A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 63
A rainha Olivia, o rei Odd e as súditas Nereidas


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Fico me perguntando se vou conseguir de fato ficar acordada, namoral kk a minha previsão é beeeem longa, então vamos torcer para que eu consiga aguentar kk

No capítulo de hoje - vamos escalar uma árvore!

Tenham uma boa leitura o/



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Olha, venho aqui tirar meio que uma reflexão a você: não provoque um monstro marinho gigante porque ele não gosta de provocações — sobretudo o deboche. Se sua dona se chamar Olivia então, nem se arrisque. Por pouco eu quase fui devorada como Quant. Quem me salvou de novo foi Utae, forçando-me a levantar.

Nisso, Olivia desaparecia, sendo engolida pelas águas do próprio trono. Pelo jeito ela havia deixado seu bichinho de estimação para acabar conosco de fato.

— Pro meio da terra. AGORA! — ordenou Utae audivelmente para todos de sua equipe.

Ele foi o primeiro a correr. Segui-o de imediato, tentando colocar minha cabeça para funcionar. Precisava de um plano e rápido. Nada do que a Rainha dos Planos Improvisados não pudesse dar conta. Só precisava de um pouquinho mais de tempo para colocar as ideias no lugar.

Infelizmente a terra não era assim tão grande, ou seja, era apenas uma ilha. Dava para ouvir claramente a água batendo violentamente contra as bordas de terra. Se Caríbdis tivesse a capacidade de controlar a água que a envolvia, estávamos fritos.

E como se não bastasse, chovia.

— O único que consegue respirar debaixo d’água é o Imma, certo? — disse Utae após alcançarmos o meio da ilha.

Confirmamos com a cabeça.

— Kary, algum plano?

Quando abri a boca para responder um "não", Imma falou primeiro:

— Eu posso tentar chegar no monstro — sugeriu.

— Tem certeza? — digo. — Caríbdis não tem apenas uma cabeça. Não daria conta sozinho.

— Olivia conseguiu domá-la — argumentou.

— Você sabe que ela tem muitos tripulantes ao seu favor e um Elemental — contra-argumentei.

— Nós temos que arriscar. — Ele balançou a cabeça.

— Não tome atitudes desesperadas, ficou maluco? — Agarrei a gola do seu traje ao dizer.

— Logo, logo essa ilha vai ser engolida pela água. Não temos outra alternativa. — Sua expressão estava tão séria quanto a minha.

Ah, que beleza, estávamos discutindo.

— Temos sim! — insisti. — Imma, eu não quero perder outra pessoa. Três no mesmo dia é muito pra mim, sabia? — Me odiei por deixar a voz embargar.

Um pouco da tensão do seu rosto desapareceu. Logo ele me abraçou e foi como se não houvesse um monstro gigante tentando nos devorar. Foi como se não tivesse duas pessoas nos assistindo. Foi como se eu me sentisse vulnerável e ele fosse o único capaz de me proteger.

— Você não vai me perder — ele sussurrou. — Eu prometo.

Aquele clima só terminou quando senti água sob meus pés, indicando que a ilha estava começando a ceder. Segundos depois o filho de Poseidon também percebeu e encerrou o abraço, depositando um beijo na ponta do meu nariz, embora eu tenha desejado por um segundo que o beijo tivesse sido mais embaixo.

Imma saiu correndo em direção a água, mergulhando na mesma. Por dentro eu torcia para que ele conseguisse sair vivo dessa.

Assim que virei pra trás, dei de cara com Malek e Utae fazendo expressões bem idiotas do tipo "o que foi isso?" e em cada rosto, um sorriso malicioso. Meu rosto ficou completamente vermelho. Tinha me esquecido da plateia.

— Vão ficar aí me olhando? — Cruzei os braços, querendo demonstrar que não havia sido atingida por seus olhares, embora meu rosto mostrasse o contrário. — E nem vem, Malek. Quando você agarrava a Benigna era muito pior!

Hmmm, como se sentiu hoje na presença do sogro?, não demorou muito até Malek invadir meus pensamentos, deixando meu rosto mais quente contra a minha vontade.

Eu: calado!

Ele: eu devia suspeitar que rolava algo entre os dois — ele estava debochando!

Eu: não rola nada!

Ele: como é engraçado ver você envergonhada.

Revirei os olhos e Malek só parou quando rapidamente as águas alcançaram nossos tornozelos.

— Sabem escalar árvores? — questionou Utae.

