A guardiã do gelo escrita por Kashinabi Chan


Capítulo 11
Malek... acabou... de... salvar... minha... vida... QUÊ?


Notas iniciais do capítulo

Hey Batatinhas Ambulantes o/

Gente, hoje eu quase morri, porque meu computador tava travando pakas e eu falei "céus, não vou conseguir postar hoje", mas agora, 20h eu finalmente to conseguindo mexer kkk me agradeçam por ser tão milagrosa quanto Malek u.u

No capítulo de hoje — Um beijo, um ataque e um salvamento inesperado o.o

Tenham uma boa leitura o/



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Nós três nos entreolhamos, sem saber o que fazer com a garota desmaiada à nossa frente. A essa hora eu e Imma já havíamos levantado e estávamos olhando pra garota inconsciente junto de Utae.

Fui a primeira a fazer alguma coisa, me abaixando e colocando a mão no braço dela pra conferir a temperatura. Estava bem gelada e só chegando bem perto consegui ver o quanto estava pálida já que Malek havia levado nossa única fonte de luz que era a lareira.

Consegui absorver o frio do corpo dela — pelo menos o suficiente pra tirar a palidez —, mas mesmo assim ela continuou desacordada.

— Utae, pode colocar ela numa das camas? — questionei e ele assentiu, pegando-a no colo.

— Coisas ruins sempre acontecem durante a noite — me vi murmurando para mim mesma.

— Veja pelo lado bom, Kary: agora você não é mais a única garota da cabana!

O comentário de Imma me fez rir.

— Já tava na hora, né?

Nós três descemos pros dormitórios no porão, encontrando Kameel, Malek e Xander conversando sobre coisas aleatórias — conversa essa que foi interrompida quando Utae colocou a garota misteriosa numa das camas. Não demorou muito até Kameel caminhar até ela, se ajoelhando perto da cama e logo colocando uma mão na testa da garota, parecendo sério.

— Você sabe o que houve? — perguntei, me ajoelhando ao seu lado.

Percebi que ele chegou um pouco pro lado antes de responder:

— Pelo que acredito, foi um desmaio de fome. Assim que ela acordar, é só dar um pouco de comida e água por alguns dias e ela se recupera.

Ou ele é gay ou está me evitando por ter raiva de mim, e novamente tive raiva de mim mesma por ter tratado ele daquele jeito. Se ele estava dando mole pra mim, e daí? Não preciso agir feito as patricinhas do colégio que faziam garotos babarem por elas mesmo pisando na bola com eles.

— Consegue saber o que ela é também? Sabe, seu pai ou mãe divino. — Cheguei perto dele de novo.

— Não. — E ele se afastou mais uma vez.

Sem querer olhei pra Utae e Imma que pareciam segurar o riso. Está tão na cara assim que agora sou eu querendo dar mole pra ele?, me repreendi mentalmente por estar fazendo tudo aquilo.

Desisti e me levantei querendo deixar ele sozinho com sua paciente.

— Nenhum risco dela estar morrendo? — questionei a Xander que observava a cena atentamente.

Ele negou com a cabeça e continuou a observar, sentado na sua cama que nem era tão afastada assim.

— Mais uma garota? Fala sério, Utae. Desse jeito você rebaixa o nível da nossa equipe — reclamou Malek.

— Calado, Malek. Você tá sem crédito comigo no momento porque a Kary conseguiu te humilhar.

Malek bufou e voltou a deitar na sua cama, virando de costas pra gente. Me limitei a soltar uma risadinha por achar a cena engraçada.

— Não tem chance dela acordar agora — informou Kameel. — Talvez só mais tarde ou quem sabe amanhã.

— Então acho melhor todos irem dormir e esperar até amanhã pra ver como ela vai estar.

Todos nós concordamos com a cabeça. Utae e Imma escolheram uma cama para si enquanto Xander apenas se deitou em sua cama e voltou a dormir. Kameel se levantou e saiu do quarto, me deixando sozinha com todos os outros prestes a dormir.

Mordi o lábio e decidi ir atrás dele. Eu tinha prometido a mim mesma de que iria pedir desculpas pelo jeito que havia o tratado mais cedo. Fui bem devagar, tentando evitar ser notada por ele e acabei conseguindo. O encontrei do lado de fora da cabana, sentado no chão, com a neve derretida ao seu redor. Um calor — não tão forte como o do Malek — emanava de seu corpo cada vez que eu ia me aproximando mais.

