Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 20
Capítulo 20 - Conversas


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora meninas. Estive ocupada neste dias. Muito movimento nesta casa. Mas, o capítulo saiu, espero q ele esteja bom.



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Naquela noite, Sebastian passou na casa de James antes de seguir para o próprio domicilio. Precisava conversar com alguém que fosse capaz de escutá-lo e de oferecer uma opinião sensata sobre tudo o que estava lhe acontecendo.

O irmão estava acordado como Evans supôs ao ver as luzes nas janelas frontais. E o recebeu com certa reserva, parecendo desconfiado.

— Estou atrapalhando? Você estava ocupado?

James negou as alternativas do irmão e o conduziu para o escritório enquanto comentava sinceramente:

— Estou apenas surpreso com sua visita. Há muito tempo não vem a minha casa.

Era verdade. Sebastian pensou enquanto se acomodava no estreito sofá amarrotado e roto, imaginando se todos os Evans eram tão relapsos com suas moradias.

— Me acompanha em uma dose de conhaque?

— Claro!

Vendo o irmão se dirigir ao balcão escondido na prateleira logo atrás de si, Sebatian aproveitou para brincar:

— Um irmão não pode visitar o outro sem ter um motivo? – o fingimento do mais velho alertou ainda mais o sempre desconfiado James.

— Sebastian! Não subestime minha inteligência. Conte-me logo o motivo inusitado desta visita inusitada.

Diante da risada satisfeita do mais velho James continuou:

— Algo aconteceu para que você viesse me ver... o que foi? – desviou por um segundo os olhos do copo para encarar o outro atirado confortavelmente no sofá.

— Você é muito desconfiado James. – Sebastian retrucou enquanto se esticava e cruzava um pé sobre o outro.

Desta vez a risada ecoou na outra ponta da sala.

— E a tal senhorita Smith? – Evans lembrou do comentário feito por Cíntia durante o baile... aquele baile em que sir Pierce assediara Hannah descaradamente.

— Cintia não deixa nada passar. – foi a resposta pouco clara de James, entretanto, quando se voltou o rapaz trazia um ar solene no rosto bonito. – Mas, preciso lhe confidenciar que estou mesmo interessado na senhorita... em Sabrina.

— Sabrina? Já a chama pelo nome? Então Cintia estava mais do que certa... aquela nossa cunhada é um perigo ambulante. Preciso lembrar de não deixá-la sozinha com Hannah.

— E vai resolver? – James perguntou se sentando também e antes de tomar um gole voltou a falar sobre Sabrina. – Não sei como mamãe vai reagir a ela.

— Mamãe estará tão feliz em ver dois de seus filhos casando que nem se preocupará com nada... – mas de repente, Sebastian se preocupou, a marquesa era generosa e uma mãe afável na maioria das vezes, porém, quando contrariada podia se transformar em uma megera. – Afinal qual o problema com a senhorita Smith?

James balançou o copo suavemente, provavelmente Sebastian o procurara para falar sobre algum problema e era ele quem estava se abrindo. Isso geralmente acontecia entre eles.

— Ela é independente. Não tem pais, vive sozinha, estuda comigo e é minha auxiliar... você acha que mamãe aceitará como nora uma mulher tão independente? Que não se apega as regras da sociedade?

Era óbvio que no momento de escolher alguém, James fugiria do padrão. Se sua mãe não soubesse disso estava completamente cega. Mesmo assim, Sebastian sabia que o problema de James era bem mais sério do que o dele. Afinal, ele apenas queria transferir a data do casamento. Apenas isso.

— Sinceramente não gostaria de estar na sua pele. – ele foi sincero – Eu vim aqui porque estava preocupado com a reação dela diante da minha necessidade de alterar a data do casamento. Mas seu caso é bem pior...

— Não acredito nisso Sebastian! – James falou alto – Já está arrependido de ter pedido a senhorita Larkin em casamento? Mas ela é uma moça tão...

Sebastian ergueu a mão diante do rosto obrigando o irmão a parar de falar. James estava entendendo tudo errado.

— Estou apaixonado por ela. – era a única maneira de fazer o outro crer em suas palavras. – Quero acelerar o casamento e não adiar ou fugir dele.

Olhos desconfiados o encararam.

— Não me olhe assim... estou sendo sincero. Mas, assim como você, estou perdido. Como falar sobre isso com mamãe? Ela vai me passar um sermão antes mesmo de saber o motivo da pressa.

Um riso nervoso escapou dos lábios de James.

