A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 77
Bem-vindos ao inferno, Ctónicos


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Haha, sinceramente, eu adoro o nome desse capítulo e.e sei lá porque... ~na verdade, acho que ao decorrer do capítulo vocês vão entender o motivo e.e

No capítulo de hoje - a chacina de Ctónicos u.u

Tenham uma boa leitura o/



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Por diversos segundos meu corpo paralisou-se de medo. Aquele monstro fazia minhas pernas quererem bambearem e a deusa, céus, eu tinha noção de quanto poder ela possuía — e se aquele sonho maluco dela tivesse correto, a mesma havia enfeitiçado meus pais para que acreditassem que eu estivesse viva! Hécate era de fato perigosa.

— Não vai vir se sentar? — questionou a deusa.

Malek negava desesperadamente com a cabeça. Precisamos de um plano, tentei falar com ele mentalmente. Ah, se eu fosse você não utilizava isso na minha presença. Use a sua boca, quem respondeu na minha cabeça foi Hécate e isso me fez engolir em seco. Tudo bem, eu tinha que arranjar outro jeito de me comunicar com Malek. Tínhamos que dar um jeito de escapar.

Caminhei de maneira hesitante na direção das duas, puxando a cadeira para que pudesse me sentar. Era o único jeito de me aproximar mais de Malek.

— Perdão, duas convidadas não puderam vir. Nix está sempre ocupada e Circe... decidiu ficar estudando — explicou-se Hécate.

— E... quem é aquela? — perguntei, meneando a cabeça na direção do monstro que me observava atentamente.

— Ah, Lâmia. Já ouviu suas histórias? O monstro que sugava o sangue de viajantes alheios. Hoje em dia ela tem uma ajudinha dos Ctónicos.

Soltei um grito quando mãos marrons se apoderaram do meu tornozelo. A deusa da magia riu, achando graça do meu susto. Então as mãos marrons se transformaram numa forma humanoide, feita de terra.

— São espíritos que vão contra as divindades Olímpicas — disse Hécate, dando levemente de ombros. — São praticamente meus parentes. Na verdade, sempre me consideraram dessa família. Nunca fui com a cara dos olimpianos mesmo.

Observei cada movimento seu enquanto o Ctónico voltava pra debaixo da terra. Entre seus dedos estava a taça escura, brilhante por causa do líquido dourado que havia dentro. Tentei não prender muito a minha atenção naquilo e a focar mais no Malek ainda preso na minha frente.

— Bem, mas chega de falar sobre coisas aleatórias.

Devagar, ela depositou a taça vazia na mesa e pegou uma adaga — que deveria ser uma faca, porém era longa demais —, passando os dedos pálidos na lâmina como que para me provocar.

— Estou morrendo de fome — diz teatralmente.

— Deuses não sentem fome — acusei.

— Pode até ser, mas a Lâmia sente.

Ao voltar meu olhar pra aquele monstro, seus caninos afiados estavam de novo à mostra. Balancei levemente a cabeça, desviando o olhar. Aquilo me dava bastante agonia, afinal, o rosto dela não era algo bonito de se ver.

— E ela está louca para comer um Jogador agora.

Fechei a expressão e quando Hécate ousou utilizar a faca para tentar cortar Malek, congelei seu braço inteiro, a fazendo parar no ar. Em seguida, fiz uma adaga rapidamente para cortar as cordas de Malek. Consegui cortar dos seus pulsos, entretanto, acabei sendo impedida de continuar quando a Lâmia deu uma mordida no meu antebraço.

Senti meu sangue sendo sugado por seus dentes afiados. Como eram muitos, pontos pretos logo apareceram na minha visão pela perda de sangue repentina. Utilizei o braço livre pra tentar esfaquear sua cabeça estranha, mas os galhos — que deveriam ser seus cabelos — agarram meu pulso e o aperta, obrigando-me a soltar a adaga.

Uma rajada de fogo vem de não sei onde na minha direção, acertando a mim e ao monstro. Por causa do colar Elemental, o fogo não me faz efeito algum, apenas ao monstro que tentava me matar. Seus dentes afrouxam do meu antebraço com o ataque de fogo e logo me vejo livre deles — até seus cabelos me soltam.

A risada de Hécate enche a caverna e só então percebo que a deusa havia sumido do meu lado. As tochas se apagam, deixando tudo mais escuro. Sou obrigada a fazer uma chama para conseguir enxergar alguma coisa. Ficar presa numa caverna escura com Ctónicos e a Lâmia como companhia era um verdadeiro pesadelo.

