A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 48
O monstro feito de sonhos


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey Batatinhas Ambuantes o/

Gente, essa semana eu tive a MAIOR surpresa de todas... Nunca, nem na minha antiga fanfic, havia acontecido o fato de ter recebido 30 comentários numa semana... Sério, eu fiquei chocada quando vi os números subindo, por isso, só tenho a agradecer por vocês serem as MELHORES BATATINHAS AMBULANTES DO MUNDO ♥ obrigada, obrigada mesmo, não consigo nem agradecer direito ♥ estamos quase alcançando o número de comentários da minha antiga fanfic, será que vocês vão me fazer bater esse recorde? *3* ~ai meus deuses, eu vou ter um treco o.o ♥

Bem, os ensaios do teatro no meu colégio já começaram, então to chegando bem tarde na sexta, por isso, pode ser que os capítulos demorem até domingo mesmo para serem postados... Aí vai depender do tempo de duração dos ensaios e blá-blá-blá... e.e

Quanto a surpresa de novembro, ela vai ser anunciada semana que vem, então se preparem u.u eu ia falar um pouco mais hoje, mas quero pegar vocês totalmente de surpresa u.u Agora vamos ao que interessa:

No capítulo de hoje - Kary retorna ao nível 2 o.o

Tenham uma boa leitura o/



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Me surpreendi ao sentir meus olhos marejarem ao verem Utae bem ali, jogado na neve, fazendo uma careta. Deveria estar sentindo dor em algum lugar do corpo.

Sem nem olhar para ver como Nerea estava, caminhei desajeitamente — a neve estava bastante funda — até ele, me abaixando ao estar próxima para ter maior certeza de que era o filho de Zeus bem ali.

Ele não acreditou quando me viu.

— Kary? — ouvir sua voz de novo aliviou meu coração.

Comprimi os lábios e os olhos, sentindo uma lágrima de saudade escorrer por minha bochecha. Afirmei com a cabeça e abri os olhos bem a tempo de o ver sentar na neve. Nisso percebi um buraco de corte na sua armadura de placas que além disso, estava bastante arranhada e amassada em alguns lugares.

— O que houve com você? — quase ri quando dissemos em uníssono.

— Pensei... que estivesse morta — disse ele.

— Eu? Morta? Não sou assim tão fácil — digo mais num tom mais pra divertido.

Ele soltou uma risadinha e usou a mão esquerda para tentar se levantar.

— Quer ajuda? — questionei ao lembrar que havia perdido sua mão direita há bastante tempo numa luta contra Xander.

O filho de Zeus negou com a cabeça. Orgulhoso até a morte, pensei e era verdade.

Demorou um tempinho até ele estar em pé de novo e onde eu tinha visto o buraco de corte na sua armadura, havia sangue escorrendo. Pelo menos não parecia muito.

— Há um monstro gigante na floresta — disse quando percebeu meu olhar se prendendo no corte no lado direito de seu corpo.

— Você e mais quem está lutando contra ele?

— Eu, Malek, Imma e Rian — disse.

— Então a equipe não mudou desde que eu saí?

Percebi a hesitação de Utae antes de responder:

— Hã... não.

Mais tarde com certeza daria um jeito de tirar informações dele. Ele estava escondendo alguma coisa e se tinha algo que eu mais odiava era segredos — não se pode fazer isso com uma pessoa curiosa!

— O monstro é tão grande assim? — perguntei, analisando mais uma vez o corte em sua armadura. — Tem quanto tempo que estão lutando contra ele?

Ele afirmou com a cabeça, confirmando o tamanho da criatura.

— Não sei, Kary — disse, se referindo a quanto tempo lutavam contra o monstro. — Mas estamos perdendo feio pelo jeito. Só estávamos tentando combate-lo porque ele ameaçava vir atacar nossa cabana. Você sabe que ela é mágica, não podíamos deixar aquela criatura destruí-la.

— Se é tão grande assim, vão acabar morrendo.

— Vá por mim, Kary. — Sua expressão começou a ficar mais séria. — Não somos mais aqueles garotos inexperientes que você conheceu.

Um frio percorreu minha espinha, como se ele estivesse certo. Utae parecia ter amadurecido um pouco mais. Ele é líder, Kary. Ele precisa ser assim, pensei por um segundo e logo em seguida me lembrei de que tinha alguém comigo.

