A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 33
O dia que eu conheci minha mãe


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Genteeeeeeeee, essa semana eu ganhei um novo título "Rainha das Batatinhas" hasuhsauasuh vocês leitores são demais, sério :3

Ah, no capítulo de hoje eu gostaria de agradecer a "sanlini" por ter recomendado a fic essa semana :3 gente, eu nunca recebi tanta recomendação num só mês o.o nos últimos dois meses vocês estão caprichando no amor pela fic, to amando ♥ e ah, o capítulo é para você que recomendou a fic, viu? u.u

No capítulo de hoje - a deusa Quione, mãe da Kary u.u

Tenham uma boa leitura o/



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Fechei os olhos, esperando que os gritos agoniantes de Tanay sumissem. E bem, eles sumiram, se transformando apenas num suspiro ofegante. Fui abrindo os olhos devagar, comprimindo os lábios. Mesmo que ele fosse a pior pessoa do mundo, não queria que ele morresse. Pelo menos não agora. Eu queria derrotar ele no treino ainda.

Então à minha frente ele permanecia na mesma posição — com as mãos na nuca, ajoelhado no chão. Olhei pro tal Quant que ainda estava aterrorizado com o que estava acontecendo. Lhe lancei um olhar duro pra que ele nem ousasse se mexer e me ajoelhe hesitantemente ao lado de Tanay. Seus cabelos, antes brancos, estavam todos chamuscados nas pontas, possivelmente sensíveis ao toque — eu não ia passar a mão no cabelo dele pra descobrir, né?

Quando meus joelhos atingiram ao chão, as mãos de Tanay envolveram meus pescoço. Mal tive tempo de gritar ao sentir que o ar começava a faltar. Oh, céus, ele ia me enforcar.

— SUA ESTÚPIDA! — seu berro me atingiu mais fundo do que eu gostaria.

Suas mãos ainda envolviam meu pescoço e estava começando a doer. Sabe, eu nunca tinha experimentado a sensação de morrer enforcada. Sério, é horrível porque é uma morte lenta que você sente dor até morrer por completo.

Então finalmente encarei os olhos que antes eram azuis como os meus. Agora estavam vermelhos como fogo, me lembrando até quando Malek ficava com raiva de mim. Só que segundos depois, o cenário ficou negro e depois mudou — até mesmo a sensação de Tanay estar me enforcando desapareceu da minha frente. Logo o céu era vermelho como sangue e as nuvens eram cor-de-rosa. O chão terroso e áspero feria meus joelhos.

Eu estava de volta à quarta dimensão.

O coração pulava no peito, sem saber o que estava acontecendo. Olhei pro lado e logo vi Tanay ajoelhado da mesma maneira e uma mulher estava bem à sua frente. Ela usava um vestido branco com detalhes belíssimos em azul, como se fossem cristais. Seus cabelos eram tão brancos quanto os de Tanay — que agora estavam uma mistura de branco na raiz e preto nas pontas. Quando a mulher virou o rosto na minha direção, tinha uma pele pálida, mas lábios vermelhos que davam tanto destaque no seu rosto quanto seus olhos azuis.

— Qual é o seu problema? — ela questionou pra mim e não parecia feliz.

As palavras não queriam sair da minha boca e isso acabou fazendo ela caminhar em minha direção, numa expressão fria como gelo.

— Quer matar seu irmão?

Engoli em seco. Só de olhá-la me dava arrepios.

— N-Não... foi m-minha intenção — respondi de mau jeito.

A expressão da mulher continuou impenetrável. Ela cruzou os braços, pouco satisfeita com minha resposta.

— Como sua mãe, eu ordeno que resolva essa situação — sua voz saiu autoritária.

Arregalei os olhos ao entender finalmente quem era aquela mulher. Era Quione, deusa da neve, do frio e dos ventos. Meu coração voltou a martelar no peito. Eu mal acreditava que uma tocha podia ter invocado minha mãe.

— C-Como e-eu...?

Ela apontou pra Tanay ajoelhado.

— A tatuagem. Congele a tatuagem.

Assenti e quando me levantei, percebi o quanto minhas pernas estavam bambas. Caminhei desajeitadamente até ele, me ajoelhando ao seu lado como quando antes de sermos trazidos pra cá. Retirei suas mãos da sua nuca, que caíram flácidas ao lado do corpo imóvel ajoelhado. Sua tatuagem pulsava numa cor vibrante laranja e ao redor dela estava tudo vermelho.

Engoli em seco e toquei na tatuagem e me surpreendi pela temperatura que estava. Tive que tirar minha mão segundos depois por ter a sensação de que ela derreteria com tamanho calor.

— Por que tirou? Continue — ordenou minha mãe.

Suspirei antes de tomar coragem e tocar a tatuagem mais uma vez, só que hesitante. Fiz uma careta depois de permanecer alguns segundos a mais com a mão no local fervendo, mas tive que permanecer. Tinha um pouco de medo do que minha mãe pudesse fazer se hesitasse demais.

