A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 80
Entenda, Kary. Aquele não era o Kameel


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Aproveitando que a visita ainda não chegou, decidi postar mais um capítulo ^^ aliás, estão demorando mais pra sair porque eu to corrigindo e isso leva um tempinho e.e

No capítulo de hoje - a volta... do Kameel?

Tenham uma boa leitura o/



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Depois de ter lutado ferozmente contra o Leão de Nemeia e ter nos mostrado a grande caça que havia trago pra mim e Malek, Kame caiu num sono profundo. Indicando o quanto estava exausto. Ele só veio acordar uns dois dias depois. Enquanto descansava, eu e Malek nos banqueteávamos por causa da farta caça que tinha trago. Nunca tinha comido tanto numa só noite naquele jogo.

Kame acordou bufando e eu acariciei sua cabeça antes de dizer:

— Se sente melhor agora, dorminhoco?

Ele bufou novamente e eu só pude interpretar aquilo como um "sim".

Durante os dias que Kame esteve apagado, eu e Malek começamos a bolar um plano pra poder conseguirmos capturar a última pedra Elemental. Com a ajuda do dragão, conseguiríamos chegar lá rapidinho. Só que com o passar do tempo, percebi que possivelmente Kame não aguentaria voar até lá direito, o que seria um problema. Se ele após lutar com um leão, teve que descansar por dois dias inteiros, se voasse conosco...

Então, isso me fez ter um plano alternativo: procurar um jeito de fazer Kame voltar à juventude. Havia três coisas na mitologia que eu me lembrava que poderia fazê-lo jovem outra vez: néctar, ambrosia ou maçãs de ouro. O néctar e a ambrosia seriam coisas praticamente impossíveis de conseguir pois eles só estão presentes no Olimpo e eu não fazia ideia se naquele jogo tinha uma possibilidade de irmos visitar a casa dos deuses olimpianos.

Entretanto, no mapa do relógio tinha a localização do Jardim das Hespérides e era nesse jardim que ficavam as maçãs douradas de Hera. Melhor ainda do que isso, era que ficava no caminho da pedra Elemental, então não estaríamos perdendo tempo ao irmos atrás delas. A única notícia ruim de entrarmos naquele jardim eram os monstros colocados pra protegê-lo.

Quanto aos meus poderes, tive que papear bastante com Éolo, Héstia e Poseidon para que eles voltassem a me deixar usá-los. Estavam bravos por eu abusar demais dos poderes que eles me ofereciam e que se sentiam exaustos de serem "espremidos" pra que mais poder saísse. Nisso eu fechei um trato com eles, dizendo que não os usaria até conseguir a última pedra Elemental. Eles concordaram com o trato sem hesitação.

— Kame — chamei o dragão. — Será que poderia voar com a gente?

Sons saíram da sua boca e eu interpretei um "para onde?".

Abri o mapa e mostrei pra ele, apontando com o dedo o ponto dourado no mapa. O dragão mexeu com a cabeça como se assentisse e seu rabo enroscou-se na minha cintura. Ele me colocou em seu torso.

— Ei, calma aí. Não vai comer? — Meneei a cabeça para o tanto de carne que havia trago.

Ainda comigo montada nele, Kame caminhou lentamente até a carne, cheirando-a antes de abocanhá-la crua do jeito que estava. Enquanto comia, o mesmo enroscou seu rabo na cintura de Malek e o trouxe também para o torso, atrás de mim.

Demorou um tempo até Kame terminar de comer, mas quando isso aconteceu, ele caminhou conosco até uma área mais aberta, onde o Leão de Nemeia havia derrubado diversas árvores. Aproveitando o enorme espaço, o dragão abriu as asas e bateu-as, fazendo uma curta corrida até lançar-se no céu — um pouco das suas asas arrastaram em árvores vizinhas.

Eu nunca tinha voado em um dragão antes, porém, quando meus cabelos começaram a se mexer por causa do intenso vento, a sensação de liberdade tomou conta do meu corpo. Era incrível ver tudo na visão de um dragão.

