A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 18
Aquela que Habita na Escuridão


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Eu P-R-E-C-I-S-O que vocês olhem os desenhos que recebi de uma pessoinha muito talentosa *3* sério, ela foi a primeira a desenhar o Imma, Utae e Malek e eu simplesmente amei a ideia ♥ obrigada Angel ^^

Vejam os desenhos aqui: https://www.facebook.com/KashinabiFarron/posts/1937448566468134

E ah, o capítulo de hoje... acho que pode ser considerado intenso e.e um dos pensamentos da Kary prova isso: "ela apontou a foice para nós dois e sorriu. Rian pegou sua espada. Já eu fiquei igual uma sonsa como sempre". HASUHUSASA acho que essa foi a melhor parte do capítulo e.e

No capítulo de hoje - A irmã de Xander.

Tenham uma boa leitura o/



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Aqui vai uma lição de ouro para vocês: nunca caiam num abismo gigantesco, formado por um filho de Hades, tudo bem? Sério, quando se chega no fim dele, você acha que morre, então você percebe que está vivo, mas que preferia estar morto. É confuso, eu sei, só que uma hora — se algum dia você passar por isso —, vai acabar entendendo o que estou dizendo.

Eu e Rian caímos numa espécie de rio, entretanto, ele era tão escuro, mas tão escuro que foi impossível abrir os olhos lá dentro — até porque, ele parecia ser um material suspeito demais pra arriscar. Nadamos até a superfície e quando olhei ao redor, não vi muita diferença entre o rio e o que estava fora dele.

A areia era cinzenta, misturada com alguns pontos pretos e o ar tinha uma fumaça espessa que me dava vontade de tossir só de vê-lo. Olhei pra cima e não vi nada mais do que escuridão. O que iluminava o local eram tochas penduradas nas pedras negras das laterais do abismo. Olhando pra frente, eu vi uma imensidão de escuridão e olhando pra trás, também tive o mesmo resultado.

Saímos do rio e eu me sentei na areia, tentando respirar um pouco de ar puro — não que ali tivesse algum ar puro. Rian se sentou do meu lado, respirando ofegante.

— E agora? — questionou ele quando sua respiração se normalizou.

— Temos que dar um jeito de voltar.

— Disso eu sei. Só precisamos saber como voltar.

— Você é o filho da deusa da sabedoria. Deveria ter bolado um plano antes mesmo de cairmos aqui embaixo.

— Não é assim tão fácil.

Olhei pra cima e notei que ele não passava de um nível três. Bem, estávamos literalmente no mesmo buraco.

Então, bem baixinho, comecei a ouvir alguns gemidos. Me levantei da areia e olhei ao redor, a procura de algum sinal do que poderia ser aquilo. Bem, não obtive tanto sucesso, mas tinha uma noção de onde mais ou menos podia estar vindo o som.

— Conseguiu ouvir? — perguntei, me referindo aos gemidos.

— O quê?

Fiz um gesto para que ele se calasse, esperando os gemidos recomeçarem. E bem baixo, eles voltaram. Agora tinha certeza de que era uma garota.

— Acho melhor irmos investigar — digo por fim.

— Você é curiosa ou o que, garota? Nem era pra você ter invadido minha luta com Xander?

Rian se levantou enquanto reclamava da minha ação “heróica”.

— Está reclamando? Se não percebeu, Senhor Genialidade, ele estava prestes a te jogar aqui embaixo sozinho.

Rian bufou, não querendo aceitar os fatos. Metidinho a esperto. Tudo isso por ser filhinho da deusa Atena? Grandes coisas. Talvez eu devesse mesmo ter deixado você cair aqui sozinho, me vi pensando meio brava.

— Talvez fosse melhor mesmo — murmurou ele.

— Como é?

E mais uma vez os gemidos ressoaram no abismo que havíamos caído. Ok, agora aquele som começava a me assustar.

— Vamos descobrir logo o que é isso — anunciou por fim.

— Ah, só agora foi pensar nisso, Senhor Genialidade? — usei um tom irônico.

Então deixei ele seguir na frente já que se achava o “rei da cocada-preta” por ser filho de Atena — até porque, ele estava seguindo na direção que eu já estava pensando em seguir. Não estávamos tão longe assim e enquanto caminhávamos, notei que sentia falta de alguma coisa.

— Cadê sua espada?

Rian apontou pras costas, sem olhar pra mim. Arqueei uma sobrancelha ao ver que só havia uma espécie de zarabatana pendurada na mesma. Era de um tom mel.

— Foi um presente da minha mãe — disse quando eu abri a boca pra perguntar, como se lesse meus pensamentos. — São três armas em uma. Lança, espada e zarabatana.

— E você continua no nível três com uma belezinha dessas? — digo, me segurando pra não rir.

— Fui burro o bastante pra me submeter ao Xander quando ganhei a arma. É que ele era tão poderoso...

