Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 5
Capítulo 5 - Flores e Borboletas


Notas iniciais do capítulo

Estou começando... acho q vou amar esses dois também. kkkkkkkkkkkkkkk BJ



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A manhã depois do sarau literário surgiu mais escura e fria do que normalmente para aquela época do ano. Hannah aproveitou para permanecer em seu quarto e recolocar a leitura em dia. Ou melhor, reler algo que já havia sido devidamente lido.

Sentada perto da janela, a jovem ruiva desfrutava do silêncio bem vindo quando ouviu duas batidas na porta seguidas por um trio enlouquecido de mulheres a invadir o quarto. Eram: sua mãe, sua irmã e sua criada pessoal, que se mostravam eufóricas e agitadas com algo.

Erguendo os olhos da página do livro encarou-as séria querendo saber o motivo daquela interrupção inusitada.

— A casa está incendiando? – perguntou mesmo sabendo que apenas sua criada pessoal viria em seu socorro caso a hipótese fosse real.

— Não seja tola! - a mãe ralhou antes mesmo de cumprimenta-la – Venha conosco – Charlote ordenou em seguida, enquanto sorria satisfeita e explicava: – Há uma surpresa para você no hall.

— Surpresa para mim? – o que poderia ser?

— Sim senhorita! Algo inusitado. Sei que adorará. – lá estava a criada, também  depositando um olhar extremamente estranho sobre ela. Sem falar naquele tom de voz!

— Você precisa vir logo, estamos curiosas! – Betina foi a última a falar parecendo a menos entusiasmada do trio.

— Mas o que é? Digam logo! – voltou a perguntar enquanto a irmã e a criada praticamente a arrastavam quarto a fora do quarto.

— Flores! – a Baronesa disse batendo palmas – Você recebeu flores!

Hannah estacou no meio do corredor. Flores? Ela? Não!

Não era verdade! Depois de todas aquelas temporadas em branco, sendo ignorada pelo sexo masculino, ficando a margem da pista de dança. De repente ela recebia flores. Será que estava sonhando?

— Caminhe! – Betina insistiu empurrando-a sem delicadeza.

Os passos se seguiram automáticos para a escada, degrau por degrau, até ingressar no hall, onde seu pai, parado, com as mãos nas costas e a barriga saliente a observava parecendo feliz.

Sobre o aparador, em frente a um espelho com moldura trabalhada, havia um enorme buquê de orquídeas lilases. Lindo em toda a sua extensão.

— Quem enviou? – a Baronesa perguntou estendendo o cartão envelopado para a filha.

Era um milagre que até aquele momento ninguém tivesse aberto e lido. Hannah pensou ao observar o pequeno invólucro. Com as mãos tremendo, ela finalmente retirou o delicado papel de dentro do envelope. Era rosa quase lilás como as flores. Uma letra bonita e firme escrevera:

“Espero que seu amanhecer seja radiante como foi minha noite.

Cordialmente, Conde Wood”

— Sir Wood. – ela falou sem desviar os olhos do papel. Ainda não conseguia acreditar que ele enviara aquelas flores. Durante todo o tempo em que conversaram, Hannah o sentiu estranho, era como se ele estivesse ali, falando com ela por obrigação. Mas, ao mesmo tempo, ele fora simpático, solícito, extremamente agradável. O que produziu muita confusão de pensamentos na mente da garota.

O bilhete saltou de suas mãos para as da mãe. Afinal, já havia sido lido, poderia agora ser visto por todos os membros da família e até pelos empregados. Enquanto o pedaço de papel rosa era comentado, visualizado, decorado, babado Hannah se sentou perto do buquê, sentindo seu aroma.

Orquídeas. Flores tão delicadas que significam beleza, amor, pureza, força... luxúria... seu corpo se arrepiou. Será que sir Wood estava mesmo interessado nela? Será que seu martírio junto à família por causa da inexistência de pretendentes acabaria?

Seria pedir demais que assim fosse? Pensou aspirando o aroma da planta com os olhos fechados. Se imaginando caminhando em direção a nave da igreja, sob o som de Ave Maria, conduzida pelo pai. E ele, Conde Wood a sua espera sorrindo.

