A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 36
Sou uma loba albina!


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Dessa vez estou postando um pouquinho menos tarde, isso não é bom? kkk enfim, eu gostaria de agradecer a "MissyOneMillion" por ter recomendado a fic essa semana ^^ por isso, o capítulo de hoje é para você e... aproveite que hoje eu não estou malvada u.u e mais, vocês estão sendo uns amorzinhos comigo *3* ~falo isso toda semana, sim e.e mas é porque eu não quero que vocês tenham dúvida disso u.u~

No capítulo de hoje - a forma animal da Kary retorna u-u

Tenham uma boa leitura o/



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Eu ainda não conseguia acreditar no que tinha acabado de acontecer: Melina me deu uma facada. Não daquelas no sentido figurado. Ela realmente me deu uma facada e com intenção de me matar.

Nossos olhares se cruzaram. Seu rosto agora não estava mais sombrio. Na verdade agora eu via medo em seus olhos. Quando ela puxa a adaga da minha barriga, solto outro gemido antes de cair de joelhos no chão. A adaga cai ensanguentada ao meu lado enquanto Melina dá alguns passos pra trás, horrorizada.

Escondo o ferimento com os braços, soltando outro gemido pela dor. Logo estou sentada, com os olhos marejados. A visão estava embaçada e ainda haviam pontos pretos. O vento começou a fazer meus cabelos chicotearem minhas bochechas e a grudar no meu rosto molhado de lágrimas. A temperatura ambiente estava diminuindo e a intensidade do vento aumentando.

— Melina! — era a voz de Tanay.

— Se afasta de mim — a voz dela estava embargada.

 — Melina, volta aqui!

O vento ficava mais forte. Tanto que eu começava a me deixar ser levada por ele. No segundo seguinte eu já estava caída no chão. O sangue empapando meus braços...

— Não, Tanay! Eu sou um monstro! — gritou ela, agora parecendo distante.

— Melina! — a voz dele ecoou através do vento.

Será que foi essa a sensação que Kameel sentiu ao morrer?, pensei. Estava de olhos fechados agora. A leveza... O vento fazendo com que se sinta leve... E aquela doce, doce sensação de que acabamos por encontrar o melhor lugar pra descansar.

Juro que pensei que estava morta. Bem, eu devo estar. Então, pela primeira vez posso dizer qual é a sensação de morrer. Não é tão ruim assim, nem assustador. Até me sinto bem. Quero dizer, tirando a dor de cabeça que to sentindo agora. Peraí, quando se morre será que ainda se sente dor?, questionei mentalmente.

Meus olhos foram se abrindo devagar, tentando se acostumar com a claridade do local. Céu? Estou no céu? Fui uma boa menina?

— Céus, que bom que acordou — ouvi uma vozinha masculina, parecendo distante, mas perto ao mesmo tempo.

— Papai do céu, é você? — minha voz saiu rouca.

— Do que diabos você tá falando, Kary?

Tudo bem, definitivamente não estou no céu, pensei, finalmente raciocinando.

Com tudo aquilo acontecendo de uma vez, simplesmente decido me levantar, querendo saber onde tinha vindo parar. Só que com isso, minha cabeça atingiu algo duro.

E minha visão novamente escureceu.

— Tá bom, quem foi o idiota que colocou ela no beliche? — era uma voz feminina conhecida.

— Eu não sabia que ela era sonsa o suficiente pra bater a cabeça na cama de cima! — exclamou em defesa outra voz, dessa vez masculina.

Eu bati a cabeça num beliche celestial? Será que isso me faz uma sonsa celestial?, questionei confusa enquanto ouvia a discussão. Alguém soltou um suspiro e disse:

— Só espero que ela acorde logo. Não fui feita pra ser babá.

Que legal, tem um anjo cuidando de mim, mas que não gosta de mim, pensei distraidamente ao ir abrindo os olhos devagar. Agora minha cabeça doía um pouco mais. Quando meus olhos estavam completamente abertos, descobri que aquele lugar não se tratava de céu nenhum. Era só a cabana que tínhamos construído e quem me assistia naquele momento era Tanay e Henrietta.

— O quê...? O que foi que aconteceu? — achei voz pra perguntar.

— Agora é com você — falou Henri antes de nos dar as costas e sair do pequeno dormitório da cabana improvisada.

