A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 72
Três cabeças infernais contra uma humana


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

E maratona continuaaaa u.u espero que estejam gostando dos capítulos u.u mal vejo a hora de vocês chegarem no último u.u

No capítulo de hoje - a guardiã de Héstia x.x

Tenham uma boa leitura o/



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Malek se curvou sobre mim, poucos segundos antes da bola de fogo o atingir nas costas. O calor logo chegou ao meu corpo, mas mais uma vez a Conexão me salvou pois o fogo não parecia tão insuportável assim. Só era um pouco mais forte que a quentura da grama queimada.

Demorou um tempo até a temperatura ao nosso redor começar a diminuir. Ele quase tinha me deixado cair na grama quente, mas se o tivesse feito, possivelmente teria queimado porque ela começou a incendiar com a quentura.

Quando a temperatura já estava mais fria, seu corpo foi se mexendo e isso me fez parar de cerrar os olhos e os abrir de uma vez. Olhei pra ele e vi seu cabelo ainda pegando fogo. Mas eu sabia que isso não era um problema pra ele.

Seus olhos se fixaram nos meus e por um segundo me sinto naqueles filmes em que o herói salva a mocinha à beira da morte. Ok. Pensar numa cena daquelas tendo o Malek como parceiro, não chega a ser algo muito confortável.

— Você está bem? — questionou ele.

Havia sido as primeiras palavras depois de vários minutos de troca de olhares.

— Er... Bem... Sim... — digo meio desconfortável. Já não era mais tão bacana estar no seu colo. Parecia algo agora íntimo. — Valeu, de novo.

Digo, passando as mãos pelo braço, percebendo novas bolhas. Alguns pingos de fogo devem ter acertado minha pele.

Aquela era a segunda vez que nos encontrávamos em um momento embaraçoso. Será que não poderíamos sair daquele campo de grama queimada de uma vez? Eu gostaria de voltar a usar minhas pernas e evitar outros momentos constrangedores como esse, pensei, preferindo até que ele me largasse no momento, antes que meu rosto começasse a esquentar.

— Não precisa ficar vermelha — ele diz num sorriso sacana.

Passei uma mão pelo rosto, tendo confirmação de que as bochechas estavam realmente quentes.

— É o calor! — digo em minha defesa.

— Que calor? — Ele arqueia a sobrancelha, agora fazendo surgir um sorriso malicioso.

Isso só piora a situação das minhas bochechas.

— Malek, vá a ***** . — Revirei os olhos ao dizer, tentando disfarçar a coloração avermelhada.

Ele acha graça.

— Olha, possivelmente estamos sendo perseguidos por um monstro gigante e você tá aí, rindo da minha cara? Coloque essas suas pernas pra funcionar, precisamos achar a pedra do fogo logo.

Pelo sorriso novamente sacana que ele me mostrou, sabia que a sua zoação não pararia tão cedo — e que eu deveria me preparar para mais tarde pelo visto.

Então Malek continuou andando e eu aproveitei essa oportunidade para dar uma olhada no meu relógio especial que parecia nossos dois pontinhos azuis se movendo na direção de um ponto vermelho. Deveria ser a tal pedra Elemental do fogo. Parecia que ainda faltava várias horas de caminhada até chegarmos lá. Se pudéssemos acelerar um pouquinho...

No mapa apareceu uma bolinha vermelha que passou correndo por nós e isso aconteceu em tempo real. Entretanto, quando essa bolinha vermelha do mapa passou novamente ao nosso lado, ao invés de seguir caminho, ela parou. Era aquele mesmo monstro de três cabeças, sendo montado por uma garota ruiva de olhos flamejantes como os de Malek.

— Vigiei vocês por todo caminho e até mandei uma saraivada de fogo, mas parece que estão resistindo.

Então seu olhar alaranjado se recaiu sobre o filho de Héstia. Ela o estudou por alguns segundos enquanto o cão gigante de três cabeças nos farejava.

— Agora entendo o porquê. Filho de Héstia.

Não havia sequer um sorriso no rosto severo da garota. Um nível seis brilhava em vermelho acima da sua cabeça. Aquilo indicava que era da equipe inimiga, então possivelmente tivesse em mente o simples objetivo de nos eliminar do jogo.

— Uma pena que Héstia não seja muito chegada a visitas. Por isso, não posso deixar vocês passarem daqui.

— Afinal o que você é? — questionei. — Guardiã dela por acaso? — um leve tom de deboche acabou me escapando.

Bem, acho que isso fez sua expressão de seriedade se acentuar.