— Parece que estamos os dois encrencados. O que acha de falarmos juntos com a senhora marquesa?

Não era uma ideia de todo ruim. Na verdade, eles dividiram tudo, desde o nervosismo até o sermão que certamente seria longo e muito extenuante. Mas, para Sebastian a situação se resolveria em breve, Celine já conhecia Hannah e gostava dela. O mesmo não acontecia com a senhorita Smith, o que poderia atrapalhar consideravelmente a situação.

 De qualquer forma quando finalmente voltou para casa, Sebastian estava mais tranqüilo, a conversa com o irmão ajudara bastante e no dia seguinte os dois seguiriam juntos no intento de enfrentar a mãe.

Depois dessas questões resolvidas, Evans dormiu como um anjo. Tudo o que estava pendente e que por diversas vezes o perturbou, se foi. Não havia qualquer insegurança em seus pensamentos, ele finalmente sabia o que queria. Queria Hannah. Estava apaixonado por ela e seu casamento seria a conclusão desse sentimento especial.

Quando acordou cedo, cantarolando e sorrindo, encontrou Wood já a mesa, realizando o desjejum. Assim que viu o amigo se aproximar com ar zombeteiro e um sorriso estampado nos lábios Paul logo quis saber o motivo daquilo.

— Preciso falar com mamãe... – foi a resposta pouco elucidativa que obteve.

Wood se jogou para trás enquanto afagava o queixo com a mão. O que estava acontecendo com seu amigo agora?

— Você fala com sua mãe praticamente todos os dias Sebastian.

Sem se dignar a encarar o amigo ele continuou o que fazia.

— Preciso acelerar o casamento. – explicou enquanto descascava uma pera.

Wood fechou os olhos levemente, voltou a abri-los. Se inclinou para a frente e apoiou os cotovelos na mesa antes de perguntar:

— O que você andou fazendo com minha futura cunhada?

Os olhos azuis do outro se fixaram nos do conde. E pareciam trazer uma expressão zangada e irritada estampada neles. A voz quando saiu pareceu tão firme e sincero quanto o olhar.

— Nada... não fiz nada. E é por isso que preciso acelerar esse casamento.

O outro riu alto. Tão alto que Sebastian acreditou que contara alguma piada.

— Não acredito em você.

O comentário não obteve resposta imediata. Na verdade o ladrão de corações devorava a pera vorazmente. A fome era grande. Paul aproveitou o momento e continuou a fala:

— Quer dizer que seu interesse é única e exclusivamente poder usufruir dos prazeres da vida com Hannah depois de casado?

Sebastian só aguentava aquela conversa porque estava de muito bom humor naquela manhã, não havia mais segredos entre ele e Hannah. Ele estava apaixonado por ela, ela estava apaixonada por ele. E eles iriam se casar. O que mais ele poderia querer?

— Tudo o que eu quero é ficar com ela todos os dias... e tirá-la daquele ambiente onde é menosprezada. Onde não é devidamente valorizada.

O conde cruzou os braços sobre o peito. Voltou a apertar os olhos. Será que estava vendo seu amigo sucumbir aos encantos e as sardas da garotinha ruiva?

— Você está apaixonado?! – era uma pergunta, mas não precisava de resposta. Paul já compreendera tudo. Para que explicações?

Mas, na casa do barão, a situação não era tão leve, nem a conversa tão descontraída quanto na de Sebastian. Charlote descobrira através dos empregados, que sua filha e o noivo passaram muito tempo trancados dentro da biblioteca, sozinhos. E Hannah foi chamada para dar esclarecimentos sobre a situação.

— Nós conversamos sobre o noivado. – ela mentiu enquanto se sentava diante da mãe e observava a mulher encará-la irritada.

— Não nasci ontem Hannah, sei bem o que pode acontecer entre um homem e uma mulher que ficam tanto tempo sozinhos em um ambiente. Você foi totalmente irresponsável! Não pensou nas consequências de seus atos.

Na verdade Hannah pouco estava se importando com as consequências que a mãe se importava, ela estava se importando com as consequências que ela teria ao se entregar a Sebastian. E com certeza seriam as melhores possíveis levando-se em conta os últimos momentos deles juntos.

De repente, o pai entrou no cômodo e observou a dupla que conversava. Sua esposa mandara chama-lo no escritório, informando que tinha um assunto importante a tratar. E assim que o viu foi direto ao ataque:

— Elton. Sua filha passou de todos os limites... ficou sozinha com o noivo por horas. Me diga se isso é correto?

