Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 6
Capítulo 6 - Hannah


Notas iniciais do capítulo

Dia corrido foi ontem. Dia super corrido foi hoje, mas consegui concluir o capítulo. Desculpem a demora.
Hannah,Paul, Betina, Sebastian... prevejo confusão entre eles... não sei pq.



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Quando a dupla de amigos retornou à casa do filho do Marquês. Paul estava especialmente silencioso. Deduzindo que o colega ainda se sentia irritado por ter sido obrigado a concluir a visita, Sebastian não puxou conversa. Até porque também não se sentia com vontade de falar. Menos ainda de enfrentar uma discussão repleta de explicações sem sentido.

Já na residência do Barão. O clima se mostrava completamente diferente. As expectativas para os próximos dias eram as melhores possíveis. Sir Sebastian deixava muito claro que estava prestes a realizar o pedido. Em contrapartida, o Conde, um pouco mais reservado do que o amigo, se mostrava menos entusiasmado. Porém, Charlote Larkin tinha certeza que isso passaria em breve, tão logo Hannah o incentivasse a ser mais afoito abrindo espaço para a declarada corte.

O próximo evento social seria um baile. Desta vez na residência do Visconde de Burnside, em dois dias. Desta forma, Paul Woode contabilizava que depois dessa noite teria pouco mais de vinte e quatro horas para permanecer sob aquela torturante situação. Principalmente, porque seu interesse crescente por Betina se mostrava complicado de esconder.

Enquanto observava a própria imagem no espelho, o rapaz moreno e alto concluía a arrumação do lenço. Estava se sentindo péssimo com aquilo tudo. Sebastian estava aficionado, só pensava e falava em Betina e em como fazer o plano funcionar. Tudo o que o Conde esperava realmente naquele momento, era fugir dali antes de fazer alguma besteira que colocasse a amizade deles no lixo.

Porém, sentia que Sebastian exigiria dele até a última gota de sangue e lealdade. O amigo estava alucinado naquela empreitada. Estava disposto a manter correspondência com a menos bela das irmãs Larkin, estava disposto a pagar propina ao enpregado para fingir que a correspondência vinha de fora e que também lhe entregasse as que Hannah enviasse.

Suspirou pesadamente, pensando que aquela história não acabaria bem. Se descobrissem o que o jovem Sebastian Evans, com a ajuda dele é claro, fizera. Todos acabariam em maus lençóis.

**************

O casal Larkin, acompanhado das filhas, chegou cedo ao segundo evento realmente relevante da estação. Betina, num vestido amarelo ofuscava quem quer que estivesse num raio de dez metros dela e seu rosto perfeito indicava que a garota sabia disso. Hannah optara, com a ajuda de sua criada pessoal, por um vestido verde que tornava seus olhos ainda mais expressivos e parecia fixar a cor numa única tonalidade em lugar de alterar-se entre o verde e o azul. Entretanto, nem mesmo esse subterfúgio parecia capaz de lhe deixar em posição de fazer frente à irmã caçula.

Naqueles dois dias, ela tivera a oportunidade de encontrar-se com sir Wood apenas uma vez, durante a tarde, no passeio público. Pensou enquanto revisava com o olhar o salão já ocupado por um grande número de pessoas. Porém, eles mal conversaram. O conde caminhara ao seu lado silenciosamente distante, depois a auxiliou na tarefa de jogar migalhas aos patos. Quando voltaram para casa, havia flores destinadas a ela novamente. Desta vez Jasmim. Hannah amava jasmim, apesar do aroma peculiar que desagradava a muitos, aquela era sua flor favorita. Talvez por isso mesmo, por não ser exatamente uma flor admirada e procurada.

Seus sabonetes, seu perfume levavam a essência de jasmim na base. Sentindo o aroma das plantas, ela acreditara que aquilo deveria significar algo. Se sir Wood percebera sua preferência, quem sabe ali estava o sinal que ela esperava para contrabalançar o aparente desinteresse dele quando estavam juntos.

De qualquer forma, independente do comportamento estranho de Sir Wood, as flores eram reais, a visita fora real. E era real também aquela ansiedade que ela sentia no peito pela primeira vez, na busca por alguém especial. Nunca antes ir a um baile representara a possibilidade de passar algum tempo junto a um representante do sexo masculino. Um representante do sexo masculino que poderia vir a ser seu marido... um dia.