— Sim, sou. Estou protegendo minha mãe de qualquer intruso.

Ah, é a irmãzinha do Malek. Era só o que me faltava, pensei em desgosto.

Meu olhar se dirigiu para cima quando ouvi um grito de águia. Utae nos vigiava. Pelo menos uma boa notícia.

— Se passarmos daqui, o que fará com a gente? — perguntei.

— Quer mesmo descobrir? — A garota passou a brincar com sua pequena foice em mãos.

Aquilo era uma ameaça silenciosa.

— São dois contra um — disse Malek. — Não seria algo justo.

— Não aprendeu matemática, irmãozinho? — ela usou da ironia. — São quatro contra dois e justiça não é algo muito comum nesse jogo.

Dito isso, uma das cabeças veio na nossa direção e Malek teve que ser ágil para desviar do ataque comigo em seu colo.

— Você nos desonra ao namorar uma garota gelada — disse ela. — Pode ser um guardião como eu se quiser. Valeria muito mais a pena.

Malek ficou imóvel por um segundo. Os olhos avermelhados do cão de três cabeças — Cérbero! — encontraram os meus e pra completar, ele me mostrou a carreira todinha dos seus caninos afiados de todas as cabeças.

— O que está sugerindo? — questionou o filho de Héstia, claramente desconfiado.

— Se livre dela e trabalhamos juntos, simples assim. O jogo já está acabando e quanto mais rápido nos livrarmos dos Jogadores...

— Que eu saiba, preciso me livrar da equipe vermelha já que sou da azul.

— Entendi. Então você prefere ficar carregando sua namorada por aí, achando que não vai ser impedido de andar por terras proibidas?

Franzi o cenho, notando que era a segunda vez que aquela garota usava a expressão "namorada" comigo. Sério mesmo que ela estava se referindo a mim?, eu não conseguia acreditar naquilo.

— Só pra deixar claro, não sou a namorada dele.

Ela revirou os olhos enquanto Malek tirava sua glaive das costas.

— Não vai se apresentar? É bom eu saber o seu nome antes de acabar te matando.

A garota não gostou da provocação vinda de Malek.

— Eu não teria um ego tão grande assim se fosse você — disse em claro tom de ameaça.

Outra cabeça veio em nossa direção e meu coração pulou forte no peito pois ao tentar desviar, Malek tropeçou em algo, caindo no chão. Por sorte ele caiu de costas, me segurando contra seu peito. Ele estava tentando evitar que eu tivesse mais contato com o fogo...

Um sorriso vitorioso brincou no rosto severo da garota de cabelos flamejantes. Cérbero aproveitou a oportunidade de fragilidade e veio com uma das cabeças em minha direção, fazendo seus dentes afiados se prenderem na minha barriga.

Soltei um grito, sabendo que era capaz de me partir ao meio se eu deixasse que ele me mordesse daquele jeito. Me perdoa Éolo... Me perdoa Poseidon... eu... preciso..., até os meus pensamentos ficaram confusos enquanto minha visão falhava.

Agradeci mentalmente quando os dentes pararam de me adentrar só que outra dor atingiu meu corpo: a quentura da grama. Ao menos tive força o suficiente para ver que Malek havia cortado a cabeça que tinha me mordido. Não queria ter que abusar de vocês, mas preciso me salvar. Preciso ganhar esse jogo, pensei enquanto fazia a pedra da água em meu colar brilhar, fazendo uma espécie de colchão debaixo de mim para me proteger da quentura. Em reação, vapor saía da mesma.

A ruiva saltou de Cérbero, fazendo o cabo de prata da sua pequena foice, crescer. O sorriso já havia desaparecido dos seus lábios, dando lugar a um olhar mortífero. Parecia determinada a matar Malek. Outra cabeça veio na minha direção, mas uni os ventos frios de Éolo ao gelo que corria nas minhas veias, criando uma barreira de gelo sobre mim. Essa cabeça acabou ficando desnorteada ao atingir o gelo rígido.

Já bravo, o cão gigante pula contra o gelo, o fazendo rachar tanto pela sua quentura corporal quanto pelo seu peso. Por ele não ter quebrado de primeira, decidi usar esse curto tempo para me levantar. A dor da sua mordida ainda fazia os pontos pretos atrapalharem bastante minha visão.

Logo isso me fez lembrar de uma luta que eu havia tido contra as Fúrias quando ainda estava na equipe de Tanay. Algo havia curado meus ferimentos e eu tinha certeza que aquele novo poder só tinha surgido após minha Conexão com ele. Dei uma olhadela para o Malek.

