A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 56
Meu escorregador de gelo gigante


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEY Batatinhas Ambulantes o/

Depois de um tempão eu percebi que era hoje que eu deveria ter dado "feliz Natal!" para vocês kk então se você não deu ainda, sua chance, hein? kk

Bem, não sei se de fato pode ser considerado um presente, mas... decidi enfim publicar as outras coisas que mandaram pra mim no aniversário da fic ^^ não to falando dos ganhadores, mas sim de todos os que participaram mesmo ^^ sério mesmo, obrigada por todos que participaram ♥

https://www.facebook.com/KashinabiFarron/posts/2116619765217679

E saibam que o capítulo de hoje é para vocês *3*

No capítulo de hoje - um escorregador de gelo gigante e... tentáculos! o.o

Tenham uma boa leitura o/



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No meio da queda, as cadeiras feitas de fumaça simplesmente desapareceram. Pelo menos poderíamos escolher uma posição ao qual morreríamos. Logo senti alguém segurou meu pulso e de imediato vi que era Utae.

— USA A NEVE! — gritou ele. O vento fazia barulho ao nosso ouvido. — EU TO ADIANDO NOSSA QUEDA, MAS NÃO POSSO FAZER ISSO PRA SEMPRE. USA A NEVE!

Ele tinha razão. Com seus poderes enfraquecidos pelo nível baixo, nos manter no ar devia estar custando bastante pra ele, embora meus poderes não estivessem assim tão fortes. Ainda estava me recuperando da batalha tida contra os quatro Boréades.

Entretanto, não perderia a oportunidade de ajudar minha equipe de novo, por isso estendi a mão e usei a neve para formar gelo, coisa que não gastou tanto assim da energia já que eu não tinha que criar nada, só manusear. Aos poucos fui formando uma espécie de escorregador de gelo, esperando que deslizássemos quando o atingíssemos.

O escorregador era largo e o primeiro a deslizar sobre ele fui eu que ainda fiz questão de crescer as laterais para cima, impedindo assim que acabassem caindo para fora dele.

Não demorou muito até eu cair no chão de terra ao terminar de deslizar pelo escorregador gigante. Havia sido tão rápido que nem tive tempo de aproveitar. Saí do caminho para não ser atingida pelo os outros que vieram tão rápidos quanto eu.

— J-Já f-foram embora? — questionou Nerea, trêmula.

Ajudei ela a se levantar e inesperadamente ela me agarrou num abraço.

— M-Morro d-de medo de a-altura — explicou ela, me apertando.

— Calma, Nerea — digo com um pouco de dificuldade já que ela ainda me apertava.

Tentei me desvencilhar dela, mas não consegui.

— Todos estão bem? — questionou Utae.

Confirmei com a cabeça e os outros pareciam fazer o mesmo, embora Imma e Malek permanecessem sentados no chão de terra enquanto eu consolava em pé uma Nerea assustada.

— Para onde eles foram? — perguntou Imma, olhando para os lados.

— É melhor nem tentarmos procurar — comentei, balançando levemente a cabeça e acariciando os cabelos de Nerea. — Quartina foi embora, os ventos devem ter ido atrás dela para voltar ao saco. Eles não podem permanecer muito tempo fora dele.

— Hã... gente? — começou Malek. — Vocês notaram aquilo ali? — Então apontou para o horizonte onde havia uma construção cinzenta enorme. Eu diria que estava apenas a uns dois quilômetros da gente.

— Não pode ser... — murmuro, impressionada.

— Deve ser, Kary — diz Utae, colocando uma mão em meu ombro.

Utae abriu o mapa do seu relógio e, para onde Malek havia apontado, realmente parecia ser o local onde ficava a pedra Elemental do Ar. Estamos chegando, finalmente..., pensei totalmente orgulhosa. Agora sim faltava pouco para termos ela em mãos.

— Nerea, eu preciso que você seja forte agora, tudo bem? Precisamos ir — digo a ela, acariciando seus cabelos cacheados antes de encerrar o abraço.

Hesitantemente ela afirma com a cabeça.

— Pode nos guiar, Utae? Você é o melhor para sentir os ventos — sugiro.

Utae faz um "sim" com a cabeça e toma a frente do grupo com a ajuda de Malek que começou a derreter parte da neve quando aos poucos ela foi retornando.

Bastou darmos alguns passos para neve ser mais uma vez derramada dos céus. Meu corpo estava um pouco cansado devido as longas caminhadas; ao ter usado meu poder... Não sabia se estava preparada o suficiente para enfrentar outra divindade caso fosse preciso.

Abracei o ombro de Nerea enquanto caminhávamos juntas.

— Por que não toca um pouco da sua lira? — sugeri.