Abriu os olhos rapidamente dizendo a si mesma que nunca fora o tipo de garota que sonha acordada, ou que sonha romanticamente com qualquer tipo de homem. até já estava preparada para casar com algum nobre falido, que a procuraria apenas por causa de seu dote.

Seus olhos se arregalaram diante de tal pensamento. Será que esse era o caso do Conde Wood?

Enquanto isso, longe dali, na residência de sir Evans, Sebastian lia jornal, quando Paul ingressou no cômodo com ar de enfado.

— O que faremos hoje? – perguntou se sentando perto do amigo, jogando os pés sobre uma pequena mesinha que repousava no centro do cômodo, ignorando o fato de que o outro estava lendo.

Sebastian não se deu ao trabalho de mover os olhos para responder:

— Mais tarde iremos ao passeio público. – e em seguida lembrou de algo importante que seu amigo deveria saber: - Antes que me esqueça... – desta vez ele baixou o jornal antes de encarar o amigo – Podemos encontrar com as irmãs Larkin durante o passeio.

Ao ouviu o nome da dupla, Paul logo percebeu que era outra das encrencas de Sebastian.

— Eu enviei orquídeas para a senhorita Hannah, em seu nome, esta manhã.

Qualquer coisa poderia ser, mas aquilo? Sebastian enlouquecera de vez.

— Como é? – Paul se sentou melhor acreditando que ouvira mal. – Você mandou flores para alguém em meu nome?

— Não é simplesmente alguém. É minha futura cunhada.

— Que seja! Você não poderia fazer isso! – Paul parecia muito irritado.

Sebastian o ignorou e antes de falar voltou a erguer o jornal.  

— Eu queria jasmins, mas não havia, fui a duas floriculturas e não encontrei. Então comprei orquídeas. Porém, acho que jasmim combina mais com ela.

Paul estava deveras incomodado com aquilo.

— Você está passando dos limites Sebastian. Está ficando louco com essa conquista, e vai acabar me levando a loucura também. Essa garota não me deixará em paz depois...

A expressão irritada no rosto de Paul demonstrava muito bem o quanto aquilo lhe incomodava. Ele conhecia o amigo, sabia que quando colocava uma ideia na cabeça, era difícil dissuadi-lo de muda-la. Mas, até para ele, tudo tinha limite.

— Mandou para sua adorada futura noiva também? – perguntou azedo.

— Não... – Sebastian respondeu sem olhar para o amigo.

— Não? E mandou para a irmã dela? Que jogo é esse Sebastian?

Evans tinha resposta para tudo.

— A irmã dela já está no papo. Quando me decidir a fazer o pedido, sei que ela aceitará. Porém, preciso que a outra se comprometa com alguém ou Betina... – agora ele lembrava o nome, afinal o repetira varias vezes na noite anterior – não poderá se comprometer comigo.

Um som abafado e irritado saiu dos lábios do outro, novamente desviando os olhos azuis da leitura, Sebastian encarou o amigo, precisava tranquiliza-lo mais uma vez.

— Não se preocupe, você não será obrigado a casar com ela. Vou dar um jeito nisso.

Paul não estava tão certo. Flores, cartas, só lhe faltava o amigo querer fazer visitas para as irmãs. Ai sim, estaria perdido. Não haveria como escapar de um pai que acredita que a filha já está comprometida porque recebeu uma visita. E pior ainda eram os pais das encalhadas. Como era o caso de Hannah, mais desesperado ainda.

**************

Um dia se passou, o passeio programado para a tarde precisou ser cancelado devido a leve garoa que se instalou sobre toda a cidade. A reclusão obrigou Sebastian a pensar em novas estratégias que o conduzissem a um resultado positivo. E o medo de Paul se transformou em realidade quando o amigo, durante o jantar, lhe informou que no dia seguinte eles iriam até a residência dos Larkin.

Seria uma visita de reconhecimento. E Wood iria apenas como acompanhante. Mas, o rapaz acreditava que depois do buquê enviado por Sebastian, uma visitação não seria vista de modo tão simples.