— Tudo bem? — perguntei assim que sentei do seu lado.

— Ah, droga, pensei que o calor te manteria longe. — Ele não parecia tão frustrado assim.

— Então... você tá mesmo com raiva de mim?

Kameel soltou um longo suspiro.

— Não é pra tanto, Kary. É só que você é uma mulher confusa e eu ando tentando te entender.

Meu rosto esquentou, não por sua frase, mas por ter me chamado de mulher.

— Me entender...?

— É, porque as vezes eu penso que você gosta de mim e depois penso mais um pouco e parece que você me odeia.

— Ei, ei, ei. Isso não é verdade. Eu nunca te odiei.

— Só que você...

— Fui grossa mais cedo, eu sei. E vim pedir desculpas exatamente por isso. Eu acho que eu tava meio... confusa — omiti.

— Tudo bem, eu entendo. Me sinto da mesma forma.

— Sério mes...?

Antes que eu conseguisse terminar a frase, seus lábios já haviam encontrado os meus, me fazendo arregalar os olhos. Aí entra outra questão: eu nunca havia beijado na minha vida. Nenhum garoto se oferecera. Até agora.

O tal beijo não durou muita coisa — até porque eu mal sabia como se devolvia um beijo! —, mas eu consegui senti o calor de um raio solar me encher por completo — no bom sentido. Ficamos nos encarando por um bom momento, sem saber o que dizer um ao outro.

— Foi meu primeiro beijo — consegui murmurar.

Aquilo só o deixou mais vermelho.

— Como é?

Sua surpresa também não ajudou a diminuir a cor do meu rosto.

— Lá na vida real, eu sou bem diferente, sabe? Não aparecia um garoto simplesmente querendo me beijar — confessei, embora sentisse vergonha de ter falado isso.

— Não consigo entender. Você é tão inteligente. Luta bem. E se defende melhor ainda com as palavras. Como é que nenhum garoto se ofereceu pra...?

— Esse é o problema, Kameel! — exclamei, me levantando. — Eu sou inteligente! Esse sempre foi o meu problema!

Ele se levantou parecendo não entender o que eu queria dizer.

— Não ouse dizer que sou linda porque já cansei de ouvir isso dos outros. — Bufei assim que ele abriu a boca. — E não me chame de inteligente porque eu odeio ser inteligente. Odeio ser eu mesma. Odeio ter nascido assim. Odeio ser...!

A porta da cabana abriu devagar naquele instante — juro que me senti num filme de terror —, produzindo um rangido alto e assustador. Estávamos a pelo menos cinco metros de distância da mesma. Olhamos na direção da porta juntos e lá estava nossa mais nova convidada, em pé, com a cabeça tombada pra frente, parecendo sonâmbula.

— Desculpa atrapalhar os pombinhos — sua voz saiu meio baixa. — Mas isso aqui é um jogo. E eu quero muito ganhar, membros da equipe B. Minha equipe inimiga.

E uma jorrada de fogo saiu da sua mão, me fazendo correr por desespero, deixando Kameel pra trás. Então tomo coragem e crio uma parede de gelo à minha frente, impedindo que o fogo chegasse até mim — mesmo que eu tenha sentido boa parte da minha energia ir junto.

Olhei pro nível daquela garota e percebi que era uma nível 7, com uma sede de sangue imensa. Só que num momento, ela pôs as mãos no rosto dando alguns passos pra trás e com um sorriso. A garota tirou um cetro das costas. Era negro e possuía uma pedra roxa que brilhava numa áurea bruxuleante.

— Onde vocês se esconderam, filhinhos de Apolo e Quione? — questionou a garota numa voz que parecia bem perto do meu ouvido.

Kameel chegou até mim e me pegou pelo braço, sussurrando:

— Eu coloquei ela numa visão falsa. Não vai durar muito porque não tem luz. Precisamos de um plano.

Então a garota abriu os olhos, nos encarando, parecendo nos ver claramente agora — parece que a visão acabou. Ela deu alguns passos em nossa direção, e foi então que vi como eram seus olhos: eram num tom arroxeado escuro, como a pedra do cetro negro e estavam longe de serem belos e vibrantes como os de Utae.

