Ladrão de Corações escrita por Lilissantana1


Capítulo 14
Capítulo 14 - Insegurança


Notas iniciais do capítulo

Ah! estou muito feliz com a recomendação de olivia caixeta. amei as palavras, amei a surpresa. MUITO OBRIGADA! Este capítulo é dedicado a vc olivia, espero q goste.
A tal conversa...



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Como dizer o que deveria dizer?

Como contar a desagradável novidade?

Sebastian ponderava, parado próximo a porta da sacada, enquanto Hannah caminhava lentamente pelo espaço não muito grande, olhando em volta distraidamente.

De repente ela se voltou, mostrando um olhar límpido e gentil reforçado pela máscara branca. A espera daquilo que o noivo tinha a dizer.

— Desculpe a demora... – ele falou finalmente, precisava se desculpar e também de tempo para saber como falar sobre Wood – Aconteceu algo que não estava previsto e me retardei.

Ela caminhou em direção a ele, fazendo o vestido se mover com um balanço suave, quase hipnótico.

—Sua mãe estava preocupada. – Hannah salientou – Também fiquei preocupada por sua demora.

Ele deu um passo à frente. O atraso causara desconforto em Hannah e sua ausência foi certamente considerada pelos presentes como uma prova de que o noivado fora uma imposição do pai dela. Sem mencionar que o fato de Hannah estar sozinha, sem a figura do noivo ao lado, o que claramente influenciou e liberou sir Pierce para se aproximar. E havia também a dança, para a qual Hannah certamente fora obrigada. Tudo culpa dele. Se tivesse chegado no horário, tal coisa não teria acontecido.

A voz de Paul ecoou em seus ouvidos: “- Aquele homem é o tal do qual você a ajudou a escapar?”. Naquela noite a figura de Sebastian Evans não fora tão eficiente quanto deveria.

Entretanto, havia algo mais importante que precisavam falar imediatamente e que em parte justificaria seu atraso.

— Minha demora, na verdade, tem a ver com o assunto do qual gostaria de lhe falar. – sem perceber, ele segurou a respiração, estava preocupado com a reação dela diante da novidade.

Um longo arrepio correu pelas costas de Hannah. Ele diria o que ela mais temia? Ia encerrar o noivado porque descobriu que não se sentia nem mesmo atraído por ela?

Sebastian deu um novo passo em direção a noiva. Estava tão agitado com a notícia que não conseguia compreender o medo estampado nos olhos da garota.

— E qual seria esse assunto? – ela tomou coragem para perguntar, mas a voz saiu tão baixa que quase duvidou ter sido ouvida.

Um breve instante de indecisão foi seguido pela informação:

— Meu amigo... Paul Wood. Voltou. Está outra vez na cidade.

Um sorriso de alívio se estampou nos lábios femininos. E ele considerou aquele gesto como um indicativo de que a noiva se sentia feliz com o retorno de Paul. Na verdade, não havia porque se sentir mal, Evans justificou para si. Hannah acreditava que o conde não lhe era indiferente por causa da carta enviada por ele, Sebastian.

 Ainda perdido, continuou a explicar:

— Havia muitas coisas para conversar... a explicar.  – ele deu dois passos em direção a mureta, parecia desolado – Paul queria saber sobre nosso noivado... toda a história, como aconteceu... precisei de tempo para explicar.

Ela não havia pensado nisso. Eles eram amigos, e apesar de todos os sinais pouco incentivadores, sir Wood, de certa forma a estava cortejando. Essa conversa deveria ter sido no mínimo desconfortável.

— Ele está aqui? No baile? – Hannah perguntou tornando a conversa ainda mais perturbadora para Sebastian.

— Sim, ele veio comigo... mas, eu queria lhe falar antes que vocês se vissem.

De repente, ela começou a se preocupar. A surpresa inicialmente agradável com a descoberta da chegada do conde, se foi, dando lugar a outro sentimento. Inquietação. Sebastian terminaria o noivado agora que Paul estava de volta? Era isso o que ele pretendia lhe dizer com aquela conversa?

Precisava, mas não tinha certeza se queria saber.

— E por que ele voltou sir Evans?

Sebastian fixou os olhos azuis no rosto dela. Firmes, determinados e preocupados.

— Eu lhe fiz a mesma pergunta.

Hannah não se atreveu a questionar sobre a resposta. Sebastian deu alguns passos encerrando a distância que os separava. Estava agitado, apreensivo, ansioso. Hannah não lhe dava nenhum indicativo de que a presença de Wood era desejada. Se ela gostaria de uma alteração de planos. Ele se pegou imaginando se conseguiria cortejar Betina novamente. E imediatamente teve a resposta. Não! Provavelmente, se a garota ruiva optasse por Paul, ele acabaria fazendo o que sempre fazia na época das apresentações, sumiria para algum lugar onde pudesse ficar sossegado.