— Sei — eu e Malek respondemos em uníssono.

— Ótimo. Porque vamos precisar.

Então o filho de Zeus se agarrou na árvore que usávamos como abrigo e começou a escalá-la com habilidade. Pelos deuses... como é que ele faz isso?, pensei e eu tinha motivos pra isso: eu não fazia ideia de como se escalava uma árvore — e mesmo se eu tivesse negado, não tínhamos tempo pra que alguém pudesse me ensinar.

— Damas primeiro — o filho de Héstia usou seu tom de deboche mais uma vez, fazendo um gesto exagerando na direção da árvore.

— Que nada, eu insisto. — Também fiz o gesto, brincando com o sarcasmo.

— Vocês dois, dá pra pararem de enrolar? — vociferou Utae por estar numa altura considerável.

— Pode ir — insisti.

— Vai Kary. É só não cair em cima de mim.

Esse último deboche fez meu orgulho aumentar. Não ia lhe dar a satisfação de cair e como eu queria provar que sabia — mesmo sem saber nada —, decidi que iria na sua frente só pra provar o quanto era boa — eu já falei que não sabia escalar árvores?

Enlacei meus braços ao redor da árvore e respirei fundo, me impulsionando para cima com os pés, logo em seguida enlaçando os mesmos no tronco. Ainda não tinha certeza se era assim, mas uma careta logo se formou no meu rosto por causa dos arranhões que aquilo causava na minha pele.

Ouvir a risada do Malek às minhas costas só me deixou mais brava.

— Anda logo, Kary. Não quero morrer — senti o deboche de longe.

Xinguei baixinho e usei um buraco na árvore para apoiar as mãos, tentando a qualquer custo achar um ponto de apoio para os pés. Não ia deixar o Malek rir por muito tempo da minha cara — e o pior é que eu não sabia se estava escalando certo.

Já alguns centímetros do chão, Malek também sobe na árvore — nisso a água estava a uma altura considerável. As pontas dos meus dedos reclamavam da aspereza da casca, entretanto, me forcei a continuar como sempre fazia.

Utae sentou-se num galho alto e grosso, provavelmente esperando por nós. Tudo estava ocorrendo bem até meu pé quebrar um pedaço da casca. Se eu não estivesse tão concentrada em subir, juro que riria do xingamento do Malek. O pedaço da casca deve ter batido na sua cabeça.

— Rápido! A água tá subindo! — avisou Malek.

— Tô indo! — respondi impaciente.

Voltei a xingar quando a casca quebrou numa das minhas mãos. Pelo susto, meu coração deu uma palpitada forte, entretanto, ergui a mão para me apoiar. Faltava pouco para chegar no Utae — pelo menos eu tentava enxergar que aquilo era pouco já que o sacrifício para subir estava sendo enorme.

Gritei assim que minha outra mão também perdeu o apoio. Por um segundo eu pensei que cairia direto na água, só que algo me segurou antes. Malek segurava meu braço com firmeza, embora sua expressão estivesse grave e tensa.

— Sabia que você ia cair — sua voz saiu numa mistura de deboche e repreensão.

Revirei os olhos.

— Ótimo, agora me ajuda a subir de novo — devolvi o mesmo tom agressivamente.

— Segura num galho aí. Não posso te sustentar pra sempre.

— Não tem galho aqui! — avisei num grito.

Ele não me respondeu. Olhei pra cima novamente, querendo saber o que se passava na sua cabeça e no segundo seguinte, sua mão também havia perdido o apoio, levando-nos até a água como presente.

O mar estava mais fundo do que eu esperava. Por sorte, consegui pôr meus pés num dos galhos submersos da árvore e me impulsionar para cima, enchendo meu pulmão de ar. Não estava gostando de toda aquela interação com a água. Lidar com o ar tinha sido bem mais fácil, e eu gostaria que com essa pedra da água fosse a mesma coisa.

Não sei se agradecia ou xingava os deuses ao ver Malek sair da água para respirar. Ele nadou até onde eu estava, usando o mesmo galho para apoiar os pés e manter a cabeça na superfície.

— Algum plano, gênio? — questionei em deboche.

— Subir a árvore, gênia — ele respondeu na mesma aspereza.

Agarrei um galho — que se quebrou na minha mão! Suspirei. Então, meu maior problema passou de escalar uma árvore gigante para o alto rugido que Caríbdis emitiu. Decidi ver o que estava acontecendo e ver Imma montado na cabeça principal do monstro me deu certo alívio. Daquilo ao menos ele estava dando conta.