E lá estava e o Conde, parado junto a Sir Sebastian. Distraidamente os dois conversavam com outros homens, num grupo exclusivamente masculino. Seu coração acelerou diante daquela visão. Quando ele a veria? Será que se aproximaria? Será que agiria com mais intimidade? Será que a chamaria para a dança? Será que... a agitação somente crescia. Apertando uma mão contra a outra esperava, esperava, esperava esperançosamente pelo momento da aproximação. Que só aconteceu quando Sir Evans tomou a direção de sua irmã. Não antes disso.

Tão logo os primeiros cumprimentos aconteceram, Sir Wood a convidou para dançar. Pedindo imediatamente duas danças em sequência.  Mas como acontecera no passeio, eles não conversaram. Apenas dançaram.

A primogênita dos Larkin estava completamente apaixonada por seu amigo, Sebastian percebeu. Os olhos totalmente verdes naquela noite, verde mar, se fixavam no rosto do conde em contemplativa admiração. Paul parecia não compreender isso e agia de forma fria e distante com a garota. De que jeito seu plano seguiria em uma direção segura se Paul não o ajudava como deveria?

Aquela noite, contrariando as expectativas da família das moças, não foi produtiva. Sebastian dançou com Betina todas as vezes que as regras permitiam, e permaneceu ao lado dela o quanto pôde, mas isso de nada valia se Wood não fizesse a parte dele. E a discussão adiada por dias finalmente se estabeleceu entre os amigos. Causando a partida antecipada de Paul para a casa do irmão do outro lado do país sem deixar qualquer aviso ou desculpas para Evans ou Hannah. Diante disso, o filho da marquesa precisou tomar suas providências para que a situação não desandasse de vez.

O primeiro bilhete foi escrito e enviado para Hannah em nome do Conde Wood, manipulado por Sebastian Evans.

“ Cara senhorita Larkin

É com grande tristeza que lhe escrevo esta pequena mensagem. Ainda esta manhã, ao retornar à casa de Evans, após a regular caminhada matinal me deparei com uma carta de mamãe. Nela está expressa a necessidade de um pronto retorno por motivos de doença familiar. Sei que compreenderá a urgência que me leva para longe. Assim como sei que tem conhecimento de que seguirei meu caminho com as lembranças dos dias que aqui vivi.

Assim que possível voltarei a escrever-lhe, se a senhorita me permitir. E lhe peço que se concordar, envie uma resposta positiva para meu amigo Sebastian, ele saberá onde me encontrar e encaminhará sua carta.

Com grande tristeza me despeço.

Conde Wood”

Assim que leu esta pequena carta, Hannah sentiu como se seu mundo estivesse novamente desabando. Seu único pretendente em quatro anos estava indo embora. O impacto inicial daquela epístola a desmontou completamente, mas logo, sua criada pessoal a alertou para o fato de que Sir Wood tinha interesse em manter correspondência com ela. E a incentivou a responder.

Levemente mais calma, Hannah releu a carta. Havia ali indícios reais de que ele gostaria de se comunicar com ela através de mensagens. Uma pena que o único intermediário para essa transação fosse Sir Sebastian. Alguém em quem ela não confiava. Aquele homem não era digno, ele não amava sua irmã. Ele a queria, mas não a amava. E a faria muito infeliz.

— Vamos escrever. – disse saltando da cama em direção a mesinha próxima a janela. A criada lhe trouxe papel de carta, tinta, caneta e o lacre. Estava tudo pronto para que a resposta fosse dada.

Em poucas e tradicionais linhas, ela explicou que aceitava se comunicar com o Conde. Aceitava o fato de que Sir Evans lhes serviria como intermediário. Aceitava as palavras generosas de seu possível pretendente. Era a primeira vez que agia por impulso, tomada por um desejo que estava além de seu temperamento ameno e recatado.

— Agora só nos falta enfrentar a fera. – falou ao concluir o texto. Repassando mentalmente a exigência feita por Wood.

— O que a senhorita vai fazer? – a criada perguntou surpresa pelo olhar determinado da moça. Nunca a vira daquela forma antes.

— Vou procurar Sir Evans. Se ele vai servir como intermediário. Preciso falar com ele para ter certeza de que está disposto a prestar esse serviço.

