A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 29
Preparar, apontar, CORRER!


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Neste capítulo eu gostaria, primeiramente, de agradecer a "iasmimjamilly" por ter recomendado a fic essa semana ^^ e ah, o capítulo de hoje é dedicado a você, ok? ^^ acho que nem preciso dizer mais uma vez o quanto uma recomendação significa pra mim, né? *3* sério, muito obrigada porque as recomendações ajudam bastante, juntamente com os comentários, claro :3

No capítulo de hoje - a tomada da cabana o.o

Tenham uma boa leitura o/



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Tanay ficou parado por alguns segundos, tentando processar o que havia acabado de acontecer. Nem eu mesma estava acreditando que Olívia estava bem ali e dessa vez era ela que carregava um sorriso convencido no rosto — o meu foi murchando até desaparecer.

— O que está fazendo aqui? — a voz de Tanay estava séria quando se dirigiu à Olívia.

— Algo que já deveria ter feito há muito tempo. — O sorriso convencido cresceu enquanto ela tirava um tridente das costas.

— Não ouse dar mais um passo — ele estava autoritário agora.

Soltando uma risadinha, Olívia desobedeceu Tanay e deu um passo pra dentro da cabana, com o tridente pronto pro ataque. Tanay por sua vez estava começando a criar uma espada de gelo e aos poucos fui percebendo que não era uma espada qualquer. Era a minha espada. Como diabos ele fez isso?, foi a primeira pergunta que invadiu minha cabeça.

— Sabe, eu até que estava com saudade de lutar com você. — Ela deu mais um passo. — Está difícil achar por aqui um oponente digno.

— E dessa vez você vai lutar com honra?

— Ah, querido... — Uma risada. — Você sabe que “honra” não é uma palavra feita para piratas. Tripulantes?

Um a um foram aparecendo jogadores com suas armas em mãos. Engoli em seco. Eu conhecia apenas alguns deles de vista e outros três pessoalmente: Bernad e Hardin.

— Você sabe lutar, garota? — Tanay perguntava pra mim, mas sem tirar os olhos de Olívia.

— Bem, eu... — Não sei fazer nada, nunca fiz nada, pensei em frustração.

— Corre, Kary — Tanay primeiro sussurrou, só que eu estava tão sonsa que só entendi o que ele disse quando gritou: — CORRE!

Foi aí que a tripulação de Olívia atacou. Não eram tantos assim, entretanto, cinco contra um não é algo que chamamos de justo.

Corri em disparada pra fora da sala, fazendo o que eu faria mesmo se estivesse com meus amigos na outra cabana: corri pro alçapão. Desci correndo os quinze degraus e dei de cara com o quarto escuro e com as três dormindo, provavelmente.

— Eu preciso de ajuda! — falei o mais alto que consegui. — Olívia está lá em cima!

De primeira nenhuma delas me deu atenção.

— Kary, o que está fazendo? — era Melina perguntando e pela voz sonolenta, percebi que havia acabado de acordar.

— Tanay precisa de ajuda, Melina — falei, esperando que ela abandonasse o sono. — Olívia está lá em cima.

Ouvi um suspiro.

— Meninas levantem — disse Melina. — Talvez ela tenha razão.

Mais suspiros foram soltos até eu ter certeza de que as três se levantaram. Não esperei elas estarem totalmente prontas, apenas corri de volta pras escadas, já até esperando que Tanay estivesse morto.

Bem, morto ele não estava, mas parecia estar muito cansado. Seu rosto estava corado e encharcado de suor. Eu não fazia ideia do que poderia fazer pra ajudá-lo de verdade, então apenas tentei resfriar seu corpo o máximo possível — não que eu quisesse totalmente que meu irmãozinho ficasse vivo.

Ele estava lutando com Olívia seriamente, só que os outros quatro tripulantes não o deixava em paz, dificultando ter um ataque eficiente contra ela. Assim que a mesma me viu desarmada e sonsando durante a luta, bastou apenas ela menear a cabeça em minha direção com aquele seu típico sorriso de “te peguei” no canto do rosto pra que dois dos que atormentavam Tanay virem em minha direção.

Então uma flecha passou zunindo por mim e atingiu a testa dos que tentavam me atacar. Olhei pra trás e me deparei com a garota dos olhos cor-de-lua, com mais uma flecha posicionada em seu arco. A garota dos cabelos dourados também mirava uma flecha em direção à um dos tripulantes. Não demorou muito até ela também dar uma flechada fatal no segundo tripulante que me atacaria.

Melina tinha uma machadinha em mãos e uma expressão séria no rosto — parece que ela é tão inimiga de Olívia quanto Tanay. Agora estávamos em ótima vantagem. Eram cinco de nós contra três tripulantes. Olívia, Hardin e Bernard — uma nível 10, um 8 e outro 7. Seria fácil acabar com eles. Os jogadores dessa cabana parecem ser experientes.

Só que a quase vitória durou pouco porque uma luz tão forte começou a sair de Bernard que tive que fechar os olhos por um momento, com medo de ficar cega. Eu não fui a única que se distraiu com o poder dele — pelo menos eu espero que os outros tenham aguentado mais do que eu. Eu conhecia aquele truque. Sério que você vai brincar com ilusões agora, Bernard?, pensei, quase revirando os olhos.

Quando voltei a abrir os olhos, levei um susto com a pessoa que apareceu na minha frente. Nerea, a garota dos peitos murchos que claramente tinha uma quedinha por Vetle e me odiava por ele sempre dar em cima de mim — imagina quando ela descobrir que eu praticamente fui responsável pela morte dele.

Isso é uma visão, Kary. É só Bernard brincando com a gente de novo, tentei me manter concentrada, porque a luz ainda era perceptível, saindo do corpo de Bernard.