— Ele roubou o colar Elemental da minha equipe — digo. — Desde então não sabíamos onde ele estava. Até agora.

— Só agora fui descobrir que ele era um mentiroso.

— Por isso você estava enfrentando ele — completei.

Rian assentiu. Então continuamos a andar silenciosamente em direção aos gemidos. Foi aí que descobrimos de onde estava saindo os gemidos: uma garota. Seus cabelos curtos e escuros caíam sobre seu rosto. Ela mantinha os braços envolto da barriga e continuava a gemer, mesmo quando nos aproximávamos.

— O que houve? — questionei, me ajoelhando ao seu lado e colocando uma mão em seu ombro.

Sua resposta foi um gemido. Rian se ajoelhou do meu lado e olhou pra garota atentamente.

— Filha de Ares — disse Rian baixinho, tocando o rosto da garota e fazendo ela abrir os olhos.

A garota possuía olhos castanhos com uma leve mistura visível com vermelho.

— Q-Quem são vocês? — sua voz saiu rouca. — Eu morri?

Abri um pequeno sorriso.

— Ainda não — digo, pegando um de seus braços e passando o mesmo por meu ombro.

Ela gemeu, seu rosto se contorcendo de dor. Rian me lançou um olhar desconfiado, como se eu tivesse feito a maior besteira da minha vida, mas acabou dando de ombros levemente e pegando o outro braço da garota. Ao tentar ficar de pé, seus joelhos bambearam, pareciam fracos, e isso fez com que se apoiasse muito em nós dois.

— Vai ficar tudo bem — falei pra ela, tentando passar confiança.

— Benigna... — ela gemeu.

— O quê?

— M-Meu... nome... — disse, quase caindo.

Mordi o lábio. Céus, ela era muito pesada e só naquele minuto eu percebi que havia músculos nos seus braços. Dãããããã, filha de Ares, pateta, pensei.

— Eu sou a Kary e o garoto do outro lado é o Rian. Prazer.

— Não é um bom momento para apresentações, Kary — disse Rian.

Nós dois começamos a andar mais pra frente, tentando procurar alguma coisa pra ela pelo menos conseguir se apoiar ou qualquer coisa pra ela conseguir cobrir o ferimento na barriga.

— O que foi que aconteceu com você? — perguntei, tentando distraí-la da dor.

— Udenkwo... — saiu um sussurro misturado com gemido.

— Hein? — Rian não pareceu entender.

Certo, Kary, ela deve ter uns probleminhas por causa do ferimento. Não precisa levar tudo o que ela diz a sério. Afinal, o que diabos é “udenco”?, pensei, tentando decifrar o que ela acabara de dizer.

— Você sabe como sair daqui? — questionou Rian a ela depois de um tempo.

— Não tem... como. — Outro gemido. — Udenkwo...

— O que é udenco? — perguntei, tentando não demonstrar o quanto estava impaciente com aquela palavra.

— Udenco não... Udenkwo.

Tudo bem, é preciso manter a calma com pessoas que não batem bem da cabeça, sério que uma doente mental tá me corrigindo sobre sabe-se lá o quê?, protestei mentalmente.

— Será que dá pra falar algo coerente, Benigna? — disse Rian, parecendo tão impaciente quanto eu.

Então a mesma se soltou de nós dois e caiu de joelho, soltando um grito feito uma maluca. Benigna colocou as mãos na cabeça, como se tivesse em desespero e continuou a gritar. Eu e Rian arregalamos os olhos e demos alguns passos pra trás. As tochas ao nosso redor se tornaram bruxuleantes, então uma figura feminina, vestindo preto, com uma capa tapando boa parte do seu corpo — e um capuz tapando seu rosto —, apareceu. Nesse mesmo instante, Benigna parou de gritar e simplesmente caiu no chão, desacordada.

— Talvez eu tenha exagerado um pouquinho — a voz da garota à nossa frente saiu como um sussurro no ouvido, embora ela estivesse a uma boa distância.

— Quem é você? — criei coragem pra perguntar, embora meu coração estivesse muito acelerado pelo medo.

— Udenkwo — sua voz ter saído rouca não melhorou minha sensação de medo. — Dama do Abismo. Rainha das Trevas. Aquela que Habita na Escuridão.

Enquanto ela falava seus títulos, olhei pra cima e engoli em seco ao ver que ela era uma nível 10. Não temos nenhuma chance contra ela. Somos apenas dois nível 3 e eu estou sem arma nenhuma, pensei, sabendo que logo estaríamos mortos ou ficaríamos da mesma maneira que Benigna — isso é, se ela não estiver morta.

— E o que você quer da gente, Udenkwo? — perguntou Rian. — Você já está no nível mais avançado.

— Ah, mas o fio da vida de vocês me vai ser muito útil. Principalmente o da filinha de Quione que carrega outro consigo.

Engoli em seco. O bracelete me denunciava.

