A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 50
A dor de Utae e o início da caçada


Notas iniciais do capítulo

Heeeeeey Batatinhas Ambulantes o/

Então? Já estão se preparando para o concurso? Quero ver todo mundo participando porque eu sei que vocês são criativos sim u.u ~principalmente aqueles que fazem teorias aos montes u.u~

Neste capítulo eu gostaria de agradecer e dedicá-lo a "Bhiela Chan" por ter recomendado a fic essa semana *3* muito obrigada e pode se sentir especial porque o capítulo de hoje é pra você, viu? :3

No capítulo de hoje - o coração partido de Utae ;-;

Tenham uma boa leitura o/



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Não tínhamos ido atrás das pedras Elementais de verdade naquele momento de animação, afinal, estava de tardezinha e Utae disse que não seria bom arriscarmos enfrentar a neve naquela noite. Bem, de qualquer forma, partir no dia seguinte não fez muita diferença porque as nuvens ainda derramavam neve, como se estivessem contra nosso plano.

Seguiríamos para o sul, onde a pedra Elemental do ar estava escondida e ansiedade revirava no meu estômago ao passar pela porta dos fundos da cabana bem de manhãzinha — embora nem parecesse que fosse realmente manhã pelo céu estar nublado e o tempo frio para os demais.

Após mim veio Utae, depois Nerea, Malek e por fim Imma que fechou a cabana, se despedindo dela dramaticamente.

— Nós vamos voltar, Imma, relaxa — assegurei ele.

— Já sinto saudades! — disse ele, fingindo estar chorando.

— Você é mais forte do que isso, Imma — falou Utae, abraçando seu ombro e o guiando para longe da cabana. — Assim que recuperarmos a pedra Elemental do Ar, voltaremos pra cá.

Imma assentiu, chegando a fazer um bico de tristeza antes de aceitar os fatos. Logo nós cinco estávamos caminhando na direção sul, onde a pedra esperava por nós. Por dentro uma animação corria nas minhas veias já que viveríamos mais uma aventura.

Ao caminhar distraidamente ao lado de Nerea, observei minha mão direita, local onde sempre ficava a marca das linhas pretas, símbolo da minha Conexão com Tanay. Senti um aperto no peito ao perceber que elas nem sequer estavam mais ali. A última coisa que eu tinha da cabana dele desaparecera, como se o fio que nos ligava finalmente tivesse se rompido.

— Você ainda não me contou o que houve depois que fugiu.

Levei um sobressalto ao perceber que agora quem caminhava ao meu lado era Utae ao invés de Nerea. Abri um pequeno sorriso, vendo que quem guiava o grupo no momento era Malek que ia derretendo a neve do nosso caminho aos poucos.

— Corri durante uma noite inteira — comecei. — E encontrei sem querer outra cabana idêntica à nossa. Imagina a confusão que isso fez no meu cérebro. — Dei uma risadinha. — Desde então estive com eles. Lá estava meu irmão, também filho de Quione.

— Claro que ele não era tão legal como eu — disse de maneira convencida e eu achei graça.

— Nem de longe.  — Cheguei a dar dois tapinhas no ombro de Utae. — Eu só consegui voltar por acidente, sabe? Despenquei de um pégaso com Nerea no meio da floresta e achei as marcas nas árvores de vocês. Aliás, achei uma bem interessante. Tava "U + M" e um coração em volta. — Cutuquei suas costelas com o cotovelo em provocação.

Pra ser sincera, eu não tinha certeza se a primeira inicial se referia mesmo a Utae, mas quando suas bochechas começaram a ganhar um tom rosado e sua expressão indicou claramente desconforto sobre o assunto, tive a certeza de que tinha acertado alguma coisa que não estava sabendo.

— Não acredito que tava escondendo uma coisa da sua irmãzinha. — Coloquei uma mão no peito, fingindo estar ofendida.

— Tá, tá... — Ele balançou a cabeça, ainda desconfortável. — No tempo que você esteve longe, digamos que eu... namorei uma garota.

— Como é? — a notícia me pegou um pouco de surpresa.

— Ela chegou na cabana quase morrendo de hipotermia, daí eu cuidei dela e descobri que ela era... agradável.

— E cadê ela?

— Teve que ir embora. Acho que uma semana antes de você voltar. Ela disse que tinha umas coisas pra resolver e que não podia mais deixar pra depois.

Tive pena por um segundo de Utae. Ele parecia sentido ao falar sobre aquilo.

— Sinto muito — digo, pois foi a única forma verbal que achei para consolá-lo. Não queria prometer que ela voltaria. Com certeza seria algo muito pior.

— Mas... você ainda não me disse como fez aquilo no braço de Nerea — ele logo mudou de assunto.