— Aqui, Kary — avisou Utae, me fazendo olhar para cima.

O mesmo sentava-se num galho próximo e esticava a mão na minha direção. Devia ter voado até nós ao perceber nossa dificuldade em subir.

Sorri para ele e impulsionei meu pé no tronco antes de agarrar sua mão. Com a ajuda do mesmo pé, usei a força dele e a do meu corpo para conseguir chegar até ele. Vendo o que eu tinha feito, Malek fez a mesma coisa. Em seguida, Utae voou para o outro galho, usando igual artimanha para nos ajudar a subir mais rápido.

Agora sim tudo dava certo para gente.

— É assim que pretendem ganhar o jogo? — Franzi o cenho ao ouvir a voz. Fazia muito tempo que não a ouvia.

Ao achar o dono, por um segundo levei um susto. Odd relaxava-se no galho mais alto da grande árvore. Seu cabelo negro abrigava uma coroa roxo-escuro envolvida em sombras. Uma áurea roxeada lhe cobria e ele sorria sombriamente.

— Não sei como ainda estão vivos — ele ainda arriscava a brincar com o deboche.

Engoli em seco. Tínhamos alguns metros de diferença, mas isso não diminuía a grande ameaça que ele representava para nós. O colar Elemental brilhava. A pedra do Ar acendeu-se e uma rajada de vento forte veio em nossa direção, nos arremessando na direção da água involuntariamente.

A água se agitou com o impacto dos nossos corpos. Meu coração voltou a palpitar forte enquanto eu afundava na água. Um segundo mais e ele acabaria conosco facilmente. Mantive os olhos fechados e resolvi invocar o poder da minha pedra do Ar para combater o vento forte que nos empurrava cada vez mais rápido até o fundo.

Mesmo que não tenhamos parado de afundar, a velocidade diminuiu. Usei o ar ao meu favor assim que me impulsionei com ele para cima. Tentei abranger o máximo de território para tentar salvar Utae e Malek ao mesmo tempo.

Enfim consegui colocar meus pés num dos galhos. A expressão de deboche de Odd desapareceu e a pedra do Ar brilhou com mais intensidade. Nossos olhares se cruzaram e mais ar saiu da minha pedra, utilizando a água ao meu favor.

Ela correu na sua direção. Em seguida a pedra da Água assumiu o brilho, fazendo meu jato de água salgada se desviar para o lado e me atingir violentamente no lado direito do corpo. Logo eu voltava a afundar no mar cada vez mais agitado. Eu nem sequer tinha ideia de onde Malek e Utae tinham ido parar nessa vergonhosa batalha — se é que podemos chamar isso de batalha.

Ganha um tempinho pra mim. Utae tá me ajudando nessa. Preciso me esquentar um pouco, ao ouvir a voz de Malek na minha cabeça, sabia que ele e Utae tramavam um plano. Nuvens negras cobriam o céu. Se tivesse sorte, aquilo era um sinal que Utae se preparava para um ataque.

Eu: não demora muito. Não consigo segurar Odd pra sempre.

Me impulsionei novamente para cima, me mantendo no mar agitado, observando que Odd estava em um dos galhos mais baixos.

— Ainda não cansou de brincar, filha de Quione? Por que não torna isso mais fácil para nós dois?

— Você sabe que eu nunca me renderia — digo destemida. Mesmo que ele não tinha tido tempo de ver como eu era, bravura brilhava em meus olhos.

— Olivia deixou isso bem claro. E você sabe que esse é o seu maior erro, não é?

Seu sorriso debochado me fez cerrar os punhos. Entretanto, aos poucos foi diminuindo e uma de suas mãos parou em sua têmpora como se estivesse incomodado com algo.

— Parece que vou ter que adiantar a sua morte um pouquinho.

Água salgada ergueu-se ao meu redor e como num casulo, me encobriu por inteiro, me arrastando novamente para o mar. Mesmo invocando o ar, aquele casulo de água continuava me puxando para baixo.

— Andrômeda. Nosso sacrifício — vozes sussurraram ao meu redor. — Ninguém é mais bela que nós, as Nereidas.

Nereidas...? Andrômeda...? Sacrifício...?, foram os últimos pensamentos que consegui ter antes de acabar perdendo a consciência.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez Kary é a vítima do sequestro... A sorte nunca dá bola pra ela, né? Coitada kk

No próximo capítulo - grilhões... x.x

Até o próximo capítulo o/



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