— Não consegue se lembrar do que houve? Certo. — Tanay suspirou e se sentou ao meu lado, enquanto eu permanecia deitada. — Melina tentou matar você e depois fugiu. Você perdeu um pouco de sangue a mais, por isso deve ter desmaiado. E por ter usado seus poderes.

Então aos poucos fui começando a me lembrar do que tinha acontecido mais ou menos. A facada, a dor, os ventos, a temperatura diminuindo, eu caída no chão...

— Eu não usei meus poderes por querer — argumentei.

Ele me encarou.

— Foi uma forma de defesa sobre o perigo. Precisa aprender a controlar isso ou pode acabar te matando. Se estivesse mais fraca, com certeza teria sugado até a última gota do seu poder. Sorte que desmaiou antes — Tanay agora balançava a cabeça e desviava o olhar do meu.

E que venham os próximos treinamentos mais longos do que nunca, pensei por um momento.

— Por que Melina fugiu? — questionei um tempo depois.

Tanay não me respondeu de imediato. Ele ficou um tempo calado, parecendo pensar no que iria dizer. Por fim, me respondeu:

— Acho que... ficou com medo de si mesma.

— E você sabe por que ela tentou me matar? — questionei devagar, percebendo que ele estava um pouco arrasado.

— Também gostaria de saber — murmurou ele e se levantou. — Bem, de qualquer forma você precisa descansar agora. Daqui uma semana retomamos os treinos.

— Uma semana? — choraminguei. — Vai querer continuar com as dicas amorosas também? Olha, a Henri e a Dani são boas opções — impliquei com ele, com um pequeno sorriso.

Pelo menos consegui ver um pequeno sorriso em seu rosto.

— Não vou querer as aulas — disse por fim. — Não posso perder mais tempo em treinar você.

— Ah, é? E por que não?

— Porque estamos nos preparando para atacar Olivia.

— É mesmo? E o que acha de me treinar agora?

Na metade do caminho pro treinamento, eu desisti. Bem, não adiantou muita coisa porque o Tanay continuou caminhando, sem nem dar bola pra minha barriga ferida — ele e Henrietta que tinham me enfaixado.

Era o sol da tarde iluminava todo o caminho, o que me deixou surpresa já que Melina havia tentado me matar pela noite — isso significava que eu devo ter ficado apagada por quase vinte e quatro horas. Chegamos ao local de treinamento depois de um tempo. Me sentei no toco habitual, querendo descansar um pouco. Tanay inspirou e expirou profundamente antes de dizer:

— Hoje eu vou te ensinar a entrar na forma animal.

— Não estávamos treinando meus poderes?

— E isso faz parte. Bem, é um dos seus melhores poderes pelo menos.

— Tudo bem e como é que eu entro na forma animal?

— Desse jeito. — Havia um sorriso convencido em seu rosto.

Tanay começou a correr e quase que num piscar de olhos — e numa explosão de luz branca — ele foi substituído por um lobo branco com olhos azuis que caminhou em minha direção. Até que segundos depois lá estava o Tanay que eu conhecia, bem na minha frente, pondo a mão em meu ombro.

— Então quer dizer que é só correr e puf?

Ele balançou a cabeça em negação.

— O segredo está aqui. — Ele coloca o indicador na minha testa por um tempo. — E é isso que você precisa aprender a controlar: sua mente.

— Tá dizendo que a minha cabeça é confusa, é?

— Pense como quiser. — Agora havia um sorriso sacana, brincando em seus lábios.

— Você está rindo de mim — acusei.

Tanay deu de ombros.

— Acha que eu não consigo — acusei novamente, agora me levantando, sentindo a cabeça esquentar.

— Será que consegue? — seu olhar me chamava pra um desafio.

E Karysha nunca recusa um desafio.

Eu corri em sua direção, decidida que iria conseguir. Era fácil, não era? Talvez fosse só pensar que gostaria de me transformar em lobo que a mágica aconteceria. E essa foi a minha primeira tentativa.

E não é que eu consegui? Um poder diferente envolveu minhas entranhas. Aquele poder familiar que me fez lembrar da noite que fugi da cabana de Utae. A raiva, a inveja e o ódio. As motivações que me fizeram fugir.

