Por conta disto, todas as pessoas do sexo feminino – desde as que já tinham ou iam nascer até as que já estavam adultas – foram mandadas para as novas escolas feitas especialmente para elas. Em nossa sociedade, quando a mulher dá a luz a uma garota, esta criança é encaminhada até a escola para garotas disponível no bairro. Lá essa menina vai aprender todas as disciplinas consideras corretas para uma jovem aprender e ficará longe de qualquer contato com sua antiga família e o sexo masculino. Em suma, a garota se tornará uma completa lady e não terá nenhum conhecimento de onde veio até o Grande Dia, onde ocorrerá um baile e logo após uma seleção para os rapazes escolherem suas companheiras pelo resto da vida. Se for da vontade do marido, a jovem poderá ir atrás de sua família.  Diferente das pessoas do sexo feminino, os homens não precisam deixar sua famílias assim que nascem. Eles crescem com a presença dos pais e ninguém pensa que isso é errado.

Bem, eu penso. Todavia, isso não significa nada porque na nossa sociedade, o que as pessoas do sexo feminino pensam não é importante. E todos concordam com isso.

— Seulgi, querida, você está livre da sua punição hoje.

A voz da professora Bae me tirou de minhas distrações momentâneas. Olhei para quem ela se dirigia e observei o rosto da garota ficar pálido.

Kang Seulgi é uma das cinquenta garotas presentes na sala de aula e, devo dizer, talvez uma das mais bonitas depois de Nana e Sandara. Quem a vê pela primeira vez pode deduzir que ela é uma das candidatas que terá mais chances de se casar com alguém importante. Porém, o que ninguém espera é que ela é ao contrário do que sua aparência mostra. Seulgi já foi parar muitas vezes na diretoria da escola por se meter em discussões com a professora Jeon e tumultuar no dormitório. De acordo com suas palavras, quando o Grande Dia chegasse, ela não se curvaria a nenhum homem. Nem preciso dizer que isso deu o que falar por uma semana. Se Joy já teve suas mãos castigadas por não saber a resposta correta sobre o Dia da Glória, nem consigo imaginar pelo o que Seulgi passou.

— Mas professora, a senhora não pode me tirar da minha punição. Digo, a senhora não tem tal autoridade...

— Eu já conversei com a diretora, Seulgi. Não precisa se preocupar quanto a isso – Bae disse, ignorando completamente a expressão incrédula da garota. – Como sua punição é nada mais do que levar o lixo dos dormitórios para fora, a diretora concordou em te liberar mais cedo. Yerim pode substituir seu lugar.

Demorei mais tempo que o normal para entender que ela se referia a mim.

— Desculpe a intromissão, professora Bae, mas a senhora está dizendo que eu...

— Isso mesmo, Yerim – sua voz cortou minha fala no meio. Bae está com uma expressão um tanto divertida enquanto me observa – Eu e a diretora verificamos que somente você não teve nenhum trabalho comunitário feito ainda.

— É, bem...– o que posso dizer? Tentei passar mais desapercebida o possível, para que esse tipo de coisa não acontecesse.

Todas as garotas fazem, pelo menos uma vez na vida, algo em beneficio de todas. Às vezes são coisas simples como fazer a chamada das meninas para saber se todas estão em seus quartos no devido horário e ler para as meninas mais novas, ou coisas mais difíceis como limpar o refeitório sozinha e fazer parte da cozinha pelo menos uma vez por semana. Levar o lixo todo para fora do campus é visto como um trabalho mediano.

— Ótimo, como não possui nenhuma queixa contra isso...– ela folheou o livro que tinha em cima da mesa por alguns instantes até encontrar a página solta dentro dele – Peguem a folha que eu distribui para cada uma de vocês. Infelizmente, como tivemos pouco tempo na semana retrasada quando ensaiamos essa canção, vamos ter que cantá-la mais uma vez para eu poder observar melhor que parte cada uma de vocês terá na letra. Sulli, querida, eu tinha te deixado com o começo, não é mesmo?

— Sim, professora.

— Pode começar a cantá-la e pare ao meu sinal. Nana, você fica com as duas próximas linhas e Joy termina.Tiffany? Você vai ficar com o refrão.

As garotas aquiesceram. Tentei dividir minha indignação ao trabalho que teria com Joy, mas ela cantaria logo depois de Nana e não conseguiríamos manter a conversa.

Guardando minhas lamentações apenas para mim e observo assim como as outras garotas a Sulli começar a proferir as primeiras frases da música.

"Tire suas mãos de mim

Que eu não pertenço a você
Não é me dominando assim
Que você vai me entender"



 

Acho que entre as cinquenta garotas, fui a única a perceber que nunca escutamos essa música antes.



