Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 17
Capítulo 17 - Eu sou um canalha


Notas iniciais do capítulo

Olá meninas. Como estão? Espero q estejam bem.

Hannah vai querer muitas explicações. Sebastian é um cara acostumado a ser mimado, não está habituado a ser julgado ou cobrado por seu comportamento. Mas, Hannah fará isso.



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No horário marcado, Sebatian chegou a residência dos Larkin, estava sozinho e como sempre a marquesa mãe os encontraria na futura residência do casal. Foi conduzido à sala principal onde surpreendentemente encontrou com Betina. A jovem lhe sorriu de forma amigável, de rosto erguido, e com ar de superioridade. Ela estava realmente satisfeita em ter feito a troca, constatou. E enquanto a cumprimentava usando da boa educação recebida desde a infância, pensou que talvez a jovem loira só não se sentisse tão satisfeita quanto ele se sentia. Mas, logo seus pensamentos tomaram outra direção, quando a criada pessoal de Hannah ingressou na peça informando que sua senhora já estava descendo.

— Sente-se enquanto espera, sir Evans. – Betina sugeriu sem retirar o sorriso desdenhoso da face bonita. – Minha irmã talvez se demore um pouco.

Estranhando o comportamento gentil de Betina, ele se sentou a espera da noiva tentando evitar olhar para a garota. A caçula dos Larkin o encarava entre sorridente e cínica, e esse olhar começava a incomodar. Sebastian de repente desejou saber o que ia naquela cabeça loura. Que tipo de pensamentos habitavam o cérebro feminino além de mudanças de cortinas, cores de vestidos, e festas. Será que no período em que não estava se preocupando com coisas superficiais, o principal atrativo de Betina era importunar a irmã? Como ele já a vira fazer por diversas vezes.

Se remexeu, incomodado, na cadeira.

Aquele era um aspecto que deveria mudar radicalmente, o mais breve possível. Ver e ouvir a forma como sua futura esposa era tratada por pessoas da própria família o exasperava. Entretanto, o pior em ver e ouvir era ainda não poder fazer muita coisa. Não enquanto o noivado não estivesse devidamente formalizado.

De repente Hannah surgiu, ele ficou em pé e de imediato travou o sorriso na boca. Hannah estava absolutamente séria. Havia olheiras sob os olhos grandes e sua pele parecia mais branca ou pálida que de costume. Sebastian pensou em perguntar se ela estava se sentindo bem, mas não foi preciso, quando a garota falou, o modo como ela falou indicou que algo de muito sério acontecera.

— Boa tarde senhor Evans. – e se relacionava com ele. Imediatamente sua mente ligou esse fato a cordialidade irônica de Betina. O que aquela fedelha aprontara contra ele?

Voltou sua atenção para uma Hannah sisuda e ereta. Não havia sorrisos ou olhares carinhosos. Nem mesmo aquela expressão satisfeita que seus olhos demonstravam sempre que o viam. Ele se sentiu estranho. Mas, acima de tudo quis muito saber o que a preocupava.

Sebastian mostrou claramente que notara a alteração ocorrida na postura dela. Hannah detectou. Mas, ela só sossegaria quando colocasse para fora tudo o que estava sentindo desde a noite anterior, quando as dúvidas brotaram dentro dela. Especialmente precisava falar sobre as descobertas. Esclarecê-las.

Talvez Evans, com toda a sua experiência com as mulheres, acreditasse que sua noiva nunca descobriria que algo estava acontecendo entre ele, Betina e Wood pelas costas dela. Correu os olhos em direção à garota loira ainda sentada na mesma posição e falou:

— Por favor, avise à mamãe que fui com sir Evans até... – ela ia dizer nossa - a residência em reforma. A marquesa estará lá.

Sacudindo a mão em direção à irmã, Betina concordou rapidamente com o aviso e ainda comentou animada:

— Tenho certeza de que ficará linda. Não é a marquesa quem está se encarregando de tudo?

A alfinetada era para Hannah, mas quem a sentiu foi Sebastian. Sem dúvidas que Betina aproveitaria casa chance que tivesse para perturbar-lhes a vida. E ele não via a hora de se afastar dali, de afastar Hannah dali.

