A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 27
O mesmo lugar que não era o mesmo lugar


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Primeiramente eu queria agradecer e dedicar o capítulo de hoje à "Shiku" por ter recomendado a históriaaaaaaaa u.u sério, muuuuito obrigada e a propósito, adoro seus comentários u.u ainda não esqueci daquele que tu me chamou de "Rainha das Reviravoltas" u.u

To gostando de ver os comentários dos capítulos hein u.u cada dia amo mais meus leitores ♥

No capítulo de hoje - novos personagens u.u (que comecem mais teorias, baby u.u)

Tenham uma boa leitura o/



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Meu corpo inteiro latejava, principalmente minha cabeça. Me sentia completamente entorpecida e cansada. Provavelmente eu devo ter morrido enquanto corria para sabe-se lá onde. Entretanto, eu sentia estar deitada em algo macio — aposto que era a neve.

Mesmo com o corpo dolorido, vou abrindo os olhos devagar, tentando me acostumar com a claridade do local e quando finalmente consigo abrir os olhos por completo, abro um pequeno sorriso. Eu estava nos dormitórios, sã e salva. Utae e Imma deveriam ter vindo atrás de mim e devem ter me achado desmaiada na neve assim que perdi a consciência pelo cansaço.

Eu me lembrava do motivo que tinha me feito correr feito uma louca. Toda vez que pensava no assunto, meu cérebro entrava em desordem. Talvez eu tenha me apegado ao Kameel. Como esquecer aquele que roubou meu primeiro beijo e foi meu primeiro namorado? Ele foi o primeiro garoto que me tratou com carinho e me abraçou todas as noites ao dormir, meu estômago se contorceu com o pensamento.

Aos poucos fui sentando na cama devagar — embora fizesse uma careta a cada movimento brusco — e analisando o local. Me perguntei mentalmente por que nenhum dos quatro tinha decidido ficar aqui embaixo comigo. Provavelmente devem ter ido caçar e era Kameel que geralmente ficava com os pacientes, lembra?, mordi o lábio. Não conseguia tirar meu ex da cabeça.

Suspirei e me obriguei a ficar de pé, soltando um gemido. Respirei fundo e mantive uma postura. Sabia que a culpa era minha de ter deixado meu corpo chegar naquele estado, então tinha que arcar com as consequências.

— Se eu fosse você, não se levantava tão cedo dessa cama — a voz masculina vindo da porta me assustou.

Por um momento — e por mais que a voz fosse diferente — eu esperei ver Utae, Imma, Rian e até Malek naquela porta, mas quando olhei na direção do indivíduo, soube que não era nenhum dos três.

Encostado na porta havia um cara de pele pálida e cabelos brancos. Os olhos dele eram num tom azul como os meus e, pela sua armadura de placas, soube que era um nível bastante avançado — e tive a confirmação quando vi um nível 9 bem acima da sua cabeça. Ele tinha um meio-sorriso no canto do rosto que até o fazia parecer sexy.

— Quem é você? — achei voz pra perguntar. — Utae deixou você fazer parte da equipe?

O garoto arqueou uma sobrancelha sem entender.

— Quem é Utae?

— O líder da cabana, oras! Ele nunca deixa entrar pessoas desconhecidas assim do nada.

Ele riu.

— Céus, não sabia que tinha um parafuso a menos, garota. — Ele balançou a cabeça. — Eu sou o líder dessa cabana. Não faço a mínima ideia de quem seja Utae.

Entrei em desespero e engoli em seco.

— Utae sempre foi o líder da cabana. Você... você invadiu ela?

— Não, você não está entendendo. Eu é que sempre fui dono dessa cabana. Nunca tive que invadir nada. Encontrei ela vazia e desde então estou aqui.

— Eles estão caçando! Utae, Imma, Malek e Rian vão voltar, você vai ver. Vão te expulsar daqui num segundo.

— Olha garota, tem muito tempo que estou morando aqui e ninguém pra me atacar nesse sentido apareceu. Acho que você realmente está merecendo descansar agora.

— Eu não vou descansar até eles estarem de volta! — exclamei alterada.

Ele parou de se apoiar na porta e caminhou em minha direção. Por instinto, levei as mãos às costas, procurando o cabo da minha cimitarra. Foi só aí que descobri que estava sem ela. Devo ter perdido no meio do caminho, fiquei chateada ao pensar que havia perdido minha primeira espada. Então ele segura meus ombros e me encara.

— Eles não vão voltar, seja quem forem!

— Como pode saber? — digo malcriada, tentando me soltar de suas mãos, só que acabo não conseguindo. Ele era forte.

O garoto soltou um suspiro e retirou suas mãos de meus ombros. Ele me deu as costas — nisso eu vi a tatuagem de floco de neve na sua nuca — e se dirigiu à porta, onde gritou:

— Melina, pelos deuses, será que dá pra vir aqui dar uma olhada nela antes que eu faça alguma besteira?

Não demorou muito até uma garota com asas de borboleta nas costas, entrar nos dormitórios. Ela possuía cabelos negros curtos e olhos de uma cor bastante diferente: rosa-bebê. Suas asas eram verdes quando saíam de suas costas e quanto mais se aproximava da ponta, mais rosada ficava até chegar no tom de seus olhos.