Qualquer argumento do qual pudesse se valer para evitar o encontro com a irmã da pretendente do amigo na casa dela, parecia não surtir qualquer efeito sobre Sebastian. Ele estava determinado a sair vencedor nesta batalha e não importava sobre quem teria de passar para conseguir isso.

Desistindo de discutir o assunto, Paul foi para o quarto. O tempo estava passando, ele teria apenas mais cinco dias ali. Depois, Sebastian que se virasse sozinho para resolver a presepada em que se metera nessa conquista.

Desta forma, logo no início da tarde eles chegaram à residência do Barão. Entregaram o cartão e esperaram pela resposta. Minutos depois o criado veio busca-los e conduzi-los a sala principal onde a família se encontrava.

Assim que ingressaram no ambiente puderam ver que a cena fora armada para recebê-los. Betina estava sentada perto da mãe, com um bordado nas mãos. A Baronesa fingia ler um folheto. Hannah olhava a porta com atenção. Parecia a única interessada nas visitas. E assim que eles entraram ficou em pé sorrindo.

A ruiva estava mesmo sorrindo? Sebastian se perguntou olhando da garota para seu amigo. Era claro que os olhos dela estavam fixos nele. Enquanto Paul... Paul estava mesmo olhando para Betina?

Irritado Sebastian cutucou o amigo. Mesmo sabendo que sua futura esposa era bela, e que sua beleza atraia olhares masculinos. Ele precisava se conter. Afinal, Paul estava mesmo interessado na outra. Até enviara flores.

Os cumprimentos se seguiram em direção aos recém chegados. Eles foram convidados a sentar. Paul foi agraciado com a gentileza de poder sentar-se ao lado de Hannah. Já Sebastian se acomodou perto de Betina.

Os pais ficaram por ali por pouco tempo, depois, o Barão e a esposa escaparam da peça dando uma desculpa esfarrapada qualquer.  Deixando a sós o quarteto.  Perdido, Paul não sabia o que dizer à jovem sentada ao seu lado e que se mostrando mais calada do que na outra noite, apenas movia as mãos uma contra a outra.

Já Sebastian procurou entabular uma conversa simples com sua pretendente. Mas, de vez em quando seus olhos eram atraídos para a outra dupla que permanecia em silêncio.

— Hannah gostou muito das flores que o senhor enviou. – a voz delicada de Betina ecoou de repente acabando com o silêncio e Evans agradeceu aos céus por isso - Não foi Hannah?

— Sim! Muito... – ela respondeu corando e olhando para Paul. – Muito obrigada Conde Wood... são lindas.

— Ela as colocou no quarto. – Betina informou provocando ainda mais o rubor no rosto da irmã e Sebastian riu internamente. Certamente que se fosse Jasmim Hannah teria gostado ainda mais, mas na falta delas, ele tinha certeza de orquídea serviria perfeitamente. Como realmente serviram.

Se remexeu na cadeira dizendo a si mesmo que na próxima vez, precisava fazer uma busca mais efetiva. Deveria ser Jasmim.

— Foi um prazer. – Paul respondeu cordial – Fico feliz que tenha gostado. – e imediatamente seus olhos se encontraram com os de Sebastian.

— Pensamos que o senhor viria ontem a tarde. – Betina continuou. – Mas depois, acreditamos que o clima úmido tivesse atrapalhado.

Lá estava a confirmação do que dissera ao amigo durante o jantar na noite anterior. Sebastian não poderia negar que fora avisado. Bem avisado.  

— Estivemos ocupados. – Evans mentiu. Nada havia para fazer. Mas, ele não estava interessado em fazer visitas. Nem mesmo a Betina.

Os olhos dos três seguiram para ele. Paul indicando que ele estava mentindo. Betina parecia encantada com tudo o que ele dizia, não importando quão idiota fosse. Já Hannah, havia ressentimento, irritação, desdém naquele olhar de mar. E ele se perguntou porque ela não gostava dele.

