Por incrível que pareça, a existência de Chat Noir estava me parecendo cada vez possível. Ás vezes eu tinha a sensação que havia acordado de um sonho. Será que eu não havia sonhado que criei Chat e que o mundo real é esse, onde ele existe?

Não sei ao certo, mas é o que me parece mais plausível no momento.

— Tem certeza que vai dar certo?

— Vai sim, confia em mim. – Chat ia me empurrando para entrarmos no parque.

— Tá, mas o que eu falo?

— “Ah, acho que eles não vêm, mas já que estamos aqui vamos tomar um sorvete?” – ele tentou imitar minha voz, obviamente não ficou nada parecida.

— Eu não falo assim.

— Sim, você fala.

— Não, eu não falo.

— Vai de uma vez. – ele me empurrou pra frente e eu o olhei feio – Desculpinha! Boa sorte.

— Vou precisar. – falei entre dentes e me virei entrando no parque. Avistei Adrien sentado em um banco. Respirei fundo e caminhei até ele.

— Ah, oi Marinette.

— Olá. – sorri e sentei ao lado dele.

— Achei que viria com o Chat. – ele meio que fez uma careta.

— Não falei com ele hoje. – ficamos em silêncio – Você não gosta muito do Chat ou é impressão minha? – não sei como criei coragem para perguntar aquilo, acho que a curiosidade falou mais alto.

— Eu só não fui muito com a cara dele, mas nada demais. Por quê?

— Só curiosidade mesmo. – ficamos em silêncio. Eu sabia que ninguém viria para o encontro em grupo que Chat inventou, porque justamente ele inventou para deixar eu e Adrien sozinhos.

— Acho que vou ligar pro Nino.

— Não! – coloquei minha mão em cima da mão que ele segurava o telefone e rapidamente tirei, totalmente corada.  – D-Digo, eu já mandei mensagem pra ele e pra Alya.

— Ah sim. – ficamos em silêncio novamente e quando olhei pra frente avistei Chat no meio de uns arbustos fazendo sinal e mexendo a boca me mandando eu falar com Adrien. Arregalei os olhos e comecei a fazer sinal para ele também, só que sem querer bati no ombro de Adrien. Nós arregalamos os olhos e Chat se atirou no meio dos arbustos de novo. – O que foi?

— H-Hã, tinha uma joaninha aí. – inventei uma desculpa. – Mas então, o que acha de em quanto esperamos eles, tomar um sorvete?

— Claro, pode ser. – levantamos e fomos até o carrinho que tinha ali.

— Um de chocolate, por favor. – falamos ao mesmo tempo.

— Então dois de chocolate. – Adrien riu e falou. Abri minha bolsa para tirar o dinheiro, porém o amor da minha vida colocou a mão em cima da minha, me deixando prestes a ter um ataque. – Deixa que eu pago.

— Mas...

— Eu insisto. Que tipo de cavalheiro eu seria? – fiquei ainda mais vermelha.

— Obrigada então. – ele apenas sorriu e entregou o dinheiro para o senhor. Depois que pegamos o sorvete, saímos caminhando pelo parque. Ouvi uma movimentação nos arbustos e dei um grito quando Chat saiu ali de atrás.

— O que houve? – Adrien perguntou olhando para os arbustos.

— Eu me assustei com um gato, é. Tinha um gato ali. – rir nervosa e o loiro pareceu ter caído, já que não questionou.

— Sabe, é tão bom pode comer sorvete. Normalmente meu pai não me deixa comer essas coisas.

— E porque não?

— Ah, ele vive dizendo que eu sou o melhor modelo que ele tem e preciso manter a forma. – revirou os olhos.

— Mas você não se sente orgulhoso por ser o melhor modelo dele?

— Em parte sim, mas o que eu queria de verdade é que ele não me visse só como modelo e sim como filho. – senti uma pontada no coração. Sabia que o pai de Adrien, apesar de ser o melhor no que faz, às vezes falhava quando se tratava de família, entretanto não sabia que Adrien se sentia dessa maneira.

— Olha, eu não acho que seu pai não te veja como filho. Talvez ele dizer que é o melhor modelo dele, significa que ele está muito orgulhoso de você.

— É, não pensei dessa maneira. Obrigado, Marinette. – sorri. – Mas me fale um pouco de você, somos colegas há um bom tempo e não se muito sobre sua vida. – se eu estava feliz? Sim, eu estava feliz Adrien acertou meu nome e ainda quer saber da minha vida.