— Sim. – Hannah respondeu sem demonstrar nenhuma alteração na voz ou no comportamento. – Definitivamente minha futura “sogra” tem bom gosto.

Betina levantou levemente os lábios para cima. Num arremedo de sorriso forçado. Aquele era um velho hábito entre as irmãs Larkin, usar de ironia uma com a outra.

Se aproximando de Hannah, Sebastian lhe ofereceu o braço, ela titubeou, não estava querendo tocar nele, mas, aceitou. E foi em silêncio até a costumeira charrete que usavam sempre. Assim que se acomodou, com a criada logo a sua frente, a garota ruiva se sentiu um pouco mais a vontade para falar abertamente.

— Sua mãe estará lá? – ela sabia da artimanhas de Sebatian. Ouvira falar nelas, e agora as vivia na pele.

Ele estreitou os olhos, definitivamente Hannah estava usando com ele o mesmo modo de falar direcionado à irmã. E foi sincero:

— Ela ainda não saiu. Me informou que se demoraria um pouco. Você se incomoda de ficarmos a sós por alguns minutos? – a voz dele, apesar dos modos dela, era sugestiva.

Hannah remexeu na pequena bolsa de mão antes de responder ao questionamento do noivo sem realmente olhar para ele.

— Na verdade, é bastante conveniente que possamos ficar alguns minutos a sós.

— Hannah! – ele a chamou em tom firme e com cuidado tomou uma das mãos dela entre as suas. Os olhos verde mar, mais escuros que de costume o encararam. – Diga-me, o que está acontecendo?

Aqueles olhos azuis, aquele rosto perfeito. A enganaram com precisão. Ela se deixou levar pela atração irresistível que aquele homem exercia sobre si e permitiu que ingressasse no lugar mais escondido de seu ser. O coração. Agora. Como seria confrontá-lo e descobrir que aquele a quem amava, não era quem ela pensou que fosse... ou melhor, que seus primeiros pensamentos e impressões sobre ele é que estavam corretos.

Idiota! Ela disse a si mesma mentalmente. Por que relegara o que seu sexto sentido dizia?

— Em poucos minutos estaremos a sós... – essa era sua resposta definitiva, eles já viravam a esquina, mais alguns metros e a charrete pararia diante da casa.

A mão lentamente escapuliu das suas e pousou sobre a bolsinha. O rosto delicado observava a rua em distraída contemplação inexplicável. Era certo que ele tinha experiência com o sexo feminino. Mas, Hannah parecia não corresponder a quem quer que fosse. E por isso, ele se sentia perdido.

A charrete parou, ele desceu, a ajudou a descer e eles seguiram em direção à casa. A porta estava trancada, Sebastian usou da própria chave para abri-la e antes que eles tivessem entrado, Hannah se voltou para a criada pedindo:

— Espere aqui, logo a chamarei.

A moça sabia que sua patroa estava agindo de forma diferente desde o dia anterior. Mas, definitivamente, aquele pedido era inusitado. Mesmo assim, não contestou a ordem, ela nunca contestava uma ordem.

Assim que ingressaram no hall, a garota percebeu as alterações realizadas na residência que parecia mais ampla, mais clara e ainda mais espaçosa do que realmente era. Os móveis e estofados estavam diferentes, havia cortinas em praticamente todas as janelas. Havia quadros nas paredes, havia tapetes no chão.

— Está tudo muito bonito. – admirou-se antes de concluir: - Betina tinha razão...

Sebastian, parado atrás dela, com as mãos nas costas a encarava sério.

— Acredito que este seja o momento em que você me dirá porque está tão estranha.

Ela se voltou e o examinou. Será que era verdade que ele não sabia o motivo? Talvez pudesse jogar com ele um pouquinho.

— Sir Evans... – começou e ele a interrompeu.

— Sebastian! Nós acertamos que nos trataríamos pelo primeiro nome.

Ela se balançou suavemente, estava tão irritada, tão magoada que escondera qualquer sentimento de piedade ou emoção por alguém ou de auto piedade naquele lugar mais escuro de seu coração. E lá, no fundo do poço, eles não a perturbavam quando precisava ser forte.

