A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 13
O gatinho e a prisioneira


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Genteeeeeeeeee, minha vida anda tãããããão corrida esses dias hasusahusah ~ser líder de turma em pleno ensino médio não é fácil kk

Enfiiiim, diante da semana corrida, óbvio que tirei um tempinho pra vocês, Batatinhas :3 ~por isso quero muito amor pelos meus sacrifícios u-u

No capítulo de hoje - um garoto gato e um julgamento u.u

Tenham uma boa leitura o/



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Abri os olhos, mas isso não adiantou muito já que o local estava muito escuro. Senti toda parte do meu tronco completamente dormente, juntamente com os braços, por estarem muito tempo amarrados. Tombei a cabeça pra trás e descobri que a parede não estava tão longe. O local balançava de um lado pro outro, fazendo alguns nós se formarem no estômago.

Eu não fazia ideia de onde eu estava e queria muito descobrir.

— Levem-na para o interrogatório — a voz feminina familiar me despertou dos meus pensamentos.

E fui arrastada — na verdade, carregada — para o tal “interrogatório”. Quando dei por mim estava sentada numa cadeira, dentro de uma sala iluminada apenas por uma tocha presa na parede. Bem na minha frente estava aquela garota que havia me sequestrado.

Foi aí que eu parei pra reparar em como ela era. Possuía cabelos louro-platinados, ondulados nas pontas, com mechas azuis e mais alguns fios brancos em meio ás linhas azuis. Seus olhos eram do mesmo tom dos de Imma. Havia uma tatuagem de onda na sua clavícula.

— Diga quem é e eu posso começar o interrogatório — falou calmamente, me encarando.

A encarei por um momento, ponderando se diria alguma coisa.

— E então? — apressou ela. — O gato comeu sua língua?

— Eu falo se você me falar primeiro seu nome.

A garota revirou os olhos, como se o meu pedido tivesse sido o mais infantil do mundo.

— Olivia e como você sabe, filha de Poseidon — disse, fazendo um gesto de desprezo. — Pode me dizer agora ou vou ter que arrancar as palavras de você?

— Kary, filha de Quione. — Me limito somente àquelas informações.

Olivia soltou um longo suspiro, claramente insatisfeita.

— O que estavam fazendo na floresta, roubando a nossa comida?

Antes que eu pudesse responder, um garoto de cabelos roxo-escuro entrou. Seus olhos eram do mesmo tom de Vibeke e arregalei os olhos ao ver o mesmo colar que ela usava. O colar Elemental. Água, fogo, ar e terra.

Seus olhos encontraram os meus e só naquele ato eu senti a magia no ar.

— Foi você que matou Vibeke? — questionou ele, sem rodeios.

Engoli em seco com a pergunta.

— Não, mas eu sei quem a matou.

Se descobrirem o que Malek fez e irem atrás dele para matá-lo... Pense só: ele morto, sem nunca mais me encher o saco..., aquela era realmente uma ideia tentadora. Só que tinha um detalhe: tecnicamente, quem matou Vibeke foi Kameel. E quem liga? Se eu der o nome do Malek, estará feito.

O garoto bateu na mesa e aproximou tanto o seu rosto do meu, o que me assustou. Sua expressão estava dura como aço, o que me fez morder o lábio inferior de nervosismo.

— Quem foi o desgraçado que a matou? — vociferou ele.

Olivia pôs uma mão em seu peito, afastando-o um pouco de mim.

— Amor, não exagere. Temos que ir com calma.

Ele bufou, mas se afastou, resmungando alguns xingamentos.

— Então... — Ela voltou a me encarar. — Me responda.

— Não estávamos roubando sua comida. A comida era nossa. Nós caçamos ela.

— E só por causa disso se acharam no direito de levar um dos meus tripulantes? — havia tom acusatório na sua voz.

— Ei, você me sequestrou também. — Faço uma careta.

— Vocês sequestraram ele primeiro — argumentou ela.

— Porque ele tentou nos roubar e nos atacou.

— Ele não atacou vocês. Apenas usou joguinhos de luz pra enganar vocês.

— Faz alguma diferença? — soei um pouco irônica.

— Usaram a violência só porque ele brincou um pouquinho. Existe muita diferença entre o que fizemos e o que vocês fizeram.