Decidi pegar o "fio da meada".

— Quione uma vez me ensinou um feitiço. Desde então... É como se ela tivesse aberto uma "portinha" no meu cérebro que fez tudo ter sentido. A língua dos feitiços não é a nossa.

Utae arqueou uma sobrancelha enquanto me ouvia.

— Sabe o nome?

— Bem, chuto que é o aulin. Já ouvi falar uma vez dessa língua. Procurei numa enciclopédia de idiomas e tinha uma breve citação, falando que era uma língua esquecida e desconhecida, com origem dos Alquimistas.

— Alquimistas? Não é uma área da química que busca transformar um objeto em outro? Como um grafite em diamante.

— Pois é. — Dei de ombros. — E dizem que nunca conseguiram fazer isso, no entanto... Existe uma língua dos desconhecidos Alquimistas. Não é meio insano?

— Não parece fazer sentido. — Utae pensava no assunto.

— Enfim, essa é a língua dos feitiços e a que eu uso para fazê-los. O que está no braço de Nerea é a promessa de que ela nunca vai me trair e se o fizer... Digamos que as consequências não serão muito boas.

Utae pareceu rir.

— Acho que andou aprendendo algumas coisas de líder quando esteve na outra cabana.

— Meu irmãozinho era profissional em matar, fazer o quê? Aprendi umas coisinhas bem legais enquanto estive fora.

Um sorriso maldoso apareceu em meu rosto, somente para enfatizar a frase.

— Malek e Imma também tiveram alguma mudança na vida amorosa igual você? — questionei, lhe dando uma provocação de leve.

— Não. Só eu fui o trouxa.

Achei graça.

— Você vai sobreviver. Se eu suportei a morte do Kame, você suporta a partida dela. — Dou dois tapinhas em seu ombro e logo estamos seguindo em nosso caminho.

Ele me deu um pequeno sorriso em resposta.

Então arqueei a sobrancelha devagar quando passamos por um lago congelado — não era aquele que ficava praticamente em frente a cabana, e sim outro — onde uma espada estava cravada na neve, solitária. Tomei o impulso de correr até ela ao perceber de que se tratava da minha cimitarra de gelo.

Meu coração deu um pulo no peito assim que toquei no punho da espada e um lobo albino surgiu em meio a neve, mostrando todos os caninos pra mim. Fiz meus próprios caninos crescerem da forma animal para mostrar ao tal lobo que não teria medo caso me atacasse.

Seus caninos foram recolhidos e o lobo albino de olhos azuis se foi rapidamente, como se tivesse ouvido um chamado ao longe. Balancei a cabeça, tirando minha cimitarra da neve e fazendo meus dentes aos poucos voltarem ao normal.

— O que foi isso? — questionou Imma.

Os outros pareciam igualmente curiosos.

— O lobo estranho ou os caninos? — questionei.

— Os caninos.

— Minha forma animal. — Dei de ombros como se fosse algo comum. — Não sabiam disso?

— Saber eu sabia — Utae tomou a palavra. — Só que eu achava que a forma animal só aparecia quando se entrava no jogo.

— Bem, na verdade todo mundo pode entrar na forma animal na hora que quiser, basta ter controle. Se não me engano, cada Jogador tem uma diferente e apenas uma, não se pode alternar, eu acho.

— É o animal sagrado de cada deus? — perguntou Malek.

Afirmei com a cabeça.

— Se for mesmo isso, Imma, o animal sagrado de Poseidon é um cavalo. De Zeus a águia. De Harmonia um pássaro. De Héstia uma raposa — expliquei brevemente. — Durante o caminho, já que vai ser longo, a gente poderia treinar passar pra forma animal — sugeri enfim.

Todos concordaram com a cabeça.

Não demorou muito até estarmos caminhando, ainda seguindo a direção sul. Nerea surgiu ao meu lado. Agora quem guiava o grupo era Utae, Malek e Imma, deixando nós duas pouco atrás.

— Poderia me ensinar a tocar a lira também?

Neguei com a cabeça, colocando um meio-sorriso no rosto.

— Não sei nada sobre música, juro. Podia pedir pra sua mãe te ensinar.

— Você acha que ela pararia pra fazer isso? — Ela mordiscou o lábio.

— Bom, você vai ter que tentar pra descobrir.

— E se ela não quiser me ensinar?

— Aí você usa o dom que já possui. Nerea, o sangue de Harmonia corre nas suas veias. Tem talento por aí sim. E eu acho que essa lira é muito poderosa já que atraiu a atenção de três estranhos atrás de nós.

E deve emanar um grande poder. Aposto que é um sinalizador gigante gritando "ei, estamos aqui, venham nos pegar!", tentei levar o pensamento só na brincadeira, embora ainda me incomodasse com o fato.

