A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 46
A Branca de Neve ruiva


Notas iniciais do capítulo

Heeeey Batatinhas Ambulantes o/

Pela primeira vez depois de semanas, estou postando o capítulo bem cedinho e.e por quê? Porque vou viajar daqui a pouco, então tive que me adiantar todinha kkk ainda bem que consegui responder os comentários hoje u.u

Como presentinho pela minha viagem, vou deixar vocês com outra fanart, viu? Espero que gostem u.u

https://www.facebook.com/KashinabiFarron/photos/a.1699731870239806.1073741829.1659619447584382/2077000012512988/?type=3&theater

No capítulo de hoje - a mãe divina de Nerea *3*

Tenham uma boa leitura o/



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Fiquei algumas horas com Nerea, até ela se sentir bem o suficiente pra conseguir sentar. Nisso eu já tinha saído pra caçar algumas coisas pra comermos — e isso incluía harpias no cardápio. Era de tardezinha quando consegui acender uma fogueira para esquentá-la. Eu não precisava daquilo.

Por eu passar o dia inteiro cuidado de Nerea, não me sobrou tempo pra investigar sobre as marcas nas árvores, o que só me deixou mais ansiosa. Era óbvio que eu queria segui-las pra saber onde iriam dar.

— Você me lembra muito Olivia — comentou Nerea depois de só ficarmos ouvindo o crepitar do fogo por um tempo.

— Hein? — Não sabia se aquilo era um elogio ou uma ofensa.

— Ela era uma boa líder — explicou. — Você também poderia ser se tentasse.

— Acho que meu cargo sempre só se limitou a ser vice-líder. — Havia um meio-sorriso no meu rosto.

— Porque você quis.

— Agora vai me dar lição de moral como minha mãe? — Eu não estava brava.

— Já pensou em fazer uma aliança?

— Não sei quem chamaria ou se daria sorte de encontrar alguém. Não sei nem quantos Jogadores ainda estão vivos.

— Eu conversei com Gilbert antes de começar a jogar o jogo. Ele tinha me dito que quando faltasse apenas vinte e cinco jogadores, íamos começar a ter a contagem e a localização dos que faltavam se não me engano.

Arqueei uma sobrancelha numa pergunta silenciosa.

— Não sei como vai ser isso — disse.

— Vai tornar o jogo mais competitivo.

Ela assentiu.

— Provavelmente estamos muito espalhados pelo mundo virtual. Tenho medo do que ele vai fazer quando formos só vinte e cinco.

— Em quantos você acha que somos agora?

— No chute? Eu diria trinta.

Engoli em seco, esperando que ela tivesse errado feio o número, embora não fosse tão impossível que o número estivesse por aí mesmo. Ou quem sabe menor. Então nossa conversa cessou por um momento. Ambas distraídas com o fogo que nos separava.

— Nós... somos uma equipe agora? — questionei.

— Por que não? — Ela colocou um pequeno sorriso no rosto.

— Pois bem, então eu quero um juramento.

— Não confia em mim?

— Confio — falei e estava sendo sincera. — Mas Olivia pode te ganhar de novo e você sabe que não posso arriscar à essa altura do campeonato.

Nerea me encarou. A magia corria pelo ar. Eu estava sendo persuasiva.

— Tá. Eu juro que não vou te trair.

— Não quero palavras. Quero fazer um feitiço em você.

A expressão de Nerea endureceu.

— Por que quer fazer um feitiço em mim?

— Você confia em mim? — dessa vez era eu quem perguntava.

Novamente trocamos olhares. Eu sentia sua hesitação.

— Se vamos ser uma equipe, preciso de aliados verdadeiros.

Intensifiquei minha persuasão. Não podia me dar o luxo de perder alguém, principalmente agora que tinha perdido um dos meus maiores poderes.

— Tudo... bem — ela ainda estava hesitante.

— Me dê seu braço.

Devagar ela foi me estendendo seu braço. Respirei fundo e mordi a ponta do dedo indicador até que ele sangrasse. Era a única coisa que eu tinha pra poder escrever nela e a mais eficaz.

— Repita comigo: ue, Aeren, ahlif ed Ainomrah, oruj retnam edadiledfi eta o mif od ogoj a ahsyrak, ahlif ed Enoiuq. Osac oirartnoc, ieratse odnacidnivier ahnim airporp adiv — enquanto eu dizia as palavras devagar pra que ela conseguisse repetir, fui escrevendo por todo seu braço cada palavra.

Quando terminei, as palavras na língua estranha — chamada de aulin antigo —, se iluminaram em azul por alguns segundos antes de se transformarem numa tatuagem negra no seu braço. Nerea parecia impressionada com o que eu acabara de fazer.

— Como aprendeu a fazer isso?

Balancei a cabeça levemente.

— Minha mãe. — Dei de ombros

Ela ainda estava impressionada quando perguntou:

— Pode me ensinar a fazer também?

Passei uma mão na nuca antes de dizer:

— Um dia eu prometo que ensino.

Eu não sabia como eu fazia aquelas coisas. Era como se fosse apenas intuição, sabe? As vezes eu pensava que era Quione quem sussurrava as palavras no meu ouvido e outras vezes eu achava que vinha de dentro de mim, como se já fizesse parte do meu ser. É realmente muito complicado de explicar.

— Pra onde vamos agora, líder?

Aquela palavra “líder” ainda me era estranha aos ouvidos.

— Vamos passar a noite aqui, tudo bem? Amanhã sei exatamente que caminho vamos seguir. É só que eu preciso muito descansar hoje.

