A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 78
Ganhei um dragão de estimação


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Dei uma sumidinha porque tava almoçando, mas já estou de volta com mais um capítulo quentinho u.u

No capítulo de hoje - um dragão o.o

Tenham uma boa leitura o/



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/717157/chapter/78

Embora meu elemento principal fosse o gelo, agora, controlando o fogo, sentia como se eu fosse a rainha dele e estivesse colocando tudo o que não prestasse pra fora. Os gritos dos Ctónicos acabaram se tornando música e um pequeno sorrisinho para mim mesma foi tomando forma em meus lábios. É verdade quando dizem que quando você mata uma vez, acaba se acostumando em ser um assassino.

— Acho que já matamos todos — ouvi a voz do Malek distante.

Eu ainda permanecia com os olhos fechados, sentindo o poder correndo nas minhas veias. Era a mesma sensação de quando matei o Minotauro. A sensação de invencibilidade. Uma incrível sensação. Porém, agora, o poder corria mais intenso como se eu fosse me partir ao meio para me tornar apenas uma energia correndo pelo ar, semelhante a um raio.

— Kary, já morreram! — ouvi novamente Malek. — Kary, já tá bom, chega.

O que aconteceria se eu deixasse que os outros poderem fluíssem? Se eu misturasse o ar, o gelo e a água ao fogo? Céus, eu me tornaria tão poderosa...

— KARY! — vociferou Malek, sacudindo meus ombros.

Esse movimento foi um choque de realidade — tanto que me desconectei na hora da minha fonte de poder, fazendo tudo se apagar; recolhendo todo aquele fogo de volta. Nisso, me dei conta do quanto estava ofegante e que gotas de suor cobriam meu corpo.

A queda de poder me fez cair. Só não atingi o chão porque Malek me segurou antes.

— Você tá bem? — questionou, me colocando delicadamente no chão. Uma chama brincava em seus dedos e estava próxima do meu rosto suado. Possivelmente ele tentava descobrir o que havia acontecido comigo pela minha expressão.

Neguei com a cabeça.

— Foi uma sensação maravilhosa, Malek — murmurei. — Tanto poder correndo pelas minhas veias... Eu me sentia uma deusa.

O mesmo se abaixou para que pudesse me avaliar com mais atenção.

— É. Esse mesmo poder te fez matar Nerea.

Eu tinha contado o ocorrido pra ele e Utae.

Aquele lembrete foi como uma facada no coração. Fazia tempo que não resgatava a lembrança. A luta que eu havia tido com Nerea foi brutal. Tinha matado-a apenas para conseguir a pedra Elemental do Ar. Foi uma busca desesperada por poder; poder esse que acabou de me fazer perder o controle. E se tivesse Jogadores inocentes aqui, Kary? Teria matado todos eles, também, meu estômago embrulhou só de pensa no assunto.

Comecei a torcer mentalmente para que não houvessem prisioneiros naquela caverna.

— Vamos embora daqui — digo, balançando levemente a cabeça.

Malek me ajudou a levantar do chão e decidi que ele é quem iluminaria o caminho. Tinha medo de acessar o poder novamente e acabar perdendo o controle como tinha acabado de acontecer.

— Tome cuidado da próxima vez, ok? — disse enquanto caminhávamos. — Se estivesse manipulando a água por exemplo, eu não poderia impedi-la.

Eu entendia o que ele estava querendo dizer. O mesmo teve sorte de ser fogo o elemento que eu utilizava pois teve chance de me impedir.  Você conseguiria se impedir de perder o controle?, questionei-me mentalmente. Será que eu estava de fato preparada para carregar tanto poder comigo?

 

Usei o método que havia usado para achar Hécate: avaliei o chão para encontrar o mais solado. Demorou um tempo até nos encontrarmos fora da caverna. Pelo menos conseguimos escapar da mesma pois o silêncio reinava lá dentro — embora do lado de fora não fosse muito diferente.

Me perguntava onde Hécate havia ido parar e por que tinha nos deixado sozinhos. Ela poderia ter se livrado da gente num estalar de dedos e mesmo assim nos deixou escapar facilmente de sua prisão. Essa parte da história não me fazia sentido.