— Nerea? — a chamei.

Engoli em seco ao perceber que não tive resposta.

— Nerea? — chamei mais uma vez, dessa vez um pouco mais alto.

— Quem é Nerea? — questionou Utae, possivelmente ao ver minha expressão ficando um pouco desesperada.

— Minha... aliada... — digo, a procurando com o olhar ao redor.

Então passos pesados foram ouvidos.

— Pode me ajudar nessa? — questionou Utae, levando a mão que lhe sobrara ao ferimento. Ele fez uma careta.

Afirmei com a cabeça, séria.

— Se prometer ajudar a achar minha aliada depois — proponho.

— Fechado — disse num pequeno sorriso presunçoso como se fosse moleza achar Nerea depois.

Logo os pés de Utae não tocavam mais o chão e me surpreendia o fato dele agora ser um nível dez como eu. Estou no patamar do meu antigo líder... Quem diria, acabei pensando antes dele começar a voar em direção onde o monstro parecia estar.

Os passos pesados foram ficando mais audíveis a cada passo que eu dava por baixo de Utae — sim, ele seguia voando alguns metros acima da minha cabeça. Isso durou até estarmos numa parte densa da floresta, onde ele foi obrigado a retornar ao chão. Sua expressão estava séria enquanto seguia os sons dos passos.

Xinguei baixinho ao sentir um puxão interno, como se uma linha invisível estivesse presa em mim. Deve ser Nerea, raciocinei. Céus, como ela pode ter desaparecido assim tão de repente?, meus pensamentos corriam rápidos pela cabeça. Respirei fundo, ignorando minhas especulações. Cuidaria dela daqui a pouco, primeiro precisava dar uma ajudinha para Utae. Com a magia ao meu lado, vai ser fácil, fácil, pensei de maneira convencida. Minhas experiências com os feitiços haviam sido até então bastante interessantes.

A floresta começou a se transformar num pântano denso e eu arqueei uma sobrancelha, estranhando aquela parte da floresta. Os cenários haviam mudado? Fiquei tanto tempo assim longe deles?, pensei por um segundo.

Lama começou a grudar nas minhas botas de metal e eu suspirei. Utae mantinha-se flutuando, exatamente para evitar que seus passos ficassem lentos como os meus. Olhei para cima e descobri que não havia nuvens no céu e sim um sol que gerava alguns raios em direção ao pântano. Mais perguntas se formavam na minha cabeça e não demorou muito até eu lembrar de uma coisinha que Nerea havia me dito anteriormente: o jogo mudaria quando chegássemos a apenas vinte e cinco jogadores.

Agora eu tinha medo de termos chegado sem eu nem ter me dado conta.

Arregalei os olhos quando vi a criatura que nos aguardava. As árvores ao redor tinham seus caules queimados e mais fogo saiu da boca de uma das cabeças. Olha que lindo, um monstro gigante com nove cabeças, pensei ironicamente para não chorar. Imma, Malek e Rian não estavam conseguindo dar conta da criatura gigante.

Todos já tinham alcançado o nível 10 pelo menos.

Assim que uma das cabeças do monstro nos viu, fogo veio em nossa direção e só tive tempo de fazer um movimento com a mão antes do fogo se transformar em água com a interferência do meu gelo.

A fumaça que saiu da reação, chamou atenção dos três garotos que lutavam, cada um com uma cabeça e bastou esse segundo para notarem minha presença conhecida, apesar dos meus cabelos mal chegarem aos ombros.

Aquele segundo de distração foi o suficiente para as cabeças salivarem algo verde e não demorou muito até eu compreender que era veneno. Os garotos deram um pulo para trás na investida de algumas das cabeças e uma delas rolou ao ser cortada por Malek com sua glaive. Menos um, agora faltavam oito.

Minha "felicidade" durou pouco ao perceber duas cabeças crescerem no lugar que Malek havia cortado. Agora tinham dez. Esse sinal foi o suficiente para eu lembrar que monstro era aquele. Hidra.

Como foi que mataram esse monstro nas histórias mesmo?, tentei lembrar naquele momento de desespero. Cauterizando assim que cortavam uma das cabeças, certo? E a última enterrando por ela ser imortal, não seria tão difícil concretizar o plano improvisado que se formava na minha cabeça.

