A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 67
Aquilo realmente aconteceu?


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Ainda estou tentando me manter acordada, céus... Como essa coisa é difícil kk sério, eu não sou acostumada a madrugar, então pensa como tá sendo pra mim fazer isso kk triste vida x.x

O que eu não faço por vocês? kk

No capítulo de hoje - um sonho comum ou uma visão?

Tenham uma boa leitura o/



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Ficamos o maior tempão fazendo aquilo: pulando em cima da cama como se fôssemos todos crianças. Acho que esse foi o momento que a gente mais descontraiu desde o começo do jogo. Não sabia que estava precisando tanto dar uma gargalhada. Nem sequer lembrava qual havia sido a última vez que dera uma!

Agora já tínhamos sentado na cama e respirávamos fundo, remoendo os minutos ao qual nos divertíamos — e claro, pra normalizar a respiração acelerada pelo esforço.

Deitei na cama preguiçosamente e forcei um bocejo, sentindo o corpo pesar naquela cama macia. Por um segundo fechei os olhos, deixando cada músculo relaxar. Ah céus, era como se eu estivesse no Olimpo agora. Qual tinha sido a última vez que ficara tão... atoa dentro daquele jogo?

— Acho que está na hora de irmos dormir — anunciou Utae.

Ouvi Malek murmurar alguma coisa antes de senti-lo levantar. Nisso eu acomodava minha cabeça no travesseiro macio e puxava as cobertas confortáveis — eram um pouco diferente das que eu estava acostumada, mas não deixavam de me dar tanto sono quanto a cama.

Bocejei mais uma vez antes de me entregar finalmente ao sono.️

Abri os olhos de imediato. Não demorou muito pra cair a ficha de onde eu estava. Eu reconhecia muito bem aquela decoração. Meu quarto. Arqueei uma sobrancelha, olhando ao redor. Nisso, encontrei uma garota deitada na cama... Não. Não era uma garota. Era eu mesma. Os cabelos cacheados estavam bagunçados, juntamente com a cama. Minha expressão estava tranquila em meio ao próprio sono.

— Natália! — minha mãe entrou no quarto gritando, claramente estressada. — É a milésima vez que te chamo. Levanta daí! Vai se atrasar!

A garota na cama mal se mexeu. Exasperada, minha mãe pegou-a pelos ombros e sacudiu freneticamente.

— Para de gracinha, levanta! — disse enquanto sacudia a garota.

Mexer na dorminhoca de nada adiantou. Ela continuou imóvel, como se estivesse num sono eterno. Franzi o cenho, querendo entender porque a Natália não acordava. Porque eu não acordava.

— Meu amor! — minha mãe chamou pelo meu pai, já com os olhos marejados. — Vem cá!

Demorou alguns segundos até meu pai aparecer na porta do meu quarto.

— Nossa filha não quer acordar — falou a mulher em voz chorosa.

A expressão de meu pai ficou séria e o mesmo passou uma mão pela testa da Natália. Tocou a veia do pescoço dela também e esperou alguns segundos.

— Bem, viva eu sei que ela está...

— Mas ela não quer acordar! — o exaspero da mulher o interrompeu.

— Se acalma. — Ele segurou seus ombros e a olhou em seus olhos. — Ela vai acordar.

— Vamos levar ela pro hospital, por favor... Isso não é normal.

Meu pai pareceu pensar um pouco antes de pegar a garota desacordada no colo e foi naquele instante que eu vi a pulseira que Gilbert havia me dado. Ela estava com o botãozinho verde, indicando que eu ainda estava dentro do jogo.

— Não, pro hospital não! — dessa vez fui eu que gritei, correndo até eles, querendo impedi-los.

Eu estava como Kary.

— Eu preciso vencer esse jogo! — exclamei alto, porém eles não pareciam me ouvir.

Quando tentei tocá-los, meus dedos os atravessaram como se eu ou eles não fossem reais. Pelos deuses, o que diabos está acontecendo?, o pensamento correu pela minha cabeça.

Assim que meu pai começou a descer a escada da minha casa, a cena congelou e eu senti um alívio no peito. Nada de hospital por enquanto. Eu devo ter ativado um poder secreto e...

