— Tom, onde estamos? O que aconteceu? Por que vivemos pra cá? Se derem falta de nós na escola... – perguntava Lorena enquanto se levantava e se vestia.

— Não faço a mínima ideia. Tudo me parece improvável. Vou usar a legilimência em você, olhe pra mim e relaxe. – respondeu olhando-a com os olhos semicerrados
Lorena fez o que ele pediu e ele invadiu a mente dela. Confirmou tudo o que ele suspeitava que tivessem feito ao ver os fatos pela visão dela. Ele viu que se tornaram inconsequentes após a ingestão da droga e que beberam muito além da conta. Saíram no meio da madrugada da boate e foram direto a uma estalagem que ficava no meio do caminho que possuía atendentes virtuais pelo uso da magia, o que facilitou para que ninguém soubesse que haviam passado a noite lá. Ao chegarem no quarto, usaram as últimas energias que possuíam para uma noite intensa, adormecendo logo em seguida.

— Ate que não foi tão ruim – disse enquanto se levantava para se vestir também – não fizemos nada além de nos divertirmos. Obrigado por isso. Mas precisamos voltar urgentemente para Hogwarts, podemos dizer que acabamos dormindo nos jardins. Continue a usar a oclumência da mesma maneira que usa quando está comigo, e nunca irão descobrir.

Lorena enrusbesceu com o fato de ele saber que ela usava a oclumência contra ele, mas tentou afastar os pensamentos quando saíram de lá o mais rápido possível, tomando o devido cuidado para não serem vistos. Com sucesso, conseguiram passar pelos portões de Hogwarts e correram em direção ao castelo, mas dessa vez não foram tão bem sucedidos: encontraram o professor Dumbledore e o diretor Dippet na entrada do castelo.

— Onde estiveram por toda a noite? Os melhores alunos da escola fora de seus dormitórios, sabe-se lá o que estavam fazendo. Isso merece uma detenção para ambos. – disse Dippet meio contrariado. Apesar de ter que castigá-los, o diretor adorava Tom.

— Desculpe, senhor. – respondeu Tom de voz baixa – eu e Lorena perdemos a hora. Foi tudo minha culpa, então decidimos passar a noite nos jardins para não sermos pegos, e então voltaríamos para o dormitório de manhã.

— Mas a questão não é somente essa, receio que tenham feito o uso de bebida alcoólica. Tom é maior de idade desde ontem, mas Lorena ainda não é e isso torna as coisas mais graves. – respondeu Dumbledore com o ar grave

— Torno a assumir a culpa por isso, senhor. Confesso que tinha uma garrafa de whisky de fogo que ganhei de aniversário para tomar o meu primeiro gole de bebida agora que sou maior de idade. Eu insisti pra ela beber comigo, e como era meu aniversário e ela queria me agradar, ela cedeu, senhor. – o tom de voz que usara e a confiança nas palavras eram tanta que o diretor já parecia ter perdoado Tom, mas Dumbledore continuava impassível. Lorena fitava o chão.

— Isso é verdade, senhorita? – perguntou Dumbledore olhando para Lorena – sei que a senhorita não mentiria pra mim...

— Então Riddle é mentiroso, Dumbledore? – interpelou Dippet

— Jamais disse isso! – defendeu-se Dumbledore

— É Verdade, professor. – disse Lorena convincente – tudo aconteceu conforme Tom falou

Dumbledore olhou-a intensamente e ela teve a certeza de que nunca sentira tanta vergonha na vida, mas aquela confirmação encerrava a questão. Pegaram uma detenção a ser cumprida no dia seguinte e separadamente, mas nada tão pesado. Lorena e Tom saíram aliviados, e Tom estava extremamente satisfeito consigo mesmo porque Lorena mentira pela primeira vez. Será que ela estava se transformando na mulher que ele sempre desejou? Na lady que governaria ao seu lado?

(...)

— Lorena! Nunca imaginei que passaria a noite toda fora! Esperamos que voltasse ao menos às 3:00 da manhã. – repreendeu Juliene rindo.