Nerea suspirou.

—Não posso, Kary.

— O que foi que eu te disse? Vai me dizer que não leva jeito pra música de novo?

— Não é isso. — Ela balançou a cabeça. — É que essa harpa é poderosa demais, entende? Toda vez que eu tento... alguma coisa acontece. Então eu desisti.

— Que tipo de coisas acontecem? — questionei.

— Chama atenção demais. — Mais uma vez ela balançou a cabeça. — A magia que emana é muito forte. Se eu toco uma corda, imediatamente uma sinalização gigante aparece no mapa do relógio. Consequentemente um monstro ou um Jogador já se aproxima de nós ao ver o indicador dourado.

— E o que o pontinho dourado significa?

— Bem, o relógio diz que "o indicador dourado mostra a localização de uma Arma Divina".

— Arma Divina? — havia curiosidade na minha voz.

— É, deve ser porque minha mãe que me deu. — Nerea deu de ombros, sem uma resposta concreta.

— Kary, você acha que é seguro? — questionou Imma, só então me fazendo perceber que ele estava ao nosso lado.

— O quê?

— Ir assim sem mais nem menos em direção à pedra. O campo tá muito aberto. Se tiver alguém nos observando lá de cima, vamos ser mortos antes de chegarmos lá.

É tão estranho ver o Imma brincalhão tão sério..., o pensamento correu pela minha cabeça antes de eu pensar no que havia acabado de me dizer.

— E tem outro caminho para seguirmos?

— A gente poderia usar o matagal mais pra lá. O caminho seria mais longo, só que menos óbvio.

— Por que você não fala com Utae?

O filho de Poseidon confirmou com a cabeça e o fez ao adiantar o passo para alcançar Malek e Utae. Logo os três debatiam seriamente pelo assunto enquanto eu e Nerea nos mantínhamos mais atrás do grupo.

— Vamos diminuir o passo — informou Utae para nós duas quando a discussão pareceu ter se findado. Numa voz mais baixa ele acrescentou: — De noite nós usaremos o matagal para chegar ao castelo de Éolo.

Tanto eu quanto Nerea confirmamos com a cabeça.

Já era de tardezinha naquele momento, o que significou que não chegamos a andar muito antes de pararmos mais perto do matagal para descansar antes de colocar nosso plano arriscado e audacioso em ação.

— Malek é quem vai guiar o grupo — começou Utae quando todos estávamos sentados no chão da neve derretida.

Mantínhamos um círculo para que pudéssemos ouvir melhor já que Utae fazia questão de falar em voz baixa, assim correríamos menos risco.

— Eu, Imma e Nerea manteremos o meio. Kary, acha que pode ficar na retaguarda da equipe?

Confirmei com a cabeça num sorriso.

— Ótimo. Vamos deixar o sol sumir para irmos.

Assentimos e se passaram no mínimo uma hora de descanso antes de se tornar difícil distinguir quem era quem em meio a escuridão. Não havíamos arriscado em acender uma lareira por medo de sermos descobertos e com tanta escuridão ao nosso redor... Qualquer faísca seria um sinalizador.

A formação foi feita exatamente como Utae havia descrito. Respirei fundo, engolindo qualquer resquício de medo que pudesse surgir e quando Malek começou a se mover, sabia que era tarde demais para voltar a trás agora.

O único barulho que ecoava entre o mato era das nossas botas de metal esmagando folhas e galhos secos na neve rasa. A medida que chegávamos perto do castelo cinzento, menos neve dificultava nossa caminhada.

Olhei para cima, percebendo que nenhuma estrela habitava o céu, apenas nuvens carregadas derramavam vez ou outra um pouco de neve — coisa que eu tentei conter usando um escudo improvisado com o meu poder sobre o gelo.

Uma brisa fazia as árvores farfalharem e brincavam até com alguns fios do meu cabelo curto. Quem estava na minha frente na filhinha era Nerea que se agarrava ao máximo à sua lira. Entendia o motivo. Se houvesse uma emergência, ela com certeza a usaria, mesmo com todos os riscos.

Quando faltava pouco menos de um quilômetro de caminhada, os ventos se tornaram um pouco mais forte, fazendo fios do meu cabelo incomodarem minha visão. Devia ser um efeito do castelo de Éolo para afastar intrusos.

Porém, um rugido fez meu corpo estremecer. De imediato Malek parou, fazendo os outros pararem e quando o filho de Héstia se abaixou em meio ao mato, todos fizemos o mesmo, temerosos.

O rugido tinha certa semelhança com aquele do Leão de Nemeia, só que esse parecia mais antigo e desgastado, ainda por cima com um toque de pigarreio e bravura. Fechei os olhos por um segundo, tentando imaginar que tipo de criatura poderia produzir aquele tipo de som. Não estava muito a fim de conhecê-la pessoalmente.

