Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 15
Capítulo 15 - Minha Hannah


Notas iniciais do capítulo

Olá amores. Desculpem não ter postado ontem, vida atribulada antes do Natal. Mas, posto hoje, espero q gostem do capítulo. Não sei se postarei até o dia 26, mas vou tentar. BJ

Quanto ao capítulo:
Um pouco de felicidade não faz mal a ninguém, menos ainda à Hannah.



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Eles voltaram para o salão. As pessoas não sentiram ou fingiram que não sentiram a ausência do casal. Mas, Hannah não se importava com isso. Se quisessem falar que falassem. Se quisessem fofocar, que fofocassem. Se quisessem pensar mal dela, que pensassem. A garota não lembrava de outro dia na vida em que se sentira tão feliz. Tão completa e tão realizada quanto naquele momento a segurar o braço de Sebastian. Depois de ter sido beijada por Sebastian.

— Gostaria de dançar? – ele perguntou antes que tivessem atingido o grupo familiar.

— Imensamente. – Hannah concordou sorrindo.

Eles se dirigiram a pista de dança. Se acomodaram entre os casais, e logo estavam rodopiando e sorrindo um para o outro durante toda a sequência de passos, de giros e de voltas. Foram duas músicas, e Sebastian a conduziu finalmente para junto de sua família.

Cíntia, balançava o leque de maneira encantada. Ela via o que ninguém mais conseguia perceber, talvez nem o próprio Sebastian. Mas, certamente que seu cunhado estava apaixonado por Hannah. E ao contrario do que Artur lhe confidenciara preocupado há poucos dias, a futura marquesa não via o casamento do casal como prenuncio de infelicidade conjugal.

Sir Wood parado ao lado de James, cruzou os braços assim que viu a dupla se achegar. Seus olhos foram diretamente para Hannah. Aquela mesma garota sem graça que lhe fora entregue de bandeja agora não estava mais acessível. Não porque Sebastian estivesse noivo dela, mas porque ela amava seu amigo.

Rapidamente, ele ofereceu à antiga “pretendida” seu mais belo e mais sedutor sorriso antes de cumprimentá-la.

— Senhorita Larkin. Que prazer em revê-la.

Ela estendeu a mão e o rapaz prontamente a beijou. Parecia mais tranqüilo e menos taciturno agora, que ela finalmente estava comprometida com outro homem.

— Como tem passado sir Wood? Seus problemas se resolveram a contento espero...

Que problemas? Ele pensou rápido e encarou um Sebastian muito sério. A mentira deveria continuar a existir, agora mais do que nunca.

— Oh sim! Tudo resolvido. – concordou anotando mentalmente os questionamentos que deveriam ser feitos a Evans quando retornassem para casa.

Sentindo a mão do noivo posicionada em suas costas, Hannah se acomodou perto da sogra que encarou os dois de modo estranho. Conhecendo bem sua mãe, o rapaz soube exatamente o que lhe ia na cabeça. E certamente passaria por um interrogatório tão logo estivesse a sós com a marquesa. Você ficou sozinho com ela? Você já ultrapassou os limites Sebastian? Você não lembra que o barão Larkin é nosso amigo?  Já teve o desplante de trocar de irmã, e agora isso? Estar comprometido com uma moça não lhe garante a possibilidade de ficar a sós com ela, durante um baile, sem atentar às regras sociais. O discurso seria esse. Ele já sabia. Conhecia a mãe muito bem.

Entretanto, ele sabia que nada de “errado” acontecera entre Hannah e ele. Não que o desejo de mandar todos às favas e concretizar seu desejo não existisse, mas, porque ele sabia que sua noiva merecia mais do que alguns momentos de fornicação em uma sacada fortuita. Sua mão cruzou um pouco mais pela cintura dela, atraindo o corpo feminino para perto. Seria muito complicado cumprir o que ele mesmo se propusera. Praticamente dois meses até o casamento.

Como agüentar? Ele se perguntou percebendo a aproximação da família Larkin. Mais um problema. O barão parecia tranqüilo com relação a alteração de noiva, mas a baronesa e a filha caçula, claramente o odiavam.

