A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 16
Nunca deixe Tritão te oferecer uma música


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Mais uma vez eu to tarde da noite postando kk céus, eu to morta de sono... zzzz...

AAAAAAAH, PERA, UMA COISA IMPORTANTE: OBRIGADA PELOS 100 COMENTÁRIOOOOOOOS ♥ sério, eu fiquei muito feliz quando cheguei ao centésimo comentário na fic, por isso eu queria agradecer especialmente a "MariTelles" que teve a honra de transformar 99 em 100 *3* claro que os outros leitores não são menos importantes ♥ obrigada de verdade gente, amo todos vocês ♥ continuem divulgando e lendo que vocês me ajudam muito *3*

No capítulo de hoje - músicas, hipocampos e um beijo ♥

Tenham uma boa leitura o/



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Fiquei um bom tempo com os olhos arregalados, sem acreditar que estava mesmo na presença dele. O famoso deus do mar. Oh céus, essa é a hora erradíssima para fazer besteiras, Nath, mordi o lábio ao pensar.

Depois de ter ficado igual uma besta parada, me ajoelho desajeitadamente.

— M-Majestade — falei, gaguejando.

Poseidon riu.

— Levante-se, mortal. — Ele fez um gesto pra que eu me levantasse e eu o fiz. — Não quero isso de você. É só que um dos meus filhos me avisou que você viria.

Arqueei uma sobrancelha e percebi que sua esposa e seu filho não pareciam muito feliz com a citação de “meus filhos”.

— Não são seus filhos. São seus bastardos com humanas — a rainha disse, séria e claramente enciumada.

O rei suspirou.

— Eles são meus filhos, Anfitrite. — Poseidon virou o rosto pra mim. — Immacolato, conhece ele? Pois bem, ele pediu pra que eu cuidasse de você enquanto ele te procurava.

Nas histórias não dizia que Anfitrite não era ciumenta?, me vi pensando, mas achei péssima ideia comentar isso em voz. Se bem que na verdade... As histórias só dizem que ela não era tão doentia quanto Hera, só que isso não quer dizer que não sentia ciúmes.

— Mas... como ele sabe onde eu estava?

— Eu não sei, garota. Só estou fazendo o favor que meu filho pediu. — Ele fez um gesto em desdém. — Tritão, apresente a ela o castelo.

O jovem olhou pro seu pai por um tempinho antes de vir nadando até mim. Ele meneou a cabeça pra porta de onde eu havia entrado e eu o segui, nadando o mais rápido que conseguia com duas pernas. Quando consegui chegar no corredor, eu não fazia ideia de onde ele poderia ter ido porque eu era lenta demais nadando. Xinguei mentalmente por eu não ter uma cauda.

— Segunda porta à esquerda — ouvi uma voz no corredor, masculina.

Dei de ombros e nadei até ela. Depois de alguns bons minutos, chego na porta ofegante e vejo que a mesma está levemente aberta. Entro timidamente no aposento e logo consigo ouvir uma música angelical saindo de uma harpa. Fico surpresa ao ver que era apenas Tritão tocando, entretanto, o som era tão belo que quase não acreditei que era um homem (tritão, na verdade) tocando aquele instrumento.

Ah, sim. É ele que toca para acalmar as ondas, lembrei-me no segundo seguinte.

— Eis o melhor aposento, humana — disse ele, enquanto seus dedos dedilhavam as cordas delicadamente.

— Se puder me chamar de Kary, eu agradeceria... Alteza — consertei o tratamento, tentando sempre ficar em alerta com as minhas palavras já que eu estava na presença de um príncipe.

— Certo, Kary. Sente-se e aproveite a música.

Assenti e sentei no primeiro banco que vi na minha frente. Passei a ouvi-lo com calma e me surpreendi com a belíssima melodia entrando pelos meus ouvidos. Era tão doce e suave que me deu sono — no bom sentido.

Quando a música terminou, bati palmas — não que elas tenham sido tão audíveis assim por causa da água que nos cercava, mas o que vale é a intenção, né?

— Obrigado, obrigado. Eu sei que a música é divina — disse ele, com um sorriso e abaixando-se levemente, agradecendo num gesto pelas palmas.

— Tá, agora por que não me mostra outros cômodos? — sugeri, mas ele se sentou no banquinho atrás da harpa.

— Não, espera! Vou tocar mais uma pra você.

— Tudo bem. — Abri um pequeno sorriso. Estava animada para ouvir mais uma vez a música angelical.

Então Tritão começou a tocar novamente.

Se você já ouviu uma música tocada por um deus, pode ter certeza de que ela é muito bonita e boa de ouvir. Só que, pelos céus, nunca deixe esse deus continuar tocando — dá um jeito aí de inventar uma desculpa pra escapar — porque até a música mais  linda do mundo começa a ficar chata depois de um tempo.

Bom, nesse exato momento, tudo o que passa na minha cabeça é: SOCORRO!!!!!!!