O que na verdade não tinha qualquer importância. Sua futura cunhada deveria se interessar por Paul, não por ele. Mesmo assim, importava. Fora ele quem buscara as flores, quem enviara o cartão. Quem se preocupara em... claro que o motivo para isso não poderia ser considerado como honrado. Porém todos sabiam que na guerra e no amor vale tudo.

Os olhos verde mar se voltaram para Paul novamente, com o mesmo encantamento de quando eles chegaram. Ele se aprumou na cadeira sem ouvir o que Betina lhe dizia. E de repente a moça se ergueu dizendo que iria pedir um chá, porém, antes de sair da peça, sugeriu a irmã que mostrasse o jardim para sir Wood. Apavorado em se encontrar a sós com Hannah, Paul alterou a sugestão alterando para a ideia perfeita de que todos eles fossem ao jardim tão logo a caçula dos Larkin retornasse. E sua proposta foi prontamente acatada.

Enquanto caminhavam em direção ao jardim Hannah observava mais detidamente Paul. Apesar das flores, da conversa amena e dos sorrisos que ele lhe oferecia. A sensação de que o rapaz não estava onde desejava estar não a abandonava. Ao contrário de sir Sebastian, que olhava e admirava sua irmã em cada gesto e fala, o Conde se mostrava simplesmente cordial. Mas não interessado.

Eles saíram numa área grande, onde muitas espreguiçadeiras estavam dispostas. Um jardim bem cuidado se estendia dos dois lados do caminho de pedras que levava ao chafariz. Eles caminharam silenciosamente até o ponto máximo que as regras de convivência permitiriam. Betina, um pouco a frente, de braços dados com sir Evans, tagarelava sem parar.

Quando chegaram ao chafariz todos pararam. Paul se interessou pela escultura em pedra mármore que estava no meio da peça e Betina tratou de lhe explicar quem a esculpira, de onde seu pai a trouxera, quanto pesava, há quantos anos estava ali, e tudo o mais que soubesse a respeito.

Hannah se viu isolada, longe da conversa. Seus olhos foram então atraídos para as borboletas que povoavam uma parte do jardim. Todos os anos havia uma profusão delas, de todas as cores e tamanhos. Ela gostava de sentar ali para ler e ver as pequenas voarem a sua volta.

— Muito belas... – ouviu de repente a voz de Sebastian perto demais, muito mais perto do que esperava.

— Sim, são... – disse simplesmente.

— Gosta de borboletas? – ele perguntou se inclinando levemente para frente, na tentativa de ficar mais próximo.

Será que não era óbvio? Ela se perguntou, mas respondeu antes de encará-lo.

— Gosto.       

Sebastian então lembrou de James.

— Meu irmão tem uma linda coleção... está reunindo o máximo de espécimes que consegue. Não sei quantas tem com exatidão, mas como coleciona desde menino... o número deve ser grande.

Mas seu comentário não surtiu o efeito desejado.

— Gosto delas assim... voando. Não mortas em um mostruário.

Ao contrário de se sentir irritado, ele compreendeu bem os sentimentos dela, porque esse era um dos motivos das poucas brigas que tivera com o terceiro filho do Marquês. Mas, antes que dissesse algo, uma das borboletas pousou sobre o braço de Hannah. Sebastian ergueu o punho sem pensar, passou o dedo rente a pele dela atraindo o animal para sua mão.

Desta vez foi Hannah quem sorriu fixando o olhar no dele. Novamente a sensação de que ela era uma alma tão pura quanto as flores que enviara o invadiu. Porém, antes que voltassem a falar, ouviram as vozes de Paul e Betina que se aproximavam ainda comentando sobre a escultura do chafariz. A conversa curta se acabara pois a borboleta voou e a loira em segundos esteve presa ao braço de Sebastian novamente.


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Notas finais do capítulo

Será que a gente sabe quando nossa cabeça e nosso coração nos levam para direções diferentes? Acho que Hannah vai amar e odiar Sebastian... eu já o amo e odeio kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk BJ garotas, amando ter vcs aqui. OBRIGADA
qualquer erro, por favor me avisem.



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