A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 32
Fui eu que matei você Tanay?


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas o/

Essa semana eu estava aqui no Nyah, até receber uma recomendação que me chamou muita a atenção e ela veio de "Tsumiki". Sabe, eu não gosto muito de dar destaques a pessoas especiais porque pra mim todo leitor é especial, só que a recomendação que essa leitora fez... Simplesmente definiu TODA mensagem que eu queria passar com essa fic e eu realmente A-M-E-I tudo o que ela escreveu ♥ por isso eu gostaria de dedicar de todo meu coração esse capítulo e dizer que você tá de parabéns pela recomendação que foi além dos elogios e buscou destacar a lição de moral por baixo da história ♥

No capítulo de hoje - uma... morte? o.o

Tenham uma boa leitura o/



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Os treinamentos com Tanay eram um saco. Eu sempre acabava brava e imobilizada por ele. Sempre! Não demorou muito aos treinamentos passarem de “legais” para insuportáveis. Até que chegou ao ponto de antes mesmo do treinamento começar, eu já queria socar o Tanay pra ver se ele parava de implicar comigo. Qual é, eu sabia que era ruim, só era um saco ouvir isso a cada segundo durante o treinamento.

Naquele dia eu estava treinando a porcaria da defesa pela milésima vez quando gritei:

— Eu não aguento mais!

Aquele sorriso idiota e convencido do Tanay apareceu em seu rosto.

— Típico — disse como se já esperasse aquilo.

Cerrei os punhos.

— Você é só mais um idiota que só está adorando me treinar pra ser superior a mim! Eu to cansada de ouvir o tempo todo que sou péssima e que nunca vou chegar aos seus pés, porque eu tenho certeza que sou muito mais do que isso!

Depois do meu discurso bravo, tudo o que ele fez em resposta foi bocejar e dizer:

— Já acabou?

— SEU...! — explodi, avançando nele.

E por incrível que pareça, aquela foi a primeira vez que eu acertei um soco nele. Exatamente na bochecha. Fiquei tão surpresa que dei um passo pra trás, encarando meu punho latejando e vermelho. Na bochecha pálida dele estava uma mancha vermelha que logo, logo ficaria roxa. Em meio todo aquele choque, ele sorriu.

— Pensei que nunca fosse conseguir.

Agora não sabia se ficava feliz ou dava outro soco na cara dele.

— Mas você ainda está tendo problemas com a raiva. Precisa se acalmar ou o oponente vai pisar em você e vai vencer a luta antes mesmo dela se tornar física.

Soltei um suspiro. Aquilo era algo que eu ouvia fazia tanto tempo...

— Tudo bem, eu já sei disso — falei, num tom cansado.

— Você entendeu, só que não aprendeu. Por causa disso, nosso treino vai ser após o almoço até o jantar.

— Como é? — fiquei tão surpresa que saiu mais como uma exasperação.

— Você ainda tem muito o que melhorar. Seu nível ainda nem subiu. — Ele meneou a cabeça em direção ao nível 5 bem acima da minha cabeça.

— Não subiu porque você não me deixa fazer nada mais que treinar! Nem caçar eu estou podendo!

— A caça te dá um nível que você não merece. — Tanay balançou a cabeça. — Se quiser passar pro nível seis, vai ter que se esforçar mais do que agora.

Bufei e murmurei algo como “eu te odeio”. Só pode ser praga daquela tal deusa Alexia. Me mandou alguém pior que Malek só pra me atazanar pro resto da minha vida por ter socado a bochecha divina, pensei em desgosto, até me arrependendo um pouco do que eu havia feito com ela antes de dar a louca e vir conhecer meu irmão.

Antes que eu fosse obrigada a ouvir mais besteiras vindo dele, eu me sentei num toco de árvore, querendo apenas descansar um pouco. Os treinamentos me obrigaram a conhecer algo que sempre detestei: o calor. E, droga, o local onde estávamos dormindo, era quente o dia todo. Até as noites eram quentes naquele lugar.

— Por que agora não treinamos um pouco seus poderes? — sugeriu ele ao sentar do meu lado no toco.

— Não to afim — respondi com ignorância.

— Se continuar assim seu nível nunca vai subir — provocou.

— Não to nem aí pro meu nível — menti, ainda ignorante.

— Esqueceu do nosso trato? — dessa vez ele estava sério.

Ah, eu me lembro muito bem daquele maldito trato, seu imbecil, se tivesse coragem, eu até verbalizaria o pensamento. Só pode ser mais praga daquela deusa. Eu não deveria ter inventado a porcaria desse trato.

— Está bem, vamos treinar meus poderes — digo, claramente num tom derrotado, me levantando do toco.

— Ótimo. — Outra vez o sorriso convencido habitava seu rosto enquanto ele levantava também. — Agora tira essa cara feia do rosto antes que eu acabe com você.

Se você pensa que ter poderes é algo legal — e invejável — por favor, retire tudo que disse. É bem bacana poder controlar um elemento e se sentir forte por algum tempo, só que... tudo na vida tem um preço, né? Bem, ter poderes tem seu preço também e vou jogar a verdade: é bem caro.

Ao fim do treinamento, meu corpo estava mole, mas ao mesmo tempo dolorido. Eu mal sentia meus membros e sabia que aquilo duraria uma noite inteira. Soltei um suspiro quando pensei que ainda tinha um longo caminho até conseguirmos voltar pra cabana — na verdade até suspirar doeu.

Quando todo aquele momento de tortura acabou, era noite, só que estávamos em campo aberto, então a lua até que nos dava uma boa iluminação pra podermos achar o caminho de volta. À essa hora provavelmente Henrietta e Daniela já teriam trago a caça do jantar e Melina agora deve estar se servindo de uma carne suculenta e assada. Só de pensar sobre isso meu estômago roncou.