Foi sincero. A sinceridade era a melhor arma.

— Ele veio para vê-la senhorita Larkin

Hannah soltou um som oco através dos lábios. Como se não acreditasse no que ouvia. Por que agora? Por que justo naquele momento quando o conde tivera todas as oportunidades para estar com ela antes? Por que sir Wood não respondera a sua carta? Por que permitira que ela se apaixonasse por Sebastian antes de decidir que a queria?

E mais sinceridade saiu dos lábios de Sebastian.

— Enquanto conversava com meu “amigo”, pensei muito a respeito desta situação. – a foz firme saiu baixa sem que desviasse os olhos do rosto dela, da máscara repleta de plumas brancas que escondia boa parte das sardas que gostava. – Sei que a senhorita e meu amigo tiveram alguma espécie de entendimento enquanto ele esteve aqui... – não por parte de Paul, mas Hannah sempre se mostrava encantada por Wood todas as vezes em que se encontravam.

Ela o interrompeu rapidamente:

— Como lhe falei há alguns dias, sir Wood e eu éramos apenas amigos... ele nunca insinuou nada.

Sebastian sentiu uma pontada de esperança.

— Mas sua carta. Sua necessidade em buscá-lo... acreditei que seus sentimentos por ele eram maiores do que aparentavam.

Nunca fora verdade. Ela sabia agora. Estava apenas iludida pelas flores, pela figura do único homem que se dignara a se aproximar dela sem buscar Betina em primeiro lugar.

— Isso foi porque precisava que alguém me ajudasse a escapar de casar com sir Pierce... e sir Wood era o único...

— O único pretendente.  – Sebastian concluiu para ela.

Encabulada, Hannah teve que desfazer a ideia do noivo.

— Não usaria exatamente essas palavras sir Evans. Mas o único homem com quem tive alguma espécie de aproximação foi seu amigo.

Ele estava ouvindo bem?

— A senhorita não está apaixonada por ele? – a pergunta saiu rápida. Ele precisava da resposta.

A cabeça de Hannah gesticulou negativamente. Não teve condições de falar. Se falasse, ela com certeza diria: “Como posso estar apaixonada por ele, se amo você?” Mesmo assim, estava insegura, mesmo que não amasse sir Wood, aquela poderia ser a oportunidade de sir Evans se ver livre do compromisso que fora “obrigado” a assumir com ela.

— Apesar disso, entenderei se o senhor desejar romper nosso compromisso... sir Pierce continua me rondando, como o senhor pode ver, mas se o conde permanecer aqui, se demonstrar interesse, mamãe será a primeira a aceitar que não me case com ele. Desta forma, o senhor ficaria livre para casar com quem...

— A senhorita acredita que farei tal coisa?

Ele parecia ofendido com a sugestão feita por ela. Sebastian continuou sem dar-lhe tempo de se explicar melhor.

— Que a deixarei a mercê da maledicência das pessoas?

Conseguia perceber em cada palavra, em casa gesto, o cavalheirismo que um dia não acreditou que seu noivo fosse capaz de possuir. E o amou mais por isso.

— Sir Evans, pode acreditar no que lhe digo... o que as pessoas falam sobre mim não tem qualquer importância... o senhor fez algo que não poderei jamais agradecer de forma correta, nunca o julgaria se agora, decidisse  pensar em seu bem estar...

De repente, como se algo tivesse se iluminado diante dele, Sebastian achou que entendia onde a garota ruiva pretendia chegar:

— Então acredita que eu não desejo me casar com senhorita?

Ela não soube o que dizer. Ele se aproximou mais. Ela sentiu o sangue gelar. Ele sentiu o coração bater apressado. Estavam próximos. Tão próximos que ele conseguia ver finalmente as sardas que restavam sob a máscara, tão delicadas que se escondiam perfeitamente na pele dela. Os lábios cheios, rosados e convidativos. Os olhos brilhantes emoldurados pelas penas brancas.

A voz, quando ele falou saiu quase rouca.

— Nosso casamento está acertado. Não haverá como voltar atrás – ele afirmou determinado – só aceitaria um rompimento se a senhorita amasse Paul...

Era como ser invadida por borboletas, todo seu ser reagia as palavras dele.

— Eu... não amo... sir Wood – ela sussurrou perdida naqueles olhos azuis firmes e sedutores.

Sebastian ergueu as mãos e com cuidado puxou a máscara dela para cima. Hannah estava linda com ela, mas ele queria ver tudo, cada detalhe, dos olhos grandes, da pele marcada pelas pintas sobre o nariz e sedosa como o veludo.