— Não cortem a cabeça...! — gritei, antes que fizessem outra besteira daquelas.

Então, entre os matos do pântano, vi algumas sombras correndo. Arqueei uma sobrancelha pois essas sombras passaram bem perto do monstro e ele nem sequer pareceu se incomodar. E os garotos nem se incomodaram.

Algo com certeza estava errado nessa história.

— Já volto — consegui murmurar para Utae enquanto ia corajosamente em direção ao monstro.

Três cabeças se viraram na minha direção e salivaram aquela coisa verde. Respirei fundo, deixando o medo de lado ao sentir um poder familiar envolver as minhas entranhas no mesmo instante em que quatro patas tomavam o lugar das pernas e caninos cresciam na minha boca.

Como lobo, corri por debaixo das pernas do monstro, indo em direção às sombras. Um monstro daquele não poderia aparecer do nada numa floresta que era para estar coberta de gelo. Aquilo só poderia ser invocação de algum Jogador.

Perto das sombras, dou um salto com os caninos à monstra e mordo algo macio, logo sentindo gosto de sangue na língua. Humano. Pele. Jogador.

A garota gritou pela dor e o monstro gigante explodiu em pó negro, levando aos poucos o cenário pantanal consigo. Logo a lama deu lugar à neve e o manto preto que lhe cobria deu lugar a uma garota com olhos dourados e cabelos negros curtos. Pinturas pretas haviam ao redor de seus olhos, dando destaque à cor exótica.

Mãos humanas me seguraram, tentando fazer meus caninos desgrudarem da pele exposta do seu ombro, local onde eu tinha mordido.

— Mas o que diabos é isso? — ouvi a voz de Utae praguejar.

Meus caninos continuaram firme na pele da garota, ignorando seus gritos na minha audição apurada.

— LARGA ELA, LOBO IMUNDO! — gritou alguém, possivelmente a pessoa que tentava desgrudar meus caninos da pele.

— Solto o lobo — ouvi Utae ordenar, a voz mais próxima agora.

Aos poucos as mãos humanas foram deixando de agarrar minha pelagem. Acabei deixando de morder a garota assim que meus dentes encostaram algo duro. Incrivelmente eu devo ter chegado a encostar num dos ossos. Abri a boca e logo minhas patas tocaram a familiar neve. Voltei à minha forma humana, limpando a boca do sangue e chegando a cuspi-lo no manto branco.
 

— Foi uma ilusão — acusei.

A garota gemia por causa da mordida que não parava de sangrar — e não dava sinais de que pararia tão cedo. O garoto correu até ela com os olhos alaranjados ganhando uma cor luminosa, fazendo o ar começar a ficar estranhamente denso e difícil de ser respirado.

Por um segundo o tempo pareceu parar, me fazendo sentir uma pontada na cabeça enquanto minha visão ficava turva, só me fazendo ver três pontos de luz aparecerem bem na frente do garoto. Embora minha visão estivesse dificultada e meus movimentos estivessem lentos, consegui perceber ele conversando com os pontos de luz antes das coisas começarem a voltar ao normal — principalmente minha visão que aos poucos foi deixando de ser turva.

Arqueei uma sobrancelha ao ver que a garota ao seu lado não possuía mais o corte horrendo na altura do ombro, apenas cicatrizes bem marcadas. Bruxaria, foi a primeira palavra que atingiu minha mente e cheguei a ter uma pontada de curiosidade em saber com quem aquele garoto acabou conversando.

— Quem são vocês? — questionou Utae duramente.

Utae estava bem ao meu lado, segurando a espada com a mão esquerda. Pelo jeito andara treinando com ela. Parece que eu ter fugido aquele dia teve seus benefícios, quase dei um meio-sorriso para mim mesma. Rian, Imma e Malek também estavam conosco, formando um meio círculo em volta dos dois estranhos.

O garoto jogou o capuz preto para trás, revelando cabelos negros curtos e mais uma vez aquele seu olho alaranjado me deixou curiosa. Ele também possuía as pinturas negras ao redor do olho, só dando mais destaque a coloração.

Quando ele abriu a boca para se pronunciar, um farfalhar em meio as moitas chamou minha atenção.