A aula da professora Bae terminou dez minutos mais tarde do que o previsto. Peguei minhas coisas e esperei no lado de fora para que Seulgi me passasse as instruções sobre minha nova tarefa.
— Hey, olha por onde anda, imbecil!
Kaeun empurra Tzuyu que quase cai no chão. Algumas outras garotas riem dela e depois vão embora junto com Kaeun. Esse tipo de situação é bem comum por aqui. Pessoas de outras raças ou cores são consideradas inferiores e possuem tão poucos direitos quanto as mulheres, o que ao meu ver é quase nenhum. Por causa disso, muitas garotas que são diferentes passam por circunstâncias assim. Não é a primeira vez que vejo alguma menina implicar com Tzuyu só por ela ter origem taiwanesa.
E não vai ser a última vez que corro até ela, me abaixando para pegar os livros que caíram de seus braços. Contudo, diferente das outras vezes, mais alguém se abaixa para ajudá-la.
— Você não devia passar por isso – comento, entregando-lhe o último livro que peguei.
— Não tem problema, já estou acostumada – Tzuyu abre um pequeno sorriso sem graça e aceita os livros que a outra garota lhe entrega.
Olho para a pessoa que também veio lhe ajudar e me deparo com Gain.
Gain é uma das poucas garotas que possui uma incrível habilidade de dança na escola. Seu rosto de feições delicadas está com uma expressão séria quando Tzuyu aceita o livro que ela pegou e sai dali em passos apressados.
— Não é muito inteligente da sua parte andar junto com ela – Gain diz, passado um minuto da saída de Tzuyu.
— Eu não ando com ela, estava apenas ajudando – digo, revirando os olhos – Ademais, o correto seria ninguém tratá-la assim só porque é diferente.
— Está dando ouvidos ao que Seulgi insisti em berrar toda vez que entra numa briga? – ela cruza os braços, mas sua expressão se suaviza.
— Você sabe o que eu penso sobre isso.
— E você sabe o que eu penso. Não é seguro dizer essas coisas por aqui, a menos que queira cicatrizes em suas costas ou joelhos doloridos – diz. Se afasta e encosta graciosamente na parede oposta a porta. Gain sente meu olhar acusatório de onde está e me fita junto com um dar de ombros.
Ando até ela e fico ao seu lado.
— Não devia dizer coisas desse tipo. As pessoas se machucam.
— O que posso fazer? Ela não devia ter nascido taiwanesa – suas palavras saem de forma sussurradas por causa das meninas que passam em nossa frente. Não consigo detectar maldade em suas palavras, ela só está refletindo o que a sociedade a ensinou desde pequena.
— Nascer taiwanesa ou não, ela não pode escolher isso. Mas nós podemos escolher aceitá-la como ela é.
Gain pisca os olhinhos pequenos parecendo num dilema e então suspira.
— A sociedade não acredita nisso. Se ela não acredita, não é seguro acreditarmos também.
— Se você pensasse assim, não teria ido ajudá-la, não é mesmo? – sorrio diante da expressão engraçada que surge no rosto de Gain. Consigo dizer claramente que ela é uma boa pessoa com um bom coração, só que ainda não consegue compreender as coisas.
Antes que Gain possa dizer algo, Seulgi aparece ao nosso lado e estende enormes sacos pretos em minha direção.
— Você só precisa passar em todo lugar que tiver lixo e jogar dentro desses sacos. No final, é só levá-los além dos portões e deixá-los no primeiro poste que ver – ela despeja as palavras e os sacos rapidamente em mim e sai andando em passos duros.
Gain e eu permanecemos em silêncio alguns segundos depois, surpresas.
Nossa! O que será que deu nela?
Olho para o lado e Sandara observa junto com Mijoo a direção em que Seulgi saiu andando.
— Desde quando vocês estão aqui? – Gain questiona surpresa.
— Uns minutos antes da Seulgi vir aqui bem brava e jogar os sacos na Yerim. À propósito, ouvimos toda a conversa sobre a Tzuyu e tals.
Vocês o que...?!— Gain ficou mais branca que o normal e eu fiquei com medo de que ela desmaiasse ali mesmo.
— Hey, vocês viram a Seulgi por ai? – Nana parou em nossa frente antes que Sandara pudesse dizer algo. Ela está um pouco descabelada e ofegante, como se tivesse corrido uma maratona.
— Ela foi por ali – Mijoo respondeu, apontando a direção – Parecia muito brava. Se eu fosse você, esperaria um pouco mais antes de ir conversar com ela.

Ah, droga Seulgi!— Nana suspirou e tirou alguns fios de cabelo do rosto antes de se virar na nossa direção – Obrigada pela informação Mijoo. Seulgi, aquela garota...Ela é tão cabeça dura!

Nana saiu correndo na direção que lhe foi apontada e nós quatro ficamos apenas observando por alguns segundos.

— Bem, isso foi legal – Sandara assoviou e riu em seguida – Não é sempre que vemos Seulgi nervosa.

— Pra mim, ela está sempre nervosa— Mijoo comenta, franzindo as sobrancelhas – Parece até um urso irritadiço.

— Eu sei. Mas não é sempre que ela está nervosa por nenhum motivo aparente – Sandara ri mais uma vez antes de dar um tapinha no braço de Mijoo – Vamos logo porque não quero me atrasar para o almoço!

— Ah, sim... – Mijoo concorda e dá um pequeno tchauzinho para mim e Gain – Nos vemos mais tarde.

— Sim, sim, mais tarde. Pra que essa demora toda? Não é como se não fôssemos vê-las todos os dias.

Mijoo revira os olhos e puxa Sandara para andarem mais rápido. Eu e Gain ficamos paradas as vendo irem embora.

— Acho melhor irmos também, não vamos querer nos atrasar para o almoço – digo e Gain concorda.

Vamos embora e no meio do caminho passamos por uma garota que corre na direção oposta chorando.

— Aquela era a Mina? – Gain indaga, se virando para olhar a menina correndo.

Era? Não sei, ela não tem o cabelo longo? A garota que passou tinha o cabelo na metade dos ombros e... – não termino minha frase, pois sinto o olhar triste de Gain em mim.

Mina é uma das japonesas de nossa sala, e infelizmente, é tão maltratada quanto Tzuyu.


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Notas finais do capítulo

E ai? O que acharam?
Qualquer dúvida, só perguntar nos comentários ou mp.
Bjsbjs



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