— Bem, eu gosto de costurar, desenhar e essas coisas. – começamos a conversar e pela primeira vez eu não estava agindo feito uma idiota.

— Acho que eles não vão vir mesmo, mas podemos ficar um pouco mais se você quiser.

— Claro, pode ser.

— Eu só vou ali ao banheiro e já volto. – assenti enquanto via ele se distanciar.

— Belo encontro! – Chat surgiu do meu lado me fazendo dar um grito de susto.

— O que você está fazendo aqui? Achei que já tinha ido embora!

— Achou mesmo que eu ia perder a oportunidade de ter ver agindo que nem boba na frente do Adrien? – arqueei a sobrancelha, indignada com que havia acabado de escutar.

— Como é que é?

— Digo, agindo como uma bela lady que é. – ele riu nervoso.

— Babaca!

— O babaca aqui te ajudou a ter um encontro, então não me xingue, você me deve praticamente sua vida.

— Não exagera.

— Tá, não exatamente sua vida. Mas quase. Então, eu acho que você...

— O Adrien vem vindo, sai logo! – empurrei Chat do banco e o mesmo caiu do chão.

— Louca! – resmungou e foi para trás dos arbustos – Aliás, eu ouvi quando você disse que tinha um gato nos arbustos, fico feliz que reconheça minha beleza. – por fim saiu, enquanto eu balançava a cabeça em negação.

— Demorei muito?

— Imagina, nem vi o tempo passar. – sorri nervosa, torcendo para que ele não percebesse minha mentira. Ele pegou o celular e olhou alguma coisa.

— Ih, olha a hora.

— O que foi? Você precisa ir pra casa?

— Na verdade... Não. O que acha de fazermos um passeio na Torre Eiffel? Se você não quiser tudo bem eu...

— Eu quero! – respondi rápido, só aí me dei conta que de pareci muito desesperada, o que eu de fato estava, mas ele não precisava saber – Quero dizer, eu quero sim. – falei mais devagar. Chat riria muito da minha cara nesse momento.

Adrien e eu caminhávamos pela Torre Eiffel, enquanto conversávamos sobre coisas aleatórias. E não sei como, mas eu estava mais relaxada, o que era bom.

— Então ele veio e me devolveu o celular.

— Eu não acredito que você deu uma lição de moral no bandido. Podia ter levado um tiro, sabia disso não é?

— É, mas eu ainda estou aqui. Acredito muito em destino. – ele parou na minha frente.

— Também acredito. – falei. Olhamos para o horizonte, já estava quase noite. – Nossa, faz tanto tempo assim que estamos passeando?

— Pois é, acho que o tempo passa rápido quando a gente se diverte. – o encarei na mesma hora que ele me olhou. Desviei provavelmente corada. – Foi muito legal passar a tarde com você, Marinette.

— Igualmente.

— Eu... Já tenho que ir, então... Até mais.

— Até... – ele me deu um beijo na bochecha me deixando extasiada.

— Espero que possamos fazer isso de novo. – por fim saiu.

— A-Aham. – eu provavelmente teria desmaiado ali, mas me contive – Ele beijou minha bochecha. – pousei a mão sobre o local onde os lábios do meu amado encostaram – Eu nunca mais vou lavar a minha bochecha.

— Eu que sou o gato e você que não quer tomar banho?

— Caramba, Chat! Que susto! Você nos seguiu?

— Se eu disse quer sim você vai mandar me prender?

— Talvez. – nós rimos.

— Então, como foi o encontro?

— Ué, você deve saber, nos seguiu por todos os lugares.

— Mas eu quero saber de você, como foi o encontro? – abri a boca para responder, porém não conseguia pensar em uma palavra que definisse. — Indescritível, entendi.

— Exatamente. Eu gostaria muito de te agradecer, se não fosse por você eu ainda estaria sofrendo por ele não saber o meu nome. – ele sorriu.

— Não há de quê. Bem, agora eu preciso ir, passei tempo demais fora de casa. Minha mão deve achar que fui sequestrado. – balancei a cabeça em negação. – Tchau, Ladybug. – ele depositou um beijo na minha outra bochecha e saiu.

— Tchau, Chat. – fiquei parada vendo ele se afastar e cheguei à conclusão que Chat Noir definitivamente é real, até porque se não fosse, não despertaria um sentimento esquisito em mim, não é?