— Espero que esteja preparada pro treino de amanhã — comentou ele ao mesmo tempo que caminhávamos em direção ao lugar onde dormíamos.

Desde que chegamos nesse lugar, nos propomos em construir uma cabana improvisada apenas pra ficarmos temporariamente enquanto não recuperamos nossa cabana agora tomada por Olivia. Já que Henrietta é filha de Ártemis, isso facilitou um pouco na hora de escolher os materiais certos pra podermos construí-la.Terminamos a cabana faz pouco tempo e eu já perco horas de sono por causa da “cama” desconfortável.

— Eu vou ter treino amanhã? — tentei não parecer muito exasperada.

— Todos os dias. Você precisa entrar em forma. Eu nunca mais quero ver você parada igual uma sonsa no meio de uma luta.

Xinguei baixinho, me lembrando do ataque de Olivia e no quanto ridiculamente eu nada fiz pra ajuda-lo.

— Dá pra parar de me lembrar daquilo?

— Vou parar quando não fizer de novo.

Bufei e andei mais alguns passos na sua frente, só pra não ter que respondê-lo.

— E tentar fingir que não aconteceu não vai me fazer esquecer — provocou ele e eu apenas ignorei.

Mãezinha Quione, como é que você gerou uma porcaria de filho desses?, pensei, me obrigando a aguentar a peste do meu irmão.

Não demorou muito pra chegarmos na cabana improvisada — na verdade pra mim pareceu uma eternidade porque a cada passo uma parte do meu corpo doía. E misteriosamente ela estava silenciosa e escura. Arqueei uma sobrancelha, sabendo que aquilo não podia ser um bom sinal. Quando parei a alguns metros longe da cabana, Tanay perguntou:

— O que foi?

— Onde elas estão?

Tanay pegou duas pedras no chão, se aproximou da nossa tocha apagada e colidiu as pedras até gerar uma faísca e por fim um fogo para iluminar melhor.

— Melina saiu pra meditar. Ela faz isso em algumas noites. Diz que só assim sente a presença da mãe. Sabe, deusa das almas e tudo mais. — Ele deu de ombros, se encostando na parede de madeira, enquanto eu permanecia no mesmo lugar, receosa.

— E Daniela e Henrietta?

— Quando elas caçam, elas ofertam as peles às suas mães, mas tem dias que as mesmas demoram até conseguirem uma caça digna.

Comprimi os lábios. Todas aquelas explicações até pareciam coerentes de certa forma. Percebendo minha hesitação, ele debochou:

— Qual é, você tá com medo?

— Não! — me defendi de imediato e só pra contrariá-lo, andei em sua direção, também me encostando na parede de madeira ao seu lado.

— Não acredito que minha irmãzinha tem medo de escuro — ele continuou a provocar.

Balancei a cabeça em negação, claramente afetada.

— Eu não tenho! É só que durante a noite...

— ... sempre acontece coisas ruins — completou ele como se lesse meus pensamentos.

E foi nesse exato instante que eu pude jurar que ouvi um barulho vindo de dentro da cabana. Engoli em seco e elogiei minha intuição que bem antes já havia avisado que algo estava errado. Eu até iria jogar na cara de Tanay minha razão agora, se eu não estivesse tão assustada e sentindo a necessidade de fazer o menos possível de barulho.

A expressão dele ficou séria e o mesmo pegou a tocha, meneando a cabeça pra dentro da cabana. Assenti e assim que ele entrou fiz o mesmo, embora sentisse falta da minha espada naquele momento.

Prendi a respiração ao ver duas figuras escuras jogadas nas camas dos quatos. Tanay teve que se aproximar com a tocha pra perceber que não passavam de apenas dois Jogadores. Um garoto e uma garota. O garoto não parecia estar dormindo. Ele estava apenas sentado na cama, encarando o escuro, até que seus olhos se arregalam quando nos vê. Já a garota parecia estar num sono profundo.

— Quem são vocês? — questionou Tanay num tom sério.

— E-Eu, s-sou Q-Quant — respondeu o garoto gaguejando. — E ela é P-Pratibha.

— O que fazem aqui? — rosnou meu irmão.

— A-Achamos que a-aqui era um l-lugar seguro.

— Seguro? — Tanay estava exasperado. — Vou te mostrar que ótimo lugar seguro é esse.

Então num segundo Tanay estava com a minha espada em mãos e uma expressão dura como gelo. Ele me deu a tocha de qualquer jeito — que eu tomei cuidado pra não deixar cair senão ia acabar incendiando a cabana — e andou em  passos lentos em direção à garota que dormia.

Sem nem dó ou piedade, simplesmente separou a cabeça do corpo da garota que rapidamente se reduziu a apenas um fiozinho prateado. O garoto gritou, horrorizado e pareceu mais assustado quando Tanay olhou pra ele.

— Tanay, para — falei na voz mais autoritária que consegui.

Bem, ele não me deu muito ouvidos. Bufei e, sem nem mais ideia de como impedi-lo, joguei a tocha exatamente na sua nuca — pelo menos poderia ter chance de fazer seus cabelos pegarem fogo. A raiva dos treinamentos cansativos ainda pairava sobre mim.

Por incrível que pareça, realmente seus cabelos pegaram fogo e ele gritou, largando a espada e caindo de joelhos com as duas mãos na tatuagem da nuca que mesmo tampada por seus dedos, acendia uma luz alaranjada.

E o grito de agonia do Tanay foi o que me fez arrepiar da cabeça aos pés.


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Notas finais do capítulo

QUERO OUVIR SUGESTÕES: Tanay morreu ou não? u.u Façam suas apostas u.u

No próximo capítulo - a deusa Quione, mãe da Kary u.u

Até o próximo capítulo o/