— Qual é o problema? — Melina questionou ao garoto.

— Ela tá delirando falando de um tal Utae e sei lá mais quem. — Fez um gesto como se os nomes fossem banais.

Então o olhar rosado da garota se dirigiu até mim enquanto suas asas se encolhiam pra dentro de suas costas — sério, era meio bizarro de ver isso. Ela fez um gesto pra cama que antes eu estava deitada e hesitantemente me sentei. Segundos depois ela estava sentada do meu lado.

— Será que você não parou pra pensar que essas pessoas que ela pode estar falando vieram de onde ela fugiu? — disse ela ao garoto, mas me encarando.

Olhei pro garoto e ele parecia estar repensando em tudo o que eu tinha dito.

— Talvez você tenha razão...

Melina suspirou e segurou uma de minhas mãos.

— Que tal irmos lá fora um pouco. Acho que vai te fazer bem.

Afirmei com a cabeça e me deixei ser guiada por Melina, enquanto o garoto seguia logo atrás. Quando saímos pelo alçapão, prendi a respiração. A cabana era idêntica a que eu ficava com os quatro bocós dos meus amigos. Mesmo assim, tentei manter a expressão neutra. Até chegar do lado de fora da cabana.

Tudo era igual, eu me lembrava — sério, parece que eu to tendo um sonho. A floresta estava no mesmo lugar como sempre, só que a diferença de tudo aquilo era que não havia neve. Era tudo gramado e o sol raiava forte, chegando até a me incomodar. Conseguia até enxergar um lago mais ao longe, possivelmente com água cristalina, me fazendo lembrar do lago congelado da minha cabana.

— Onde é que eu estou? — questionei devagar, olhando tudo ao redor.

Aquela era e não era a minha cabana.

— Na minha cabana como eu já disse! — exclamou o garoto, só então me fazendo perceber que ele também estava por ali.

— Tanay, dá um tempo — Melina o repreendeu. — Ela acabou de acordar.

Ouvi um suspiro impaciente, mas Melina pareceu ignorar e a me puxar pra mais perto das árvores. Tanay nos seguiu.

— Onde foi que me acharam? — perguntei, me encostando numa das árvores.

— Talvez pouco depois do lago. — Ela deu de ombros. — Fui eu e Henrietta que te achamos enquanto caçávamos.

Até isso é igual, pensei surpresa.

— E pra onde fica a neve? Vocês sabem? — questionei curiosamente. Tinha que dar um jeito de voltar.

— Neve? — Melina arqueou uma sobrancelha. — Existe neve por aqui?

— Claro que existe! Foi de lá que eu vim!

— Peraí, existe outra cabana como essa? — agora Tanay parecia interessado na conversa.

— Não pode ser possível. Eu e Henrietta procuramos por todo o lugar — Melina disse incrédula.

— Eu sabia! — exclamou Tanay. — Quando os três voltarem, vamos começar a planejar nosso plano de ataque.

— Que plano de ataque? — questionei, arqueando uma sobrancelha.

— Ignore Tanay. — Melina revirou os olhos. — Se sente melhor agora?

Afirmei com a cabeça, embora estivesse surpresa por ter vindo parar praticamente no mesmo lugar, mas que ao mesmo tempo não era o mesmo lugar. Percebi que a luz do sol agora estava alaranjada, indicando que já era de tarde e um pouco mais ao longe, lá estavam três indivíduos vindo em nossa direção, carregando uma carcaça de veado.

— Demos sorte hoje! — exclamou uma voz masculina do trio.

Melina sorriu e abriu as asas, voando até eles.

— Até que enfim uma comida digna! — exclamou Tanay. — Entrem, já está escurecendo.

Há perigos durante a noite, pensei, me lembrando de todas as coisas estranhas que aconteceram comigo na minha cabana.

Decidi entrar antes que eles chegassem de fato na cabana e acabei descendo pros dormitórios. Podia dar a desculpa mais tarde que não estava me sentindo bem — e realmente não estava — e que também não tinha fome.

Voltei a deitar na minha cama e encarei o teto. Tochas estavam acesas nas paredes e o crepitar delas me deu um alívio familiar. Fazia eu me lembrar dos meus três amigos e Malek. Então logo ouço eles comemorando a caçada lá em cima, batendo os pés e gritando. Deveriam estar mesmo mortos de fome.

Fechei os olhos e mal percebi quando o sono chegou até mim, só sei que eu acordei — minutos, horas, não sei — depois de algum tempo, ouvindo mais gritos de comemoração. Talvez a carne esteja boa, pensei, querendo voltar a dormir, só que as comemorações e vozes foram tão altas que não pude deixar de ouvir:

—... E vamos atacar a cabana dela!

E em seguida, mais gritos.


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Notas finais do capítulo

HAUSHSAUHSAUH será que eles vão atacar a cabana da Kary? o.o isso é algo pra vocês pensarem u.u

No próximo capítulo - o retorno de Olivia u.u

Até o próximo capítulo o/