Nerea assentiu e se deitou no chão, encarando as estrelas. Fiz o mesmo segundos depois.

— Olivia me ocultou muitas coisas desde que nos conhecemos — disse ela de repente.

— Acho que ela sempre foi muito ambiciosa.

— Talvez ela já soubesse a diferença entre as equipes.

— Bem, não é uma coisa muito difícil de entender. Tatuagem e colar. Não sei como não percebi isso antes.

— Relaxa, eu também não percebi.

Suspirei enquanto me distraía com as estrelas que iam aparecendo a medida que o sol ia cessando com sua luz.

— O Vetle era da equipe inimiga, né? — falei casualmente.

— Ah, droga. Não me faça lembrar desse idiota.

— Pensei que gostasse dele.

— Foi algo platônico. Odeio pensar que me rebaixava àquilo.

— Ei, eu também achava ele uma gracinha, tá?

Nós rimos.

— Aliás você disse que sua mãe te ensinou o feitiço, certo?

— Aham.

— Então você costuma manter um diálogo frequente com ela?

— De vez em quando ela aparece. — Dei de ombros, mesmo que ela não visse meu gesto.

— Sabe, eu nunca vi minha mãe.

Mentalmente eu estava me perguntando como conseguimos esse grau de "intimidade" tão rápido. Horas atrás estávamos tentando matar uma a outra.Quem diria que a morte poderia mudar as coisas... Valeu aí, Tânatos.

— Uma hora ela aparece — digo. — Já tentou se comunicar com ela?

— Hmmm, não.

— Por que não tenta?

— Agora?

— Pode ser.

Nerea ficou em silêncio, provavelmente pensando se o faria ou não. Depois de alguns segundos, comecei a ouvir um canto doce aos ouvidos. Uma voz feminina cantava e parecia tocar uma lira. Sentei de imediato no chão, olhando pra Nerea, pensando por um momento que era ela, mas a mesma nega com a cabeça e parece tão curiosa quanto eu.

Nós nos levantamos juntas e estendi a mão em direção ao fogo, pronto para apaga-lo até que uma voz me impede de o fazer:

— Não faça isso! — a voz era tão melodiosa falando quanto cantando. — O fogo é uma perfeita harmonia. Não estrague.

O som da lira continuou até que perfeitamente na direção do pôr-do-sol apareceu uma mulher de cabelos ruivos longos e cacheados. Seus olhos eram lindamente verdes e mesmo com sua pele bronzeada, dava para ver algumas sardas nas bochechas. Ela possuía uma lira de ouro em mãos. A mesma dedilhou algumas doces melodias antes de voltar a falar:

— Pensei que nunca ia me chamar, filha.

Fiquei parada, finalmente entendendo a lógica. Claro, aquela era a deusa Harmonia.

— É-É... você mesmo? — Nerea parecia tão surpresa quanto eu.

— Eu estava entediada, então decidi te fazer uma visitinha. — Ela sorriu, ainda dedilhando a lira.

Nerea não sabia o que dizer diante daquilo, muito menos eu. A deusa parecia se divertir com nossa timidez. Seus dedos corriam graciosamente pelas cordas e nisso, alguns esquilos, grilos, gafanhotos, borboletas e até pássaros iam ficando perto dela, querendo ouvir a música. Ela parecia uma Branca de Neve ruiva.

— Não vai dizer que está feliz em me ver?

Harmonia dava piruetas graciosas, dedilhando as cordas com um pequeno sorriso. Mais animais surgiam e a seguiam, querendo ouvir mais da sua música.

— É... bem... Estou feliz em te ver... Mãe.

A roupa da deusa era dourada, com detalhes prateados na barra que eram desenhos de flores belíssimas. No seu cabelo havia uma coroa de louro dourada. Braceletes e pulseiras de ouro enchiam seus braços.

— Ótimo, porque eu te trouxe uma surpresinha.

Então a deusa caminhou até nós, fazendo um gesto pra que os animais a deixassem. Quando parou diante da sua filha, lhe entregou sua lira dourada com um sorriso.

— É pra você. Fiquei sabendo que você perdeu sua lança, então resolvi te dar uma nova.

Sua mãe dedilhou uma certa ordem de cordas e quando terminou, a harpa rapidamente se transformou numa lança de ouro com a ponta prateada. Aquilo me fazia lembrar da lança três em um de Rian. Esse pensamento me fez ter saudade dos outros três idiotas que moravam com ele na mesma cabana. Utae, Imma e até mesmo Malek começava a me fazer falta.

Quando vi, Nerea já estava abraçando forte sua mãe, feliz com o presente.

— Se precisar de qualquer outra coisa, pode me chamar — sussurrou a deusa durante o abraço.

Assim que o mesmo findou, Harmonia deu um último sorriso antes de desaparecer. Dessa vez quem recebeu um abraço fui eu. Isso mesmo, Nerea me deu um abraço e eu fiquei surpresa demais pra conseguir devolver ele decentemente.

— Valeu — disse ela.

— Hã... de nada — falei meio sem jeito.

O abraço chegou ao fim instantes depois.

— Será que agora podemos dormir? — questionei. — Vamos andar muito amanhã.

— Você ainda não me disse pra onde vamos.

Abri um pequeno sorriso ao responder:

— Encontrar meus amigos.


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Notas finais do capítulo

E agoraaaa? Será que é no próximo capítulo que veremos Utae? Imma? Malek? Rian? u.u

No próximo capítulo - Uma cabana vazia... ~acho que vocês já imaginam qual e.e

Até o próximo capítulo o/



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