— Acho que está um pouco enganada. —Meu coração saltou no peito ao ouvir uma voz feminina desconhecida

Institivamente meu rosto virou na direção da voz.

— Quem é você? — questionei.

— Vou te dar alguns minutinhos para adivinhar.

A mulher possuía traços de uns trinta ou quarenta anos. Seus cabelos eram negros com alguns fiozinhos brancos brincando entre eles. Ela vestia uma capa preta e seus olhos eram negros como a noite — com alguns detalhes meio arroxeados. Nas suas mãos uma bola de cristal era sustentada e nos cabelos uma tiara com três fases da lua: crescente, cheia e minguante. No pescoço havia um colar com pingente da lua cheia.

Após vários minutos comigo quase quebrando a cabeça pra tentar adivinhar quem era, ela revira os olhos e mexe nas unhas negras gigantescas antes de desistir.

— Hécate! — exclamou impaciente.

— Puxa, eu jurava que era Nix...

— Tá me chamando de velha? Olha o respeito, garota. — Hécate fez uma careta.

— Tanto faz. — Suspirei. — O que você tá fazendo aqui?

Um pequeno sorriso apareceu no canto do seu rosto.

— Estou te mostrando o que aconteceu no primeiro dia que eles te encontraram assim. O desespero durou pouco. Você acordou.

Hécate fez um gesto com a mão e a cena voltou a se mexer. No fim das escadas meu pai para ao notar algo diferente e logo o corpo da Natália inerte começa a se mexer devagar. Por fim a garota nos braços do pai abre os olhos e os esfrega, como se tentasse entender o que estava acontecendo.

— Como...? — Não consegui terminar a frase.

Uma linha roxa estava em volta da íris castanha dos olhos da garota.

— O que está acontecendo? — a garota pergunta, claramente confusa.

Devagar meu pai vai colocando-a no chão. Ela fica em pé desajeitadamente, apoiando-se um pouco no pai antes de conseguir se manter de pé sozinha.

— Graças a Deus! — Minha mãe abraçou Natália fortemente.

— Sua mãe achou que estivesse passando mal — explicou meu pai enquanto minha mãe esmagava a garota num abraço.

Apenas no fim do abraço que a garota conseguiu responde-lo:

— Acho que eu só passei um pouco do horário. — Ela voltou a esfregar os olhos e bocejou. — To muito atrasada pro colégio?

— Colégio? Nada disso. Você não vai pra lá hoje. Vamos sair juntas. — sugeriu minha mãe e pelo seu tom, ela não iria admitir um "não" como resposta. — Talvez a pressão do colégio tenha feito isso com você.

A garota apenas concordou e subiu as escadas de volta para o próprio quarto. Nisso a cena congelou novamente.

— O que você fez com ela? Quero dizer, comigo.

— Nada de mais, só te "acordei". — Hécate fez as aspas com os dedos livres.

Assim que ela viu minha careta, prosseguiu:

— Você não foi a única que eu tive que usar esse feitiço. Muitos ainda estão dentro do jogo e naquele dia, a maioria ainda jogava. Se continuassem dormindo, seria um problema pra Gilbert...

— Peraí, você conhece meu professor?

A expressão de Hécate se fechou. Pelo jeito tinha dito algo que não devia.

— Bem, era só isso que eu queria mostrar para você, mortal.

Hécate fez um gesto com a mão e ao nosso redor, tudo começou a ondular.

— Ei! Eu preciso saber!...

Acordei num sobressalto, sentindo o coração forte no peito. Suor molhava minha testa. Respirei fundo, tentando me normalizar. Bastou eu olhar para os lados e notar Malek também acordado. Agora ele me encarava. Será que eu acordei muito assustada?, me vi questionando mentalmente, embora já imaginasse a resposta.

— Também teve o sonho? — perguntou ele baixinho.

Utae ainda dormia.

— Com Hécate? — questionei.

Utae se mexeu um pouco na cama, possivelmente incomodado com o barulho. Nisso, acabo por me levantar devagar, tentando fazer o mínimo de barulho possível. Ao estar de pé, caminhei lentamente até estar sentada ao lado de Malek no sofázinho.

O filho de Héstia afirmou com a cabeça.