Pego a adaga de gelo que havia feito e a uso para cortar o resto das cordas que prendiam Malek. Ele também faz uma chama numa deu suas mãos e quando menos espero, acabo tropeçando em alguma coisa, caindo no chão terroso. Mãos tocam minha barriga, me puxando para baixo. Só podia ser os malditos Ctónicos. Faço fogo circundar meu corpo para que aquelas coisas bizarras me deixassem em paz. Gemidos agudos escapam do que deviam ser suas bocas e logo sou solta.

Alguém segura minha mão e pelo calor, adivinho ser Malek. Deixo agora o fogo apenas numa mão para iluminar o caminho.

— Para onde vamos agora? Precisamos fugir — digo, claramente desesperada.

Quem mais estava me deixando daquele jeito era a tal Lâmia. O ferimento já havia se fechado até então graças a Conexão, mas não gostaria ter que arriscar de novo. Meus joelhos estavam bambos pro causa da perda de sangue.

— Acho que eu conheço a saída — disse ele, logo começando a me puxar na direção da mesma.

Durante o caminho, coisas pareciam agarrar minha bota o tempo inteiro, porém, eu fui tentando ignorar — e mantendo o equilíbrio sempre. Até Malek vez ou outra desequilibrava. Deveria estar sofrendo os mesmos ataques que eu. Num desses ataques, ele acaba tropeçando e como ele segurava minha mão, acabou me levando junto ao chão.

Nisso, dentes fincaram no meu ombro e eu gritei. Malek usou do fogo para tentar afastar a Lâmia de mim e ela se manteve firme um bom tempo antes dele aumentar a intensidade do fogo e a fazer me soltar. Para que se afastasse mais de mim, lhe dei um chute forte, a fazendo reclamar.

Malek e eu nos pomos de pé quase juntos e começamos a correr para que pudéssemos sair daquele local estranho o mais rápido possível.

— Droga — ouvi o filho de Héstia praguejar.

Ao olhar com clareza pra frente, notei que tínhamos entrado numa parte sem saída da caverna. Xinguei, olhando pra trás. Estava escuro demais para saber a localização da Lâmia, mas eu tinha certeza de que ela estava à espreita, esperando outra oportunidade para nos atacar.

— Temos que dar um jeito de voltar — digo.

— Mas como... — sua frase é interrompida pelo seu próprio grito.

Devia ser culpa da Lâmia.

Sem nem vê-la, invoco o poder das chamas e jogo na direção dele com tanta intensidade que o fogo chega a ficar azulado. Um grito horroroso sai da garganta monstruosa dela. Estremeço da cabeça aos pés. Só paro quando o grito dela cessa. Outros gritos aparecem e engulo em seco. Mãos novamente agarram minha bota, só que dessa vez começam a subir apressadamente pelo meu corpo, chegando, em questão de segundos, na minha barriga.

Gritei, assustada, incendiando meu corpo mais uma vez. Deviam ser aqueles malditos Ctónicos me enchendo a paciência.

— Não aguento mais esses manés aqui — digo para Malek. — Temos que nos livrar deles primeiro.

— Como vamos fazer isso? Só se incendiarmos tudo.

Abri um sorrisinho, mesmo que estivesse escuro demais para que ele conseguisse enxergar alguma coisa.

— Então vamos transformar aqui em um inferno.

Deixei as chamas circularem pelo meu corpo, sentindo quase Héstia do meu lado. Malek voltou a segurar minha mão e rapidamente meu fogo passou pra ele e ambos iam se fundindo um ao outro. Ergui minha mão livre para o alto e o fogo rapidamente tomou conta do teto pedregoso da caverna.

Toda essa iluminação se fizeram aparecer os Ctónicos que olhavam hipnotizados por tanta luz repentina. Intensifiquei o fogo, fazendo ele correr pelas paredes da caverna. Lancei um olhar para o Malek. Eu não ia fazer o trabalho todo sozinha.

Ele pareceu entender meu olhar e logo direcionou o fogo para o chão, incendiando-o também. Em pouco tempo não restava nada para se olhar senão as chamas tomando conta de tudo. Novos gritos apareceram ao longe, indicando que os Ctónicos até tinham tentado fugir, mas possivelmente fracassaram.

Havia uma sensação boa correndo dentro de mim. Com nossas chamas conectadas daquela forma, parecia... que... talvez, só talvez... tivéssemos sido feitos um para o outro — ah, céus, Nath, você não é tão clichê assim.

Talvez o calor não fosse algo assim tão ruim, pensei deixando as chamas fluírem para fora do meu corpo.


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Notas finais do capítulo

Será que enfim a Kary está cedendo para o lado "negro" da força? kk chega a ser estranho uma filha de Quione começar a gostar do calor, não é mesmo? x.x

No próximo capítulo - um dragão o.o

Até o próximo capítulo o/



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