Embainhei a espada numa bainha improvisada de gelo que eu fiz, embora meu poder estivesse se esvaindo muito rápido com isso. Logo fui me lembrando de que meu nível caíra do 10 para o 2. Suspirei, odiando aquela maldita mudança nas "regras" do jogo.

Agulhas deram curtas pinicadas no meu estômago. Eu conhecia aquela sensação. Significava que uma fonte de poder estava próxima, possivelmente rodeando. Só que as pinicadas eram tão de leve que duvidei que essa observação fosse para nosso pequeno grupo de cinco pessoas.

A caminhada se estendeu durante todo o dia. Apenas paramos para almoçar — e isso só aconteceu quando nossos estômagos passaram a roncar alto já que Utae parecia um Tanay, se recusando a parar enquanto não atingíssemos o objetivo principal.

Neve foi derretida para que pudéssemos sentar no chão. Enquanto eles montavam a fogueira para preparar o almoço, eu me limitei a olhar o mapa que meu mais novo relógio digital possuía. Cliquei na tela, expandindo-o e vendo mais ou menos onde estávamos.

Ah, com certeza ainda faltava alguns dias de caminhada.

Tentei ver se havia alguns pontos por perto, indicando algum Jogador, mas nada aparecia de anormal. Só tinha eu e meus amigos indo por essa direção. Os outros devem ter ido por outro caminho. Olivia com certeza foi em direção ao Elemental da Água, era realmente difícil ver outros Jogadores perambulando por essas regiões, afinal, ninguém suportava o frio direito.

Os filhos de Héstia devem ter seguido para o Elemental Fogo e o restante... Para o da Terra, possivelmente devem achar que é a pedra mais fácil de se conseguir, afinal, qual a dificuldade que há em procurar na terra pura e simples ao qual sempre pisamos?

Suspirei, deixando o vento frio da tarde brincar com os meus cabelos que continuavam acima do ombro. Sabia que não ia demorar até Utae me questionar o que havia acontecido.

Dava um aperto no coração só de lembrar.

Balancei levemente a cabeça, não querendo pensar no Tanay no momento e no quanto eu fui egoísta em abandoná-lo em plena batalha.

Eu 1: Você não teve escolha. Nerea te levou para longe dele.

Eu 2: É, mas eu poderia ter dado um jeito de voltar.

Eu 1: Ele deve ter ganhado aquela batalha. Tanay sabe lutar.

Eu 2: Só que ele contava comigo.

Eu 1: A sua antiga equipe precisa de você, Kary.

Eu 2: Tanay também precisava.

Comprimi os lábios numa linha fina, odiando aquele maldito sentimento de culpa.

Conte pra mim no que está pensando, filhinha de Quione, cheguei a revirar os olhos quando a voz de Malek invadiu minha cabeça. Ah, o antigo hábito.

Eu: Não te interessa.

Ele: Hmmm, não mudou nada enquanto esteve fora.

Eu: Você também não. Só ficou mais quieto. O que foi? Se apaixonou como Utae e tá com saudade da namoradinha?

Ele: Não estou quieto, só pensativo. Ainda não entendo como você voltou sendo uma nível 10.

Eu: Tá me subestimando, filhinho de Héstia?

Ele: Sempre te subestimei, cabeça quente.

Eu: Dá um tempo, Malek. Sai da minha cabeça.

Ele: Vai explodiiiiiiiiiiiir.

Eu: Argh!

Massageei as têmporas, em busca de me livrar daquela voz irritante, até perceber que os outros três nos olhavam. Tá, isso chegava até a ser comum, mas o sorrisinho sacana que Imma lançou em minha direção, me fez revirar os olhos mais uma vez.

É, pelo jeito eu estava mesmo de volta e os malditos — tá, eu gostava um pouquinho, ok? — hábitos haviam voltado ao normal.

E é apenas o começo, Nath. Apenas o começo.


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Notas finais do capítulo

O capítulo de hoje foi mais calmo? Foi e.e ele foi tranquilo exatamente pra vocês pensarem em algumas coisas, principalmente sobre o aulin e.e tadinha, a Nath/Kary não tem como explicar direito pra vocês porque nem ela faz ideia do que é direito, mas é bom ir sempre juntando as pecinhas desse "quebra-cabeça" u.u

E ah, um dia eu mostro na minha página como é a letra do aulin e.e é bem complicada e difícil de ler, exatamente porque os antigos não queriam que aqueles que os perseguiam entendessem e.e ~okay, já to dando informação demais x.x

No próximo capítulo - Agulhadas. Dor. Quione. ;-;

Até o próximo capítulo o/



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