— Amiga, eu estava feliz com ele quando tudo se apagou. Só me lembro de ter acordado numa cama com ele... embora eu consiga lembrar o que aconteceu, tudo parece tão improvável. É como se eu tivesse possuída na hora porque não consigo acreditar na metade das coisas que eu me lembro ter feito – Lorena tentava se explicar

Juliene e Kim trocaram olhares significativos porque elas haviam compreendido o que se passara: Tom Riddle havia drogado Lorena, mas preferiam ficarem caladas para não causarem mais nenhum mal estar ao casal.

— Deite e durma um pouco, Lo. – pediu Kim – você está um caco.

Lorena não questionou e foi se deitar. Tirou um cochilo sem sonhos, e só acordou ao anoitecer quando os que ficaram na escola já se encontravam na sala comunal da Grifinória conversando. Lorena avistou Kim sentada em um canto e foi até ela.

— Não devia ter me deixado dormir por tanto tempo. – repreendeu Lorena

— Você precisava, a noite pareceu ser longa. Aliás, amanhã todos voltam pra Hogwarts das férias, isso significa que teremos reunião amanhã. O lorde das trevas marcou às 20:00. Mas só vá se estiver preparada, Lo...

— Eu estou, e eu irei. Obrigada, Kim.

E a garota realmente foi. Às 20:00, Lorena entrava na sala precisa sob os olhares perplexos dos amigos de Tom postos nela. A única que parecia não estar impressionada era Kim que já esperava por isso. Parecia que todos estavam ali, exceto por Tom e Avery.

— Onde está Riddle? – ela perguntou

— Já está chegando com Avery – respondeu Kim, aparentemente a única que estava disposta a falar com Lorena. Os outros olhavam-na com ódio e surpresa.

O clima estava pesado na sala, então Lorena decidiu recostar na parede enquanto esperava Tom chegar. Minutos depois, o garoto entrava na sala precisa acompanhado de Avery que trazia um gato nos braços: o gato de uma menina da Grifinória que estava no primeiro ano.

— Amigos, sabem que não sou de atrasos, mas eu precisava de alguma coisa viva para a nossa aula de hoje – disse indicando o gato – o feitiço que vou... o que foi? Que caras são... ah, entendo. – Tom se virou pra trás e encontrou Lorena encarando-o – O que faz aqui, Lorena?

— Vim assistir. Fique tranquilo que estou preparada desta vez, milorde. Permita-me ficar? – ela perguntou com a voz firme, sem desviar os olhos do dele.

— Tudo bem, mas não atrapalhe. – respondeu o garoto, se virando para os amigos – vamos treinar um feitiço chamado Aer Negatio, um encantamento perfeito se você quiser fazer o seu oponente sufocar. É útil quando se quer extrair informações. Vamos treinar neste gato. Solte-o Avery! Aer Negatio!

O gatinho começou sufocar, ficando com a pupila dilatada, mas não desmaiou porque Tom abaixou a varinha antes que isso pudesse acontecer. Todos aplaudiram a perfeição que Tom executara o feitiço, mas o garoto apenas ficou sério.

— Tentem vocês. – ordenou num tom de voz suave

Todos tentaram executar o feitiço, mas não tiveram a mesma perfeição. Avery foi o que teve menos êxito. Ao ver aquilo, Lorena experimentou falar:

— Avery, por que não tenta sacudir menos varinha. Pressione o polegar com mais firmeza e o seu feitiço será mais eficaz – disse Lorena

Todos a olharam perplexos. Até então, estavam se esforçando para ignorar a presença dela, principalmente Tom. Avery olhou-a com desprezo, era óbvio que não seguiria a dica.

— Faça o que ela diz! – ordenou Tom com sua voz fria, então Avery não teve como recusar

Como Lorena previra, o feitiço tornou-se mais eficaz e todos ficaram ainda mais impressionados, mas somente Kim aplaudiu. Tom estudou-a com um quase imperceptível sorriso e Biancah revirou os olhos.

— Faça você também, Lorena. – ordenou Tom

E ela fez. Executou o feitiço quase tão perfeitamente quanto ele, e agora todos, com exceção de Biancah não a olhavam mais com desprezo. Agora pareciam que estavam começando a aceitar que Lorena poderia sim ser útil ao grupo, quase um deles. Dessa vez, Tom deu um sorriso verdadeiro e ela correu para abraçá-lo. À partir desse dia, Lorena passou a fazer parte do grupo de comensais da morte, mas não como uma serva, mas como uma companheira do futuro Voldemort.