Por Zeus, nunca queira ficar com Tritão. Sério. Ele é um cara muito chato — e sua beleza não anda muito compensando a sua chatice. Quero dizer, ele toca divinamente e isso é o máximo e tudo mais, entretanto, como eu disse ali em cima, até uma música divinal pode acabar ficando uma droga.

Quando ele terminou a milésima música — olha, talvez até literalmente tenha sido umas mil músicas que ele tocou pra mim —, eu me levantei do banco que estava sentada e abri um sorriso sem graça.

— Hã... Alteza... Será que agora não poderíamos ir ver os outros cômodos do castelo? — questionei talvez também pela milésima vez.

E a resposta era sempre a mesma:

— Só mais uma música e já vamos!

Então ele se sentava e começava a tocar outra música qualquer — eu nem estava mais prestando atenção em que música ele estava tocando. Agradeci aos deuses quando aquela mulher que me recebeu na entrada da cidade, apareceu na porta, com um sorriso terno, provavelmente com compaixão de mim por estar aguentando Tritão a muito tempo.

— Senhorita, o rei a chama.

Graças aos deuses!, quase exclamei verbalmente — tive que morder o lábio com força antes que as palavras escapassem sem querer.

Me levantei — isso já tinha até ficado automático — e segui a mulher pra fora da sala.

— Estava aproveitando a música? — questionou ela em meio ao caminho.

— Ah, claro, a música estava ótima — respondi num sorriso amarelo.

— Sério mesmo? — Ela arqueou uma sobrancelha ao perguntar. — Vocês dois estão lá a umas três ou quatro horas lá dentro.

— QUÊ?

Yume riu com minha surpresa.

— O príncipe Tritão ama música e ficaria lá por milênios só tocando sozinho. Bem, essas horinhas não são nada para um deus imortal, certo?

— Bem, para um mero mortal como eu, quatro horas é muita coisa.

— Eu sei. — Uma risadinha. — Sorte a sua que o rei acabou de te chamar.

— Posso ser sincera com você... Yume? — Ela assentiu ao me ouvir dizer seu nome, confirmando que eu havia acertado na pronúncia. — Até uma música divinal pode virar um saco nos ouvidos humanos. Eles costumam ser muito exigentes.

— Imagino. — Um sorriso.

Não demorou muito até chegarmos na porta onde havia os três tronos do outro lado. Yume abriu a mesma com delicadeza e entramos juntas. Então, no meio da sala estava Immacolato, sem a bolha na cabeça — claro, filho de Poseidon.

Nunca havia ficado tão feliz em ver um garoto na minha vida.

Corri (nadei) até ele rapidamente e o abracei fortemente, como se fizesse anos que não nos víssemos, embora só tivesse sido uns dois dias da ausência de ambos.

— Immaaaaaaaa! — exclamei no meio do abraço.

Ficamos girando na água por um bom tempo e sua risada encheu meus ouvidos — graças aos céus eu estava ouvindo algo que não era uma harpa angelical.

— Não sabia que estava com tanta falta assim de mim — ele disse, ainda achando graça da minha euforia.

— Meu filho, por que não nos disse que ela era sua namorada? Teríamos trago ela aqui mais cedo.

Pera... Isso quer dizer que ele já estava aqui há algum tempo?, quase surtei quando meu raciocínio fez sentido. Será que eles estavam esperando Tritão terminar de tocar mais uma de suas músicas pra virem me buscar?

Bem, continuei meio na dúvida, mas decidi deixar as questões de lado.

— Ela não... é minha namorada — completou Imma, encerrando o abraço mais cedo do que eu gostaria.

O rei arqueou uma sobrancelha, como se não compreendesse o que ele havia acabado de dizer.

— É que aqui em Atlântida eles não se abraçam se não tiverem intimidade — Imma disse baixinho.

Eu arregalei os olhos pelo mal entendido que havia criado sem querer só por estar feliz em ver Imma.

— Desculpe, Majestade, houve um engano. Nós não somos namorados. É que lá em cima, é comum amigos se abraçarem — tentei explicar desajeitadamente.

Poseidon ainda não parecia compreender, mas se limitou a um dar de ombros.

— Pois bem. Aí está sua humana, filho.

O rei apontou seu tridente prateado na minha direção e só aí percebi que sua esposa não estava na sala dessa vez — será que é o desgosto de ver o bastardo do marido?

— Obrigado, pai. Prometo fazer uma oferenda assim que possível. — Imma fez uma reverência.

Eu também acabei fazendo, não querendo que o rei me achasse uma humana mal-educada.

— E hã... será que poderia nos levar lá pra cima? — questionou Imma com timidez.

— Yume, chame a carruagem para levar esses dois — disse o rei à mulher e ela fez um gesto para que nós dois a seguíssemos.

Mesmo sendo filho de Poseidon, isso não queria dizer que Imma era um nadador tão rápido como eu — e isso é bom! —, então acabou que nadávamos lado a lado, atrás da mulher. Quando chegamos no lado de fora do castelo, a carruagem já estava à nossa espera, o que me surpreendeu com a velocidade.