— Acho que só posso dizer o quanto esse mundo é pequeno. — Nerea tinha uma adaga em mãos e brincava com ela entre os dedos.

Comprimi os lábios, decidida a não responder nada. Quando a luz de Bernard se extinguiu, tive certeza de que ela não era uma visão boba. Tive apenas tempo de dar uma breve olhadela pros lados e ver que as duas garotas e Melina estavam com problemas com outros três novos tripulantes que surgiram diante delas graças à distração de Bernard, antes de receber uma Nerea furiosa pulando em cima de mim, me fazendo cair de costas no chão de madeira — só tenho uma coisa a dizer: ai.

Soltei um xingamento por instinto enquanto sua adaga se aproximava rapidamente da minha garganta. Minha temperatura corporal baixou, indicando que meu escudo automático havia sido ligado. Levei as mãos até o cabo da adaga, tentando arrancá-la de suas mãos, só que apesar da Nerea ser até magricela demais, ela é forte — acho que até mais do que eu.

— Onde está Vetle? — questionou ela numa voz firme.

— É pra isso que veio até aqui com Olívia? Estava atrás do seu namoradinho? — provoquei ela, embora não estivesse em boas condições para isso.

Sua expressão ficou mais dura.

— Onde ele está? — ela reforçou a pergunta.

— Ele está num lugar que você nunca vai alcançar — respondi e era meia-verdade pelo menos.

Nerea cerrou os dentes, claramente sem paciência alguma comigo. Ela forçou a adaga ainda mais contra meu pescoço. Segundos depois eu já estava sentindo o metal frio tocar de leve na minha pele. Uma nível 6 contra uma nível 5 — eu.

Agradeci mentalmente quando uma flecha acertou sua mão que segurava a adaga — aquelas duas garotas me salvando novamente. Nerea gritou e pareceu esquecer de mim enquanto se desesperava com a mão ferida. Nesse tempo de distração, fiz o que costumava fazer — dei um soco na sua bochecha — e me levantei com as juntas da mão latejando.

Quando levantei, percebi o quanto estávamos em desvantagem — é até possível que uma das garotas tenha acertado a mão de Nerea sem querer de tão distraídas que elas pareciam estar com os outros tripulantes.

— Recuar! — ordenou Tanay. — Recuar!

Dei alguns passos pra trás e engoli em seco quando tripulantes olharam em minha direção, percebendo que eu era a única “sortuda” sem ter alguém me atacando. Vi apenas mais duas flechas passando por mim e acertando outros jogadores — eram tantos que as flechas nem chegaram perto de atingir algum ponto vital —, antes de sentir alguém me puxando.

— Eu disse recuar! — Tanay gritou no meu ouvido, fazendo-me colocar uma careta no rosto.

Então me lembrei da agulha de gelo fatal que consegui fazer contra Udenkwo, a garota sinistra do abismo. Enquanto era arrastada por Tanay pra fora da cabana pelos fundos, criei algumas agulhas e fui tentando acertar alguns jogadores — consegui até acertar alguns, deixando eles um pouco distraídos, mas nada de conseguir acertar pontos vitais.

Até que meu “querido” irmãozinho fecha a porta dos fundos quando todos saímos e a tranca por fora, meneando a cabeça pra nós quatro pra que seguíssemos em frente. Ele me largou e logo vi que as outras três estavam correndo pra longe.

— Vá, Kary! Vá! — ordenou ele quando percebeu que eu continuava parada no mesmo lugar.

— Mas... Mas e você? — questionei.

Tanay pareceu revirar os olhos ao me empurrar na direção em que as garotas corriam.

— Não pode lutar contra todos eles sozinho — argumentei. Não acreditava que ele queria dar uma de herói (esse era meu trabalho).

— Você é burra ou o quê? — ele parecia bravo. Logo suas mãos seguravam meus ombros com força quando decidiu sacudi-los. — Precisa fugir, agora!

— Não vou antes de você devolver minha espada — e sem deixar você aqui pra morrer, completei mentalmente, mas eu sabia que ele ficaria mais bravo se eu verbalizasse.

Segundos depois ele estava cravando minha espada de gelo aos meus pés.

— Satisfeita? — em meio toda àquela sua irritação, ele conseguiu ser irônico. — Agora foge!

Bem, mesmo se eu quisesse, não deu tempo, porque a porta caiu exatamente naquele instante. Por instinto soltei um grito, enquanto os tripulantes saíam aos montes de dentro da cabana. Deviam ser pelo menos uns dez. Peguei minha espada, me preparando pra lutar ao lado de Tanay.

Só que eu acho que não estávamos de acordo com esse meu plano improvisado, porque tudo o que ele fez em seguida foi me empurrar pra trás e fazer crescer uma barreira de gelo à nossa frente, impedindo que a tripulação de Olívia avançasse — pelo menos por alguns segundos.

Então ele me pegou pelo braço como se eu fosse uma criança teimosa — talvez eu meio que fosse — e começou a correr, me arrastando junto.

— Consegue se transformar na sua forma animal? — perguntou ele enquanto corria.

— Hein? — eu não queria ter soado tão perdida.

Tanay apenas bufou em resposta e continuou a correr.

Eu não fazia ideia porque estava indo com ele. Talvez meio que confiasse nele por ser meu irmão, só que ao mesmo tempo eu tinha um certo mau pressentimento.

E fala sério, eu nunca admitiria isso em voz alta, mas  eu estava morrendo de medo do lugar pra onde eu seria levada dessa vez.


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Notas finais do capítulo

É, parece que algumas coisinhas acabaram dando errado... KKKK

No próximo capítulo - um "contrato de morte" kkkk e.e (aquele mistériozinho básico u.u)

Até o próximo capítulo o/