Betina encarou a irmã e imediatamente percebeu que algo acontecera. Hannah estava diferente. Será que sir Sebastian e ela? Será que fora esse o motivo do pedido de casamento? Será que sua irmã estava assediando seu pretendente há mais tempo? Então, ela viu outra pessoa, alguém que praticamente apagou essas perguntas da cabeça loura. Sir Wood, ele observava o casal com olhos estranhamente tranquilos. Não parecia irritado em vê-los juntos. O que, definitivamente era muito suspeito.

A baronesa se aproximou animadamente fingida. Cumprimentou sir Wood com toda a cortesia de que foi capaz depois de o conde ter praticamente fugido de Hannah e com isso levado o amigo a abandonar sua querida Betina. A falsidade e a ironia se estabeleceram no ambiente por vários minutos. Os sorrisos, as palavras gentis, as cortesias. Tudo fingimento.  

Sebastian precisava aturar as palavras da futura sogra, as alfinetadas, em completo silêncio, pois sua mãe jamais o perdoaria se de repente passasse a ser deselegante com pessoas “amigas”, mas especialmente que logo seriam da família.

Quando a noite finalmente acabou e ele se despediu de Hannah com um comedido beijo na mão, teve ainda mais certeza de que aqueles dias seriam a pior tortura pela qual já passara na vida. Mas, sempre haveria uma forma de estarem próximos, pois o negócio com a casa estava praticamente pronto. Sua noiva garantira que o auxiliaria na arrumação. Aquela era a melhor chance de passar horas junto dela sem ser recriminado por ninguém.

***********

Hannah voltou para casa como se estivesse pisando em algodão. Seu corpo praticamente flutuava. Havia um sorriso constante em seus lábios, e esse comportamento parecia estranho aos outros membros da família.

— Pensei que você estaria se sentindo péssima!  – Betina provocara. – Com o retorno de sir Wood e seu noivado com sir Evans, as pretensões do conde não serão mais possível.

Voltando-se para a irmã Hannah balançou-se levemente para os lados, num movimento bobo e feliz antes de sorrindo explicar:

— Sir Wood e eu somos bons amigos. Sir Evans é meu noivo e será meu marido. Acredito que isso possa esclarecer à minha querida irmã porque não estou me sentindo “péssima”... – e dando as costas concluiu – Boa noite!

Ninguém mais lhe disse nada. A impressão que a baronesa e a filha caçula tiveram, foi de que o pedido feito por Sebastian subira a cabeça de Hannah, transformando-a num ser ainda mais irritante do que era antes. E enquanto o vestido branco sumia na ponta da escada, as duas logo mudaram de assunto, passaram a falar de algo mais importante, os novos pretendentes de Betina.

Na manhã seguinte, muito cedo, flores foram novamente enviadas para Hannah. Assim que lhe informaram da novidade, ela desceu correndo para o hall, e se deparou com um gigantesco buquê de flores do campo. E outro menor apenas com jasmins. Havia bilhete nos dois ramalhetes. Mas, quando abriu os envelopes encontrou apenas:

De: sir Sebastian Evans

Para: senhorita Hannah Larkin

Em uma letra reta e sem graça. Nada mais do que isso. Por que seu noivo não escrevera nada? Ela se perguntou revirando o pequeno papel entre os dedos. Ela esperava um bom dia, de repente um convite para passear, ou até uma lembrança do momento trocado na sacada na noite anterior. Mas, aquilo? Era decepcionante. Entretanto, ela gostou das flores, mandou que as levassem para seus aposentos e passou a manhã a olhar para elas como se fossem o próprio Sebastian.

Sebastian, o próprio Sebastian só surgiu a tarde, trazia consigo o convite para irem à residência recém comprada. Ele pretendia começar as alterações necessárias, sejam lá quais fossem. Para isso, a marquesa também fora convocada, mas eles apenas se encontrariam diretamente na futura casa deles.

Hannah avisou uma distraída baronesa de que iria com o noivo e a sogra ver a casa recém adquirida. Charlote, acreditando que pretendiam convidá-la para a tal visita, alegou estar com dor de cabeça antes mesmo que alguém tivesse sugerido um pedido. Satisfeita por poder sair e se ver livre das ironias e provocações da mãe, Hannah e Sebastian, na charrete dele, se dirigiram para o lugar onde futuramente viveriam como um casal.