— Andem mais rápido — ordenou Utae num sussurro, embora pareceu quase um grito em meio ao silêncio do matagal ao nosso redor.

A criatura rugiu mais uma vez, fazendo com que os Jogadores à minha frente apressassem os passos. Olhei para trás, sentindo o coração quase sair pela boca ao ver um par de olhos vermelhos me encarando.

Balancei a cabeça, decidida a acreditar que aquilo não passava da minha imaginação querendo me assombrar naquele momento de medo.

— Gente, mais rápido por favor — falei quase que num gemido, com o coração acelerado de medo.

Decidi olhar para trás uma última vez e logo encontro aquele par de olhos me vigiando, como se nossa caminhada não fosse nada para aquela coisa. Pelos deuses, que seja apenas uma coisa da minha cabeça..., implorei, esperando que algum deus grego estivesse disposto a me ouvir.

— Não dá pra ir mais rápido — argumentou Malek lá da frente.

Ouvi um biiiiip, baixinho, indicando que alguém havia xingado — minha suposição é que Utae deve ter batido nele por ter falado mais alto que o permitido.

— Estamos quase chegando — ouvi alguém sussurrar, mas estava tão temerosa com a coisa nos seguindo que não parei para decifrar quem era.

— Tem uma coisa nos seguindo. Se não andarmos mais rápidos que isso, vamos morrer! — exclamei, tentando manter a voz o mais baixa possível.

Vi apenas o rosto de Nerea virar para trás e terror tomar conta do seu rosto.

— CORRAM! — gritou ela em claro desespero.

— Nerea! — a voz de Utae soou rígida.

Senti algo raspando no meu pé, coisa essa que se enroscou no meu tornozelo e me puxou, fazendo-me tropeçar de imediato. Solto um xingamento e por desespero, agarro-me ao chão e me forço a levantar, embora aquela coisa áspera ainda estivesse agarrada ao meu tornozelo.

Outro puxão e eu quase caio, mas decido me manter de pé. Logo estou usando meus poderes para congelar aquela coisa pra ver se desgrudava, só que isso apenas piorou a situação pois a coisa áspera também se enroscou num dos meus braços. Então notei que eram como se fossem escamas de cobras só que negras com algumas manchas em vermelho.

Mais uma daquelas coisas se agarrou no meu outro braço livre, forçando-os a se fixarem nas minhas costas. Mesmo assim tentei usar meu poder para me livrar daquelas coisas que estavam machucando minha pele pálida.

Quando um quarto tentáculo se apoderou do meu único tornozelo livre, foi o momento que não consegui evitar de cair no chão mais uma vez, vendo meus amigos escaparem com passos rápidos.

Assim que ia gritar, um quinto tentáculo se enroscou na minha boca, proibindo-me de dizer alguma coisa. Senti sangue brincar com a minha língua. Aquela coisa estava rasgando meus lábios com tanta aspereza.

Não demorou muito até eu estar começando a ser erguida do chão pela coisa que me segurava. Não pude olhar para trás — ou minha boca ia rasgar de vez —, porém ouvi o barulho do bater de asas. E pelo som, podia jurar que eram asas enormes.

Bem, esse som fez finalmente meus amigos virarem para trás, só que já era tarde pois o monstro gigante começou a voar para longe do matagal, comigo de refém. Sangue escorreu pelo meu pescoço, vindo da minha boca. A medida com que o monstro ia me apertando, mais sangue escorria por onde os tentáculos me seguravam.

— Intrusos não são bem-vindos nas terras do meu senhor, humana — disse uma voz grave e antiga. Provavelmente vinha do monstro.

Minha visão escureceu algumas vezes antes dos tentáculos finalmente me largarem num chão áspero e que incomodou minha pele ferida ao ser tocada. Tive que abrir os olhos para entender que estava numa espécie de ninho de pássaro gigante, feito de galhos e mais galhos entrelaçados.

Assim que meu olhar atingiu o monstro, me arrependi de imediato.

A ele pertencia os olhos vermelhos, dentes caninos alongados e asas negras enormes como as de um anjo caído.


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Notas finais do capítulo

Sinceramente falando, esse é o meu monstro favorito ♥ vão gostar dele *3* ~ou odiar, sei lá hasushauasuh~ enfim, eu gostei muito de descrevê-lo :3 agora resta saber o que diabos vai acontecer com a Kary que só se mete em encrenca x.x

No próximo capítulo - uma pequena torturazinha e... hmmm, sinto cheiro de morte :3

Até o próximo capítulo o/



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