Abri meu relógio, querendo saber para onde tínhamos que ir para chegar até a pedra Elemental da terra. Suspirei alto ao descobrir que parecíamos mais afastados do que próximos dela. Desse jeito alguém chegaria primeiro e nós a perderíamos. 

— Estamos longe, não é? — questionou ele ao notar minha expressão de desânimo.

Confirmei com a cabeça.

— Relaxa, tá bom? Vamos sair dessa floresta primeiro e em seguida tomaremos o caminho da pedra. Você conseguiu as três. Conseguir a última vai ser moleza.

Um pequeno sorriso surgiu no meu rosto e eu dei dois tapinhas no seu ombro.

— Valeu.

Então começamos nosso caminho a fim de sair daquela floresta esquisita. O bom é que parecia não haver mais Jogadores perdidos por essas terras — e até o momento, nada de monstros também. Possivelmente Lâmia e seus Ctónicos é quem deveriam ser os "donos" da região.

Tentei usar o mapa do relógio como referencial para sairmos daquele lugar, por isso eu tentava ao máximo seguir a direção da pedra pra que ao menos parecêssemos mais próximos do nosso objetivo.

— Onde está Utae? — perguntou Malek depois de um tempo.

Era essa pergunta que eu não queria que ele fizesse.

— Decidiu ir embora — respondi contra minha vontade.

— Embora? Como assim?

Céus, por que ele ainda insiste em perguntar? Será que ele não entendeu a informação ou não quer entender, pensei em desgosto.

— Embora, Malek! — exclamei. — Ele foi embora. Nós brigamos, tá legal?

— Brigaram? Por quê?

Suspirei alto, revirando os olhos e parando a caminhada para encará-lo.

— Porque ele estava agindo como um idiota!

— E por que ele estava agindo como um idiota? — Dessa vez havia um pequeno sorriso sacana em seu rosto. A pergunta agora tinha sido proposital.

Acabou que o pequeno sorriso voltou ao meu rosto.

— Não me faz perder a cabeça agora, tá?

Foi nesse segundo que ele me roubou um selinho demorado.

— Nunca foi minha intenção — senti a ironia divertida que usara.

— Claro — decidi retribuir a fala da mesma forma.

Continuamos o caminho e por sorte ele pareceu entender que eu não queria mais tocar no assunto do Utae. Eu sabia que se eu refletisse no que aconteceu, iria começar a me lamentar por ter deixado tudo acabar daquele jeito.

Fiquei aliviada quando conseguimos nos ver livres da floresta esquisita. Conseguimos ainda ver o pôr-do-sol ao sairmos de entre as árvores. Isso levou minha mente a pensar novamente em Kameel e no quanto esquisitamente meu beijo com o Malek havia me feito lembrar dele. Nós costumávamos observar o pôr-do-sol todas as tardes durante nosso namoro.

Não sabia quanto tempo tínhamos passado dentro da caverna ou quanto tempo tínhamos corrido de Lâmia, mas deve ter sido bastante tempo para ainda estar escurecendo. O tempo realmente não fazia muito sentido de vez em quando — ou aquele lugar era manipulado para sempre parecer que é hora do jantar.

— Passaremos a noite aqui? — perguntou Malek.

— Por favor.

Então nos sentamos perto de uma verde e enorme árvore. Usei seu tronco como encosto para minhas costas. Era bom ter novamente um lugar para poder descansar.

— Então... agora somos só nós dois na equipe?

Confirmei com a cabeça.

— Espero que seja o bastante para eu conseguir ganhar — digo.

— Vai dar certo — disse ele num meio-sorriso.

Deitei minha cabeça em seu ombro, aproveitando que havia sentado ao meu lado.

— Perdemos todo mundo, Malek — murmurei. — Todo mundo.

— Benigna, Kammel, Rian, Nerea, Imma e agora Utae — ele listou cada nome lentamente.

— Fora os da minha outra equipe. Daniela, Henrietta, Quant, Melina, Tanay... Parece que eu sou a causa de tudo isso. Por onde eu passo alguém morre.

— Menos eu — eu sabia que ele havia dito isso para descontrair.

— É só uma questão de tempo.

— Para de ser melancólica. Estou começando a suspeitar que o jogo é tão realista que deixa as Jogadoras de TPM.

Soltei uma risadinha.