Mesmo com as minhas caretas, eu tentava me manter firme. Até que algo começou a beliscar minha mão, me fazendo soltar alguns baixos gemidos pela dor. Era como se fossem várias agulhas cutucando minha pele. Em insistência, as mil agulhas se transformaram em algo preto que foram aparecendo na minha mão em forma de linhas. Eu já estava quase decidindo tirar a mão de novo por ter medo, quando ouvi minha mãe me repreender:

— Não ouse. Esse é o preço do seu erro.

Mordi o lábio, também decida a não chorar. Você precisa ser forte agora, a voz de Imma ecoava no fundo da minha mente e eu acabei me agarrando àquilo. Precisava urgentemente de coragem.

As linhas irregulares, verticais e horizontais, pararam de aparecer depois de algum tempo — uma eternidade! Respirei fundo e finalmente Tanay ergueu o rosto e me encarou, dessa vez com os olhos novamente azuis e levemente confusos.

— Bom trabalho — a voz de Quione sussurrou em meu ouvido antes de num piscar de olhos estarmos de volta à cabana.

Eu e Tanay estávamos naquela mesma posição: minha mão em sua nuca e seu olhar confuso encontrando os meus. Achando aquele gesto muito íntimo, acabei tirando minha mão da sua nuca e eu posso jurar que foi como se eu tivesse tirado um peso enorme de suas costas porque foi naquele momento que ele endireitou a postura e se levantou.

Ainda atordoada com tudo que tinha acontecido, me levantei e encarei minha mão que ainda possuía as linhas pretas, mas agora tão claras que não passavam de sombras enfeitando-a.

Olhei pro lado e lá estava Quant, aterrorizado. Logo em seguida eu estava encarando Tanay de novo, numa pergunta silenciosa “você vai mesmo matar ele?”. Ele me respondeu da mesma forma “e eu tenho alguma escolha?”. Eu: “não ouse!”.

Tanay suspirou antes de chamar o estranho:

— Garoto, venha cá.

Quant continuou imóvel, ainda com medo. Então tomei uma iniciativa melhor e caminhei até ele, me sentando ao seu lado na cama em que estava. De primeira ele chegou pro lado, meio que tentando se afastar de mim, só que logo deixei a magia correr pelo ar quando passei a usar minha persuasão:

— Está tudo bem. — Um sorriso doce tomou conta de meus lábios. — Tanay pode ser um monstro, mas eu não vou deixar que ele faça alguma coisa com você.

A expressão de Tanay endureceu, entretanto, apenas ignorei.

— E-Ele matou ela...

Então eu acabei sentindo dó do garoto. Eu sabia a sensação de perder alguém. Sabia o quanto doía e no quanto demorava pra cicatrizar ou então apenas se acostumar com aquela dor que bate tão fundo.

Logo eu estava me levantando dali apenas pra buscar o fiozinho de prata da garota que ele trouxera. Quant era apenas um nível 3, merecia ao menos evoluir de nível depois de tudo o que acontecera à sua frente.

Coloquei o fiozinho na sua mão e pedi pra que ele ficasse de pé. No mesmo segundo, seus pés saíram do chão e uma luz o envolveu, fazendo brilhar bem em cima da sua cabeça um “nível 4”, até que seus pés voltaram ao chão. Ele pareceu curioso com o que tinha acontecido.

— Isso é... incrível — comentou ele, pela primeira vez sem gaguejar.

Eu sorri.

— Esse é um dos jeitos de se evoluir de nível — tentei explicar pra ele.

No segundo seguinte, ouvi a porta da frente se abrir e quem foi lá conferir foi Tanay. Só então parei pra notar que as pontas pretas chamuscadas do seu cabelo não existiam mais e que na sua tatuagem havia as mesmas listras pretas, horizontais e verticais, enfeitando-a como sombras.

— Finalmente vocês chegaram! — consegui ouvir a exclamação de Tanay.

— Desculpe o atraso — era a voz de Henrietta. — Realmente a caça hoje estava escassa.

— Cadê Mel pra cuidar da comida? — agora era Daniela.

— Não apareceu ainda — informou meu irmão. — Mas eu ajudo vocês lá fora.

Então ouvi a porta da frente se fechar e as vozes se cessarem.

— Hora do jantar, por que você não vai lá com eles? Tanay não vai fazer nada com você agora.

Quant assentiu hesitante e logo levantou da cama, indo em direção a porta dos fundos da cabana. Suspirei de cansaço, finalmente me deixando sentir o quanto estava exausta do dia. Encarei minha mão cheia de linhas sombrias, com uma leve interrogação na cabeça. O que será que isso significa? Que fui amaldiçoada?, me vi questionando mentalmente.

Então me levantei da cama, caminhando em direção a porta dos fundos, decidida a perguntar a Tanay mais tarde sobre isso. Bem, primeiro eu tinha que sobreviver a uma coisinha que estava me esperando do lado de fora: Henrietta e Daniela me olhando furiosamente, como se fossem me matar algum dia — ou agora.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acham? As linhas pretas são uma maldição ou uma benção? Henrietta e Daniela querem matar mesmo a Kary? ~algumas incógnitas pra vocês pensarem ao longo da semana u.u

No próximo capítulo - hmmm, digamos que o amor está no ar...

Até o próximo capítulo o/