Era muito bela e não possuía teto. Parecia ser feita de uma concha verdadeira porque tinha o formato de uma. Era rosada e possuía um estofado para sentar de num tom vinho. Imma entrou primeiro e me ajudou a me acomodar no banco que era muito confortável por sinal.

Não havia um cocheiro, apenas dois cavalos bem... diferentes. Possuíam patas comuns na frente, mas atrás, rabos de peixe, como as sereias da cidade.

— O que são? — me vi perguntando a Imma.

— Hipocampos. São melhores e mais rápidos que os cavalos-marinhos.

— Mantenham-se dentro da carruagem em qualquer circunstância — instruía Yume. — Eles vão levá-los até a superfície, então peço que apenas relaxem e aproveitem a viagem.

Com a deixa, os hipocampos começaram a... trotar? Nadar? Eis a questão. Não se tem nome pro que eles estavam fazendo porque parecia os dois de uma vez, então vamos chamar de... tronadar. Perfeito!

— Como soube que eu estava aqui? — questionei enquanto subíamos numa velocidade agradável.

— Malek falou comigo.

Arqueei uma sobrancelha.

— Mas como ele falou com você se estávamos presos e no momento que eu caí ele ainda seria julgado?

— Usando a conexão empática, oras — disse como se fosse algo óbvio.

— Quando?

— Numa noite. Na que ele foi capturado, se me lembro bem. Então mexi uns pauzinhos aqui e ali e consegui falar com meu pai para te relevar o castelo e te proteger enquanto eu te procurava

— E como sabia que eu ia ser jogada no mar?

— Porque é isso o que geralmente os piratas fazem. — Ele soltou uma risada.

— O que aconteceu com Malek?

— Conseguimos achar ele segundos antes dele ser enforcado. Eu, Utae e Kameel entregamos Bernard a salvo e conseguimos a liberdade dele. Aliás, um tal de Vetle mandou te dizer que “embora ele estivesse magoado por você ter tentado matar ele, ele ainda quer te dar uns amassos”.

Revirei os olhos. Tem cada garoto mais idiota que o outro nesse jogo..., me vi pensando.

— Ah, e uma Nerea disse “se mantenha longe dele, sua *******”.

biiiiip atrapalhando novamente. Não que eu já não imaginava o que ela tinha dito.

— Kameel era o mais preocupado de todos com o que aconteceu — disse Imma de repente depois de um tempo.

— Ele sempre é preocupado demais — digo num sorriso tímido.

— Ele é sempre preocupado demais com você — ressaltou ele.

— O que está querendo dizer com isso? — questionei, embora já soubesse do que se tratava.

— Ah, qual é, Kary. Zeus e o mundo sabe que ele tem uma queda por você.

Mesmo eu já tendo uma noção daquilo, não consegui evitar de acabar ficando corada.

— Ele disse isso pra você? — perguntei, embora tenha sido a pergunta mais idiota do mundo.

— E precisa? — Imma arqueou uma sobrancelha ao me encarar.

Soltei um suspiro.

— Bem, isso não importa agora. O que importa é que você me salvou e eu te devo uma. — Sorri.

— Nada disso. Você me salvou naquele dia com Equidna, então agora estamos quites.

Soltei uma risadinha.

— Verdade, se não fosse pela minha cabecinha brilhante, estaríamos mortos.

— Nem um pouco convencida — brincou ele, o que fez nós dois rirmos.

Logo o silêncio caiu — não aqueles desconfortáveis — e acabei fazendo o que Yume havia recomendado: aproveitei a viagem.

Chegamos na superfície depois de alguns instantes — que passaram bem rápido por sinal — e lá estavam os três. Utae, Malek e Kameel. Os hipocampos nos deixaram no raso do mar e Imma desceu primeiro, me ajudando a descer em seguida. Então logo os cavalos-sereia voltaram pro mar adentro.

— Olha só quem está viva — disse Utae num meio-sorriso.

Devolvi seu sorriso e corri até eles, sem me importar com as botas de metal grudando na areia. Estava feliz em vê-los — menos o Malek, claro. Cheguei perto o bastante deles e num ato surpreendente, Utae me deu um abraço.

— Você não me apronta mais uma dessas, tá ouvindo?

— Parece um irmão mais velho falando — digo, achando graça.

— Talvez eu seja — ele disse, num meio-sorriso, no fim do abraço.

Utae logo se afastou o suficiente para eu ver Kameel que eu percebi pelo seu olhar que estava cheio de vontade de me dar um abraço também. Abri um pequeno sorriso e pulei no seu pescoço e, por mais estranho que isso fosse pra mim, comprimi nossos lábios num beijo apaixonado.

E não me importei com a surpresa dos outros três que nos assistiam.


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Notas finais do capítulo

Podem vomitar arco-íris porque esse final chegou a ser fofo SIM *3*

No próximo capítulo - O reaparecimento de Xander e um novo personagem (meu outro amorzinho *3*).

Até o próximo capítulo o/



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