A casa não era realmente grande, mas as peças eram espaçosas bem iluminadas e arejadas. Havia um jardim na frente e outro maior na parte de trás. Havia árvores frutíferas ao fundo. Segundo a marquesa, a casa precisava de pintura. Precisava de móveis adequados. Precisava de cortinas. Precisava de enfeites, quadros e utensílios variados.

— Você tem enxoval Hannah? – ela perguntou de repente pegando a nora de surpresa.

Sim, ela tinha.

— Alguma coisa... não muito. Nunca me preocupei com isso. – falou sinceramente.

A marquesa compreendia. Mesmo que ninguém acreditasse, houve uma época em que ela não estivera exatamente em forma, e nesse período muito curto de sua vida, era verdade, ela também não pensava em casar e por isso, evitava pensar em enxovais. Mas, como tudo na vida muda. Lá estava ela, bem casada, com quatro filhos, dois netos. Um rebento casado e as vésperas de casar o segundo.

Enquanto a mulher se fixava no tamanho das janelas e fazia o criado de Sebastian medir milimetricamente cada uma delas, o filho aproveitou para escapulir com Hannah para a sala ao fundo. Era a segunda maior peça da casa. Tinha uma parede praticamente toda revestida por vidro. Era o local ideal para ser a sala intima dos dois. Apesar do tamanho.

— Qual é a maior peça? – Hannah perguntou parada junto a parede de vidro, observando o jardim abaixo dela.

— Nosso quarto. – ele falou baixo e ela se voltou sem esconder a surpresa.

Haveria apenas um quarto para eles. Sebastian não pretendia ter dois quartos como seus pais e a maioria dos casais fazia. Se ele se casaria com Hannah, seria para dormir com ela todas as noites, não apenas quando tivesse vontade.

— Gostaria de ver?

Claro que ela gostaria de ver?

— Adoraria.

Eles retornaram pelo corredor, em direção a escada. A marquesa estava atenta as medições, os criados a ajudavam. Sebastian sabia que quando a mãe tomava a frente de uma decoração nada mais lhe importava na vida. Era o momento certo para estar junto a Hannah sem se perturbar com ninguém.

Ele a segurava pela mão enquanto a conduzia escada acima. Hannah sabia do perigo que corria ficando a sós com Sebastian. Mas, que droga, ele era seu noivo, só se vive uma vez, ela não poderia ser tão medrosa assim. Que mal havia em ficarem cada vez mais próximos? Não seria isso o que se esperaria de um casal que se ama? Ela estremeceu diante desse pensamento. Ela o amava, mas e ele? Aquela dúvida muitas vezes a atormentava. Mas, principalmente, Hannah já não tinha certeza se conseguiria viver sem ter confirmação dos sentimentos de seu marido.

Ele parou de caminhar no topo da escada e se voltou para ela. Naquele andar havia quatro peças, três pequenas que davam para a frente, e uma gigantesca que dava para os fundos. Essa última seria o quarto. Eles ingressaram por ela de mãos dadas. Sebastian se afastou um pouco para abrir as venezianas e mostrar para Hannah a sacada que ficava sobre a peça de baixo. Ela o acompanhou com os olhos, mas ele não saiu no espaço vazio, apenas mostrou e voltou para junto da noiva.

— O que acha? – perguntou por fim.

— Perfeito! – era realmente perfeito. Ela nunca se imaginara vivendo em um lugar assim, com alguém como sebastian. Aquilo muito bem poderia ser considerado um sonho. Um sonho do qual ela não pretendia acordar.

Ele chegou mais perto, e ela estremeceu. Ele sorriu, e ela estendeu a mão na direção dele. Era um convite Sebastian compreendeu e imediatamente aceitou a mão imediatamente atraindo o corpo feminino para perto. Ele sabia que o tempo deles sozinhos seria curto. Logo a marquesa compreenderia que os dois haviam escapulido da presença dela com a intenção de namorar.