Escrever uma carta resposta era uma coisa. Outra bem diferente seria procurar um homem como sir Sebastian Evans. Imediatamente a criada tratou de alertar:

— O Conde deve ter falado com ele senhorita. Sir Wood não sugeriria isso caso o amigo se recusasse.

Hannah concordava, porém, precisava ouvir isso dos lábios do filho do Marquês.

Com a desculpa de que gostaria de passear, ela saiu de casa acompanhada apenas pela criada. Surpresa e totalmente perdida com o pedido inusitado da filha mais velha, Charlote Larkin não recusou. Talvez, ela tivesse marcado de se encontrar com o Conde. E não seria ela a impedir esse encontro. Pois, se há alguns dias, alguém lhe dissesse que Hannah sairia de casa por livre e espontânea vontade para “passear” com certeza a baronesa não acreditaria.

Assim que saíram de casa, rapidamente a dupla se dirigiu para o endereço de Sir Evans. Durante todo o trajeto, Hannah se perguntava se teria a coragem de entrar na casa de um homem solteiro, tido como conquistador e mulherengo. Um libertino que praticamente estava comprometido com sua irmã. Em passos rápidos apenas caminhava, caminhava, caminhava, sem querer pensar no que estava fazendo. Atrás de si ouvia claramente as passadas de sua criada. Se não fosse por ela, provavelmente não teria condições de fazer aquilo.

Quando o número buscado, no meio da quadra de casas iguais, surgiu. O sangue gelou. A coragem se foi. Nervosa Hannah apertou a bolsinha entre os dedos. Dentro dela estava a carta direcionada a Sir Wood. Sentindo o volume do papel dobrado sob o tecido fino, só então teve forças. Forças para seguir em frente e tocar a sineta pendurada ao lado da porta.

O criado surgiu rapidamente, bem vestido. Aprumado, sisudo, e antipático.

— Sir Evans está?

Ela perguntou controlando a voz e o coração. Já fizera mais do que deveria. Não havia como voltar atrás.

— A quem devo anunciar? – o tom de voz era seco, sem vida ou qualquer tipo de emoção. Não ajudando em nada.

— Senhorita Larkin. Senhorita Hannah Larkin.

Sebastian revia seus livros de contabilidade quando o mordomo bateu a porta do escritório e segundos depois entrou.

— Com licença senhor... há uma moça a porta que deseja vê-lo.

Nem um pouco surpreendido com a informação, Sebastian não deu muito atenção. Estava ocupado. Mesmo assim perguntou:

— De quem se trata? Deu alguma informação sobre o assunto?

— Não senhor... apenas disse o nome. Senhorita Larkin.

Os olhos azuis se ergueram dos cadernos para o homem impassível a sua frente.

— Qual senhorita Larkin? Ruiva ou loira?

Perguntou ficando em pé. Naquele momento, diante da informação, o desinteresse acabara.

— Ruiva senhor. – ouviu sentindo uma leve vibração de satisfação.

Hannah Larkin viera a sua procura? O que isso significava? Será que a mensagem surtira o efeito esperado ou ela... ? Não, não havia como a garota descobrir o que estava realmente acontecendo. Quem escrevera a carta.

— A acomode na sala principal, uma jovem como ela não pode ser recebida em meu espaço intimo.

Bertran tinha uma solução para isso.

— Ela veio acompanhada pela criada senhor.

Sensata. Sebastian pensou despachando de vez o criado para que fizesse o que lhe fora ordenado.

Respirou fundo sentindo-se estranhamente sacudido por um sentimento de curiosidade. Aquela garota tímida que, segundo seu amigo, mal falava, estava a sua porta? Acompanhada apenas pela criada? Hannah Larkin se mostrava mais corajosa e impávida do que ele  jamais imaginara que ela era.

Alguns segundos já haviam passado ele pensou se ajeitando dentro da casaca. Bertran com certeza já a acomodara. Estava na hora de ir ao encontro da garotinha ruiva. Descobrir se ela mordera a isca.


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Notas finais do capítulo

A conversa deles? no próximo capítulo, q não sei se sai amanhã, sábado ou domingo. Tudo depende das atividades que me ocuparão completamente nos próximos dias. BJJJJJJJJJJ amando ter vcs aqui. Espero q tenham paciência para que o relacionamento deles finalmente tome um caminho diferente daqueles que cunhados usufruem.