Resolvi não continuar a discussão, então me calei. Eu estava em muita desvantagem. O garoto não tirava os olhos de mim. Parecia me analisar a cada mínimo movimento.

— Odd está assustando você? — perguntou ela quando percebeu que eu estava encarando o garoto. — Amor, para de olhar pra ela com essa cara.

Ele fez uma carranca pra ela.

— Estou apenas vigiando nossa prisioneira, Oli.

— Não precisa esquentar com isso. Eu sei que ela não vai tentar fugir. — Olivia me deu um pequeno sorriso assim que me encarou enquanto dizia a última frase.

A expressão dura de Odd não sumiu.

— Por que você não a desamarra e sobe? Conversamos depois, tudo bem?

Odd suspirou, parecendo derrotado — mais uma vez o poder feminino venceu o masculinho. Ele se aproximou dela e beijou sua cabeça antes de me mandar um olhar assustador e ir embora, subindo uma escada lateral. Junto com ele foram as minhas cordas, flutuando, o seguindo pela escada. Senti um alívio no corpo quando fui desamarrada. Ficaram marcas roxas nos locais em que estava presa.

— Homens. — Ela revirou os olhos. — São sérios demais, não acha? O que custava tirar aquela carranca da cara? Você por acaso vai tentar me matar?

— Hã...

— Não, não é? — Um suspiro. — De qualquer forma, quero saber sobre Vibeke. Você disse que sabia quem a matou. Quem foi?

— Um filho de Héstia, chamado Malek.

A garota arqueou uma sobrancelha.

— Um filho de Héstia assassinando alguém? Pensei que fossem contra isso. — Por fim deu de ombros. — Mas que importa? Melhor começar a preparar a tripulação para o ataque. — Olivia se levantou da cadeira. — E você vai nos ajudar a capturá-lo.

— Por que eu faria isso?

— Ele é da sua equipe?

Arregalei os olhos quando ela deduziu certo.

— Ele é, mas... mas eu não gosto dele. Na verdade, ficaria feliz se fossem atrás dele.

— É estranho ouvir isso. — Olivia caminhou até a escada que havia na lateral da salinha escura. — Porque se ele é da sua equipe, por mais insuportável que fosse, deveria aprender a superar as diferenças e trabalharem juntos. Dariam muito mais resultado assim. Então me diga: ele também te odeia?

Todo aquele seu pequeno discurso me fez parar para pensar por um momento. Talvez ela estivesse certa. Se tem uma coisa que eu e Malek nunca fizemos é trabalhar em equipe.

Com o meu silêncio, um sorriso surgiu no canto do seu rosto.

— Não vou ficar aqui te dando lição de moral, até porque não sou sua líder, mas é bom saber que vocês não tem esse espírito de equipe. Só me aproxima mais do meu prêmio no dia da formatura.

Então ela subiu a escada para sabe-se lá onde.

Tinham me arrastado pra dentro da sala anterior. Aquela bem escura onde eu tinha acordado. Quando acenderam duas tochas pra conseguirem me colocar lá dentro, descobri que ficava num porão de um barco. Sim, eu estava num barco, por isso balançava tanto.

Tudo ao meu redor era de madeira, mas isso não fazia com que o lugar fosse “quente e aconchegante”. Muito pelo contrário. Era muito desconfortável e frio — não que eu ligasse pra baixa temperatura, só que eu sentia que ela seria desconfortável para qualquer filho de outro deus.

Por que me arrastaram pra lá? Porque era noite e eles queriam partir logo pela manhã pra conseguirmos ir atrás do Malek. Deitei no chão de madeira, tentando pegar no sono assim que as tochas foram apagadas

Eu tentaria fugir — claro que tentaria —, entretanto, amarraram meus tornozelos um no outro, dando espaço apenas o suficiente para eu conseguir andar em passos lentos, como aquelas algemas. Então nada de tentativas naquela noite.

Depois de algum tempo, ouvi passos descendo as escadas e me mexi um pouco, sentando-me para receber a mais nova visita na minha prisão. Quando duas tochas foram acendidas na entrada, foi que ele chegou. Era um garoto tão lindo que eu senti meu coração bater forte no peito só por vê-lo descendo as escadas.