As mãos dele eram quentes, grandes, delicadas no toque e deixavam um rastro de calor por onde passavam. A máscara caiu ao seu lado e Hannah não se incomodou com isso. Estava tão ansiosa pelo que viria que mal conseguia pensar. Mal conseguia ver o rosto de Sebastian, o nariz reto, os lábios bem desenhados, os olhos azuis, o queixo marcado. Cada detalhe que inconscientemente ela já gravara dentro de si.

Ele se aproximou, sentindo o coração descompassado no peito como se quisesse escapar por sua boca.  A mesma boca que estava prestes a tomar os lábios de Hannah. Era uma emoção nova para ele. Geralmente naquele momento que antecedia o beijo, ele sabia como as mulheres se sentiam. Conseguia vislumbrar as emoções delas porque para ele havia apenas uma única sensação, o desejo.

Durante aquele instante percebeu com clareza que nada do que já soubesse sobre beijar valia, uma profusão de sentimentos variados e inexplorados o invadiam. Sentimentos diversos, emoções diversas, mas acima de tudo, Sebastian queria que Hannah gostasse de seu beijo. Que ela se sentisse como ele se sentia.

As mãos dela seguraram em seus braços suavemente enquanto ele se aproximava. Aquele gesto queria dizer que estava correspondendo, esperando, talvez desejando ser beijada. Será, que alguma vez na vida Hannah fora beijada por alguém? Se perguntou.

Isso não importava naquele momento. Pensou encarando os olhos grandes, tudo o que importava era o que ele via nela, toda a entrega despretensiosa, toda a comoção, como se fosse o reflexo da própria.

Seus lábios se tocaram, leve no principio, com certo receio, com cuidado. Hannah sentiu como se seu corpo todo explodisse em uma emoção desconhecida. Sebastian segurou seu rosto, puxando-a para perto, ajustando ainda mais a boca sobre a dela, afoita a garota circulou a cintura do noivo com os braços, colando o próprio corpo no dele.

Quando sentiu o corpete se acomodar ao seu peito, Sebastian compreendeu a extensão da necessidade que era capaz de sentir por alguém. Talvez um mês, quarenta dias, cinqüenta dias, fosse tempo demais para esperar para concluir esse desejo, essa necessidade. Lentamente desceu as mãos do rosto feminino para as costas estreitas, cruzando pela pele que ele já sabia ser sedosa e macia. A fantasia usada por Hannah era repleta de saias e armações, tão diferente das roupas usadas normalmente pelas mulheres. Ele podia sentir o corpo dela contra o seu, mas não conseguia tocá-lo como desejava.

Hannah não se mostrava contrariada com suas investidas, nem tímida, pelo contrário, ela afagava suas costas com as duas mãos e aceitava seu beijo com volúpia e desejo. Ah, ele compreendeu, eles se dariam muito bem na cama.

— Hannah – ele disse baixinho quando se afastou levemente dos lábios femininos e encarou os olhos límpidos dela.

A garota sorriu. Ela podia não entender muito de homens, mas, percebia que Sebastian, seu noivo, se sentia bem ao seu lado. Que ele gostara do que ela fizera. Que ele a queria. O coração feminino bateu feliz. E essa felicidade se estampou em seu rosto. Encarando-a de perto, Sebastian acreditou que não percebera todas as qualidades daquela garota, que ainda havia coisas a perceber sobre ela e sobre como ele se sentia a respeito dela.

— Tudo continua como está.  – Evans disse por fim, o receio de ser substituído se fora. Hannah seria sua. E isso era o que importava naquele instante. O resto seria resolvido depois.

Então, ela se aconchegou contra o peito dele, recostou a cabeça em seu ombro, suspirou baixo enquanto circulava o corpo masculino com os próprios braços. Com o aroma de jasmim se fixando na casaca, Sebastian aceitou o gesto de carinho estreitando-a um pouco mais contra si.

Sentia-se inflado, como se respirar fosse desnecessário. Sentia o coração pulsar com força contra o peito de Hannah. Sentia seu corpo todo reagir a proximidade dela. Aquilo era muito mais do que esperara a principio. Alguém que fizesse seu pênis saltar nas calças. Quanta estupidez! Agora ele sabia que buscava muito mais do que apenas ansiar por retirar as saias de uma mulher.

E parecia ter encontrado a resposta para seu anseio no lugar menos provável.


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Notas finais do capítulo

Então, como foi? Boa? Espero q todas tenham gostado. BJJJJJJJ e muito obrigada pelos reviews, pela recomendação, pelo carinho de cada uma. sem vcs não há fic. Até. Espero poder postar amanhã, mas não garanto.



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