Só percebi que na verdade aquilo era uma pessoa quando ouvi um gemido. Bastou eu olhar para o lado para entender que Rian havia atirado um dardo na direção do som e como se uma cortina invisível fosse aberta, lá estava um garoto de cabelos castanhos e olhos da mesma cor, tirando um dardo da lateral do corpo.

— Me solta! — vociferou uma voz conhecida, chegando a dar um tapa no garoto da moita.

E lá estava Nerea, claramente irritada.

— Devolve minha lira! — ordenou ela, cerrando os punhos.

Contrariado, o garoto estalou os dedos e pouco a pouco a lira de dourada de Nerea foi aparecendo. A filha de Harmonia tomou a lira furiosamente dele e veio em minha direção, pisando firme.

— Era pra você ter fugido, imbecil — rosnou o de olhar alaranjado para o garoto que tentara sequestrar Nerea.

— Ela ficava gritando no meu ouvido — disse em sua defesa.

— Quem são vocês? — Utae repetiu a pergunta com uma expressão tão fria quanto a minha, observando a cena.

— Yekaterina, Morfeu — o de olhar alaranjado disse, apontando para garota ao lado. — Feofilakt, Hermes. — Meneou a cabeça pro garoto que Rian havia acertado com o dardo. — Jorell, Moros. — Apontou para si mesmo.

Yekaterina possuía nível 7, Feofilakt nível 5 e Jorell era o mais experientes deles, com o nível 9 piscando bem acima da sua cabeça.

— O que estão fazendo aqui? — foi a vez de Malek perguntar aos estranhos.

— Estávamos atrás da lira de Harmonia — explicou Yekaterina. — Mas seguindo as duas, acabamos descobrindo um prêmio muito maior. — Então meneou em direção ao caminho que nos levaria de volta para cabana.

Não acredito que não os vi, me repreendi mentalmente, então me lembrei que o monstro gigantesco que Malek, Rian, Imma e Utae enfrentaram durante toda manhã não passava de uma ilusão boba e entendi que possivelmente foi também uma ilusão que usaram para me seguir até aqui, escondidos.

— Vão se arrepender de terem vindo até aqui — Utae disse num tom de ameaça, apertando o cabo da espada.

— Vocês é que irão se arrepender — rebateu Jorell enquanto ajudava Yekaterina se levantar do chão. — Mataremos...

Jorell interrompeu a frase assim que Feofilakt caiu de joelhos como um boneco, batendo o rosto na neve como se tivesse acabado de desmaiar. A pele começou a ficar pálida rapidamente. Olhei para o lado mais uma vez, vendo Rian com um sorriso presunçoso, segurando um dos próprios dardos. Pelo jeito Rian tinha matado Feofilakt com veneno.

Então um relógio surgiu em meu pulso ao mesmo tempo que senti pinicadas no estômago e a magia sendo sugada de mim repentinamente. Coloquei a mão no peito, sentindo fraqueza e falta de ar como efeito colateral. Logo foi a minha vez de cair de joelhos e de imediato já pensei que aquilo só podia ser truque de Yekaterina e Jorell.

Olhei ao redor, percebendo que todos pareciam sentir a mesma fraqueza que eu, até mesmo os estranhos que tentaram sequestrar Nerea — a filha de Harmonia também estava assim! Algo de errado estava acontecendo.

Assim que minha falta de ar foi passando, fiquei de pé devagar, vendo que não fui a única a cair de joelhos. Partes da minha armadura haviam sumido. Achei estranho e só para confirmar, olhei para cima, me assustando ao ver que tinha voltado ao nível 2 — e que meu nível ganhara a coloração azul e um "B" bem ao lado.

Aos poucos fui começando a raciocinar, querendo entender o motivo daquilo tudo e logo me lembrei do que Nerea havia me dito uma vez: o jogo mudaria quando fossem apenas metade dos 50 Jogadores e Feofilakt tinha acabado de morrer, então...

Éramos os últimos 25 jogadores.


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Notas finais do capítulo

Agora com a metade do número de Jogadores, como será o jogo daqui pra frente? u.u

No próximo capítulo - os mapas secretos u.u

~mapas? Mapas de quê? u.u

Até o próximo capítulo o/



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