Avancei com os caninos à mostra pronto pra lhe dar uma mordida, logo pulando em cima dele que se transformou tão rápido em lobo que só fui perceber quando nossa briga ficou realmente séria. Nos afastamos e começamos a andar em círculos, esperando um mínimo vacilo para atacar.

Ele foi o primeiro a vir pra cima de mim e eu o recebi de bom grado com uma mordida — que acabou nem pegando ele já que se desviou com agilidade. Continuei tentando me defender, enquanto seu propósito no momento era me machucar. Até que com minha audição apurada, acabei ouvindo um barulho vindo do meio da floresta.

Consegui me livrar de um lobo-Tanay furioso e o avisei que havia alguma coisa pelas redondezas. Percebi que ele havia entendido o sinal e no segundo seguinte ele estava correndo em direção ao som. Não consigo hesitar em ir atrás dele, querendo descobrir o que era. Ao chegarmos nos deparamos com um veado indefeso, parecendo se alimentar distraidamente.

Fiquei surpresa quando ele pulou e abocanhou o bicho de uma vez, que o assustou e o pôs pra correr. Aquilo fez uma energia sobrenatural correr pelo meu sangue animal. Saliva rodeou meus caninos à mostra, demonstrando o quanto estava com sede de sangue. Tanay estava correndo rápido, mas foi bem fácil ficar ao seu lado. O veado tentou ser rápido — e ele era! —, só que nós dois fomos mais.

Quem deu a mordida fatal fui eu, pulando na garganta do bicho. Tanay deu outra abocanhada mais atrás e logo eu estava saboreando a carne ensanguentada que por incrível que pareça era muito saborosa. Só que aos poucos o cervo foi sumindo, dando lugar a um garoto de cabelos castanhos que até lembrava bastante Henrietta. Logo a carne de animal foi deixando de ser saborosa também. O gosto da carne humana era horrível.

Quando dei por mim já estava na minha forma humana, analisando o garoto com seriedade. Minha mordida ainda estava na sua garganta que jorrava sangue quente. Haviam outras duas mordidas, uma na barriga e outra nas costas — ambas mordidas de Tanay.

— Bom trabalho — Tanay disse, só então me fazendo perceber que havia também voltado à forma humana.

— Bom trabalho? Nós matamos ele.

— E esse não é o objetivo do jogo?

— Mas e se ele for da nossa equipe?

— Não importa. Deve ter muitos jogadores no jogo ainda. — Ele balançou a cabeça, despreocupado.

Eu sabia que nem adiantaria discutir com ele. Tanay era muito teimoso.

— Tudo bem. — Suspirei em derrota. — Acho melhor voltarmos já que eu conlcuí o treinamento de hoje.

— Só vou te liberar porque está machucada, senão iria obrigar você a se transformar umas vinte vezes só pra ter certeza que você aprendeu.

Fiz uma careta.

— Você é muito chato.

— É o meu trabalho. — Havia um sorriso convencido em seu rosto. — Agora vamos.

— Espera — pedi.

Caminhei até o garoto morto — que se transformara no fiozinho de prata — e peguei o fio prateado da sua vida.

— Eu posso?

— Vá em frente.

Abri um pequeno sorriso antes dos meus pés levitarem alguns centímetros do chão e minhas entranhas serem envolvidas por um forte poder. Minha armadura ganhou mais metal e o número acima da minha cabeça mudou. Finalmente uma nível 6.

— E se prepara que chegar ao nível sete vai ser ainda mais difícil.

— Sério? Conseguir o seis foi tão molezinha — ironizei.

Demos as costas ao garoto morto e começamos a caminhar em direção à cabana. Só que a cada passo que eu dava, uma sensação estranha tomava conta de mim. Eu odiava esses tipos de sensações porque elas sempre estavam corretas. A floresta por onde passávamos não era densa, mas pude perceber animais nos encarando e pude jurar que eles não pareciam felizes — tudo bem, eu devo estar soando como uma maluca.

— Onde é que pensam que vão, Jogadores? — era uma voz feminina. — Vocês têm contas a acertar comigo.

E quando eu olhei pra traz, uma luz ofuscante me deixou cega.


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Notas finais do capítulo

Será que a Kary está realmente cega? o.o o que será que apareceu? É o retorno de Quione? Criem suas teorias u.u

No próximo capítulo - Tanay versus... Ah, se preparem e.e

Até o próximo capítulo o/