— Ainda estou tentando entender o motivo. Será que é só mais uma invenção besta do Gilbert?

— Posso ser sincera? Você não acha que... nisso tudo tem um pouco de verdade?

— Você diz em relação aos deuses?

— É... — digo meio hesitante, suspirando.

— É apenas mitologia, Kary. Não acho que realmente tudo seja real...

— E se for? — argumentei.

Malek soltou uma risadinha um tanto forçada.

— Não é. Acho que você está levando tudo isso muito a sério demais.

— E você não está? Pelos céus, estamos debaixo do mar, tentando encontrar o caminho pra próxima pedra. Se você não estivesse levando a sério, duvido que estaria vivo até agora.

O sorriso sumiu do seu rosto.

— Não é isso. Eu apenas... sou competitivo. Quero ganhar, mesmo que nada disso seja real. E não é.

— Tenho minhas dúvidas — murmurei, mas como estávamos falando baixinho, ele facilmente ouviu.

— Pelos deuses, o que te faz pensar que os deuses são reais?

— Alguns citarem nosso professor? — eu estava fazendo uma pergunta retórica — Já parou pra pensar no que isso significa?

— Ainda acho que não passar de uma invenção de Gilbert. No mundo real, essas coisas sobrenaturais não existem, Kary.

— Faz um tempo que eu comecei a duvidar disso.

Então deixei meus pensamentos vagarem para longe. Havia muita coisa para descobrir, mas nenhum deus estava disposto a me oferecer as respostas. Todos davam uma desculpa e no fim eu sempre acabava com a mesma informação que Alexia tinha nos dito aquele dia.

— E quanto a Alexia? — perguntei depois de um tempo.

— O que tem ela?

— Não acha que ela também seja muito suspeita?

— Vamos voltar ao assunto das coisas sobrenaturais? Olha, aqui no jogo isso pode até ter um sentido, mas lá fora não. Tem certeza de que não está se apegando demais a essa realidade virtual?

Suspirei alto, balançando a cabeça. Ele não iria me entender nunca.

— No sonho, o que aconteceu com você? — decidi mudar o foco.

— Bom... — Ele pensou por alguns segundos. — Não sei quanto tempo meus pais demoraram pra perceber que eu dormia mais além da conta, só que eles foram ver o que tinha acontecido comigo e tentaram me acordar, mas eu não acordava. Depois de um tempo de desespero eu acordei, só que... eu podia jurar que aquele não era eu de fato. Hécate falou algumas coisas comigo e eu acordei igual você, meio... assustado eu acho.

— Será que foi uma visão da gente de verdade? Afinal, tem quanto tempo que estamos dormindo?

— Sei lá... — ele não parecia muito animado para continuar esse assunto.

— Tá tudo se encaixando, não percebe? — digo alarmada.

— Kary, volte a dormir, tá legal? Tomara que esse jogo acabe logo porque tá mexendo com você mais do que deveria.

Revirei os olhos, disposta a ter essa mesma conversa com Utae assim que ele acordasse. Ao menos eu tinha certeza de que ele me escutaria melhor do que o filho de Héstia. As perguntas rodavam minha cabeça o tempo todo e eu estava quase desesperada para obter todas as respostas.

Levantei do sofázinho e caminhei pesadamente até a cama, deitando devagar. Pelo jeito demoraria um tempinho até Utae acordar, mas com certeza Malek daria um apoio pra ele já que parecia que não ia dormir tão cedo — ou sequer dormir agora.

Fechei os olhos, ainda me perguntando se tudo o que tinha se passado no sonho havia sido real ou não. Cada vez mais eu estou começando a acreditar em toda essa coisa de mitologia grega, embora em partes eu também concorde com Malek. Levar isso a sério de verdade me faz parecer uma maluca, afinal, chega a ser raro alguém que venha acreditar fielmente nas mitologias gregas.

Nisso me forcei a dormir, pensando que quanto mais o tempo passava no jogo, mais o mundo real se mesclava ao mundo virtual.


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Notas finais do capítulo

E então? O que vocês acham dessa teoria da Kary? o.o verdadeira ou falsa? o.o

No próximo capítulo - as ruínas do castelo de Poseidon x.x

Até o próximo capítulo o/



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