— Nós sobrevivemos a muita coisa, Kary. Falta só um pouco agora.

— Tem razão, falta só mais um pouquinho...

Encerrei a frase quando sua mão tocou minha bochecha e começou a acaricia-la.

— Você tá muito estressada. Matar os Ctónicos não te fez muito bem.

Afirmei levemente com a cabeça e me obriguei a fechar os olhos. Deixei os barulhos suaves da floresta invadirem meus ouvidos para que o resto do meu corpo pudesse relaxar depois de tantas tensões.

— Malek... — chamei ele depois de um tempo. Ele fez um ruído, indicando que estava me ouvindo. — Estamos namorando?

Um tempinho de silêncio se estendeu até ele responder:

— Eu não sei. Você quer namorar comigo?

Meneei a cabeça numa resposta positiva.

— Eu preciso de alguém agora mais do que nunca — murmurei, passando os braços ao seu redor, me prendendo mais a ele.

— É estranho ouvir isso vindo de você.

— Também acho estranho namorar contigo, mas depois eu acostumo.

Malek pareceu rir enquanto eu me obrigava a me aquietar e a me confortar mais nele para que enfim pudesse cair no sono.️

— Kary! Kary, corre! KARY! — Malek gritava ao longe.

Quando algo fez meu corpo se movimentar, percebi que era ele me pegando no colo, apressado. Meu coração começou a bater forte no peito, querendo entender o motivo dele estar tão agitado.

Ele me colocou com a barriga apoiada em seu ombro e nisso, tive uma visão do que nos perseguia: um dragão.

— Desde quando tem um dragão na mitologia grega? — questionou Malek, ainda correndo comigo os ombros.

Parei para raciocinar um pouco naquele momento de agitação, puxando do fundo da minha mente algum dragão que pudesse se encaixar nas características daquele.

— Ládon! Ele protege o Velocino de Ouro.

— E estamos com o tal Velocino?

— Não.

— ENTÃO POR QUE ELE TÁ PERSEGUINDO A GENTE? — disse num tom desesperado.

— Não sei!

Malek continuou correndo e eu acabei pensando por um segundo que essa dele me carregar no colo já estava virando uma mania. Observei com os olhos semicerrados o dragão nos seguindo e quanto mais Malek corria, menos ele parecia conseguir nos alcançar.

Continuei observando, intrigada com aquilo. Chegou um momento em que finalmente o dragão desistiu de nos perseguir. Disse isso ao Malek e ele parou mais à frente, me colocando no chão. Mesmo que há pouco o dragão estivesse no perseguindo, decidi ir até o mesmo por ele ter continuado no mesmo local que estava.

Me aproximei o bastante para ficar cara a cara com ele. Criei coragem para abaixar e tocá-lo. Suas escamas estavam quentes. Ele bufou assim que toquei, mas não se moveu. Também havia um olho faltando no seu rosto. Alguém com certeza tinha tirado dele.

— Por que estava perseguindo a gente? — questionei ao monstro.

Outra bufada esquentou minhas pernas. Então notei que o mesmo tentava abrir as asas para alçar voo, porém, as várias árvores impediam que ele o fizesse.

— Ah, você veio em busca de ajuda?

Um ruído saiu da sua enorme boa e eu tive que compreender que aquilo era um "sim".

— Malek, acho que ele é inofensivo — digo ao virar o rosto na sua direção.

Ele veio até mim, claramente desconfiado, abaixando-se ao meu lado.

— Tem certeza?

Dei de ombros como resposta. Se fosse de fato perigoso, já teria tentado me devorar — ainda mais com o tanto de dentes afiados que possui dentro da sua enorme boca.

— Ele pode ser a nossa solução para chegarmos rápido até a última pedra.

— Quer mesmo arriscar? É um animal selvagem.

— E temos outra escolha? Já fiz muitas coisas arriscadas, essa daqui vai ser só mais uma pra minha lista — digo, lhe mostrando um pequeno sorriso.

Acariciei o topo da sua cabeça escamosa, o nomeando mentalmente como meu dragão de estimação.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Awwwwwwn, parece que eles acabaram de ganhar um bichinho de estimação *3*

No próximo capítulo - a volta do Leão de Nemeia u.u

Até o próximo capítulo o/



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A guardiã do gelo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.