— Sir Evans. – ela repetiu – Sua mãe logo estará aqui, e não poderei lhe dizer o que devo, então, acredito que o melhor seria ir direto ao ponto. Não é?  – voltou a atenção para a bolsinha que trazia pendurada no punho esquerdo. Puxou de lá alguns papeis, se aproximou e os entregou ao noivo. – Talvez isto esclareça ao senhor o que está acontecendo. E talvez depois de ver esses papéis, o senhor possa me explicar melhor o que ainda não compreendi sobre eles.

Ele abriu o primeiro, era a carta que ele escrevera em nome de Wood e enviara a Hannah. Depois, os cartões, também enviados por ele, em nome de Paul. Por fim, um cartão enviado por ele, para Betina.

Seu sangue pareceu parar nas veias. Ele sabia o que significava, ela descobrira a mentira. E estava furiosa, mas acima de tudo, ela não deveria ter compreendido o motivo daquilo. Provavelmente estava pensando que não passara de joguete nas mãos dele. De certa forma, não estava errada.

Hannah voltou a falar:

— Ainda havia cartas que seu amigo enviou à minha irmã durante o período que me visitava, que não me atrevi a pegar... – ela se afastou um pouco mais enquanto observava o rosto de Sebastian se fechar - a letra dele é bem diferente da sua.

— Foi Betina quem...

— Não. Fui eu. Eu vi seu nome, data e a dedicatória escritos a mão num dos últimos livros que me enviou. A letra não era igual a dos cartões com as flores que me mandou ultimamente.

Ele mudara propositalmente a caligrafia. Não queria que ela fizesse a ligação. Mas, fora descuidado demais para lhe enviar um livro com assinatura.

— Então – ela continuou séria, fria e distante – recorri às correspondência que minha irmã guarda. E, voilà... – ergueu o dedo em direção aos papéis na mão dele.

Empertigado, Sebastian respirou fundo. Será que serviria mentir? Claro que não! Se ela o descobrira com tão pouco. Falar uma mentira apenas tornaria sua pessoa menos confiável para a futura esposa.

— Muitas coisas mudaram desde que estas coisas aconteceram. – ele começou erguendo a pilha de cartões e ela pareceu não ouvir a informação.

— Por que seu amigo me cortejava e ao mesmo tempo enviava correspondência apaixonadas a Betina?

Ela estava incomodada porque Wood escrevia a Betina? Era mesmo isso? Estava ouvindo bem? O problema não era a mentira dele. Mas a de Wood?

Querendo acabar com qualquer ilusão que ela ainda tivesse sobre seu amigo, foi sincero, sem perceber que se expunha também:

— Porque essa era a função dele. Cortejar você para que eu pudesse me aproximar de Betina sem que seus pais me rechaçassem.

O baque foi forte. Ela não esperava por isso. E emudeceu por tempo suficiente, dando a Sebastian a oportunidade de continuar a falar sem ser interrompido.

— Quando decidi me casar, escolhi um tipo de mulher que serviria para ser minha esposa. E sua irmã correspondia corretamente a esse perfil.

Hannah abriu os lábios sem acreditar no modo como ele falava. Como se tivesse saído a cata de uma vaca, uma égua, ou qualquer outro animal que servisse como reprodutora.

— Entretanto, Hannah, havia um problema. Você!

Ele deu um passo em direção a ela. Ereto, sem medo algum de falar a verdade. Era a hora de ser sincero. E esperar pelo que Hannah decidiria depois.

— Seus pais exigiam um pretendente para a mais velha, ou a mais nova não poderia se relacionar com ninguém. Eu incumbi Paul de fazer esse serviço...

Sem conseguir falar a garota ruiva encarava os olhos azuis penetrantes como se eles fossem a porta para sua total infelicidade. O que aquele homem, não, aquele ser desprezível pensava que era para fazer isso com outro ser humano?

Mas, Sebastian não pararia por aí.

— Entretanto, meu amigo, diferentemente de mim, sucumbiu a sua irmã. Não apenas a beleza dela, que foi o que me atraiu. Mas a algo mais, algo que não julgo que sua irmã possa possuir. Ela é egoísta, má, e repleta de defeitos.