— Prometo que vai ser rápido e indolor — sussurrou ela e quando eu pensei que ela iria nos atacar, bem, não foi isso que aconteceu.

Udenkwo simplesmente desapareceu da nossa frente e segundos depois Benigna começou a se mexer e a tossir.

— O que...? O que aconteceu? — sua voz estava rouca e ela gemeu ao se lembrar do ferimento na barriga. — Pra onde ela foi? Pra onde Udenkwo foi?

Benigna se levantou devagar do chão, fazendo uma careta de dor pelo esforço.

— É uma coisa que eu também gostaria de saber — comento, querendo saber onde é que a garotinha gótica havia se metido.

Então Benigna começou a gritar de novo, colocando as mãos na cabeça como se tivesse enlouquecido mais uma vez. Logo um brilho negro bruxuleante ficou em volta de seu corpo e uma foice foi se formando do nada até podermos ver que possuía um cabo de metal e a lâmina negra — eu diria que era feita ou de obsidiana ou de ônix.

Sem dizer nem mais uma palavra, Benigna/Udenkwo apontou a foice para nós dois e sorriu, enquanto os olhos da garota que ela acabara de possuir ficavam negros — incluindo a esclera. Rian puxou das costas sua zarabatana/lança/espada e a deixou na forma tradicional de espada mesmo. Já eu, fiquei igual uma sonsa como sempre porque não tinha arma nenhuma e era péssima em luta — tudo bem, ainda não sei como vou ganhar esse jogo.

Tudo o que eu vi foi um último sorriso de Benigna/Udenkwo antes dela avançar contra Rian e fazer metal se chocar com metal — sorte que a lâmina dele era celestial porque o que aconteceu com a minha adaga... foi trágico. Mordi o lábio e observei a luta. Sabia que deveria estar fazendo alguma coisa e depois de um tempo, comecei a perceber que Rian começara a ter dificuldade em bloquear os golpes da adversária — imagina a droga que é lutar contra uma nível 10 e uma filha de Ares juntas?

Foi aí que eu comecei a usar meu poder para travar um pouco suas articulações — teve até um segundo de fraqueza quando ela pousou a lâmina negra no chão enquanto Rian tentava recuperar o fôlego. Bem, por alguns segundos eu achei que era um momento de fraqueza, até ver uma fenda no chão cinzento se abrir e de lá começarem a sair esqueletos — eu diria que saiu uns dez. E eles estavam vindo na minha direção. Mal tive tempo de pedir ajuda a Rian porque ele voltou a ficar ocupado lutando contra Benigna/Udenkwo.

Fiquei em tanto desespero que uma camada fina de gelo cobriu toda minha pele, como um escudo frágil.  A primeira coisa que veio na minha mente foi tentar congelar um dos esqueletos e foi exatamente o que eu fiz: por alguns segundos, um deles ficou sob meu gelo e eu chutei o seu “rosto” ósseo que o fez desmontar. Os outros nove? Bem, continuaram atrás de mim.

Congelei outro e repeti o procedimento até ficar só com quatro esqueletos me cercando. Eu estava começando a ficar cansada. Minha energia estava sendo sugada toda vez que eu utilizava meu poder. Céus, como isso é ruim.

Olhei por um segundo para Rian que voltava a ficar completamente suado e com uma expressão cansada no rosto. Era o fim. Ele morreria e depois Benigna/Udenkwo me atacaria e me mataria tão facilmente quanto matará Rian. Mordi o lábio, precisava pensar em alguma coisa, mas os quatro esqueletos que sobraram, continuavam a chegar cada vez mais perto de mim.

Num reflexo rápido, simplesmente fiz uma agulha de gelo e ouvi uma vozinha bem no fundo da minha mente, dizendo pra atirar exatamente na dobra do joelho. E eu o fiz. Benigna/Udenkwo finalmente ficou vulnerável enquanto um dos esqueletos me pegou pelo braço e outro, pegou o outro braço livre.

Benigna gritou e caiu — devo ter conseguido acertar uma artéria ou algo assim pra ter causado esse impacto tão grande —, ao mesmo tempo que Udenkwo apareceu na minha frente, completamente zangada.

— Ninguém atrapalha Udenkwo numa matança e você não vai ser a primeira. Você acabou de ganhar a honra de ser morta por minhas próprias mãos.

Havia uma adaga negra nas suas mãos e ela não parecia hesitar em me matar naquele instante. Isso se a zarabatana/lança/espada de Rian — agora em formato de lança — não tivesse voado de suas mãos num arremesso perfeito e acertado exatamente a cabeça de Udenkwo.

E naquele momento, os esqueletos se desfizeram e sangue jorrou pra todo lado.


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Notas finais do capítulo

MOOOOOOOOORTE O/ SAAAAAAAANGUE O/ ~tá, agora eu pareci uma psicopata kk

No próximo capítulo - um strep-tease u.u

Até o próximo capítulo o/



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