Seus cabelos louro-escuro caíam em cachos pelo seu rosto, dando um ar sensual e misterioso ao garoto. O que consegui ver de longe dos seus olhos foi um tom amendoado. Seu rosto era tão bem alinhado, com o queixo um tanto quadrado, também lhe dando um ar másculo.

— Sua comida — disse e sua voz grossa fez meu corpo derreter só de ouvir.

Ele colocou um prato cheio de carne crua e com sangue melando a mesma. Então eu percebi porque aquele garoto causava todo aquele efeito em mim assim que senti a magia da persuasão correndo pelo ar — acho que ele nem percebeu que estava usando ela comigo.

— Filho de Afrodite — deduzi.

O garoto me olhou de esguelha, dando já o sinal de que eu havia acertado.

— Filha de Quione — disse ele por fim. — Está se sentindo confortável aí? — seu tom irônico me fez revirar os olhos, embora eu estivesse completamente apaixonada pela sua voz e o jeito que pronunciava as palavras.

— Melhor impossível. — Usei meu melhor sorriso sarcástico. — Por que não senta aqui também e aproveita a viagem maravilhosa de barco?

— Só porque você tem o dom de persuasão — disse, usando um pequeno sorriso irônico que me fez morder o lábio inferior e ter uma vontadizinha de morder um daqueles lábios carnudos.

Então o filho de Afrodite sentou do meu lado, apoiando as costas na parede de madeira atrás de nós, da mesma maneira que eu.

— É tão óbvio assim?

— Um filho de Afrodite sabe quando está sendo seduzido.

Aquela palavra “seduzido”, fez os pelos dos meus braços arrepiarem.

— Eu não estava tentando seduzir você.

— Todo mundo tenta me seduzir. Eu sou filho de Afrodite. Todos me amam.

— Nem um pouco convencido — soei irônica. — Se fosse assim tão amado, teria pegado a sua chefe. Olivia não é nada feia.

— Isso é um caso isolado. — A carranca que ele fez á meia-luz, deu pra entender que havia sido rejeitado (e pelo jeito, alguém que nasceu “irresistível” não estava gostando de se sentir rejeitado por uma garota do nível de Olivia).

Olhei pra cima, querendo ver seu nível e descobri que ele era um nível 5. Talvez se tivesse tentado mais um pouquinho, teria conseguido pegar ela sim.

— Coitadinho. Levou um fora e odeia pensar nisso — o provoco.

Ele revirou os olhos com minha provocação.

— Vetle, por que você tá demorando tanto aí embaixo? — questionou uma voz feminina e logo ela estava descendo as escadas.

A garota que apareceu possuía cabelos fartos cacheados, castanhos. Um rosto fino e um corpo da mesma maneira. Um colar da clave de sol estava pendurado em seu pescoço. Seus olhos eram de um mesmo tom que o do chamado Vetle. Consegui ver que ela era uma nível 4.

— Estava apenas conversando com a nossa linda prisioneira, Nerea.

Nerea cruzou os braços e os seus seios murchos não ganharam volume como os meus ganhavam toda vez que eu fazia aquilo.

— Só porque ela tem olhos azuis. — Ela revirou os olhos, claramente enciumada. — A chefe tá mandando subir.

Resmungando algumas coisas, Vetle levantou-se do chão onde estava sentado do meu lado.

— Nossa prisioneira precisa estar preparada para amanhã.

O sorriso que Nerea me deu não foi nada amigável.

— Nos vemos amanhã, gatinha.

Revirei os olhos ao ouvir Vetle dizendo aquilo e ambos se foram, conversando coisas aleatórias. Quando as tochas foram apagadas e eu fui abandonada no escuro, minha mente vagou para o que Olivia havia me dito sobre trabalho em equipe.

E se ela estiver certa?, me vi pensando e por um momento senti pena de Malek, mas logo lembrei de todas as idiotices que ele tinha feito comigo e o imaginei na pele de Henrique, rindo da minha cara na festa de formatura. Cerrei os punhos e jurei que me vingaria dele na manhã seguinte.

Porque por muito tempo, esperei para ter a minha vingança.


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Notas finais do capítulo

HAHAHAHA, mais uma vez temos a Kary pensando nessa tal "vingança", só quero lembrar de que muitas vezes "tudo o que vai, tem que voltar" e.e'

No próximo capítulo - um fugitivo ladrão o.o "as aparências enganam" u-u

Até o próximo capítulo o/



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