— Assim como o senhor! – Hannah disse em tom de repugnância.

Ele sorriu de leve.

— Provavelmente sou. – ele não costumava pensar muito nos outros. Não pensava nos irmãos, não pensava nas mulheres com quem se relacionava, não pensava na mãe ou no pai. Na verdade a única pessoa que colocara acima de si mesmo estava diante dele, o odiando. – Mas a ajudei quando precisou.

Hannah o encarou de alto a baixo. A raiva escondia qualquer dor que ela estivesse sentindo naquele momento.

— Já nem sei dizer se o senhor foi de alguma ajuda. Ou se me casando com o senhor estarei na mesma posição que me casando com sir Pierce.

Ele deu mais um passo em direção a ela. Ficando totalmente de frente.

— Não creio que acredite no que diz... – ele era presunçoso. Ela realmente não acreditava. Sebastian continuou: – O modo como me beija ou como aceita meus carinhos...

— O senhor está sendo inconveniente sir Evans. – ela ergueu o rosto afogueado. Sentindo o coração bater acelerado no peito diante das lembranças dos beijos e carinhos que trocaram, ali mesmo, naquela casa, poucos dias atrás.

Ele desviou o olhar. Olhou o teto, respirou fundo. As lembranças dos beijos, abraços e seus efeitos estavam bem vivos nele também. Jogara contra a noiva, mas como ela, fora atingido. Quando voltou a falar o tom de voz mudara:

— Desculpe... você me... – ele estava irritado, não apenas com a situação, mas especialmente consigo. Com seu comportamento. Por estar sendo obrigado a se justificar. Por precisar se justificar. E uma ideia louca o invadiu. Será que Hannah pretendia romper o compromisso deles?

Sem saber o que ia na mente do noivo, a moça voltou ao ataque, ela queria saber tudo:

— Como seu amigo foi obrigado a me cortejar, o senhor fazia o que ele não queria fazer. Enviava flores, cartões e a mensagem... por que afinal seu amigo foi embora?

A certeza de que no final daquela conversa Hannah acabaria com o compromisso de casamento era tão firme na mente dele que Sebastian não conseguia pensar em mais nada. Perdido ele deu um passo em direção a ela. A garota se afastou.

— Porque ele não conseguia mais continuar com a farsa. – a voz saiu como um sussurro – Paul estava apaixonado por Betina.

— E por que o senhor resolveu alterar tudo me pedindo em casamento? – ela lembrava da desculpa usada na data, mas agora já nem sabia se acreditava naquilo. Se acreditava nos beijos dele, no carinho dele, na atenção dele.

— Porque você precisava de ajuda.

Sim, ela precisava. Era verdade. Mas, para quem agira de forma tão desonrada inventando um pretendente na intenção de poder cortejar Betina, seria mais fácil permitir que a filha mais velha se casasse com sir Pierce, assim, o caminho estaria livre para a mais nova.

— Sua irmã já não me servia. – ele confessou quando Hannah o questionou mais firmemente. – A beleza dela não apagava sua personalidade falha.

Quanto mais falava, mais se afundava diante da noiva. Ele podia ver pelo modo como ela o observava. A moça ruiva mostrava claramente o desprezo nos olhos cor de mar. Sebastian acreditou, diante do que acontecera, que o melhor seria mesmo que rompessem o compromisso. Hannah jamais voltaria a confiar nele.

O som dos cacos dos cavalos parando diante da casa os afastou um pouco mais. Era a marquesa. Ela não gostaria de ver os dois ali, sozinhos. A conversa estava encerrada por enquanto. Mesmo assim, precisava de uma conclusão. E que conclusão eles dariam a ela?


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Notas finais do capítulo

E agora? O noivado foi para o beleleu ou ainda há chances desses dois se casarem?
E quando o Sebastian vai perceber que gosta da Hannah? Oh homem dificil gente!
BJJJJJJJj a todas vcs q estão aqui acompanhando, comentando e favoritando, vcs fazem a fic, sem vcs, ela não teria motivos para existir. Até o próximo. Vou tentar postar amanhã. Senão, vem quinta.



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