Se eu sugar sua energia só um pouquinho, vai te fazer mal?, questionei a ele mentalmente, esperando que conseguisse receber meu recado. A resposta felizmente veio segundos depois: se for por uma boa causa, eu deixo.

Foi quando puxei aquela linha invisível que nos ligava de repente começando a me sentir um pouco melhor, sentindo a carne se regenerando dentro de mim. Nesse exato momento, Cérbero conseguiu quebrar a barreira de gelo que me protegia dele. Fiz surgir minha cimitarra de gelo surgir entre meus dedos, dando alguns passos pra trás para encarar bem aqueles olhos vermelhos e raivosos.

Dessa vez duas cabeças vieram na minha direção, mas eu só tive tempo de usar minha espada contra uma, fazendo um corte perto do seu olho. Só não pude fazer mais estragos porque a outra cabeça mordeu meu braço de espada. Novos pontos pretos ameaçaram me apagar, mas eu persisti, agarrando com a mão livre, os pelos quentes da cabeça que me mordia. Entretanto, a cabeça que eu havia ferido, morde meu tornozelo, perfurando facilmente minha bota de metal.

Faço então uma camada grossa de gelo crescer sobre minha pele, impedindo que os dentes continuassem me perfurando. Obviamente isso sugou a minha energia pelo nível baixo, porém, era a única forma de eu conseguir escapar daquilo. Assim que a camada de gelo ficou bem grossa, Cérbero involuntariamente me larga e eu caio como uma pedra antes de desfazer todo aquele casulo.

De repente, algo cai no céu, atingindo exatamente o dorso de Cérbero. Não consegui evitar um sorriso ao ver Utae bem ali, com a sua gigantesca espada cravada perto do local onde aterrissou. Descargas visíveis corriam da sua mão para espada de ferro, invadindo Cérbero. A energia era tão intensa que mesmo um tanto afastada do monstro, conseguia senti-la levemente arrepiando os pelinhos do meu braço.

Com o monstro indefeso, corto suas duas últimas cabeças e pra ter certeza de que estavam sem vida, cravo o mais fundo que consigo em cada uma delas, quase chegando a parti-las no meio. Nisso, o corpo gigante já estava inerte aos pés de Utae.

— Desculpa a demora — disse ele. — Estava esperando o momento certo.

Então ele continuou em pé, em cima do corpo. Me perguntei por um segundo o motivo dele não ter decido e logo raciocinei que possivelmente era por causa da quentura. Eu mesma só não reclamava porque havia um disco de água debaixo das minhas botas de metal me protegendo da alta temperatura.

Me obriguei a sugar um pouco mais da energia de Malek para poder curar os ferimentos mais rapidamente e só nesse segundo é que fui prestar atenção na sua luta contra a própria irmã. Ele estava caído no chão, com ela apontando a ponta da foice pro seu pescoço. Seu rosto inteiro estava coberto de sangue.

Por muito tempo eu desejei a morte de Malek, só que ao vê-lo tão indefeso depois de ter me salvado tantas vezes da morte — inclusive agora pouco —, isso me fez ter uma enorme compaixão. Ele não merecia morrer daquela forma. Se ele morresse, que fosse pelo menos de maneira mais rápida e não numa tortura final psicológica de superioridade.

Estendi uma mão, deixando o poder da água fluir sobre as minhas veias e correr pelas pontas dos meus dedos antes de criar uma forte e grossa corrente veloz de água que corria na direção da ruiva que ameaçava mata-lo. Com aquilo pelo menos daria para retardar sua morte.

— Não o mate — uma voz feminina ancestral disse audível para todos nós.

Então uma luz dourada apareceu bem ao lado da garota ruiva, na direção exata de onde meu jato de água atingiria. A mulher tinha cabelos avermelhados num tom escuro e uma pele morena invejável. Vestes vermelhas cobriam seu corpo, além de joias brilhantes como se tivessem sido forjadas pelo próprio fogo. Aquela só podia ser Héstia, a deusa do fogo.

Uma pedra vermelha brilhava no centro da sua testa.

Porém, o que acabou com toda aquela entrada triunfal foi meu jato de água que a acertou exatamente no rosto.


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Notas finais do capítulo

KKKKK tinha que ser a Kary pra fazer uma besteira dessas e.e a deusa entrando divamente ela estragando tudo kk

No próximo capítulo - o sumiço da pedra Elemental x.x

Até o próximo capítulo o/



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