— Ele é meu noivo mamãe.

Hannah retrucou alto, empinando o nariz repleto de sardas.

Charlote não se sentia segura apenas com essa explicação.

— Ele é seu noivo mas tem uma péssima fama. E se esse homem decidir se aproveitar de sua inocência. E depois abandoná-la antes do casamento?

— Ele não faria isso Charlote. – surpreendendo às duas mulheres, o barão interrompeu o rompante da esposa. – Sir Sebastian está verdadeiramente inclinado por nossa filha.

— Como pode dizer algo assim Elton? – Charlote acreditava que o marido via as coisas de maneira errada. – Você não conhece a fama de sir Evans? Ele engana até o mais esclarecido dos homens, imagina se não enganaria você? Um homem com tão pouca visão de mundo!

O barão não se perturbou diante do comentário da esposa, com calma caminhou até a filha antes de perguntar:

— O que você me diz Hannah? Estou certo?

Ele conhecia sua filha, mas acima de tudo via a forma como o futuro genro a tratava. Se antes o barão parecia satisfeito com o interesse parco de sir Wood, agora estava totalmente agradado com a clara demonstração de dedicação, respeito e carinho que sir Evans apresentava.

— Sim está... Sebastian tem se comportado como um perfeito cavalheiro.

Entretanto a baronesa não via a situação desse jeito.

— Você vai levar em consideração o que ela tem a dizer, Elton? Hannah jamais nos contaria a verdade.

Hannah se empertigou. Se sua mãe queria a verdade, talvez fosse bom dar a ela a verdade. Remexeu na fita que prendia seu vestido e respirando fundo falou:

— Sebastian tem agido de forma correta comigo. – ergueu o olhar e encarou os belos olhos azuis inquisitivos da mãe. – Se dependesse de mim, talvez ele já tivesse se aproveitado de minha inocência como a senhora muito bem falou... – a surpresa foi tão grande que num primeiro momento a baronesa não soube o que dizer. Mas logo investiu certeira:

— Hannah! Como pode falar tamanha estupidez? insensata! Você é uma moça de família. Uma senhorita bem nascida, criada e muito bem educada! Jamais, ouviu bem, jamais volte a falar desta forma como se fosse uma...

— Perdida? – a garota completou - Ou quem sabe como uma... como era mesmo a palavra que a senhora costumava usar quando éramos crianças... ah, lembrei, atirada!  

Charlote se ergueu, se sentindo ofendida com as palavras da primogênita. E finalmente saiu da peça, deixando pai e filha sozinhos. Vendo o vestido da mãe escapulir pela porta, Hannah suspirou brevemente. Era tão cansativo conversar com Charlote.

— Isso é verdade minha filha? – outra voz, uma mais compreensiva e amena perguntou.

Ficando em pé Hannah segurou as mãos do pai. Sorriu, um sorriso repleto de felicidade antes de explicar:

— Ele me ama papai...

Para um homem vivido uma declaração de amor geralmente tinha pouca valia. Especialmente vinda de alguém como Sebastian. Mesmo que não gostasse de admitir, Charlote tinha razão nesse aspecto.

— Você esqueceria de tudo o que aprendeu para satisfazer a um homem que diz que lhe ama? – Elton perguntou afagando as mãos da garota.

— Cheguei a pensar, um tempo atrás, que a única forma de descobrir como era estar com um homem seria me transformando em uma “perdida”...

O homem balançou suavemente a cabeça compreendendo que Hannah sofrera muito por causa da clara preferências que os homens demonstravam por Betina.

— Mas agora, agora vou me casar. É uma realidade, vou estar com uma pessoa que amo. E se por acaso esquecesse tudo o que aprendi não seria para satisfazer a um homem. Seria para me satisfazer papai...

Um sorriso parco foi tudo o que o barão conseguiu mostrar. Sua filha era mesmo inocente. Ela ainda acreditava no amor de um casal. Entretanto, ele sabia que poucos eram aqueles que encontravam nesse amor a felicidade. Só esperava que sua Hannah fosse uma das premiadas. Ela já sofrera o bastante.


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Notas finais do capítulo

Sebastian, James, Hannah, senhorita Smith. Todos estarão no próximo capítulo com o noivado de do casal principal e com a introdução da auxiliar,namorada,efuturaesposa de James. BJ. obrigada as meninas que comentam, vcs impulsionam a fic para frente. Desculpem ter demorado tanto.