O sorriso aberto nos lábios bonitos e rosados o atraia. Tudo o que queria era possuí-los novamente. Hannah não se mostrava com medo ou melindrosa pelo que pudesse acontecer ali. E ele gostava disso nela. Mesmo que sua noiva fosse uma pessoa tímida, correta e até recatada. Com ele, a garota ruiva se mostrava completamente diferente. Não havia receio em seu comportamento. Ela se entregava como se ele merecesse essa entrega.

Seus corpos se tocaram. O vestido era outro, fino e delicado como todo o vestido de verão sempre é. Deixava a mostra os braços e parte do peito que o lenço sutil mal encobria. Passou suavemente as mãos pela cintura estreita e finalmente tomou os lábios da noiva para si. Logo as mãos dela estiveram em seu pescoço, afagando a raiz dos cabelos, eriçando todos os pêlos de seu corpo. Ele a encaixou mais contra si. Desceu as próprias mãos em direção as nádegas dela acomodando-a perfeitamente.

Ele gemeu antes de descer os lábios pelo pescoço dela, até atingir os ombros semi nus. As pernas de Hannah cederam e ela se agarrou a casaca dele. O estômago havia desaparecido, em seu lugar estava com certeza uma centena de borboletas a se mover, lentamente descendo para seu baixo vente, se instalando entre as pernas.

Sebastian continuou com a tortura o quanto foi capaz de suportar. Ele não imaginava que Hannah seria capaz de corresponder aos seus desejos. Que ele seria capaz de desejá-la como desejava. E que ao mesmo tempo tivesse a ânsia de estar perto dela, de conversar com ela. De conhecê-la cada vez mais. Mal dormira a última noite, pensando em tornar a vê-la. Ele não lembrava de outra mulher que tivesse esse efeito sobre ele.

A inocência de Hannah o incendiava. E quanto mais a beijava, mais desejava beijar. Suas mãos cruzaram a barreira do vestido e de repente ela estremeceu, se afastou e o observou assustada. Apreensiva. E ao mesmo tempo lindamente extasiada. Ele podia ver naqueles olhos cor de mar o fogo que o consumia. Precisava arrumar uma maneira de acelerar esse casamento. Do jeito que estava não daria para continuar.

— Vamos... descer? – ele perguntou tentando voltar a respirar com calma, sentindo o desejo doer dentro das calças.

— Sir Evans... – ela falou perdida e ele se aproximou novamente, apenas o suficiente para poder sentir e ver de perto o efeito que causara em sua noiva.

— Vou dar um jeito de apressar as coisas... – confessou – acho que não vou suportar muito mais disso...

Hannah sorriu. Acreditou que compreendia o que ele estava falando. Ela também não sabia quanto tempo mais agüentaria daquele desejo contido. Quanto tempo mais ela levaria para ceder a ele? Para permitir que ele tomasse seu corpo completamente? Pois o coração, ah, esse estava total e irremediavelmente tomado.

Sebastian voltou a falar, em tom rouco e ansioso.

— A senhorita se incomoda? Se nosso casamento não for tão pomposo quanto deveria?

Ela não pensava que seu casamento seria pomposo. A mãe sequer tocara no assunto depois do noivado. Talvez seu pai se incomodasse, afinal, ele queria vê-la casada. Mas, para Hannah, tudo o que importava seria poder estar junto a Sebastian todos os dias dos próximos meses e dos próximos anos.

— De modo algum... – respondeu rapidamente atraindo os lábios do noivo sobre si novamente, para um beijo rápido e contido.

Quando Sebastian se afastou, ela fez menção de tomar a direção da escada, mas ele a segurou pelo braço, mantendo-a junto a si. Queria fazer uma nova sugestão.

— Estou cansado de chamá-la de senhorita Larkin... quando estivermos sozinhos, o que acha de me chamar de Sebastian? E de eu chamá-la de Hannah?

De minha Hannah ele pensou.

A expressão no rosto de Hannah se abriu, como se ela estivesse brilhando. Seria possível que sua vida mudara tanto? Seria possível acreditar em tanta felicidade? Seria possível que Sebastian estivesse gostando um pouco dela?


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Notas finais do capítulo

Muito muito muito obrigada pelos reviews, pelos acompanhamentos, estou amando todas vcs por aqui. Tomara q Sebatian e Hannah continuem sendo generosos conosco. BJJJJJJJ



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