Tive que me agarrar ao seu pescoço por não terem rédeas presas a ele, mas vendo tudo daquela imensidão azul, não me importava com a posição desconfortável que viajava. Parecia que tudo ficava mais bonito visto de cima.

— Então era por isso que você queria tanto a liberdade, não é, Kame? — murmurei pra ele.

Sua resposta foi um rugido e ele dando várias curvas pelo céu, me fazendo rir — apesar de ser um pouco assustador. Tinha medo de acabar caindo lá de cima. Esperava que Kame, mesmo estando se divertindo, entendesse que ainda poderíamos cair.

No céu ele parecia que ganhava mais velocidade e alegria. Deve ser por isso que se sentiu tão agradecido por termos o libertado da Floresta Eterna.

Deitei minha cabeça na sua pele áspera e fechei os olhos, sentindo os ventos correrem por todo meu corpo. Agora era com ele. Apenas ele poderia nos levar na direção das maçãs de ouro e enfim à última pedra Elemental.️

Acordei ao sentir uma movimentação estranha no lombo do dragão. Fui abrindo os olhos devagar e erguendo a cabeça para olhar ao redor. Ainda era dia embora o sol parecesse estar se pondo. Virei pra trás para chamar Malek, porém, ele também estava dormindo e eu deixei que ele continuasse.

Kame pousou finalmente e começou a se enroscar. Eu sabia o que aquilo significava. Ele iria parar pra dormir. Decidi descer das suas costas nesse instante e acabei sendo obrigada a acordar Malek para que viesse junto comigo.

A grama de todo o local era extremamente esverdeada e... Céus, quando olhei pro lado, meu coração parou por um segundo. Do lado de fora dava pra ver o encanto que era o Jardim de Hera e bem mais pra frente tinha uma pequena colina com uma árvore de bastante incomum: tronco de bronze, folhas de prata e maças de ouro. Aquele era o destaque principal do Jardim, sem dúvidas.

Como estava entardecendo, o Jardim ganhava um brilho totalmente especial do pôr-do-sol dourado. As maçãs pareciam brilhar mais assim como a árvore no geral. As flores coloridas ganhavam um tom dourado valioso, juntamente com a grama. Aquele local era realmente de tirar o fôlego.

Ainda embasbacada admirando o Jardim, vejo algo mais incomum ainda: Kameel. Juro que não estava viajando, era ele mesmo. A franja loira caindo em seus olhos vez ou outra, seus olhos vívidos azuis, seu corselete juntamente com seu colar no formato de sol. O brilho dourado parecia fazer parte dele e isso fez meu coração dar apenas um pulo como se todas as lembranças estivessem me atingindo de uma vez.

Fiquei paralisada por vários segundos, então uma enorme vontade de ir até ele atingiu meu peito. Dei um passo, depois outro e outro, outro, outro... Quando ia começar a correr alguém segurou meu braço e eu olhei pra essa pessoa alarmada. Quem é que estava proibindo a minha felicidade? Era Malek que estava bem na minha frente e tinha acabado de me puxar. Olhei para o lado outra vez e ali estava o filho de Apolo me olhando fixamente como se me esperasse.

Aquela vontade atingiu meu corpo outra vez e comecei a dar novos passos, entretanto fui novamente impedida. Isso estava me deixando tão brava que cheguei a dar um tapa na bochecha de Malek, angustiada. Não queria exprimir palavras, queria apenas ficar com Kameel agora. Me soltei da sua mão bruscamente. Malek parecia querer tentar dizer algo pra mim, mas ele mexia a boca e suas palavras não pareciam fazer sentido algum.

Balancei a cabeça e foquei meu olhar no Kameel que ainda me olhava. Um pequeno sorrisinho nos seus lábios resgatava inúmeras lembranças enquanto meu olhar se embaçava pelas lágrimas. Era ele. Ele é quem estava lá. Kary, pelos céus, não consegue me ouvir?, a voz de Malek surgiu na minha cabeça e logo uma expressão confusa tomou conta do meu rosto por alguns segundos.