— Boa jogada, filho de Apolo. Mas ninguém engana Vibeke, filha de Hécate, com joguinhos fúteis de magias fracas.

Um frio percorreu minha espinha. Mais uma vez eu estava na frente de uma luta e me sentia sem ideias de defesa/ataque ou qualquer coisa parecida.

— Ah é? E que tal experimentar uma magia forte, mimadinha — era Malek e pela primeira vez eu agradecia por ele existir.

Então outra jorrada de fogo veio em nossa direção, mas com destino a Vibeke que pareceu atordoada, só que bem longe de se render. Malek sacou uma espada e tentou usar contra ela, entretanto, ela usou o cetro para de defender.

Antes que eu conseguisse ver o resto da luta, Kameel me puxou pra dentro da cabana — aproveitando a deixa —, até a salinha de treinamento, procurando algumas armas. Pela primeira vez estava na hora de eu usar uma espada.

Peguei a espada que Utae usava naquele dia que caçoou de mim — pelo menos tentei —, só que a espada caiu com a ponta num baque surdo no chão. Xinguei e tentei de novo, mas Kameel começou a me apressar, dizendo que não tínhamos tempo pra me ver tentando erguer uma espada, então acabei me contendo com uma adaga.

Saímos apressados da cabana e Kameel posicionou uma flecha no arco tão rápido que mal vi quando a fecha saiu e acertou exatamente o coração de Vibeke enquanto ela se ocupava em lutar com Malek. O mesmo acabou se assustando com a garota simplesmente caindo morta no chão. Então ele virou pra trás e viu que havia sido uma flechada de Kameel.

Vi um meio-sorriso no rosto do Malek em agradecimento ao mesmo e só quando ele se aproximou foi que eu vi o quanto ele estava suado. Ele colocou uma mão no ombro de Kameel e disse:

— Obrigado, cara. Mas da próxima vez que quiser ficar namorando a Kary, faça isso dentro da cabana.

E com isso, nos deixou sozinhos. Não demorou muito até Kame sair dali, murmurando um “boa noite”, agora sim me deixando completamente solitária com a visão do manto branco cobrindo a floresta à minha frente e por um momento fiquei tentada a tentar fugir de novo — dessa vez não teria o Imma procurando por Utae na floresta e nem ele pisando na minha cara —, só que o brilho fraco do colar de Vibeke me chamou a atenção.

Fui até o local onde ela tinha morrido e ali só restava o colar que eu havia visto algumas horas atrás e um fiozinho prateado. O colar ainda tinha as quatro pedras. Fogo, ar, terra e água. Assim que o senti entre os dedos, uma onda de poder invadiu meu corpo, mais forte do que eu estava habituada. Larguei o colar assustada. Havia muita magia ali.

Então arrisco pegar no fiozinho de prata que quase sumia em meio a toda aquela neve. Era tão fino que parecia que ia se partir em dois a qualquer instante — parecia um fio de cabelo. Eu não fazia ideia do que era aquilo ou o que eu poderia fazer com uma coisinha tão frágil. Só que antes de eu achar alguma utilidade, ela se enrola no meu braço, formando um bracelete prateado de três voltas no mesmo. Fiquei maravilhada e quando achei que não poderia ficar mais bonito, três pedras azuis-turquesa surgem em cada volta.

Novamente sinto uma onda de poder, só que dessa vez era nas minhas entranhas e aquela sensação me era muito familiar. Eu estava evoluindo de nível. Meus pés saem do chão e logo mais uma parte de metal aparece na minha armadura, deixando-a um pouco mais completa.

Me sentia mais forte. Cada vez mais eu me sentia mais Karysha do que Natália.

E que agora me aguardem. Porque sou Karysha, filha de Quione. Agora uma nível 3.


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Notas finais do capítulo

KKKKKKKKK, teve gente que me disse que seria a Kary a salvar o Malek, mas parece que o jogo virou, não é mesmo? u.u e awwwwn, olha o BEIJO AHAHAHAHAHA ~pensam que eu to sendo boazinha? Longe disso u.u

No próximo capítulo — dois ladrões e um Pégaso *3*

Até o próximo capítulo o/



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