Percebendo a minha confusão, a voz dele surgiu na minha cabeça mais uma vez: não passa de uma ilusão. Você vai caminhar pra um monte de pássaro feio. Não sei o que você tá vendo, mas não é o que parece, Kary. Sai dessa.

Quanto mais ele falava, mais confusa e hesitante eu ficava. Pássaros? Que eu saiba os pássaros mais comuns são as Harpias ou o Ethon, mas agora, "pássaros feios"?, comecei a colocar minha mente para raciocinar as coisas. Tinha algumas histórias na mitologia grega que falava de Sirenes. Eram bastante parecidas com as sereias, porém, produziam ilusões para enganar pessoas e comê-las. Ilusões..., as coisas começaram a fazer sentido.

Cerrei os olhos, tentando ver além das ilusões, só que aquele desejo de ir ver Kameel estava começando a tomar conta de mim. Engoli em seco. Eu tinha que ser forte. Não era real. Kameel já tinha partido do jogo há tempos.

— Não quer vir aqui, Kary? — Paralisei ao ouvir a voz dele.

Outro puxão no meu braço. Malek ainda permanecia do meu lado, me segurando. Por um segundo me perguntei o motivo dele não estar vendo a mesma que eu ou então uma visão paralela. Por que só eu era vítima daqueles pássaros malditos?

Não dê outro passo, Kary. Pare aqui. Sei que não pode ver o que eu vejo, mas aqueles pássaros comem gente. Tá cheio de sangue e ossos ali, Malek tentava me alertar, entretanto meu coração estava dividido em dois. Uma parte queria dar ouvidos a ele, só que a outra se rebelava, querendo correr para os braços quentinhos do Kameel. E se a visão que o Malek tá tendo é a dos pássaros? E se a dele for uma visão enganosa e a minha não?, o pensamento começou a correr pela minha mente.

Não consegui evitar de dar outro passo na direção do Kameel. Era bastante difícil decidir. Não sabia qual dos dois estava dizendo a verdade e cada vez mais eu ficava confusa. Então Malek dá outro puxão no meu braço e eu olho pra ele irritada, odiando a pressão que estava fazendo para que eu acreditasse nele. O filho de Héstia me olha fixamente e vai se aproximando devagar até que seus lábios encostam nos meus. Era de fato constrangedor fazer aquilo na frente do Kameel.

Senti um puxão no peito como se um feitiço tivesse acabado de se quebrar e encerrei o beijo pelo susto. Meus olhos instintivamente olharam ao redor e levei um susto ao ver a direção ao qual eu andava. Haviam pássaros com cabeças de mulheres olhando pra mim com diversão nos olhos. Eram os bichos mais esquisitos que tinha tido o prazer de conhecer — tirando a Lâmia e o Tifão.

Novamente meu olhar encontrou o de Malek e eu murmurei um pedido de desculpas. O mesmo beijou minha testa, indicando que havia entendido que a culpa não havia sido minha e sim daqueles bichos estranhos à nossa frente.

Mais ao lado estava o tão encantado Jardim de Hera. Tinha o mesmo brilho dourado que na visão que eu tinha tido, porém, nada de Kameel me esperando na entrada. Suspirei, balançando a cabeça. Aquilo tinha mexido nos meus sentimentos mais do que eu gostaria.

Malek meneou a cabeça na direção do Jardim e eu andei até o portão do mesmo, entretanto, quando eu menos esperei, foi se formando o esboço de uma pequena esfinge que estava deitada em frente ao portão, bloqueando nossa passagem.

— Acham que vão consegui entrar assim de graça? — Sua expressão estava neutra. — Vão ter que desvendar uma charada antes de conseguirem passar.

Acabei lhe lançando um sorriso. Essa era fácil. Eu sabia o enigma da esfinge de cor. Logo, logo aquele fruto dourado seria nosso.

Logo, logo.


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Notas finais do capítulo

hauhasuhasuash tomara que a Kary consiga desvendar essa charada corretamente mesmo e.e

No próximo capítulo - uma esfinge furiosa o.o

Até o próximo capítulo o/



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